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01/12/2005 às 18:33 #70326Miguel (admin)Mestre
E ae pessoal, blz?
Tipow, eu estou precisando a juda pra fazer três trabalhos pra faculdade (UFRJ – IFCS). Acontece que a contrário do que eu esperava, os três trabalhos foram marcados na mesma época e tenho o mesmo prazo de entrega(dia 8/12). Por isso eu precisava que alguém me ajudasse como pudesse pra adiantar meu lado
1 – O primeiro trabalho é uma resenha do livro “A filosofia como ciência de rigor”, de Husserl. Eu estou tendo grandes dificuldade e mesmo tentando fazer só esse trabalho por uma semana e meia, eu só consegui fazer 3 parágrafos, e preciso fazer 10 páginas.
2 – O segundo são duas perguntas sobre a II meditação de Descartes:
a. Reconstrua, explicitando o objetivo e o resultado da argumentação apresentada por Descartes nos parágrafos de 4 a 8(inclusive) da 2.a meditação
b. Qual é a função do exemplo do pedaço de cera na 2.a meditação? Reconstrua os argumentos pelos quais Descartes alcança seu objetivo
3 – O último é um mini questionário sobre Teoria do conhecimento:
a . Quais são, para o empirismo e para o racionalismo, as fontes de conhecimento?
b. Que críticas Platão faz, respectivamente, ao empirismo, ao relativismo e ao mobilismo universal?
c. Analise a concepção tradicional de conhecimento (crença verdadeira justificada). Dê destaque ao conceito de verdade como correspondência.
d. Caracterize a concepção empirista do conhecimento, assinalando suas eventuais dificuldades de fundamentação.
NÃO ESTOU PEDINDO PARA FAZER TUDO POR MIM ENQUANTO EU FICO ESPERANDO PORQUE EU ACHO ISSO DESLEAL. Porém, eu sou calouro de filosofia e entrei zerado na faculdade, por isso talvez não consiga fazer tudo sozinho. por isso, QUALQUER AJUDA SERÁ MUITÍSSIMO BEM VINDA!! Desde já agradeço a todos.
04/12/2005 às 1:00 #80743Miguel (admin)MestreSobre a questão do cogito, segue abaixo explicação da História da Filosofia de Abbagnano (vol VI). Existe farto material na web e aqui no site o texto http://consciencia.org/moderna/desmedi.shtml
_________________________________________
Encontrar o fundamento de um método que deve ser o guia seguro da
investigação em todas as ciências só é possível, seguindo Descartes;
mediante uma
crítica radical de todo o saber. É necessário suspender, pelo menos uma
vez, o assentimento a todo o conhecimento Comummente aceite, duvidar de
tudo e considerar provisoriamente como falso tudo o que seja susceptível de
ser posto em dúvida. Se, persistindo nesta atitude de crítica radical,
se chegar a um princípio sobre o qual não seja possível a dúvida, esse
principio deverá ser considerado extremamente sólido e tal que possa
servir de fundamento a todos os outros conhecimentos. Em tal princípio
se encontrará a justificação do método.
A dúvida cartesiana implica dois momentos distintos: 1º reconhecimento
do carácter incerto e problemático dos conhecimentos sobre os quais
recai; 2.’-a decisão de suspender o assentimento a tais conhecimentos e
de considerá-los provisoriamente falsos. O primeiro momento é de
carácter teórico, o segundo é de carácter prático e implica um acto
livre da vontade doutrina cartesiana do livre-arbítrio está já
4nplícita neste segundo momento (§ 401). Evidentemente, a suspensão do
juizo ou epoché (segundo o termo dos antigos cépticos), se abole todo o
juízo que afirme ou negue a verdade de uma ideia, não abole todavia as
próprias ideias. Ela diz respeito à existência, não à essência, das
coisas. Recusar-se a afirmar a realidade dos objectos sensíveis não
significa negar as ideias sensíveis de tais objectos. A epoché suspende
a afirmação da realidade das ideias enquanto possuídas pelo homem, mas
reconhece essas ideias como puras ideias ou
essências. O que implica uma indicação precisa do sentido em que se
move o processo da dúvida., Este processo será bem sucedido se,
reduzido mediante a epoché o mundo da consciência a um mundo de puras
ideias ou essências, se encontrar uma ideia ou essência que seja a imediata. revelação de, uma
existência. E tal será o caso do eu.
1 Ora, Descartes afirma que nenhum grau ou forma de conhecimento se
subtrai à dúvida. Pode-se, é por isso se deve, duvidar dos
conhecimentos sensíveis, seja Porque os sentidos algumas v= nos
enganam, embora nem sempre nos enganem, seja porque no sonho se têm-
conhecimentos semelhantes aos da vigília sem que se possa encontrar um
critério seguro de distinção entre uns e outros. É bem certo haver
conhecimentos verdadeiros quer no
sonho, quer na vigília, como os conhecimentos matemáticos (dois mais
três são sempre cinco, quer se esteja a dormir ou acordado), mas nem
mesmo
estes se subtraem à dúvida, porque também a certeza relativa a eles
pode ser ilusória. Enquanto nada de certo se souber acerca de nós
próprios e
da nossa origem, pode-se sempre supor que o homem foi criado por um
génio mau ou por uma potência maligna que se, tenha proposto enganá-lo
fornecendo-lhe conhecimentos aparentemente certos mas
desprovidos de verdade. Basta fazer uma tal hipótese (e pode-se
fazê-la, dado que não se sabe nada) para que mesmo os, conhecimentos
subjectivamente mais certos se revelem duvidosos e capazes de esconder
o engano. Assim, a dúvida se estende a todas as coisas e se torna
absolutamente universal.
Porém, mesmo no carácter radical desta dúvida se apresenta o princípio
de uma primeira certeza. Eu posso admitir que me engano ou que estou
enganado de todo em todo. Posso supor que não há Deus, nem o céu, nem
os corpos, e que eu próprio não tenho coipo. Mas para que me engane ou para que seja
enganado, para duvidar e para eu que penso seja qualquer coisa e não nada. A proposição penso, logo
existo é a única absolutamente verdadeira porque a própria dúvida a
confirma. Toda a dúvida, suposição ou engano, pressuporá sempre que eu
que duvido, suponho ou me engano, exista?(A afirmação existo será
portanto verdadeira todas as vezes que a concebo no meu espírito.
Ora, esta proposição contém também, evidentemente, uma certa indicação
acerca do que sou eu
que existo. Não posso dizer que existo como corpo, já que nada sei da
existência dos corpos, a respeito dos quais a minha, dúvida permanece.
Eu só existo como uma coisa que duvida, isto é, que pensa. A certeza do
meu existir liga-se apenas ao
meu pensamento e às suas determinações: o duvidar,
* compreender, o conceber, o afirmar, o negar,
* querer, o não querer, o imaginar, o sentir e, em geral, a tudo quanto
existe em mim e de que sou imediatamente consciente (H Resp., Def. 1).
As coisas pensadas, imaginadas, sentidas, etc. podem não ser reais; mas
é real decerto o meu pensar, sentir, etc. A proposição eu existo
significa apenas eu sou uma coisa .pensante, isto é, espírito,
intelecto, razão. A minha existência de sujeito pensante é certa como o
não é a existência de nenhuma das coisas que penso. Pode ser que aquilo
que eu percepciono (por exemplo, um pedaço de cera) não exista; mas é
impossível que não exista eu que penso que percepciono esse objecto.
Sobre esta certeza originária, que é ao mesmo tempo uma verdade necessária, deve fundar-se
todo e qualquer outro conhecimento.
Sobre tal certeza assegura Descartes poder fundar em primeiro lugar a
validez da regra de evidência. “Tendo notado, &z ele (Disc., IV; d. Med.
111) que não há nada nesta afirmação: eu penso, logo existo, que me
assegure que eu diga a verdade, senão que vejo clarissimamente que para
pensar é necessário existir, julguei poder tomar por regra geral que as
coisas que concebemos de um modo claro e distinto são todas
verdadeiras”. Porém, já a alguns contemporâneos de Descartes (por
exemplo, HUET, Cens. phil cartes, H, 1) esta relação entre o cogito e a
regra da evidência se apresentara problemática. Se o princípio do
cogito é aceite porque evidente, a regra da evidência é anterior ao
próprio cogito como fundamento da sua validade: e a pretensão de
justificá-la em virtude do cogito torna-se ilusória. Mas o cogito e a
evidência serão verdadeiramente dois princípios diversos entre os
quais seja necessário estabelecer a prioridade? Será o cogito apenas
uma entre as variadíssimas evidências que a regra da evidência garante
serem verdadeiras? Na realidade, o cogito não é uma evidência mas antes
a evidência no seu fundamento metafísico: é a evidência de que a
existência do sujeito pensante tem por si mesma, a transparência
absoluta que a
existência humana, como espírito ou razão, possui no seu próprio
âmbito. A evidência do cogito é urna relação intrínseca ao ou e pelo
qual o ou se
liga imediatamente à própria existência. Esta relação
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não recebe a sua validez de nenhuma regra mas tem o princípio e a
garantia da sua existência unicamente em si mesma. A regra da
evidência, provisoriamente deduzida da consideração das matemáticas,
nela encontra a sua última raiz e a sua justificação absoluta; torna-se
assim verdadeiramente universal e susceptível de ser aplicada em todos
os casos. Diz de facto Descartes, respondendo a uma
objecção análoga (Lett. à Clercelier, Junho-Julho
1646, Oeuvr., IV, 443): “A palavra porincípio pode-se tornar em
diversos sentidos: uma coisa é procurar uma noção comum que seja tão
clara e
geral que possa servir como princípio para provar a existência de todos
os seres, os entia, que se
conhecerão depois; outra coisa é procurar um ser, a existência do qual
nos seja mais conhecida do que a dos outros de modo que possa servir
como
princípio para os conhecimentos.
Isto permite responder à outra questão (também ela tradicional na
crítica cartesiana), se o cogito é ou não um raciocínio. Em tal caso,
suporia uma premissa maior: “tudo o que pensa existe” o (como Gassendi
observava) não seria um primeiro princípio. O próprio Descartes afirmou
decididamente contra os seus críticos o carácter imediato e intuitivo
do cogito. E, na realidade, a identidade entre a evidência (no seu
princípio) e o cogito’ estabelece também a identidade entre o cogito e
a intuição, que é o acto da evidência. Se a intenção, como se
viu (§ 397), é o acto com que a mente se torna transparente a si mesma,
a intuição primeira e fundamental é aquela com que se toma transparente
a si mesma a existência da mente, ou seja, do sujeito pensante. O
cogito, como evidência existencial originária é a intuição existencial
originária do sujeito pensante.
O sujeito pensante, definido pela auto-evidência existencial é, segundo
Descartes, uma substância (Disc., IV; Resp., II def. 5; Resp., III).
Descartes aceita aparentemente a noção escolástica de substância e por
ela entende o sujeito imediato de qualquer atributo de que tenhamos uma
ideia real. Mas, na realidade, tal noção sofre nele uma metamorfose
radical. A substância pensante não é outra coisa senão o pensamento
existente. A substancialidade do ou não implica o reconhecimento de um
qualquer seu desconhecido subjectum, mas apenas exprime a intrínseca
relação pela qual o eu é evidência da sua própria existência. De modo
análogo, o carácter substancial da extensão (a que se reduz a
corporeidade das coisas) significará apenas a objectividade da extensão
relativa aos outros caracteres dos corpos, mas excluirá todo o
substracto recôndito. A substância pensante não é senão o pensamento,
enquanto existência evidente a si mesma. A aparente aceitação por parte
de Descartes do termo aristotélico-escolástico de substância é, na
realidade, uma nova definição do próprio termo, cujo significado se
exaure na intrínseca relação existencial do eu.
As considerações precedentes permitem estabelecer a originalidade do
princípio cartesiano do cogito. Descartes indubitavelmente repetiu (se
conscientemente ou não é impossível dizê-lo) um movimento de pensamento que remonta a S.to , Agostinho (§ 160), que de Santo
Agostinho o passou para a Escolástica, e foi retomado e renovado por
Campanella quase ao mesmo tempo que por Descartes (§ 385). Mas não há
dúvida de que, como o próprio Descartes afirmou (Resp., IV), S.to
Agostinho se servira do cogito para fins bastante diversos dos dele.
Ele visava ao reconhecimento da presença transcendente de Deus no
homem, e na tradição medieval o cogito agustiniano conserva
o mesmo valor. Quanto a Campanella, viu-se que o principio vale para
ele unicamente como fundamento de uma teoria naturalística da sensação.
Mas o que torna evidente a separação radical que existe entre os
precedentes históricos do cogito cartesiano e o próprio cogito é que
neste falta o carácter problemático que mercê do cogito vem a assumir
toda a realidade diversa do eu. pela primeira vez, Descartes fez valer
o cogito como relação do eu consigo mesmo, portanto como principio que
torna problemática qualquer outra realidade e que ao mesmo tempo
permite justificá4a. Só Descartes compreendeu o pleno valor do cogito
em todas as suas implicações e o utilizou como principio único e
simples para uma reconstrução metafísica que tem como seu ponto de
partida a problematicidade do real. -
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