Início › Fóruns › Questões do mundo atual › A crise das teorias políticas de esquerda › Robert Kurz
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07/11/2000 às 5:33 #69836Miguel (admin)Mestre
Eu sua palestra na Universidade de São Paulo, promovida pelo grupo Krisis do Brasil da Labur e traduzida simultaneamente do Alemão por Robert Schwarz, Kurz tratou de situar seu pensamento diante das esquerdas atuais. Primeiro, tentou livrar sua teoria das críticas do marxismo tradicional, depois, tentou justificar como é possível o marxismo depois de tantos enterros anunciados sobre o pensamento de Marx.
Kurz enfatizou, a seguida, porque certos aspectos da existência não podem ser mercadologicamente tratados. Citou o exemplo feminista da relação mãe-filho. Criticou severamente a transformação das horas de lazer, teoricamente, avessas ao trabalho, em mais uma indrústria rentável, a indústria das horas do lazer. Retomou a argumentação do primeiro capítulo do capital sobre o fetichismo da mercadoria, e o estranhamento do trabalhador acerca do produto do seu trabalho . E apontou como uma das soluções a total soberania do trabalhador em relação às suas forças produtivas e seus resultados.
A pergunta que fica é: Até que ponto Kurz pode ser tomado como o autor de uma teoria de esquerda nova, ainda que venha com uma herança. Ele é o homem certo para a esquerda tomar como amplexo? Essa mesma esquerda que hoje vie tão desamparada pela falta de uma teoria atualizada que a sustente. Kurz deixou bem claro no início da palestra: Marx está atual, e não pode ser enterrado. Não enquanto o objeto de sua crítica, o capitalismo, não acabar.
13/08/2004 às 21:51 #72723Miguel (admin)MestreCaro Miguel.
Talvez esteja errado, mas depois da Escola de Frankfurt, não houve mais vida inteligente no marxismo. Por que? Porque os pensadores daquela escola perceberam o esgotamento do marxismo para explicar o real, passando a adotar outros pressupostos filosóficos e, com isso, revendo os propriamente marxistas e colocando outras alternativas explicativas e críticas.
Pouco conheço de Kurz, a não ser alguns artigos publicados na Folha… Pelo resumo que você fez, porém, acho que ele não acrescenta nada de novo à vulgata marxista. Não vejo porque os órfãos de Marx agarrarem-se desesperadamente ao Kurz, a não ser para perpetuar velhas idéias que tiveram algum significado no Sécuxo XIX mas que hoje, pouco explicam da realidade material de nosso mundo.
É óbvio: a melhor análise da Revolução Industrial do Século XIX seguramente foi feita por Marx em O Capital e outros textos. Muitas categorias do pensamento marxista incorporaram-se à filosofia definitivamente como, por exemplo, a noção de “fetichismo”, conforme foi teorizada por Luckács e outros. O conceito de “mais valia”, apesar de ter gerado muita polêmica e não ser aceito pelos economistas não-marxistas, é ainda importante para que possamos compreender o modo de produção atual. Mas, cuidado: o pressuposto do conceito de “mais valia” encontramos em… Aristóteles.
Em síntese: acho que a teoria política perdeu um importante paradigma teórico com a queda do muro de Berlin e a derrocada do comunismo em geral.
13/02/2010 às 13:59 #72724nickossMembroEm uma política com base filosófica verdadeira, hoje, pensariamos em não não destruir o capitalismo, mas em sua socialização, ou seja, a distribuição dos lucros para o bem estar da sociedade, pois em nenhuma época se conseguiu fazer alguém estudar ou trabalhar mais ou memos, ser criativo mais ou menos. Pelo fato de sermos indivíduos em qualquer sistema civilizado, após os tribais, não temos dúvidas de que o capitalismo que teve suas origens na troca de mercadorias(e continuará a fazê-lo em qualquer sistema), sempre invocou e continuará a invocar em qualquer sistema, a criatividade e a competitividade entre os indivíduos. Foi com esse vigor que nasceu a industrialização. Então, conseguindo-se eliminar a corrupção do indivíduo, principalmente a das idéias(muito empregada em qualquer sistema), estaremos na direção de um mundo mais consciente, educado, organizado e feliz.AbraçoNickoss
09/04/2010 às 13:47 #72725105_torre_norteMembroMiguel,"A pergunta que fica é: Até que ponto Kurz pode ser tomado como o autor de uma teoria de esquerda nova, ainda que venha com uma herança. Ele é o homem certo para a esquerda tomar como amplexo? Essa mesma esquerda que hoje vie tão desamparada pela falta de uma teoria atualizada que a sustente. Kurz deixou bem claro no início da palestra: Marx está atual, e não pode ser enterrado. Não enquanto o objeto de sua crítica, o capitalismo, não acabar."O desamparo da esquerda, talvez, esteja no não enterro de Marx. Não enterrar Marx, pelo fato da persistência do Capitalismo em existir, quem sabe seja o maior erro dos marxistas e esquerdistas. Marx foi brilhante enquanto analista e crítico do Capital, contudo o caminho por ele "cientificamente" apontado - o socialismo - não se estabeleceu. Assim, enquanto a esquerda estiver atrelada a este projeto marxista, será encarada como atrasada, defasada, desamparada, moribunda, e tudo o que lembre desconexão com a realidade do século XXI. Em qual país um partido com discurso essencialmente de esquerda acendeu ao poder e seguiu seu projeto político de esquerda? E não estou falando da centro-esquerda como o PT ou os Trabalhistas da Inglaterra.Não sei se Fukuyama estava certo quando falou sobre o Fim da História, mas parece que é o fim mesmo do marxismo enquanto proposta real de mudança para a sociedade ocidental e capitalista atual.
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