Ser superficial é uma necessidade?

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  • #70794
    Eletrika
    Membro

    A discussão intelectual ou filosófica, constitui uma ameaça para os relacionamentos afetivos (amorosos, amizade etc)?É preciso separar bem o "eu" filosófico do "eu" amigo, marido, irmão etc?Como evitar o choque cultural nos relacionamentos pessoais? É preciso ser sempre superficial?

    #85635

    Este parece ser um tópico recorrente. Estes dias mesmo assisti um debate na TVE com a participação de uma professora de filosofia bahiana que enfatizou este ponto quando posta a questão desta recente popularização da filosofia. Esta surgiria como uma tradição sólida, um refúgio teórico e espiritual diante da banalização do mundo transformado em mercadoria. Desde que feitas as ressalvas de sempre contra a igualdade entre popularização e banalização.O problema aparece desde o início da história da filosofia com a distinção do Liceu entre ensinos esotéricos e exotéricos. Descartes também escreve as Meditações, significando o ato de meditar um ato de afastar-se do mundo, para conseguir um ponto de vista privilegiado e afastado do peso do mundo que nos envolve preponderantemente, e assim poder chegar a filosofar, colocando em dúvida os dados biográficos e da experiência, questionando tudo que se apresenta como certo.Este afastar-se parece estar envolto em qualquer tarefa que envolva especialização. A um certo momento, você muda a sua relação com o senso comum e com a monologia midiática simplesmente por acumular informações e reflexões demais. Na filosofia acadêmica, isso se transforma com frequência num solilóquio, perigoso por poder levar ao esvaziamento do discurso... ou a um castelo de cristal, desvinculado da premência das questões cotidianas, do burbulhar que faz a roda do tempo girar.Por isso um dos campos de atuação do filósofo é sempre reconfigurar esse saber adaptando-o à lida com o mundo, seja política, ética ou alguma outra coisa pontual, pode-se fazer intervenções quando a ocasião exige e o momento se faz pertinente. Evidentemente, num mundo brutalizado, onde pensar se torna um ato cada vez mais inócuo e sem poder, isso pode gerar algum estranhamento ou repulsa. Isso já estava previsto na situação da alegoria da caverna da República de Platão. O filósofo contempla o ser e volta para avisar seus convivas da prisão que se encontram. Estes, então, se voltam contra ele. Morte de Sócrates...O momento hoje com a difusão explosiva das informações parece propício e fecundo para que isto tudo gire e gere bons frutos - cujo alcance e validade então podem ser mediados pelos acontecimentos dialéticos, de uma forma ou de outra.

    #85636
    cdp2x
    Membro

    Mas e ae Miguel…ser superficial é uma necessidade ?Pra mim...depende da necessidade.Necessidade de cada um.Voce necessita ser aceito pela sociedade ou pelos familiares e conjuge ? Então é necessário ser superficial.Voce está pronto pra ser solitário ? Digo, voce tem necessidade de ser "profundo", sem papas na língua ? Então está pronto pra ser solitário.

    #85637
    Brasil
    Membro

    Ser superficial pode ser uma necessidade, mas absolutamente não é uma sina ou uma  fatalidade.

    Pra mim...depende da necessidade.Necessidade de cada um.

    Esse “cada um” já é algo demasiadamente superficial, por mais que o ego tente dizer que não. As necessidades vão sendo supridas (atendidas) ou suprimidas (eliminadas) ao longo da existência do Homem e a única coisa que permanece são os conhecimentos transmitidos geração a geração. São as lições que parecem nunca serem aproveitadas, ou então muitas vezes são “aproveitadas” de maneira errada. Exemplo: Para evitar a presença de mendigos na porta do prédio, retira-se a marquise... E assim “cada um” vai suprindo suas necessidades.“Suprir minhas necessidades” ainda é cercear a supressão das necessidades alheias.

    Voce está pronto pra ser solitário ? Digo, voce tem necessidade de ser "profundo", sem papas na língua ? Então está pronto pra ser solitário.

    Quando não se é superficial, em face à superficialidade cotidiana, a solidão é a conseqüência lógica, afinal, ainda estamos nos preocupando com “cada um” em detrimento de “todos”.Ainda nos preocupamos primeiro com o “eu” e não com o “nós”, então a solidão é uma fatalidade conseqüente, até que essa “necessidade” de atender primeiro ao “eu”, seja também suprimida.

    #85638
    Daniel B.
    Membro

    Acho a questão interessante.O problema parece residir também sobre se haveriam momentos para o filosofar. A filosofia como profissionalização levaria o homem a dedicar certo tempo a pensar e ler textos sobre determinado problema. E não querer transformar tudo que ocorre em sua vida em filosofia. Querer filosofar sobre tudo parece insensato. Seria como um cientista agora querer fazer ciência de todas as crenças que ele possui acerca do mundo.Penso que nesse sentido os dizeres de Sócrates precisam ser melhores pensados: "uma vida sem reflexão não merece ser vivida".

    #85639
    onaiab
    Membro

    A discussão intelectual ou filosófica, constitui uma ameaça para os relacionamentos afetivos (amorosos, amizade etc)?É preciso separar bem o "eu" filosófico do "eu" amigo, marido, irmão etc?Como evitar o choque cultural nos relacionamentos pessoais? É preciso ser sempre superficial?

    No meu modo de entender é mais que necessário ser superficial em inúmeras situações, desde que isso não assuma um caráter pejorativo. Superficialidade é pouca profundidade e não ingenuidade, tolice, como pensam alguns. Quer coisa mais chata do que o sujeito ficar racionalizando, a todo momento, tudo que lhe vem aos ouvidos ? Conheço verdadeiros "malas" com essa enfadonha disposição.Não existe nenhuma necessidade de se aprofundar em coisas sem importância. E até a particular existência de um filósofo é cheia de frivolidades.

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