uma concepção de natureza humana a partir de Aristóteles

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    Uma concepção de natureza humana a partir de Aristóteles.Parto das afirmações de que, para Aristóteles, a natureza (phýsis) “é princípio e fim (arché e aitía) do movimento, e não busca fora de si o movimento”, e de que na natureza “tudo parte para a realização de um fim que é inerente a cada coisa”. Ao que parece, o conceito aristotélico de natureza (phýsis), aplicado ao ser humano, pressupõe a consideração da finalidade (fim) da existência humana, não apenas da cadeia causal cuja descoberta nos permitiria traçar o caminho de volta até o começo de tudo (princípio).Toda espécie animal possui padrões naturais de comportamento, ligados à sua fisiologia e aos seus instintos (o leão, por exemplo, é carnívoro e feroz e em seu bando geralmente a fêmea é que realiza a caça). O homem, como animal que é, também os tem.Para se ter uma idéia da complexidade de tais padrões naturais no homem, acho razoável afirmar, a princípio, que são eles, no mínimo, tão complexos quanto os dos chimpanzés, animais mais próximos geneticamente do homo sapiens.Também acho razoável, para investigar quais sejam tais padrões, procurar os comportamentos onipresentes ao longo da história humana. Poderíamos assim denominar naturais características como livre-arbítrio, gregarismo, afetividade, moralidade, religiosidade, racionalidade, simbolização, sexualidade, etc.Assim, quando falamos de padrões ou fórmulas de comportamento, acredito que devamos considerar que tais padrões podem ter três origens: 1) padrões advindos da natureza animal do homem, 2) padrões naturais exclusivos do homem, advindos de sua natureza moral, espiritual e racional (pois é pela moralidade, espiritualidade e racionalidade que os homens se diferenciam dos animais) e 3) padrões culturais. Destes, apenas os últimos não são naturais, constituindo construção humana que pode ou não estar de acordo com os demais padrões. Contrariamente a outras espécies, o homem é dotado de autoconsciência e livre-arbítrio, possuindo capacidade de autodeterminação. O homem é livre para flexibilizar os padrões de sua animalidade ou mesmo deixar de segui-los, construindo outros padrões. Sua conduta pode seguir sua razão e ser delineada por sua moralidade e religiosidade. Entretanto, é o homem livre também para desconsiderá-las. Quando se fala do fim natural do homem, portanto, deve-se ter em mente que o homem não deve negar sua natureza animal (o princípio, de onde ele veio), mas que a finalidade de sua existência há de se cumprir de acordo com sua natureza moral, espiritual e racional.De qualquer modo, as respostas, no âmbito coletivo (pólis, sociedade...), devem ser buscadas racionalmente, mais especificamente por meio do discurso, manifestação por excelência da razão nas inter-relações humanas. Isso não quer dizer que moralidade e religiosidade devam ficar em segundo plano, mas que é somente por meio da razão que elas podem ser validadas coletivamente. A razão é o único instrumento capaz de fazê-lo, evitando que nos percamos no labirinto subjetivista.Partindo desses pressupostos, e considerando o âmbito da sociedade, podemos racionalmente concluir que: 1) A sociedade humana é livre para escolher seus fins, mas só poderá escolher racionalmente o fim natural, pois a escolha de outros fins impossibilitaria a auto-realização dos homens que a compõem, o que não seria uma escolha racional.2) A sociedade humana é livre para escolher os meios (normas de conduta), mas só poderá escolher racionalmente os meios que a conduzam ao fim natural, pois a escolha de outros meios impossibilitaria a auto-realização dos homens que a compõem, o que não seria uma escolha racional.E na seleção dos meios que a conduzam ao fim natural, a sociedade humana deve considerar:1) Quais os padrões naturais aos quais o homem está jungido pela fisiologia e pelo instinto (padrões advindos da animalidade).2) Quais os padrões culturais que incorporam plenamente esses padrões naturais.3) Quais os valores compatíveis com a busca do fim natural (compatíveis com a razão, a moralidade e a religiosidade)4) Quais os padrões culturais nos quais tais valores se concretizam.Assim, para verificarmos se um padrão ou fórmula cultural é condizente com a natureza humana, devemos considerar:1) Se esse padrão cultural incorpora plenamente os padrões naturais de animalidade subjacentes.2) Se esse padrão cultural concretiza um valor compatível com a busca do fim natural.Com base no que foi exposto, podemos nos perguntar, a título de ilustração, o seguinte: a reprodução é uma finalidade "natural" da família? A procriação está ligada à animalidade, ou seja, constitui padrão advindo da natureza animal do homem. Os padrões culturais, portanto, devem de algum modo incorporar esse padrão natural, como se houvesse uma regra aplicável a qualquer espécie – incluindo a humana -, a qual pode ser enunciada da seguinte forma: “dado o contínuo perecimento de membros de uma mesma espécie, esta deve se organizar de modo a garantir que indivíduos de sexo diferente gerem outros, que substituirão os que pereceram”.Ressalte-se, contudo, que tal padrão, válido para cada espécie animal, incluindo a humana, não é perfeitamente extensível ao indivíduo. Uma pessoa não precisa procriar, desde que a reposição de indivíduos em número suficiente esteja garantida. Conseqüência lógica disso é que, inexistindo riscos à perpetuação da espécie, não há necessidade de exigir que alguém tenha filhos.Relativamente à família, só se justifica proibir um tipo não procriador - com base em padrões advindos da animalidade - se a espécie humana estiver em risco de não repor seus indivíduos em número suficiente. Quem quiser defender justificadamente sua proibição terá de o fazer com base em padrões racionais, morais ou espirituais, ou seja, terá de alegar sua perniciosidade para a busca da felicidade.

    #81589
    dimdim15
    Membro

    ??? :P ;D :) :'( :o :P :-X >:( na minha opinião...ele tentava explicar os fenomenos da natureza atraves dafilosofia!!&O q não é nem um pouco necessário pois não há nada a ser explicado, seria muito mais interessnte q ele se ocupasse com os problemas socias considerando q estes já existem desde os primordios da civilização! ;D

    #81590
    Brasil
    Membro

    ??? :P ;D :) :'( :o :P :-X >:( na minha opinião...ele tentava explicar os fenomenos da natureza atraves dafilosofia!!&O q não é nem um pouco necessário pois não há nada a ser explicado, seria muito mais interessnte q ele se ocupasse com os problemas socias considerando q estes já existem desde os primordios da civilização! ;D

    Pentelhos também...

    #81591
    Mateus
    Membro

    Muito interessante sua idéia, voce criou de certa forma uma maneira para avaliar se um determinado ethos está de acordo com a medida de “sustentabilidade” natural do homem, isto é, baseado em suas necessidades naturais. Agora não entendi o porque de voce afirmar que a cultura é algo não-natural… eu não concordo com esta separação, pois por mais que possamos fantasiar diversas formas de agir, para que algo seja afirmado como cultura, e também como comunicação, é preciso que exista um outro que nos responda à mensagem, e acho que não há como criar algo que não esteja impregnado com nossa materialidade. Não sei se deu pra entender, hehehe..

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