FRANCISCO DE SÁ DE MENESES (Porto, 1600-1644) foi senhor
de uma opulenta casa e varão mui respeitado por suas luzes e virtudes.
No vigor da idade viuvou, e, desgostoso, acolheu-se ao Mosteiro de Ben-
fica, onde nove anos antes falecera Fr. Luís de Sousa, e aí professou
lomando o nome de Fr. Francisco de Jesus. É conhecido pelo seu poema
Épico Malaca Conquistada, constituído de doze cantos em oitavas, ao
molde camoniano. Costa e Silva prefere esta epopéia à Lisboa Edificada;
e Garrett, conquanto malsine de hiperbólica e campanuda, todavia a con-
sidera um dos derradeiros títulos da glória da Literatura portuguesa.
"Quanto à linguagem — diz Camilo Castelo-Branoo — argúi descuidos
pouco usuais no seu tempo, de envolta com uns purismos acrisolados, que
o não dispensam de escorregar por vezes no estilo hiperbólico e nas metá-
foras,, a que tentou esquivar-se, amoldando-se às locuções froixas ou aspér-
Tomas de Antônio Ferreira".
É de 1634 a 1.a edição da Malaca, impressa em Lisboa, por Matias
Rodrigues.
Viagem de Afonso de Albuquerque
No Indico mar a armada se engolfava,
E já somente o céu e o mar se via;
O favorável vento que soprava,
Os grandes lenços brandamente abria;
O promontório Camori deixava
Atrás, e o grão Ceilão se descobria,
Taprobana chamada antigamente,
Riquíssima delícia do Oriente. (756)
De canela odorífera abundantes
Os altos montes são bosques sombrios,
Habitados de grandes elefantes,
Primeiros em prudência e fortes brios;
De rubis e safiras rutilantes
Ricas são as areias de seus rios,
E tudo rico do metal que cria
Com seus raios o sol na terra fria.
De Ceilão no Oriente a proa posta,
O golfo de Bengala atravessaram,
E de Narsinga a rica e fértil costa
Para a setentrional parte deixaram;
Nela a grã Meliapor está composta
De ilustres edifícios, que lavraram
Modernos moradores, e ruínas,
Que inda se mostram de memória dinas. (757)
(Malaco conquistada, livro I, pp. 97-99)
Notas
(756) Esta estrofe, a 97.a do Liv. I, tem redação diversa na primeira
edição, de 1634, conquanto seja o mesmo o conteúdo. Só há dois versos
inalterados: o terceiro, e o sétimo (que é o oitavo naquela primeira edição).
As duas estâncias seguintes não sofreram modificação. As alterações na
forma são talvez da 2.a ed., de 1638, em vida ainda do A.
(757) dinas = dignas. Dino, malino, benino são vozes da época, que
já se encontram em Os Lusíadas.
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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