ANTÔNIO FERREIRA FRANÇA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.

História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.

 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)

Artur Mota (Arthur Motta) (1879 – 1936)

Capítulo V – PRIMEIRO IMPÉRIO — ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE (continuação)

ANTÔNIO FERREIRA FRANÇA (1.°)

Nasceu na cidade da Bahia a 14 de janeiro de 1771 e faleceu na mesma cidade a 9 de março de 1848. Era filho de Joaquim Ferreira França e D. Ana Inácia de Jesus França.

BIBLIOGRAFIA

1) Preleções de geometria, que lhe serviam para lecionar os alunos.

2) Projeto da união das províncias por federação; cuja conveniência firmara seu autor, sobretudo na grande extensão do território brasileiro.

3) Projeto criando um congresso onde sejam decididas as questões entre as nações. É um projeto no gênero do que elaborou o Abade de Saint Pierre, há mais de um século, de um tribunal supremo das nações com o fim de assegurar entre si uma paz perpétua.

4) Projeto abolindo o celibato clerical, que foi causa de uma polêmica entre o Padre Feijó e o Padre Luís dos Santos e sobre o qual se manifestaram outros escritores, inclusive o Arcebispo D. Romualdo.

5) Projeto declarando livres os que nascessem de ventre escravo no Brasil apresentado na sessão de 15-7-1837, com o qual teria terminado a escravidãc muito antes de 1888.

6) Projeto abolindo a pena de morte, apresentado por ocasião da discussãc do código criminal, a 6-5-1830.

7) Parecer sobre as medidas preventivas e de momento contra o cólera-mórbus. Vem reproduzido no "Semanário da Saúde Pública", tomo 2.°, pág. 399. Trata-se de um parecer em separado, que dera em agosto de 1832, na qualidade de membro de saúde pública.

8) Parecer acerca do "Estado sobre a divisão territorial do Brasil" (Rev. do Inst. Hist., tomo 42, pág. 270.

FONTES: Cornélio Ferreira França — "Biografia do Dr. Antônio Ferreira França" — 1870; S. Blake — "Dic. Bibliog. brasileiro".

NOTÍCIA BIOGRÁFICA

Seguiu três cursos da Universidade de Coimbra: os de Medicina, Matemática e Filosofia. Nos três obteve prêmios e mostrou notável aproveitamento. A sua aptidão foi de tal ordem, que o Professor José Monteiro da Rocha dedicou-lhe uma aula de Astronomia, apesar de ser um único aluno.

Ao terminar o seu curso, foi-lhe oferecida uma cadeira para lecionar na universidade. Ele recusou o convite, porque desejava regressar ao Brasil, onde, ao chegar, foi nomeado lente de Geometria, depois lente catedrático na Escola de Medicina e, em seguida, professor de Grego no liceu.

Sobre a sua carreira política, refere Sacramento Blake: "Foi deputado à Constituinte Brasileira, e em três legislaturas subseqüentes, tendo a glória de sentar-se na Câmara entre dois filhos seus, Cornélio Ferreira França e Ernesto Ferreira França; e mais de uma vez, quando este, de imaginação ardente, de idéias liberalíssimas, se exaltava na tribuna, puxando-lhe pela aba da casaca, lhe dizia: — Prudência, senhor Ernesto! — E o moço sorria e se continha, entretanto que ele discutia com a maior franqueza e coragem, sem temer as conseqüências de suas palavras, como na Câmara mostrou

quando, acusando energicamente o ministro da guerra, foi duas vezes interrompido por apupos e ameaças que lhe atiravam muitos militares das galerias, e duas vezes, com a mais fria coragem, com esmagadora indiferença, repetiu a acusação".

Em 1822, por ocasião de se proclamar a Independência, Ferreira França era vereador da Câmara. Estava inteiramente identificado com o problema separatista, no entanto manteve-se em seu posto, sem se afastar da cidade, apesar de se haverem os baianos retirado para o recôncavo, rechaçados pelas forças do General Madeira, que com eles lutavam.

Narra Joaquim Manuel de Macedo que França dirigira a D. Pedro I uma petição para ser nomeado seu médico, nos seguintes termos. "Quererá V. Majestade nomear-me seu médico?" A que o imperador opôs o despacho: "Não". Nomeou-o, apesar disso, e ele exerceu o cargo com dedicação e competência, revelando o seu espirito de independência, pautando os seus atos na franqueza que lhe era peculiar e demonstrando a integridade do seu caráter. Era original até na maneira de trajar, pois vestia roupas que absolutamente não lhe serviam, por exigirem homens mais altos e gordos. Era um filósofo, na acepção vulgar do vocábulo, e um sábio, pelos conhecimentos de que dispunha e pela capacidade no exercício da sua profissão.

Dele se contam muitas anedotas, algumas fundamentadas, como a que cita Macedo no "Ano biográfico" (vol. 2.°, pág. 311), a propósito da concisão com que externava os seus conceitos.

"Um deputado atacava, por inútil e onerosa para o tesouro, a criação de uma aula de Grego. 0 Doutor França, tomando a palavra e obtendo licença do presidente, para fazer uma pergunta àquele deputado que acabava de sentar-se, interrogou-o:

"V. Ex.cia sabe ou em algum tempo estudou e procurou saber a língua grega?"

"Não", respondeu-lhe o colega.

"Senhor Presidente, disse o Doutor França, tenho respondido ao nobre deputado. E sentou-se no meio da hilaridade da Câmara, que aprovou a criação da aula de Grego."

Como esta, muitas outras anedotas correm, atribuídas ao político, ao médico e ao homem, no meio social.

A obra permanece obscura e não lhe realça, portanto, o talento e o valor. Mas o seu espírito liberal manifestou-se em quatro projetos: extinguindo as guerras, abolindo o celibato clerical, declarando livres os filhos de escravos e condenando a pena de morte.

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