Kim vs Davidson quanto à Causalidade Mental

Kim vs .
Davidson quanto à Causalidade Mental
André Joffily
Abath

And the movement in your brain
 sends you out into the rain 
Nick Drake

Jaegwon Kim tem se
revelado, com o passar do tempo, o maior inimigo da filosofia da mente produzida
por Davidson e, acima de tudo, de seu monismo anómalo. Suas críticas são
inúmeras. Kim acha que é preciso uma teoria positiva sobre a relação
mente-corpo, e não uma teoria negativa, como é a de Davidson. Acha, também, que
Davidson adopta uma posição ingénua em relação ao reducionismo. Outras formas
de redução deveriam ser consideradas, e não apenas a que seria realizada por
meio de leis-ponte estritas, que é o centro das atenções de Davidson. E Kim
acha, principalmente, que o monismo anómalo torna o mental causalmente inerte,
i.e,se aceitarmos o monismo anómalo,
teremos um sério problema em relação à causalidade mental.

Neste ensaio, concentrar-me-ei unicamente na
terceira desta críticas, que foi o ponto alto de um longo debate sobre o papel
causal da mente, e que teve o monismo anómalo de Davidson como principal alvo.
Em relação à primeira e à segunda, farei apenas breves comentários. Após
percorrer as críticas de Kim, tentarei mostrar como Davidson respondeu ou
poderia responder-lhes. Antes, porém, devo deter-me, por alguns instantes, no
monismo anómalo; desta forma, as críticas a ele dirigidas, e as possíveis
respostas a estas críticas, surgirão de maneira mais clara.

Monismo Anómalo 

Exposto pela primeira
vez em 1970, em Mental Events, o monismo anómalo é a tese que defende a
identidade entre eventos mentais e eventos físicos, e, portanto, a redução
ontológica ( daímonismo), mas que
nega a existência de leis estritas ligando tais eventos (daíanómalo), e, por conseguinte, nega a
redução conceptual

[1]

. Esta tese
segue-se de três princípios, que podem ser assim resumidos: a) Princípio da
Interacção Causal: todos os eventos mentais relacionam-se causalmente com
eventos físicos; b) Princípio do Carácter Nomológico da Causalidade: eventos
relacionados como causa e efeito recaem sob leis estritas; c) Anomalismo do
Mental: Não há leis psicofísicas estritas.

A aparente contradição entre os dois primeiros
princípios e o terceiro será eliminada por Davidson com uma teoria da
identidade token-token, ou seja, eventos mentais são idênticos a eventos
físicos. Para bem compreender este ponto, é preciso, primeiramente, abrir
parênteses e considerar a noção de eventos utilizada aqui. Davidson possui uma
ontologia de eventos, sem a qual o monismo anómalo não se sustentaria, e que
será utilizada para responder a algumas das críticas de Kim, como será visto
mais adiante. Em Davidson, eventos são entidades particulares, irrepetíveis e
datadas. Possuem critério de identidade: dois eventos são idênticos se e somente
se possuírem as mesmas causas e os mesmos efeitos (Davidson, 1969). Ora, se
eventos possuem critério de identidade, se são tomados como entidades, é
possível, sem risco, dizer que possuem o mesmo status ontológico de objectos
físicos. Dada esta definição, pode-se enunciar uma relação de causalidade entre
eventos sem que nada mais seja dito, pois as relações causais são relações
extensionais entre tais eventos. O Princípio de Interacção Causal deve ser lido
tendo este detalhe em vista. Por último, diga-se que um mesmo evento pode ser
descrito de diversas maneiras.Posso
descrever um evento como, por exemplo, a morte de Quine, quer como a morte do
autor de Word and Object,  quer como
a morte do mentor de Davidson.

Neste ponto, fechemos o parênteses e voltemos ao
monismo anómalo.A relação de
identidade entre eventos mentais e eventos físicos é tal qual a relação de
identidade citada acima: um só evento pode ser descrito de duas ou mais
maneiras. Eventos mentais são eventos descritos no idioma mental (intencional),
eventos físicos são eventos descritos fisicamente. Portanto, há um só evento,
que pode ser descrito tanto mentalmente como fisicamente. Saliente-se, sob o
perigo de confusões posteriores, que Davidson fala de eventos particulares , e não de tipos de eventos,
ou seja, de identidade token-token, e não type-type. Fala, por exemplo, que uma
ocorrência particular de dor é idêntica a uma ocorrência física; não fala que
um tipo de evento mental, como dor, é idêntico a um tipo de evento físico.

Para explicar eventos, preciso descrevê-los de maneira adequada. Caso
os descreva fisicamente, eles cairão sob leis estritas, como foi dito no
Princípio do Carácter Nomológico da Causalidade. Sob esta descrição, podem ser
explicados segundo o modelo dedutivo-nomológico de Hempel, pois descrevendo, no
explanans, os antecedentes de maneira adequada e tendo uma lei (estrita) que
cubra a circunstância, pode-se deduzir o explanandum. Todavia, caso os eventos
sejam descritos mentalmente, não terei nenhuma lei estrita sendo instanciada. O
ponto a se chegar é este: eventos só instanciam leis estritas se descritos de
maneira apropriada, i.e, no idioma físico. Eventos descritos mentalmente não
instanciam leis deste tipo, e, portanto, não permitem uma explicação idêntica à
dos eventos descritos fisicamente. O Princípio do Carácter Nomológico da
Causalidade quer dizer, na verdade, que eventos em uma relação de causa e
efeito devem possuir descrições que instanciem uma lei estrita. Não quer dizer,
como poderia parecer à primeira vista, que todos as descrições destes eventos
devem instanciar leis estritas. Temos, portanto, que o Princípio do Carácter
Nomológico da Causalidade lida com a explicação de eventos, que será dada de
uma ou outra maneira, a depender da forma como forem descritos. Já o primeiro
princípio, da Interacção Causal, apenas enuncia uma relação de causalidade
entre eventos, não os explica, e, assim sendo, não depende da forma como os
eventos são descritos; lembremos que a causalidade é uma relação extensional entre
eventos.

Dito isto, já se pode
compreender por que Davidson nega a redução conceptual, que requer a existência
de leis estritas conectando predicados mentais e físicos. Eventos mentais não
podem ser reduzidos a eventos físicos porque, assim descritos, nenhuma lei
estrita é instanciada. Mais adiante, voltaremos a considerar esta forma de
reducionismo que Davidson evita, assim como as que ele parece não evitar. Por
enquanto, direi apenas que ele nega o reducionismo por meio de leis-ponte
estritas, que ligariam propriedades mentais a propriedades físicas. Obviamente,
o discurso mental está recheado de generalizações, verdadeiras, que possuem a
forma lógica de uma lei e que relacionam o mental ao físico. Estas leis cumprem
fins práticos quotidianamente, mas estão longe de ser leis estritas, o que
afasta a ameaça de reducionismo. Por leis estritas, Davidson entende leis
livres de cláusulas ceteris paribus, 
generalizações que se mantêm válidas, e são reforçadas, por contrafactuais. E
que, principalmente, podem ser refinadas, tornadas mais precisas, por meio da
adição de novas condições, mantendo-se o mesmo vocabulário da generalização
original. Davidson chama a estas generalizações de homonómicas . Podem ser encontradas na física. Em contraste, as
generalizações no idioma mental, embora possam ter, como dito, a forma lógica
de uma lei, podem ser refinadas apenas saindo-se deste vocabulário para outro,
ou seja, para o vocabulário físico. Só assim pode-se formular a generalização
de maneira mais precisa. A estas generalizações, Davidson chama de heteronómicas.  Embora o foco, aqui, seja
o idioma mental, tais generalizações podem ser encontradas, também, na grande
maioria das ciências.

Portanto, caso queira-se
explicar e prever um evento mental da mesma forma que um evento físico,
precisa-se sair do vocabulário mental para o físico, o que quer dizer que, sob
esta descrição, temos um evento físico. Caso queiramos, como fazemos
quotidianamente, explicar um evento no idioma mental, como, por exemplo, uma
acção, precisamos fazer menção a atitudes proposicionais. Dizemos, por exemplo,
que Jorge saiu em disparada porque desejava 
encontrar seu irmão que viu ao longe. Caso queiramos interpretar o que alguém
diz, em uma língua estranha, por exemplo, também precisamos fazer uso de
atitudes proposicionais.Crenças,
desejos e intenções serão atribuídos a quem queremos interpretar, e não
isoladamente; não podemos dar sentido a atitudes proposicionais se atribuirmos,
a um falante, uma   crença, um
  desejo; crenças e desejos particulares
dependem de outras crenças e desejos, o que significa que devem ser tomados em
conjunto. Este é apenas um primeiro constrangimento para quem se propõe
interpretar o que diz alguém. Caso queiramos dar continuidade a tal tarefa,
precisamos, obviamente, pressupô-lo como um ser racional, e isto dentro de
nossas próprias normas de racionalidade. Este elemento normativo é formado por
um Princípio de Coerência e um Princípio de Correspondência, ou seja,
consideraremos a quem buscamos interpretar como um falante consistente e que,
diante das mesmas circunstâncias de mundo, produzirá as mesmas crenças que nós,
os que tentam interpretá-lo. Estes dois princípios foram chamados por Davidson
de princípios de caridade (Davidson 1994).Também deve-se poder inferir, a
partir do que diz, que o falante possui uma atitude em relação às suas próprias
frases: a atitude de tomá-las por verdadeiras. Respeitados todos estes
constrangimentos, e com uma teoria do sentido, é possível, espera Davidson,
interpretar o que diz alguém em uma língua estranha. Este é o processo de interpretação radical.  

Fica evidente, após
isto, que tanto a explicação de acções quanto a abertura para a compreensão de
nossos pares depende do bom uso do idioma mental. O anti-reducionismo, assim
tomado, é uma necessidade prática. Resta-me dizer, e, de momento, isto será o
bastante sobre a posição de Davidson, que eventos descritos mentalmente, ou
eventos mentais, são sobrevenientes a eventos físicos. Ou seja, eventos mentais
dependem de eventos físicos. Não pode haver uma mudança nas propriedades
mentais de um evento sem que haja uma mudança nas propriedades físicas, nem
tampouco pode haver dois eventos idênticos em suas propriedades físicas mas com
propriedades mentais diferentes. A noção de sobreveniência torna clara a
distinção entre a identidade de tipos de eventos (type-type) e de eventos
particulares (token-token); embora uma mudança em uma propriedade mental seja
acompanhada por uma mudança em uma propriedade física, isto não significa que
as mesmas propriedades mentais mudem com as mesmas propriedades físicas. Este
seria o caso apenas se Davidson aceitasse a identidade entre tipos de eventos.

Kim Vs .Davidson
Teoria Positiva e Reducionismo
 

Partamos, agora, para as críticas de Kim a Davidson,
iniciando pela primeira por mim citada no início deste ensaio, em que Kim pede
uma teoria positiva da relação mente-corpo, e critica Davidson por oferecer uma
teoria negativa. Sobre esta crítica direi, apenas, que o objectivo final da
obra de Kim é esta teoria positiva, enquanto o de Davidson é uma filosofia do
comportamento, de que fazem parte o monismo anómalo, uma teoria do sentido, uma
teoria da acção e da decisão. Para englobar todos estes elementos, Davidson
precisa de uma teoria negativa da relação mente-corpo, i.e, precisa de uma
teoria que evidencie a impossibilidade do reducionismo por leis estritas, o que
pedirá um tratamento holístico para o idioma mental. Kim, por outro lado,
produz e deseja uma filosofia da mente, e apenas isto. Interessa-lhe argumentar
sobre a relação mente-corpo de maneira positiva porque esta é toda sua
filosofia, enquanto é apenas parte do projecto mais geral que possui Davidson.
Necessita-se ou não de uma teoria dependendo dos objectivos que se busca
atingir. Para alcançar os seus, Kim precisa de uma tal teoria positiva.
Davidson, por sua vez, precisa de uma teoria negativa. Se Kim aceitasse uma
teoria negativa, ficaria sem nada, o que evidencia a necessidade, para sua
obra, de dar conta, de uma maneira positiva, da relação mente-corpo. Mais a
frente, retomarei, de certa forma, esta crítica de Kim, evidenciando, mais uma
vez, o aspecto global da obra de Davidson.

A
segunda crítica, em que Kim acusa Davidson de esquecer outros modelos de
reducionismo, pede um tratamento mais detalhado, o que, por ser outro o cerne
deste ensaio, não buscarei aqui. Tentarei nada mais que resumir, de forma
simplificada, o problema e apontar uma possível resposta. De facto, Davidson,
em seu monismo anómalo, preocupa-se, como vimos, com a redução por meio de
leis-ponte estritas, que conectariam predicados mentais a predicados físicos.
De forma a afastar a ameaça desta forma de reducionismo, Davidson argumenta
contra a existência de tais leis estritas em descrições que utilizam o idioma
mental. Mas, poderia dizer-se, a ameaça não é apenas desta forma de
reducionismo, mas de qualquer forma, ou, ainda, de outras maneiras,
não-reducionistas, de incorporar o idioma mental à física

[2]

.
Kim (1993) afirma que uma redução segundo o modelo que Davidson busca evitar
jamais houve, ou haverá, na ciência, pois, se para efectuar tal redução é
necessário leis estritas, e se apenas na física há leis estritas, tem-se que se
poderia reduzir apenas a física à física, o que é uma impossibilidade.
Portanto, para Kim, ainda que tudo o que Davidson disse sobre o reducionismo
seja verdadeiro, nada foi dito contra a redução, pois as formas reais de se
reduzir o mental ao físico não foram por ele consideradas.

Se pensarmos que Davidson
tinha por objectivo argumentar de forma directa contra o reducionismo, podemos
dar razão a Kim. Porém, se entendermos Davidson como buscando mostrar que
devemos, e temos, que manter o idioma mental, que nossa visão do mundo e do
homem como ser racional depende deste idioma, temos um argumento indirecto
contra o reducionismo em geral. Com isto, quero dizer, concordando com Ramberg
(1999), que Davidson nos dá argumentos o bastante para que desconsideremos o
reducionismo como projecto interessante para a filosofia. Ainda que ele seja
possível, ainda que seja levado a cabo pelas ciências cognitivas, o idioma
mental continuará a ser utilizado quotidianamente, e continuará a explicar o
comportamento de nossos pares. E mais do que isso, em Davidson é o idioma
mental e sua normatividade que garante a possibilidade de interpretar-nos uns
aos outros. É através deste idioma que podemos chegar a conhecer outras mentes.
Em resumo, sem o vocabulário mental perderíamos as capacidades que nos
identificam como membros de uma comunidades de seres racionais. Podemos ser
anti-reducionistas ainda que, em algum momento, a redução do idioma mental ao
físico ocorra. O essencial é que crenças, desejos, intenções permanecerão haja
o que houver no ramo das ciências cognitivas, e, que, portanto, continuaremos a
ter em Davidson uma compreensão válida de como agimos e de como nos
interpretamos.

Brevemente
expostas as duas primeiras críticas, passarei para a terceira, que
desenvolverei em mais detalhes.

Kim Vs. Davidson- Causalidade Mental 

Como foi dito anteriormente, segundo o monismo
anómalo, uma relação causal entre dois eventos será coberta por uma lei estrita
apenas se os eventos forem descritos de maneira adequada, descritos no idioma
físico. Mais: uma tal relação precisa ,
em ao menos algumas descrições dos eventos, cair sob uma lei estrita. Assim, se
tivermos um evento mental m , causando
um evento físico p , esta relação só
cairá sob uma lei estrita se os eventos forem descritos de maneira a instanciar
leis, ou seja, descritos fisicamente. Descrito fisicamente, m    deixa de ser um evento mental e passa
a ser um evento físico. Passamos a ter, portanto, uma relação causal, que cai
sob uma lei estrita, entre dois eventos físicos. Kim vê, aqui, um problema em
relação à causalidade mental. Se m  
entra em uma relação causal apenas  quando
descrito de maneira física, são as propriedades físicas que possuem um papel
causal, não as mentais. Em outras palavras, se em uma descrição causal as
propriedades mentais dão lugar às propriedades físicas, as propriedades mentais
são inertes, pois não cumprem nenhuma função na relação causal. Se
eliminássemos o mental do mundo, as relações causais permaneceriam as mesmas.
Formulada de outra maneira,a crítica
de Kim diz que

(1) O facto é que, segundo o monismo anómalo de
Davidson, o mental não possui nenhum papel causal. Lembre-se, que, segundo o
monismo anómalo, os eventos são causas apenas na medida em que instanciam leis
físicas, isto quer dizer que as propriedades mentais dos eventos não fazem
nenhuma diferença causal
 (Kim apud Davidson, 1994:35).

Aparentemente, tudo está
bem nesta crítica, e tudo mal no monismo anómalo. Será mesmo este o caso? Há
várias maneiras possíveis de responder a Kim. Uma delas, seguida por Putnam
(1998), defende Davidson apenas indirectamente; seu foco será pôr em dúvida o
sentido da crítica. Mais explicitamente, Putnam questiona a inteligibilidade da
seguinte condicional, utilizada por Kim em duas das formulações do problema: Não alteraríamos uma única relação causal
se, ao acaso e arbitrariamente, re-atribuíssemos propriedades mentais a
acontecimentos, ou mesmo se removêssemos completamente o mental do mundo
 
(Kim apud Putnam, 1998). Não me ocuparei aqui desta defesa de Putnam,
exactamente por não lidar com a filosofia de Davidson, que é o que está em jogo
neste ensaio.Outra forma de rebater a
crítica de Kim, adoptada pelo próprio Davidson

[3]

,
é considerá-la confusa por não levar em conta aspectos subtis da ontologia dos
eventos em causa. Iniciarei, sem mais delongas, pela resposta de Davidson.

Na citação (1), Kim
afirma: Lembre-se, que, segundo o
monismo anómalo, os eventos são causas apenas na medida em que instanciam leis
físicas(…).
 É isto verdade, ou Kim pede que lembremos de algo que não
está dito em lugar algum da obra de Davidson? De acordo com a ontologia dos
eventos que está sendo seguida aqui, e já exposta anteriormente, relações
causais são relações extensionais entre eventos. Se digo que dois eventos estão
relacionados como causa e efeito, não preciso dizer mais nada, apenas enuncio
uma relação causal entre entidades. Ou seja, não faço qualquer descrição, e
leis só são instanciadas sob uma ou outra descrição. Não há sentido, caso
aceite-se esta ontologia de eventos, em dizer que eventos são causas apenas na
medida que instanciam leis físicas, afinal, eventos são causas sem que se
precise descrevê-los, sem que se precise entrar em um nível em que leis estão
em jogo. Como afirma Davidson, em Mental Events, causalidade e identidade são relações entre eventos não importa como
descritos. (…) O princípio da interacção causal lida com eventos em extensão
e é, portanto, cego quanto à dicotomia mental-físico
 (Davidson 1970:215).  Algures, em resposta directa a Kim,
Davidson retoma este ponto dizendo: Se
a causalidade é uma relação entre eventos, ela liga estes eventos seja qual for
a maneira como estejam descritos
  (Davidson, 1994:35). A confusão, aqui, é
entre uma enunciação causal e uma explicação de eventos. Apenas no nível
explicativo descrições e leis são postas em causa. Por não atentar a isto, Kim
elabora de forma equivocada sua crítica. Para criticar Davidson sobre este
ponto, teria que atacar sua ontologia de eventos; teria, de forma mais directa,
que negar que relações causais são relações extensionais entre eventos.
Elaborada da forma como foi, a crítica falha em atingir Davidson.

Em outras
formulações, a crítica cai no mesmo problema, como, por exemplo, a seguir:

(2)Tome qualquer evento mental m que
esteja em uma relação causal, diga-se como causa de um evento e. De acordo com Davidson, esta relação
causal obtém apenas no caso de m e e instanciarem uma lei física.
Portanto, m cai sob um certo tipo
físico (talvez neural) N, e recai sob um
tipo físico P, e uma lei causal apropriadaconecta eventos de tipo N a eventos de tipo P. Mas isto aparentemente
ameaça a relevância causal do mental: o facto de que m é um evento mental de que é um evento mental de certo tipo –
parece não ter nenhum papel em determinar em que relações causais ele entra.
 
(Kim, 1998).

Ao
contrário do que está dito na segunda frase de Kim, esta relação causal, entre m   e e , não obtém apenas no caso de uma
lei física ser instanciada. Mais uma vez, temos uma relação causal sendo
enunciada, como no Princípio da Interacção Causal, e, neste nível, a
instanciação de leis não é algo em questão. Não se pode, ao seguir a ontologia
de Davidson, dizer que uma relação causal obtém apenas se leis forem
instanciadas, ou apenas o que quer que for, porque para que uma relação causal
obtenha, tenho que enunciá-la, e nada mais.

Em resposta directa a estas observações que expus aqui
seguindo Davidson, Kim diz que

(3)O ponto sempre foi a eficácia causal de
propriedades de eventos não importa como eles, os eventos ou suas
propriedades, são descritos. O que os críticos questionaram é perfeitamente
consistente com a causação ser uma relação binária sobre eventos concretos; o
ponto deles é que uma tal relação não é o bastante: também precisamos de um
modo de falar do papel causal das propriedades, o papel das propriedades de
eventos em gerar, ou dar base, estas relações causais binárias entre eventos
concretos
 (Kim, 1993:21).

Uma vez
mais, como quando de seu pedido por uma teoria positiva sobre a relação
mente-corpo,Kim diz que precisamos de
algo, no caso, de falar sobre o papel causal de propriedades. Ora, Davidson
certamente não precisa disto, pelo simples facto de que sua ontologia de
eventos garante que são os eventos que estão relacionados como causa e efeito,
e não suas descrições. E, em Davidson, temos que propriedades, como leis, só
são instanciadas sob uma ou outra descrição. É um erro dizer que são as
propriedades mentais dos eventos que causam um determinado efeito, ou que são
as propriedades físicas. Eventos relacionam-se causalmente sem que sejam
descritos, sem que propriedades sejam instanciadas. Como deixa claro nesta
citação, Kim deseja algo mais, deseja falar de propriedades, mentais ou
físicas, independentemente da descrição dos eventos. Óptimo, mas isto pede uma
ontologia de eventos diversa da utilizada por Davidson, já que, aqui,
propriedades dependem de descrições, ou seja, propriedades, como leis, são linguísticas.  Assim sendo, Kim,
parece-me, está, mais uma vez, cometendo um erro, ao dizer que as críticas
dirigidas a Davidson são consistentes com sua ontologia de eventos, e que,
mesmo aceitando-a, é necessário falar do papel causal das propriedades. Esta
mesma ontologia de eventos, que Kim não põe em causa, afirma que não são as
descrições dos eventos que possuem poderes causais, mas os próprios eventos, e
propriedades surgem apenas quando tenho descrições.

Mas, por outro lado, Kim
está então atingindo o ponto certo por vias erradas? Não poderia ele dizer que,
se as propriedades mentais não possuem poderes causais, é o mental inerte?
Seguir esta interpretação seria recair em novo erro. Se, literalmente, não são
as propriedades mentais dos eventos que possuem poder causal, também não são as
físicas. Sendo a causalidade uma relação extensional entre eventos,
propriedades não estão em causa. Se não há descrição de eventos, não há
propriedades de eventos. A base da crítica de Kim, ou seja, a ideia de que,
seguindo-se o monismo anómalo, as propriedades físicas são as únicas a terem
poderes causais, e, portanto, as propriedades físicas são inertes, desaba ao se
aceitar a ontologia de Davidson em seu todo, que garante relações causais entre
eventos sem descrições, e consequentemente, sem propriedades. O que parece
estar implícito aqui, embora não seja abordado porKim, é uma diferente forma de individuar eventos. Como fez notar
Lynne Ruder Baker (1993), eventos em Davidson são entidades particulares
não-abstractas, enquanto, em Kim, eventos são instanciações de propriedades em
um dado momento. Sendo assim, Kim pode falar, dentro de sua ontologia, de
propriedades de eventos não importa como descritos, como fez em (3), o que não
é possível dentro da ontologia adoptada por Davidson. Mas este ponto não é
esclarecido no debate entre ambos, o que torna confusa a objecção de Kim. Caso
ele queira criticar Davidson em sua ontologia de eventos, caso queira tomar
propriedades de forma realista, pode dizer que precisamos falar do papel causal
de propriedades, mas não pode fazê-lo sem tornar este ponto explícito, pois,
uma vez que não põe em causa o que Davidson entende por eventos, também não
pode pôr as consequências de tal ontologia.

Há, apesar disto,
salvação para a crítica de Kim? Há se considerarmos, eliminando o problema
exposto, que, ao explicar um evento, e não mais ao simplesmente enunciar uma
relação causal, como era o caso até aqui, o monismo anómalo não garante a
causalidade mental. Como foi dito, ao explicar um evento preciso descrevê-lo, o
que significa falar de leis e propriedades. Diga-se, por exemplo, aproveitando
a epígrafe do ensaio, que quero explicar este evento: Nick, às 12:34, sai de
casa para a chuva. Caso queira uma explicação causal que caia sob uma lei
estrita, terei que dizer que houve um determinado evento físico, neural, no
cérebro de Nick, que o levou a realizar esta acção .Terei, enfim, que descrever
os eventos, o evento cerebral e os movimentos de Nick, fisicamente. Nesta
situação hipotética, uma lei estrita poderia cobrir esta relação causal entre
dois eventos físicos, um cerebral e um corporal. De acordo com Davidson, ao
descrever eventos em uma relação de causa e efeito, algumas descrições devem
instanciar uma lei estrita. Esta seria uma delas. Isto poderia, de alguma
maneira, ameaçar a causalidade mental? Certamente que sim, masapenas se considerássemos que a explicação
por meio de leis estritas é a única disponível. Como eventos mentais não caem
sob leis estritas, seria preciso descrevê-los fisicamente para obter uma
explicação causal. As propriedades mentais, seriam, assim, causalmente inertes,
uma vez que, em explicações causais, apenas eventos descritos fisicamente
estariam presentes, e apenas as propriedades físicas seriam eficazes. Mas em
que isto toca o monismo anómalo? Parece-me que em nada. Davidson diz apenas que
eventos descritos mentalmente não caem sob leis estritas. Não diz que a única forma
de explicação aceitável épor meio de
leis estritas; não diz que não haja relação causal entre o mental e o
físico,nem que não haja leis regulando
tais relações. Há. Não são, óbvio, leis estritas, mas são regularidades que
podem ser chamadas de leis. A explicação e predição da maior parte dos eventos
se dá através do uso destas leis, tanto nas ciências especiais quanto no uso
quotidiano da língua. São estas leis que, formuladas no idioma intencional,
correlacionam o mental com o físico. A explicação produzida, neste caso, é
certamente diversa da obtida por meio de leis estritas,o que não as torna descartáveis; pelo
contrário, a maioria das relações causais depende destas explicações, como
afirma Davidson: As melhores descrições
que somos capazes de dar da maioria dos eventos não são descrições que caem, ou
que poderiam algum dia cair, sob leis estritas
  (1994:38). 

Se posso explicar
eventos por meio de relações causais entre eventos mentais e físicos, assim
descritos, sem redescrição do evento mental, não há por que achar que as
propriedades mentais são ineficazes. Quando estão envolvidas, são eficazes, ou,
mais precisamente, são relevantes, já que, literalmente, a eficácia causal dos
eventos não depende das propriedades descritas. Podemos falar em propriedades
eficazes, mas, com isso, queremos dizer que as propriedades possuem poder
explicativo, que podemos explicar eventos inserindo-as em nosso discurso .
Obviamente, há um modo de descrever eventos relacionados causalmente que não
envolve propriedades mentais, mas isto nada diz sobre seu poder causal. Se
explico uma acção por meio de crenças e desejos, estas crenças e desejos, ou
seja, as propriedades mentais, são causalmente eficazes para a produção da
acção. Propriedades, como leis, são linguísticas, e possuem poder causal ou não
apenas se descritas apropriadamente. Se descrevo o evento causador de uma acção
como sendo determinadas crenças e desejos, as propriedades mentais são sim
causalmente eficazes, ao menos enquanto entendermos, em uma explicação causal,
‘eficácia’ como ‘relevância’ . Este não é, provavelmente, o sentido de
‘eficácia’ desejado por Kim, que deseja uma eficácia literal, com propriedades
mentais possuindo poderes causais sob não importa que descrição. Mas já vimos
que isto não é possível de acordo com a ontologia de Davidson, que coloca
propriedades como dependentes de descrições, e relações causais como
independente de descrições.

Caso queira-se um
argumento a mais em favor da eficácia das propriedades mentais em explicações,
pode-se recorrer à noção de sobreveniência. Sabemos que propriedades mentais
são sobrevenientes a propriedades físicas, e que não pode haver uma mudança nas
propriedades mentais sem que haja mudança nas propriedades físicas, o que, por
sua vez, implica que as propriedades mentais são relevantes para as
propriedades físicas. Assumimos, sem maiores problemas, que as propriedades
físicas são causalmente eficazes. Se as propriedades físicas são eficazes para
relações causais, e se propriedades mentais são relevantes para propriedades
físicas, podemos concluir que propriedades mentais são causalmente eficazes
(Davidson 1993, Sosa, 1993). Ficamos , assim, com dois argumentos em favor da
causalidade mental, quando descrições estão envolvidas. Para quem aceita de bom
grado o primeiro argumento, creio que o segundo pode ser deixado de lado. Se,
literalmente, são os eventos que possuem poderes causais, e não propriedades, e
se, em explicações de eventos, propriedades possuem poder explicativo, sejam
físicas ou mentais, temos o bastante em favor do poder causal da mente.
Recorrer à sobreveniência pode dar a impressão errónea de que as propriedades
são tomadas de uma forma mais literal do que a ontologia de eventos de Davidson
defende, o que não é o caso. A sobreveniência depende de descrições: são as
descrições de eventos mentais que sobrevêm às descrições de eventos físicos.
Sendo assim, podemos falar de propriedades, mas não de forma literal. Para
quem, como Davidson, é nominalista em relação a propriedades e aceita mais de
um tipo de explicação causal, a sobreveniência não é necessária para a
causalidade mental, já que esta está garantida pela simples aceitação dos
pressupostos da teoria.

Clarificados estes pontos da obra de Davidson, não
vejo como a acusação de Kim, e aceita por muitos, possa atingir-lhe.

[4]


Pode-se, obviamente, negar a ontologia dos eventos, ou negar que haja mais de
uma forma de explicação para eventos. Mas isto é criticar seus pressupostos. As
críticas de Kim não procedem deixando a teoria de Davidson como está, mas ele
também ataca este mais nível básico, em que o debate toma outra forma. Sua
critica aqui é direccionada, nomeadamente, à ideia de que um evento pode ser
explicado de maneiras diferentes. Kim vê, neste ponto, defendido por Davidson desde
seu Actions, Reason and Causes (1963), um problema, denominado por ele como
‘problema da exclusão causal-explanatória’. Podemos assim descrevê-lo: se uma
explicação causal completa e suficiente de um evento for dada, outras
explicações independentes, desde mesmo evento, estariam excluídas. Tais
explicações completas e suficientes seriam encontradas na física. Portanto, se
uma tal explicação causal fosse dada a um evento, no idioma físico, outras
explicações estariam excluídas, como, por exemplo, explicações no idioma mental
(Kim, 1998). Mas por que a exclusão de outras explicações? Se eventos podem ser
descritos de maneiras distintas, e se uma descrição não é redutível a outra,
não há razão para não aceitar distintas explicações causais, ainda que a física
produza tais explicações completas e suficientes. Diferentes explicações, em
diferentes descrições, cumprem diferentes objectivos e nenhum idioma conhecido
pode alcançar os objectivos do que se vale de termos mentais. Se alguém tenta
explicar o porquê de minha saída repentina da sala, permanecerá mais simples
fazê-lo por meio da menção a crenças e desejos, o que é uma explicação
independente de uma possível explicação física. Kim vê, entre estas duas
descrições, uma tensão a ser eliminada. Pode haver, mas apenas para quem
discorda de muitos outros pressupostos aqui assumidos, como, por exemplo, de
que um mesmo evento pode ser descrito de diferentes maneiras. Kim poderia,
obviamente, seguir em frente e, como frisei, atacar a ontologia dos eventos de
Davidson. Para quem está feliz com esta ontologia, e adopta um saudável bom
senso em relação a explicações, não há tensão presente.

Clarificados os pontos do debate Kim-Davidson,
quero, por fim, tornar explícitas as relações entre a acusação de epifenomenalismo
e a primeira crítica a que fiz remissão, a de que uma teoria positiva da
relação mente-corpo é necessária. Para bem compreender estas críticas, um bom
caminho é observá-las dentro do aspecto geral das obras em questão, como
busquei fazer no início deste ensaio. Kim pede uma teoria positiva da relação
mente-corpo por ser este todo seu projecto. Davidson pede uma negativa por ter
um projecto menos restrito. Se Kim acusa Davidson de epifenomenalismo, é por
desejar um tratamento mais realista para as propriedades mentais. A resposta de
Davidson a sua crítica, por tomar propriedades como dependente de descrições,
não o satisfaz; vai em direcção contrária ao que ele deseja. Para um filósofo
que tem como objectivo final uma teoria da mente, o que Davidson propõe não
poderia jamais ser o bastante. E é neste ponto que está o verdadeiro abismo
entre Kim e Davidson: o primeiro quer uma filosofia da mente e apenas isto, o
segundo, como o entendo, quer uma filosofia do comportamento, que tem a
filosofia da mente como apenas uma parte deste projecto. Este primeiro hiato
gera todos os outros. Para compreender o comportamento de meus pares em
terceira pessoa, preciso de uma teoria da acção, do sentido e da decisão. Ora,
falar em crenças e desejos é elemento essencial deste projecto, já que é a
partir deles que explicarei acções e que interpretarei a linguagem de meus
pares. Não posso, portanto, reduzi-los ao idioma físico, e preciso de
argumentos que evitem tal possibilidade. Daí Davidson formular seu monismo
anómalo. Do mesmo modo, para quem tem um tal objectivo, toda causalidade mental
que se quer é a garantida pelo idioma mental. Nele, crenças e desejos causam
acções.Por se propor investigar a
relação mente-corpo, Kim precisa lidar com a causalidade mental em outros termos,
claramente mais realistas. Sua incompatibilidade com Davidson é uma
incompatibilidade de projectos. Se, literalmente, são propriedades mentais ou
físicas que geram acções, e como isto se dá, como deseja investigar Kim é,
creio, antes um problema empírico que filosófico. Posicionados em terceira
pessoa, sem acesso à mente de nossos pares, o que podemos fazer, e devemos,
fazer, é assumir a causalidade mental, tomando o idioma mental seriamente, e
inserindo-o como parte de uma teoria do comportamento . Claro que, para levar
adiante este projecto, é necessário argumentar contra grande parte da
metafísica que envolve a filosofia da mente, o que seria argumentar contra o
modo de fazer filosofia seguido por Kim. Não perseguirei tal objectivo aqui.
Para o que queria, dar conta do debate Kim-Davidson em torno da causalidade
mental,creio ter dito o bastante.


Notas

[1]

Davidson não costuma
nomear a forma de redução que busca evitar como ‘redução conceptual’ (não
costuma dar qualquer nome),mas o faz
em algumas oportunidades, como em Thinking Causes (1993). Por negar a redução
conceptual, a posição de Davidson é por vezes denominada ‘dualismo conceptual’,
o que evidencia que o que está a ser negado é a redução do discurso mental ao
físico.

[2]

Ramberg (1999), considera a possibilidade de que o idioma mental seja
incorporado ao físico sem redução, como pode acontecer na biologia, que, em
suas explicações, pode chegar a entidades tão simples que, daí em diante, a
tarefa de explicá-las pode ser passada à física. Fazendo uma analogia com o
mental, pergunta Ramberg : Não poderia apsicologia científica intencional, regimentando e refinando o
vocabulário da psicologia popular, aspirar ao tipo de relação livre de
conflitos com as ciências físicas que os biólogos alcançaram?. A tradução
desta citação, e todas as outras neste ensaio, é de minha responsabilidade.

[3]

Ver Thinking Causes (1993) e La Mesure du Mental’ (1994)

[4]

Honderich (1982), Sosa (1993), Fodor (1989) e Dretske (1989) são
alguns dos que compartilham com Kim a opinião de que o monismo anómalo ameaça a
causalidade mental.


Referências Bibliográficas

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  8. _________.1993. Thinking Causes. Mental Causation.  Oxford, Clarendon Press.

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  11. HONDERICH, T.1982.The Argument for Anomalous Monism. Analysis,  42:59-64.

  12. KIM, Jaegwon.1993. Can Supervenience and ‘Non-Strict’ Laws
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      Oxford, Clarendon Press.

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    World: An Essay on the Mind-Body Problem and Mental Causation
     . Cambridge,
    The MIT Press.

  14. PUTNAM,
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  15. RAMBERG, Bjorn. 1999. The Significance of Charity. The Philosophy of Donald Davidson.  Illinois,
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  16. SOSA,
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