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26/03/2007 às 17:06 #70647jota erreMembro
Hoje vemos uma série de informações pululando em nossa vidas. Seja na internet, seja na televisão, seja no rádio, enfim, em todos os meios de comunicação.Muitas pessoas valorizam a iinformação como algo magnífico, e, nessa definição, acabam a confundindo com conhecimento, algo bem diferente dela.Para se transformar em conhecimento, a informação precisa ser refletida e criticada, não necessariamente por quem a dá, mas por quem a recebe.Acredito que este "superfaturamento" da informação esteja ligado diretamente à sociedade capitalista, que conseguiu mais um produto para vender."a inteligência ficou cega de tanta informação"Alguém concorda?
26/03/2007 às 18:47 #84698ZMembroExacto.O conhecimento é resultado do processamento da informação.A informação captada por uma pessoa não é necessariamente proporcional à cultura dessa pessoa.Isto claro, se considerarmos o termo informação como sendo os relatos noticiosos, artigos de opinião, teses etc.Inegável é no entanto de que uma pessoa informada é necessáriamente uma pessoa mais culta do que uma pessoa ignorante.SABER ALGO, AINDA QUE FALSO, É SABER MAIS QUE QUEM NADA SABE.;)
27/03/2007 às 12:27 #84699jota erreMembroOk, Z,E o que o sr acha da mercantilização da informação?
27/03/2007 às 18:44 #84700ZMembroPara responder a sua questão, preciso definir os dois conceitos empregues.Deduzo que seu objectivo implique que:Informação: comunicações, dados, notícias.Mercantilização: No sentido figurado, especulação, orientação, influência interesseira.Eu acho que a informação, a par do onhecimento, é das armas mais importantes de sempre. Sempre o foi e sempre o será.A informação é a maior ferramenta de manipulação das opiniões.Ela é usada em função do interesse, quer este seja em prol de uma estratégia nacional (militar, económica), política ou pessoal.As pessoas sempre usaram a informação para jogar estragemas. Isto é fácilmente verificável em guerras, concorrência e política, sem esquecer o interesse pesoal de cada indivíduo.Quanto maior é o acesso à informação, maior é a importância da habilidade que se têm com ela. Se uma sociedade for muito ignorante, basta uma simles informação para orientar drásticamente uma mentalidade, uma opinião, uma posição, uma vontade. Quando uma sociedade é mais permeável e acessível à informação, é necessário maior destreza para conseguir os objectivos visados.Nunca a informação foi tão acessível como hoje. Nunca a informação foi tão crucial como hoje na orientação política e na salvaguarda de interesses de uma pessoa, de uma empresa, de uma nação.A realidade em que vivemos hoje é por isso um constante arremesso de informações, orientadas para um objectivo. Isto não torna as pessoas mais inteligentes por si só, apenas origina maior diferença de posições entre os mais convictos e maior confusão entre os menos convictos.DESINFORMAÇÃO.Considera-se desinformação, quando a informação transmitida visa nublar uma opinião alheia, impedindo-a de olhar a realidade como ela é. Cada vez ela é mais frequente, cada vez ela é mais inevitável. Mas toda a desinformação será sempre um obstáculo no caminho pela Verdade.Que fazer então face a esta desinformação e informação orientada para tudo menos a verdade?Bom, na verdade pouco haverá a fazer em relação a isso. Este tipo de informação continuará a ser cada vez mais usada como ferramenta da condução de opiniões e valores.Felizmente para a humanidade, nem tudo está perdido. Um maior acesso à informação dá asas às várias potencialidades humanas. Hoje, um ser humano de raciocínio hábil, inteligente, está muito mais propício a expandir seus horizontes do que antes (sempre idependentemente da posição social).Assim, a guerra da informação torna-se também, a guerra da razão.Se por um lado, uma pessoa razoávelmente sensata e racional, é capaz de discernir boa informação de má informação, uma pessoa menos instruída na capacidade intelectual, com personalidade menos propícia à contestação da informação disponível, será muito mais manipulável.Ora o que eu trouxe aqui não é novidade nenhuma, trata-se da mesma exacta realidade de à milénios atrás, mas numa outra escala de informação acessível.Um jornal manipular uma notícia com fins políticos estará a agir correctamente desde que não prejudique a integridade moral de outrém.Nunca poderemos exigir a todos os humanos, um pensamento completamente imparcial face à divulgação da informação.Nem devemos nunca renegar/limitar em nenhuma instância, a liberdade de expressão quando ela não prejudica uma integridade.Tal como uma lei pode ter diferentes interpretações, sendo umas mais razoáveis que outras (e apenas por isso geralmente reconhecidas como as correctas), um acontecimento, uma acção ou uma atitude podem também ter diferentes interpretações.Não se trata de dois pesos para a mesma medida, mas sim interpretações inconscientemente ou conscientemente dirigem a informação.Informação é uma guerra que tem que ser travada com todas as armas, e idependentemente dos resultados que uma manipulação dela possa trazer, GANHARÁ SEMPRE aquele que foi insento de interesse e especulação deliberada.É por isso uma questão de consciência. Muitas vezes sem resultados "justos", mas não esqueçamos que o mais importante é a preservação do carácter."Quando o teu adversário reunir mais apoiantes por usar de má fé contra ti, se nem te dignares a responder, já terás vencido".Infelizmente trata-se de uma questão de consciência num mundo de interesses.Ninguém come e respira consciência tranquila, todos nós temos desejos e necessidades, e por isso também não consideramos a consciência tranquila como o valor absoluto e supremo das nossas vidas.Mas que ela tem o seu valor, lá isso tem ;)
28/03/2007 às 17:54 #84701jota erreMembroCerta vez um amigo que era de ciências exatas disse-me que no mundo há tanta informação que será necessário ao ser humano, num futuro próximo, desenvolver amplamente sua capacidade de absorver informações.Será que validade absurda da informação não nos foi incutida pelo mundo globalizado? Não se trata de ideologia?Por outro lado, não penso que a "informação má" que o sr citou deixe de ser informação. Informação é tudo o que apreendemos pelos sentidos e pela razão. Tanto informações que levem ao conhecimento quanto informações falsas, que visem nublar a opinião alheia. No segundo caso trata-se, no entanto, de uma informação desconstrutiva, destrutiva.Isto significa que a informação nem sempre está ligada à razão. Basta ver os indivíduos que têm absurda quantidade de informação, mas que não sabem pensar; não sabem criticar.Quanto ao exemplo do jornal, é justamente uma das coisas que me levaram a propor este tópico.A informação não deveria ser dada intacta, isenta de juízos prévios?Fazendo uma explanação teórica rápida, lembremos do esquematismo kantiano, que é a capacidade que temos de sintetizar as informações que temos do mundo e daí gerar conceitos e, em última instância, juízos.Walter Benjamim afirma que a indústria cultural (todo uso mercantil da cultura) faz uma apropriação de nosso esquematismo, nos dando juízos prontos, e o trabalho que teremos será somente aceitar o que é dado, pois já foi devidamente "mastigado". Um exemplo é quando nos dizem simplesmente "isto é bom" ou "isto é ruim".Da mesma forma, o jornal nos impele a pensar conforme a razão de seu editor. Como fazer isto sem ferir a moral de alguém? Como isto pode ser correto, do ponto de vista moral?Um colega já me disse que o único meio de obter informação sem censura é na internet, e isto pesquisando muito. Concorda?
28/03/2007 às 23:29 #84702ZMembroA informação insenta como você anseia, todos nós queremos. Ela é uma realidade utópica enquanto for da responsabilidade de um ser consciênte de opinião.Quando a informação for processada e divulgada por computadores, aí sim haverá informação insenta.O que levanta outra questão. Os jornais quererão mesmo distribuir informação isenta?Não esqueçamos que o mediático e o polemico vende melhor ;)Cumps.
29/03/2007 às 14:54 #84703jota erreMembroConcordo.Então a conclusão é: enquanto a informação for um produto, ela jamais será isenta de juízos.
29/03/2007 às 18:08 #84704CientistaMembroConcordo.Então a conclusão é: enquanto a informação for um produto, ela jamais será isenta de juízos.
A informação insenta como você anseia, todos nós queremos. Ela é uma realidade utópica enquanto for da responsabilidade de um ser consciênte de opinião.
Permitam-me uma opinião, pois encontro o assunto deveras interessante:Penso que a informação produzida pelo homem não é isenta, exatamente pelo fato de ser produzida por um animal essencialmente instintivio e emocional, no que concordo com o Z. A velha mania de "puxar a brasa para o seu assado" é a verdade corrente. Somos corruptíveis na medida de nossa necessidade, em função de nossas dependências, como também por razões culturais.Aquilo que é postado na midia sofre "filtros" de caráter nacional, local, pessoal, comercial, além de refletir pressões de raças, instituições, legais e etc. Difícil para nós é destrinchar todas estas iformações cuidadosamente embutidas naquilo que lemos, vemo e ouvimos na midia.Por outro lado, creio que nos dirigimos para ser cada vez mais isentos e racionais. O que tem a ver com o grau de desenvolvimento dos povos, das comunidades, das famílias e das pessoas individualmente. Sou um otimista! Acredito que a robótica e a enegia abundante e barata, alida à manipulaão genética irão nos redimir!SDS
30/03/2007 às 11:23 #84705ZMembroCheguei à conclusão que afinal a informação isenta será sempre utopia para a humanidade.Vejamos:Computadores podem distribuir informação isenta tudo bem.Os humanos são os que têm acesso a essa informação insenta, os humanos tratam essa informação "previamente tratada" como se fossem dados, e carregam-na de opinião. Assim temos o seguinte ciclo da informação:Evento - Dados - Informação isenta - Dados - Informação viciada - Evento Evento - Acontecimento, decisão, medida, acção.Informação Viciada - Informação com opinião adicionada ( pessoal, política, cultural, social etc.) Informação Isenta - Processada por computadores (calculada)Cumps ;)
30/03/2007 às 11:53 #84706CientistaMembroNão há como contestar! É pura verdade!Apenas o homem consciente e culto tem melhoreschances de decifrar o enigma, sem entretantopoder chegar aos detalhes, que só podem serconhecidos por quem vive os eventos.SDS
31/03/2007 às 18:14 #84707jota erreMembroConcordo com todos, a informação não pode ser isenta. No entanto, gostaria de postar uma pequena dissertação sobre Habermas que fiz na faculdade:"Na ciência empírico-analítica, as regras são definidas pelos dados empíricos. Isto é feito pela formulação de teorias e pela verificabilidade crítica destas; tal construção é feita pelo método hipotético-dedutivo. As regras, enquanto mediadoras da teoria e da realidade, têm o papel de definir a previsibilidade de determinados acontecimentos, mediante a existência de condições iniciais básicas.Na experimentação controlada, criando-se as condições iniciais básicas, pode-se medir a efetivação das regras. O empirismo pretende relacionar as regras teóricas aos experimentos pela pressuposição de que os dados empíricos são apreendidos objetivamente, de forma isenta dos interesses do sujeito. Esta concepção é errada, diz Habermas, porque as regras só são geradas através de uma construção subjetiva, que tem em vista os fatos relevantes para a ciência experimental, esta que, por sua vez, depende do conhecimento, da experiência profissional e dos interesses dos sujeitos envolvidos.Pode-se dizer, portanto, que a teoria da ciência experimental dissocia o conhecimento do interesse pela tentativa de determinar regras de previsibilidade.Na ciência histórico-hermenêutica, diferentemente, não há teorias construídas dedutivamente e nem experimentações feitas com vistas aos resultados. O contato com os fatos se dá pela compreensão do seu sentido, e não pela sua observação. No lugar de uma verificabilidade crítica, tem-se uma exegese de textos, cuja interpretação constitui a base do conhecimento.Para o historicismo, os fatos espirituais aparecem já como dados evidentes. Trata-se de uma operação em que o sujeito toma o sentido de um universo ou interpreta uma linguagem que nem sempre possuem uma significação própria, e cuja constatação, em todo caso, sempre será limitada pelos critérios existentes. Nesta concepção, não percebe-se a relação entre a medição e o controle do resultado, e suprime-se, também, a compreensão inicial e o saber hermenêutico do intérprete. Quando o hermeneuta interpreta um objeto, ele relaciona o contexto dele a si próprio e à sua própria situação.Mesmo seguindo-se a regra metodológica, e admitindo-se uma união entre a exegese e a aplicação, ver-se-á que o ponto de partida para a análise dos dados da realidade é a manutenção e a extensão da intersubjetividade de uma intenção possível como núcleo orientador da ação. Existe, então, um interesse prático na busca do conhecimento.A ciência sistemática da ação social propõe regras normativas, tal qual a ciência empírico-analítica, No entanto, mais que isso, ela procura um nível de controle quando as regras teóricas invariáveis são confrontadas com relações de dependência mutáveis. Quando isto acontece. a crítica da ideologia e a psicanálise parem de informações a respeito de relações normativas que geram um processo de reflexão no sujeito de tal maneira que o nível de consciência, quando não submetido à reflexão, pode sofrer modificações. Regras que podem ser criticadas por casos particulares podem ser suspensas ou mesmo refutadasA metodologia de auto-reflexão da ciência orientada criticamente permite, tal qual a filosofia, um tipo de conhecimento libertador. A filosofia, no entanto, enquanto prisioneira da ontologia, estará enquadrada num objetivismo falacioso que não permite a relação do conhecimento e do interesse com a libertação."Se houver coentários a respeito, gostaria de ver.Mas, na verdade, talvez eu não tenha posto a questão de forma correta.É claro que sempre atribuir-se-á interesse às informações divulgadas.Mas a questão é: há informações quase infinitas sobre o mundo (e sobre além dele). Sendo assim, os comunicação não deveriam escolher as informações mais pertinentes para a divulgação?Não deveria haver uma Ética regrando ações desses meios para os impedir de fazer um show diuturno sobre um desastre em um único lugar, enquanto as leis mais estúpidas está sendo aprovadas no Congresso? Enquanto a ciência faz descobertas magníficas? Enquanto há tantas pessoas precisando de ajuda alheia, e ninguém sabe?Por que tantas informações sobre artistas (atores e cantores que não estão nem aí pra arte), "celebridades" e coisas do gênero?
03/04/2007 às 23:15 #84708KamilMembroQuote:A filosofia, no entanto, enquanto prisioneira da ontologia, estará enquadrada num objetivismo falacioso que não permite a relação do conhecimento e do interesse com a libertação."Caro junior, de que forma tu ves a filosofia prisioneira da ontologia? Que seria este "objetivismo falacioso" ? De que forma ele não permite a relação do conhecimento e do interesse com a libertação"?Parece uma questão complexa, não?By
04/04/2007 às 14:20 #84709jota erreMembroSr Kamil.Permita-me fazer uma correção:A filosofia, no entanto, enquanto ESTIVER prisioneira da ontologia, estará enquadrada num objetivismo falacioso que não permite a relação do conhecimento e do interesse com a libertação.Acho que era uma elipse. Mas não sei se ficou claro.Quando falo em "objetivismo falacioso", qero dizer que o conhecimento não é inerente apenas ao objeto, mas o sujeito tem parte fundamental na sua construção. Não "apreendo" o mundo, mas interpreto-o.Já o termo "libertador" é de Habermas, estou somente fazendo uma interpretação de seu texto.
23/04/2007 às 21:13 #84710BrasilMembroHoje vemos uma série de informações pululando em nossa vidas. Seja na internet, seja na televisão, seja no rádio, enfim, em todos os meios de comunicação.Muitas pessoas valorizam a iinformação como algo magnífico, e, nessa definição, acabam a confundindo com conhecimento, algo bem diferente dela.Para se transformar em conhecimento, a informação precisa ser refletida e criticada, não necessariamente por quem a dá, mas por quem a recebe.Acredito que este "superfaturamento" da informação esteja ligado diretamente à sociedade capitalista, que conseguiu mais um produto para vender."a inteligência ficou cega de tanta informação"Alguém concorda?
Sim, Ed Junior, concordo.
SABER ALGO, AINDA QUE FALSO, É SABER MAIS QUE QUEM NADA SABE.
Saber mais, sim mas, qual o valor disto? Entender como verdadeiro, algo falso, é extremamente perigoso entre outras coisas! Nesse caso, em melhor situação está aquele que nada sabe pois, não estará sendo induzido ao erro.
DESINFORMAÇÃO.Considera-se desinformação, quando a informação transmitida visa nublar uma opinião alheia, impedindo-a de olhar a realidade como ela é. Cada vez ela é mais frequente, cada vez ela é mais inevitável. Mas toda a desinformação será sempre um obstáculo no caminho pela Verdade.
Concordo! Muitas vezes se está dizendo verdades nas primeiras páginas dos jornais, e que não interessam a ninguém.Os fatos realmente importantes estão acontecendo e os jornais estão noticiando escândalos amorosos, fofocas de novela, crimes corriqueiros e outras tantas banalidades.Outra coisa estúpida e que eu acho que os Srs. irão concordar comigo, que acontece: O que mais se ouve no rádio é a cotação da bolsa de valores, o índice Dow Jones, etc. E, eu pergunto: Qual a porcentagem de pessoas que aplicam na bolsa? Isso não é ridículo? Enquanto os trabalhadores brasileiros estão ouvindo os jornais dizerem em quanto fechou o índice Dow Jones, os políticos estão aprovando e vetando leis que favorecem e prejudicam diretamente estes trabalhadores.Abs
23/04/2007 às 23:00 #84711ZMembroSaber mais, sim mas, qual o valor disto?
Exacto, o que só prova que o saber mais, não faz da pessoa uma pessoa superior ou melhor ;)Um Homem culto ou sabido não é mais que um homem mais ignorante... o que conta será a consciência ;)Os Jornais vendem o que o público quer ler. Verdade seja dita, um jornal polémico e que enfoque as intrigas e mesquinhiçes vende mais que um jornal sério. E agora? Sendo donos de uma empresa, o objectivo, para além de cumprir com a sua deontologia e ética, é fazer dinheiro.A boa informação é não só uma questão de controlo de qualidade dos meios, mas também uma questão do paradigma da mentalidade da sociedade.Não tenho dúvidas que os jornais se tornarão mais sérios e úteis, se as pessoas se mostrarem mais sérias e mais sensatas. ;)
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