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07/06/2002 às 18:46 #76835Miguel (admin)Mestre
de certo….no brasil o movimento voto consciente e o instituto datafolha comentaram ontem, providencialmente, a politica de pão e circo no brasil frente a copa do mundo. a matéria(publicada na famigerada emissora do sr.Cidadão roberto marinho) comentava que já 11 anos as eleições coincidem com a copa no brasil. os presidentes destas instituições(voto consciente e datafolha)opinaram de forma convergente, alegando que o brasil mudou muito, atestanto que o brasileiro é muito mais politizado do que antes. que estamos preocupados com os rumos políticos de nosso país. o psdb(e veja ninguém estava com a camisa canarinho no momento do anuncio) anunciou ontem, estratégicamente, um projeto presidenciável que criaria um ministério do desenvolvimeto social tão forte quanto o ministério da fazenda. a estratégia está em adquirir votos, uma vez que o brasileiro hoje têm consciência que as mudanças significativas devem ser direcionadas para o social, ou seja, de nada vale ter dinheiro e gastá-lo com segurança privada… em resumo há um máxima judáica que ensina que enquanto houver falta não haverá nem segurança nem liberdade.quanto a mídia a mensagem do Miguel me parece bem completa, acrescentanto apenas que a estratégia é flexivel(mídia), o princípio não!(espírito de competir que está dentro de cada um de nós, o que nos faz vibrar com cada vitória).
abs.
ps. é que não vejo tanto furor assim pela copa nas ruas e nem com aqueles que partilho os meus dias, até estou achando esta copa fraquinha em termos de mobilização frente as anteriores é claro!
( pode ser que a mídia queira uma grande mobilização, mas acho que não esta conseguindo alcançar tudo oque deseja, na minha rua anos atrás pintávamos a rua toda fazíamos multirão etc, neste ano não fizemos nada, a rua debaixo tb não fez e a de cima tb, bom o bairro[jardim avelino, zona leste sp] quase todo, diria está apático, mas amanhã todos iremos nos reunir na casa de um amigo para assitirmos o jogo logo cedo, é claro que depois vai rolar um churras verde e amrelo)
isto me faz pensar que estamos caminhando para um brasil melhor e menos alienado, pois em nenhum momento não disse que não somos alienados, acho particularmente que poucos seres humanos neste planeta não são alienados, e que estes são geralmente tachados de excentricos, loucos ou até mesmo alienados. mas não deixa de ser uma boa idéia, isto é, discutir neste site o que venha a ser alienação, se existe níveis para a alienação etc.
abs.
ps2
thelma gostaria de salientar que não deixo de concordar com vc, é sempre bom abrirmos os olhos para o que é evidente, ou seja, a falta que temos em nosso país. um dia chegaremos lá.
abs.
08/06/2002 às 20:28 #76836Miguel (admin)MestreSra. Thelma, destacando certas afirmações, comenta-se:
“Minha critica nao é a copa e sim o comportamento descabido, muitas vezes induzido.”
Existem milhares de comportamentos descabidos, tais como: “As vezes chego a torcer contra a seleção pra ver se o “poväo” se revolta e vota no Lula só de raiva” do Sr. José Trindade.
Existem milhares de comportamentos induzidos, tais como: “Que ilusão. Ou melhor, que alucinação coletiva! Que tentativa (infelizmente bem sucedida) de anestesiar a maioria da população!” da Sra. Thelma Canhete.“Nós temos o poder de mobilização social. Para todos os assuntos.”
Só porque viu uma parcela da população torcer pela sua seleção, conclui que esta mesma população tem “poderes” de mobilização. Seria oportuno descobrir como se estrutura uma mobilização coletiva antes de torná-la algo de fácil elaboração, de “pegar na prateleira”.
A única conclusão que se tira é que o sujeito “Nós” não pode contar com a participação da própria autora, pois a mesma não consegue nem se “mobilizar” para torcer para seleção de seu país! A regra não se aplica para autora.
“Que bom que o assunto está rendendo”
O rendimento inicial é porque o assunto está equivocado. Agora, o assunto está passando a ser outro.
Abs
09/06/2002 às 2:01 #76837Miguel (admin)MestreDiversao e Desespero:
Pegando carona… Vou usar do tema inicial como ponte para uma questao que me parece mais apropriada para filosofia. Pretensao ou nao, o tempo vai dizer. Ficar discutindo algo tao contingente qt uma Copa que dura cerca de 1 mês, pode ser lamentavel, se essa nao abrir horizontes, levantar questoes, aprofundar pontos de vista. Filosofia vive e convive junto com “nao-filosofia”; mas nao para, ou nao deveria parar, aí. Isso foi a título de introduçao. Só reforçando
De Thelma:
(1) Por que ainda estamos presos à cultura do pão e circo?
Essa pergunta pode ser abordada via psicologia, sociologia, filosofia etc. Aqui, quero chamar atençao para o “ainda”.
(2) Não existem fronteiras reais! Somos cidadãos do mundo! Confraternização entre povos? Nada mais mentiroso!
Ops! Nao houve nenhuma contradiçao aqui?
(3) As guerras no Oriente que nunca têm fim! E os Argentinos? Quantas lágrimas devem estar escorrendo dos olhos de pessoas que perdem seus empregos e vêem a recessão do país quase aniquilar suas vidas? Certamente, essas lágrimas não vêm da emoção da glória de seu time de futebol…
Que ilusão.Ou melhor, que alucinação coletiva! Que tentativa (infelizmente bem sucedida) de anestesiar a maioria da população!(4) Estranheza é ver esse povo madrugando para comemorar algo que não existe e por isso, não vai mudar em absolutamente nada suas vidas!
(5) “Nós temos o poder de mobilização social. Para todos os assuntos.”
Mas, quem é “nós”?
De Isabel:
(1) O país está a atravessar uma grave crise económica e para-se para ver um jogo onde alguns fulanos (talentosos, sem dúvida) correm atrás de uma bola sem saírem do mesmo rectângulo relvado, quando meio mundo morre de fome…parece haver sempre meios para pagar o supérfulo…sim, temos que ordenar necessidades…na base da pirâmide estão as necessidades primárias (Maslow)e, no entanto, um país paga milhões e milhões a indivíduos que correm…metade do ordenado de um desses futebolistas faria a vida feliz a umas poucas dezenas de pessoas, não??? É exagerado chamar isso de alienação???
# enganei-me ou aparece mesmo uma ideia de fundo, nas citaçoes acima, do tipo: diversao = nao levar a vida a sério = nao abandonar sentimentos em vistas da razao = irracional = irresponsabilidade = alienaçao ?
PS: Se exagerei, foi para tornar mais clara a colocação.# o “povo nao esclarecido” é tolo de buscar diversao no futebol, mas os “esclarecidos como nós” nao somos ao buscá-la ouvindo musica, indo ao teatro, acessando internet?
Nao quero fechar a questao, pelo contrário. Vou recordar dois pensadores em especial: Pascal e Kierkegaard. Para refletir:
Todo nosso raciocínio se reduz a ceder ao sentimento. […] O coraçao tem suas razoes que a razao nao conhece; se sabe isto em mil coisas. […]
Coraçao, instinto, principios.
Conhecemos a verdade nao só pela razao, mas ainda pelo coraçao; deste segundo modo é como conhecemos os primeiros principios, e é em vao que o raciocinio, que ali nao tem parte, tenta combatê-los […] Porque o conhecimento dos primeiros principios, como os que há no espaço, tempo, movimento, números é tao firme como nenhum dos que os nossos raciocinios nos dao. Sobre estes conhecimentos do coraçao e do instinto é preciso que apoiem a razao, e neles se funde todo seu discurso. […] Os principios se sentem, as proposiçoes se concluem; e tudo com certeza, ainda que por diferentes caminhos. E é tao inútil e tao ridículo que a razao peça ao coraçao provas de seus primeiros principios, para querer consentir neles, como sería ridículo que o coraçao pedisse à razao um sentimento de todas as proposiçoes que ela demonstra, para querer aceitá-las. Blaise Pascal: as razoes do coraçao – Pensamientos, 474-479 (Orbis, Barcelona 1984, p. 162-163)
# Em outro texto que, infelizmente, nao encontrei, Pascal relata uma experiencia em que caminhava refletindo qd vê algumas pessoas jogando dados. Ele pensa entao: “Que perda de tempo! Eles nao compreendem a seriedade da vida!”. Percebe algo de novo na passagem do que viu ao pensamento… e, aprofundando a reflexao, aproxima-se e coloca as questoes: “Seria a vida possivel sem divertimento?”, “Qual o sentido do divertimento?”, “Estaria mais certo quem se entrega a ele?”, e outras perguntas do gênero. É um texto ótimo, e se alguem trouxer para cá seria proveitoso. Creio que está no “Pensamentos”, mas eu nao estou com esse livro agora. Ideias importantes seriam o “Esprit de finesse” (que vou traduzir como Finura) e a “Diversao”.
# O pensamento de Kierkegaard pode parecer, aos olhos de quem o lê pela primeira vez, recheado de pessimismo. Para quem nao conhece sua obra, aparenta isso mesmo. Longe disso. Mas, no caso, onde um via diversao, o outro vê “Desespero”. É outra ideia, muito mais elaborada agora, que ganha o status de categoria filosofica rica. Nao é desespero psicologico, mas ontologico. O homem nao suporta a vida e procura fugas para nao eleger a vida, a si mesmo e a Deus. Outra categoria importante é a de “Angústia”.
Detalhe: Todo homem vive isso, e nao somente os “nao-esclarecidos” que assistem jogos da Copa.
Bem, como as palavras, uma vez ditas, adquirem vida própria, espero que as minhas nao me desapontem depois
[]´s
09/06/2002 às 13:50 #76838Miguel (admin)MestreOlá Walace…
Muito bem, mas é preciso não esquecer o contexto específico em que se inserem essas afirmações de Pascal..ele fala da necessidade de “sentir” Deus evitando procurar a ele aceder pela razão… é nesse contexto que a razão é desvalorizada pois ele diz É o coração que sente Deus, e não a razão. Eis o que é a fé: Deus sensível ao coração, não à razão e ainda A fé é um dom de Deus. Não acrediteis que digamos que é um dom do raciocínio (…) que distância tão grande vai do conhecimento de Deus a amá-lo?
Em relação à minha colocação Walace, enfim, não será tanto assim…não quis dividir a humanidade em esclarecidos/não esclarecidos, afinal, esclarecidos de quê? Acerca da felicidade? Do certo e do errado? Aliás, o suposto conhecimento conduz cada vez mais a uma inacapacidade de se ser feliz (divertir-se?)…
Permita-me colocar aqui um excerto de Pascal sobre o último aspecto que referiu, o tal desespero ontológico…
Não nos contentamos com a vida que temos em nós e no nosso próprio ser: queremos viver na ideia dos outros uma vida imaginária e esforçamo-nos por assim o parecer. Trabalhamos incessantemente para embelezar e conservar o nosso ser imaginário e descuramos o verdadeiro. E, se temos quer a tranquilidade, quer a generosidade, quer a fidelidade, apressamo-nos a dá-las a conhecer, a fim de ligarmos essas virtudes ao nosso outro ser, e iríamos desligá-las de preferência de nós para as juntarmos ao outro. (…) Grande marca do vazio do nosso próprio ser, não estarmos satisfeitos com um sem o outro e trocarmos com frequência um pelo outro!! porque quem não morresse para conservar a sua honra seria infame.A vida é insuportável…Pascal diz Assim se escoa a vida. Procura-se o repouso combatendo alguns obstáculos e, se eles forem vencidos, o repouso torna-se insuportável.
Walace disse que ” todo homem vive isso, e nao somente os “nao-esclarecidos” que assistem jogos da Copa. ”
Ceratamente. Se assim não fosse, nunca a copa poderia ter a dimensão que tem. O que eu procurei levantar foi o seguinte: como conviver com tal hierarquia de valores?? Como admitir que a vida possa parar e se morra de fome para assistir a um jogo de futebol, ou a uma exposição de arte ou a um concerto…etc…a copa é apenas ume exemplo, bem certo! Poderá dizer-me…não somos todos nós, os “supostamente” esclarecidos, tão alienados como todos os outros??? Sem dúvida!!!! Mas será que ter consciência disso não é já uma forma subtil de reflectir sobre a situação???E já agora, permita-me terminar com G. Lipovetsky…
“Se ao menos eu pudesse sentir alguma coisa”: esta fórmula traduz o “novo” desespero que fere um número cada vez maior de sujeitos. (…) As pertirbações narcísicas apresentam-se menos sob a forma de perturbações com sintomas nítidos e bem definidos do que sob a forma de “perturbações caracteriais”, caracterizadas por um mal-estar difuso e invasor, um sentimento de vazio interior e de absurdo da vida, uma inacapacidade de sentir as coisas e os seres. (…) Por toda a parte encontramos a solidão, o vazio, a dificuldade de sentir (…) de onde uma fuga para a frete de “experiências”, que mais não faz do que traduzir esta busca de uma “experiência” emocional forte. Porque não posso amar e vibrar?Pergunto…na copa? Em frente de um computador? Numa galeria de arte? …
abs.
09/06/2002 às 17:23 #76839Miguel (admin)MestreIsabel, qd coloquei aqueles textos esperava mesmo que aparecessem respostas interessantes. Foi mesmo jogar lenha na fogueira
Pascal faz mesmo afirmaçoes no contexto da Xfé, “da necessidade de “sentir” Deus“, como vc bem lembrou. De fato, é nesse contexto que ele “desvaloriza” a razão. Está em jogo a questao Xfé e razao. Nao se pode esquecer que Pascal defendia o jansenismo de Port Royal. IMPORTANTE: quase nao acreditei!!! existe censura aqui? ela chega ao nivel das palavras? nao pude usar a palavra “fé”! Por pouco nao desisto de escrever mais qq coisa
Só uma pergunta, isso é serio, foi um descuido ou que? Aguardo resposta
Mas, só reforçando: a proposta de Pascal não é o abandono da razão.
“O homem nada mais é do que uma cana,a mais fraca da natureza – mas é uma cana pensante (…) um vapor ou uma gota dágua bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem ainda seria mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e sabe da superioridade do universo sobre ele; já o universo não sabe nada. Toda nossa dignidade, portanto, consiste no pensamento.” E ainda: “o homem é feito para pensar: nisso consiste toda a sua dignidade e a sua função. E todo o seu dever consiste em pensar como se deve. Pois bem, a ordem do pensamento está em começar pelo próprio “eu”, pelo próprio autor, pelo próprio fim.”
Queria acrescentar algo mais sobre o “esprit de finesse”, em contraponto ao “esprit de géométrie”. O “esprit de géométrie” é relativo aos principios que “são palpáveis”. Aqui poderíamos falar de uma “razão da mente”. Já o “esprit de finesse” é relativo às “coisas do sentimento”. Antes, traduzi como “Finura”, outra tradução, mais coloquial, para “finesse”, poderia ser: sacação, intuição. Para Pascal, as premissas certas dos geômetras são “grosseiras”, no fim das contas não conseguem captar os aspectos mais ricos e interessantes da realidade. Para a razão: “É uma doença natural do homem acreditar que possui a verdade diretamente, e disso decorre que está sempre disposto a negar tudo o que lhe é incompreensível”. Para os sentidos: “Todos os homens são quase sempre levados a crer, não pelo caminho da demonstração, mas pelo caminho do que lhes agrada”. Conclui: “O homem é um ser cheio de erro: erro natural e ineliminável sem a graça. Nada lhe mostra a verdade. Tudo o engana. “Estes dois princípios de verdade,a razão e os sentidos, não só carecem de sinceridade, mas se enganam mutuamente. Os sentidos enganam a razão com falsas aparências. E esse mesmo engano que os sentidos armam para a razão, por sua vez, o recebem da razão, que, deste modo, se vinga. As paixões da alma turbam os sentidos, neles produzindo impressões falsas. Mentem e se enganam recriprocamente.” Há domínios e realidades que o “esprit de geómétrie” não pode alcançar, mas que são alcançáveis através do “esprit de finesse”, isto é, através da “visão boa”, não obscurecida pelas paixões e desejos.
Na linha do desespero ontologico, ou melhor, miséria humana, ou realismo trágico (em Pascal): [permita-me só mais umas citaçoes, para enriquecer, depois podemos tentar buscar consequencias] A grandeza do homem reside justamente no fato de “que se reconhece miserável”. Suas misérias provam sua grandeza: “uma arvore não sabe que é miserável, mas o homem sim: de miserável, só existe o homem“. O homem não é anjo, nem fera: “Censuro igualmente tanto aqueles que se põem a louvar o homem como aqueles que o censuram ou que preferem divertir-se com ele: só posso aprovar aqueles que buscam gemendo.”
Ainda sobre a diversão: O homem é miserável e não sabe em que lugar se colocar. As misérias da vida humana estão na base de tudo e “tão logo os homem se aperceberam disso, optaram pela diversão“. Não conseguindo vencer a morte, a miséria e a ignorância, decidiram não pensar nelas para tornarem-se felizes.
# “A única coisa que nos consola das nossas misérias é a diversão. E, no entanto, essa é a maior das nossas misérias. Porque é justamente ela que nos impede de pensar em nós e nos leva inadvertidamente à perdição.Sem ela, nós ficaríamos entediados e esse tédio nos impeliria a procurar um meio mais sólido para sair disso. Mas a diversão nos distrai, fazendo-nos chegar inadvertidamente à morte.”
# “Deixai um rei inteiramente só, sem qualquer satisfação dos sentidos, sem qualquer preocupação na mente, sem companhia: deixai que pense em si, à sua vontade, e logo percebereis que um rei sem diversões é um homem cheio de misérias. É por isso que se tem tanto cuidado para evitar tudo isso: em volta de um rei, nunca falta um grande número de pessoas, que providencial que aos negócios sigam as diversões e que estão atentas a todas as horas que ele tem disponíveis, para oferecer-lhes prazeres e diversões, de modo que não haja nunca um momento desocupado. Por isso os reis são circundados por pessoas atentas para que eles nunca fiquem sozinhos e em condições de pensarem em si mesmos, pois, pensando, seriam miseráveis, apesar de reis.”
# “Descobri que toda a infelicidade dos homens provém de uma só coisa: ou seja, e não saber ficar tranqüilo em um aposento. Um homem que tem o bastante para viver, se soubesse ficar em casa com prazer, não sairia de casa para navegar ou para sitiar uma fortaleza“. Por isso, “os homens procuram precisamente a confusão e amam tanto o barulho e a balbúrdia“.
Para Pascal, a diversão é uma fuga, e não é uma alternativa digna do homem. Se o homem lança-se à confusão, busca a diversão, está então renunciando precisamente a sua dignidade.
No caso proposto no início da discussão, além das conseqüências existenciais apontadas, que conseqüências teria tudo isso para a política ? Quem são os interessados no “pão e circo”? Por que? Qual pão e qual circo agrada a quem? Nesse novo contexto, as questoes levantadas ganham nova força.
[]´s
09/06/2002 às 19:28 #76840Miguel (admin)MestreOlá Walace…
Volto mais tarde para comentar a sua mensagem..só queria “sossegá-lo” dizendo-lhe que não há qualquer censura no fórum…aliás, a palavra “Fé” já foi inúmeras vezes utilizada noutros tópicos!!! Foi, com toda a certeza, qualquer problema pontual…eu própria acabei de usar essa palavra!!!
abs.09/06/2002 às 21:19 #76841Miguel (admin)MestreSenhor Michelangelo
Por que faz questão de ser tão antipático?
Você por acaso me conhece para julgar o meu poder de mobilização? Você sabe alguma coisa da minha vida, dos grupos que participo, dos meus sentimentos?
Comportamento induzido por quem? Quem me induziu a pensar desta forma? Ah, sim, talvez a educação que tive, os livros que li e as pessoas com quem discuti idéias.E você?
O assunto não é equivocado coisíssima nenhuma.
Ao contrário. É muito oportuno. Você por acaso é algum torcedor fanático tentando se defender?
Senhor Walace:
Claro que há contradição! Mas não é no meu texto e sim no comportamento! A priori, nós somos cidadãos do mundo! Mas essa cidadania é limitada por patriotismos absurdos, orgulhos nacionais infundados. é essa ilusão que predomina! Já disse qual meu conceito de Nação. Enquanto acredita-se que há confraternização entre as nações, há as crueldades, já citadas. Nós vivemos uma contradição. O mundo ocidental é enlouquecedor.10/06/2002 às 2:32 #76842Miguel (admin)MestreThelma,
Eu ia escrever algo acerca de patriotismos (nao absurdos) e orgulhos nacionais (nao infundados). Nao que nao existam os absurdos e os infundados. Mas, esqueci… esqueci mesmo…
Aqui está meio “acalorado” agora. Mas, como eu disse antes, vejo uma ligaçao bastante proxima entre filosofia e nao-filosofia. Vc trouxe um problema, Copa e alienaçao, agora a coisa começou a andar (sozinha?). Se eu fosse um hegeliano, ia até dizer da tese, negaçao, sintese. Pode ser que estejamos na negaçao. Pode ser que a gente consiga algo proximo de uma sintese. Pena que sou mais kierkegaardiano, acredito menos em sistemas necessarios
Mas, importaria tanto chegarmos a uma sintese? A filosofia nao é tanto posse da verdade, mas esforço de busca.
[]´s
10/06/2002 às 2:49 #76843Miguel (admin)MestreJá ia me esquecendo!
A colocaçao da Thelma sobre os cidadoes do mundo, os patriotismos e nacionalismos, me fez pensar em outro assunto. Eu ia “traduzir” isso para as perguntas sobre:
1) o problema da globalizaçao X preservaçao das culturas locais; e, consequentemente,
2) direito, ou nao, de intervençao em outras culturas.Ser patriota está posto contra ser cidadao do mundo? Como disse, isso já é outro assunto. Mas percebe-se que na questao há uma dialética, já que os 2 extremos sao ruins.
PS: Isabel, valeu!
[]´s
10/06/2002 às 18:15 #76844Miguel (admin)MestreJá me peguei pensando nesse assunto também. Porque a esquerda no nosso país combate tanto a globalização? afinal o marxismo é ou não é, também uma globalização?
E a nossa direita porque é tão “globalizadora”?
ela não deveria ser nacionalista?15/06/2002 às 19:15 #76845Miguel (admin)MestreDona Thelma,
“Por que faz questão de ser tão antipático?”
Antipátia tem dois significados. Se for o significado discordância, tens razão. Caso contrário, a questão é ridícula.“Você por acaso me conhece para julgar o meu poder de mobilização? Você sabe alguma coisa da minha vida, dos grupos que participo, dos meus sentimentos?”
Não vem ao caso isso. Estou tecendo argumentos sobre o que escreves. A Sra. cria quadros genéricos demais fundamentados em situações circunstanciais. Ratificando minha argumentação de mensagem anterior: Como é que alguém pode afirmar que temos poder de mobilização para qualquer assunto baseando-se apenas na paixão do torcedor brasileiro pelo futebol?“O assunto não é equivocado coisíssima nenhuma.”
Claro que é. A relação do assunto Copa <=> Alienação é totalmente falsa.“Ao contrário. É muito oportuno.”
Oportuno e equivocado não tem relação de sentidos contrários. Oportuno está sendo o inicio de um assunto diverso do proposto.“Você por acaso é algum torcedor fanático tentando se defender?”
Não vem ao caso isso, também. Existe uma necessidade “boba” de tentar rótular o outro lado, desviando-se do propósito do fórum. Participante deve ter postura mais amadurecida.Abs
30/06/2002 às 12:42 #76846Miguel (admin)MestreEXTRAI ESTE ARTIGO DO SITE YAHOO BRASIL. LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO CONCEITOS COMO DOMINAÇÃO CULTURAL, MASSIFICAÇÃO, LEIAM E TIREM SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.
REUTERS}
Sábado, 29 de Junho, 07:41 PM
Pataxós pedem aos Deuses ajuda na conquista do pentacampeonato
Por Katherine BaldwinPORTO SEGURO, Bahia (Reuters) – Índios apaixonados por futebol de uma tribo Pataxó fizeram neste sábado um ritual religioso para pedir aos Deuses por uma vitória do Brasil na final da Copa do Mundo no domingo contra a Alemanha.
Cerca de 30 homens, mulheres e crianças, com suas caras pintadas em vermelho, dançaram e cantaram em uma reserva indígena na Bahia em um ritual chamado “awe”, que significa amor e vitória em sua língua nativa.
“Estamos pedindo aos Deuses e aos nossos ancestrais por força espiritual para que o Brasil se torne campeão do mundo amanhã,” disse Arua, um dos índios que estavam presentes no rito espiritual na reserva Pataxó Jaqueira, no estado da Bahia.
A reserva fica entre uma exuberante floresta, na costa da Coroa Vermelha, onde os portugueses desembarcaram no Brasil em 1500.
Dali, os conquistadores foram ao encontro das tribos indígenas — os Pataxós viviam mata adentro na época do descobrimento do Brasil — sendo que muitos foram escravizados ou mortos por resistir aos portugueses.
Os membros da tribo Pataxó, que agora residem na vila de Coroa Vermelha mas voltam à aldeia durante o dia para trabalhar na reserva, se perdem no meio de turistas de todo o mundo que visitam a Bahia.
Arua e seus amigos pretendem fazer o tradicional penteado da aldeia no domingo para o último ritual antes de assistir pela televisão a grande final da Copa. O Brasil quer alcançar o feito inédito de conquistar seu quinto título mundial.
Como brasileiros nativos, os Pataxós também são apaixonados por futebol. Em Coroa Vermelha, com cerca de 3 mil moradores, os pataxós têm 12 times de futebol masculinos e três femininos. “Assim como os índios lutaram contra os estrangeiros que vieram aqui, estamos juntos com a seleção brasileira na luta contra os estrangeiros,” disse Capim Bara, um dos índios da tribo.
03/07/2002 às 23:22 #76847Miguel (admin)MestreQue horror…. estou me referindo a este movimento tenebroso de endeusamento dos jogadores da seleção brasileira. A mídia, principalmente a emissora do Sr. Cidadão Marinho, não cansa de mostrar o DIA INTEIRO a chegada da seleção. Os aviões da FAB em escolta, Trios elétricos, decretação de feriados…. devem ter tocado a música “Festa” da Ivete Sangalo umas 500.000 vezes. Inevitável… mas não pude deixar de lembrar do Senegal ao vencer a França no início da Copa, o presidente senegales, se não me falha a memória, decretou feriado, foi às ruas festejar com o povo.
Bom, como já fora dito outrora: “Dai a Cesar o que é de Cesar”(só por hoje estou com a thelma)… sei lá… é que fiquei envergonhado(frente ao mundo como brasileiro) perante o episódio que se iniciou nesta terça-feira tenebrosa.
vai passar….. ESPERO.
abs.
31/01/2006 às 18:27 #76848Fernando 2MembroInteressante o seu comentário. O que me surprende e me deixa preocupado é saber que tudo o que a mídia faz é, de certa forma, um tipo de “alienação”. Ela diz o que devemos pensar coletivamente. Seja copa do mundo ou qualquer noticiário “banhado de sangue”. Quem assiste televisão deixa de viver o seu mundo local e passa a "desfrutar" das várias mazelas humanas. Se ficarmos sentados, passivamente, na frente da "telinha" seremos verdadeiros idiotas manipulados. Temos que ser donos dos nossos destinos!
04/02/2006 às 19:02 #76849Welington MarcosMembroÉ muito triste observar que muitas pessoas vivem em função do futebol, não que o futebol contribua com sua renda finaceira, mas em termos de ficar quase em tempo integral pensando ou conversando sobre o “mundo da bola”.Não é só o futebol mas também novelas, religião entre outros contribuem para que o brasileiro fique “fora” das questões que realmente interessam (política, movimentos sociais etc). Não significa que o futebol foi inventado para alienar o povo, mas com certeza e uma das "armas" utilizadas pelos governantes e empresários para que nossa população tenha um sentimento de nacionalidade, de patriotismo. Eu não sou a favor de um patriotismo duentio, ou um sentimento nacionalista exacerbado. Temos que ter uma identidade, com certeza, mas isto não pode determinar minhas ações. O brasileiro não pode ficar irritado com o povo ou até mesmo o país argentino por causa de algumas questões relacionado ao futebol. Temos que comemorar, ter um sentimento comum com algo que realmente interessa para o povo brasileiro, movimentos sociais, diretas já, derrubada do Collor, entre outros. Quem gosta de ver um país com sentimento de nação são os "poderosos", aqueles que detenham a maioria da nossa renda. Este sentimento faz com que os brasileiros sejam "iguais", deixando de lado nossas diferenças financeiras, diferenças ideológicas entre outros. Sou um pouco comunista, acho que devemos olhar para aqueles que realmente precisam, temos que ter um sentimento pelas classes sociais, temos que orgulhar, por exemplo, por um índio (Morales) que tomou posse na Bolívia entre outros. Não podemos deixar que não só o futebol, mas entre outras coisas, tirem de nós os motivos realmente relevante para que lutemos pelo nosso país. Temos que ficar com orgulho, quando prendem algum governante, ou quando desmascaram alguma quadrilha. Se o povo brasileiro entendesse de política da mesma maneira que entende e se preocupa com futebol, com toda certeza os políticos não iriam fazer o que fazem hoje, eles saberiam que estavam sendo observados por uma população enorme e com olhos críticos (igual no futebol), isto iria fazer com eles pensassem mil vezes antes de cometerem algum roubo. Basta pensarmos que somos mais de 90 por cento da população, a elite e uma minoria (em números de pessoas) praticamente insignificante, mas que detem quase o poder total político e econômico. Se o povo parar para pensar, verá que não precisa quebrar tudo, nem uma guerra civil, basta ficarmos parados em nossos lugares que o Brasil não "anda" um palmo, o que move o nosso país, somos nós. Com isto sem fazermos nada, mas totalmente parados, o que vai acontecer de imedito, falencias, governantes entregando o cargo etc. Mas o futebol entre outros não deixa que pensemos desse jeito, somos "felizes" assistindo novelas, jogos, entre outros. O futebol tem suas qualidades, mas colocando na balança acho melhor se ele não existisse.Um abraço a todos, gostei bastante dos comentários acima, acho as divergências importantes para o nosso crescimento intelectual, porém observei que são poucas pessoas que participam e com intervalos muito longo em relação a cada comentário.
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