Diálogos de Platão

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  • #79729

    Você é universitária de que curso, qual foi o enfoque do curso, quais foram os textos trabalhados? Os diálogos de Platão – vasta obra, podem ser enfocados segundo inúmeros prismas, fators etc. O que não falta é material: comentadores, resumos etc. Você encontra um bom resumo em algumas histórias da filosofia e comentadores, pode-se indicar o Havelock, clássico, o Jaeger, na Paidéia, para algumas questões, o Giovanni Reale.

    #79730
    carladaniege
    Membro

    Bem eu faço comunicação social em enfase publicidade e propaganda, onde eu tenho a materia filosofia o professor passou um trabalho sobre Platão (ele quer tudo)…eu quero tudo de platão: vida, obra,os dialogos principalmente, e mais um pouco. Se possivel o dialogo: A republica pois o que eu tenho que apresentar…claro que tenho que saber tudo. Obrigada. e aguardo resposta

    #79727

    Vai demorar um tempo, creio, até você se familiarizar com o que significa uma pesquisa acadêmica. Em anexo alguns ebooks que talvez possam ajudar no trabalho.

    #79731

        Se você quiser, poderá tirar xerox do meu Banquete. É uma das melhores traduções.

    #79732
    Mamão
    Membro

    ;Dpow galera eu sou aluno do curso de filosofia da Ufma, o professor passou uma atividade e não estou conseguindo me sair bem,pois sou aluno do curso a apenas 2 meses e nunca tinha tido um contato tão intimo com a filosofia assim,queria que alguem de vcs me ajudassem eu ficaria muito grato... se alguem se dispor aqui tá o meu e-mail: [email protected].

    #79733

    Olá Mamão…talvez eu possa tentar ajudar… Poste alguma colocação ou dúvida aqui para irmos vendo.

    #79734
    Mamão
    Membro

    Ei Miguel aqui vai algumas das perguntas em que eu tive mais dificuldade:o1.Na obra o banquete, o elogio ao amor desenvolve-se enquanto resgate da memoria e sob a mediação de discursos. Desse modo responda:a.Explique a concepeção de amor como reconhecimento da falta e busca da unidade b.Explique o amor em seu caráter de embriaguez (entre a doxa e episteme).Olha Miguel o exercício é grandão, essas duas letras da questão 1 foi a que o pessoal aqui astá mais sem noção...Se você puder responder ficarei muito grato (só vou pegar uma base da tua reposta pra desenvolver a minha )

    #79735

    OláVocê já deu uma olhada no nosso "thread" sobre o Banquete? Tem algumas informações lá:http://www.consciencia.org/forum/index.php/topic,158.0.htmle http://www.consciencia.org/forum/index.php/topic,1215.0.htmlNeste último tem para download uma digitalização da obra História da Filosofia Antiga do Reale.Uma das partes do livro que talvez possam ajudar eu colo abaixo, apesar da digitalização não estar 100%:_______________________________2. O “amor platônico”Já vimos que a temática da beleza não está ligada, para Platão, à temática da arte (a qual é imitação de mera aparência, e não reveladora da beleza inteligível), mas à temática do eros e do amor, entendido esse como força mediadora entre o sensível e o supra--sensível, uma força que dá asas e eleva, através dos diversos graus da beleza, à Beleza meta-empírica em si mesma. E já que o Belo, para o grego, coincide com o Bem ou, em todo o caso, é um aspecto do Bem, assim Eros é uma força que eleva ao Bem: a erótica platônica, bem longe de se opor ao misticismo e ao ascetismo platônicos, é um aspecto fundamental e genuinamente helênico de ambos.A análise do Amor conta-se entre as mais esplêndidas entre as que Platão nos deixou O Amor não é belo nem bom, mas é sede de2. Lisis, 219 c-d.3. Sobre o tema do amor, pode-se ver, para eventuais aprofundamentos: G. Krüger, Eisicht und Leidenschaft, Frankfurt 1939 (1 963 G. Calogero, II Simposio di Platone,1. Para uma acurada exegese do Lisis, remetemos ao trabalho de nossa aluna M.Lualdi, 11 problema delia philia e ii Liside platonico, Celuc, Milão 1974.218PLATÃO E A DESCOBERTA DO SUPRA-SENSÍVEL A MÍSTICA DE PHILIA E EROS219beleza e de bondade. O Amor não é um Deus (só Deus é sempre belo e bom), mas também não é um homem. Não é mortal, mas também não é imortal: é um daqueles seres demônicos “intermediários” entre o homem e Deus. Eis como esses seres demônicos são descritos: Eles interpretam e transmitem aos Deuses os desejos humanos; e assim também aos homens as vontades divinas. Da parte dos primeiros, preces e sacrifícios; da parte dos segundos, ordens e a retribuição dos sacrifícios. Em meio a um e outro mundo, enchem o vazio que há entre eles, unindo assim o Todo consigo mesmo. Por obra do ser demônico, desenvolve-se a arte de predizer o futuro; e também toda a arte dos sacerdotes em sacrifícios, inicia ções e encantamentos; em suma, toda a arte profética e mágica. A divindade E...] não tem nunca uma relação direta com o gênero humano; somente por meio de demônios tem relação conosco; todo o seu falar com os homens, seja na vigília como no sono, acontece por meio deles. Por isso mesmo se diz que quem possui um seguro conhecimento disso é um homem em relação com poderes superiores, um homem demônico E...]. Estes demônios são muitos e de toda espécie. Um deles é o Amor. O demônio Amor foi gerado por Penia (que quer dizer pobreza) e por Poros (que quer dizer expediente, recurso, aquisição), no dia do nascimento de Afrodite. Por isso, Amor tem uma dupla natureza:Pois que o Amor é filho de Penia e Poros, eis qual é a sua condição. E sempre pobre; não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sim duro, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se; descansa dormindo ao ar livre sob as estre las, nos caminhos e junto às portas. Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, o Amor está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. E valoroso, audaz e constante. O Amor é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. E filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de fil tros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte morre; mas depois retoma à vida graças à natureza patema. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos. Numa pala Bai-i 19462; L. Robin, La théorie platonicienne de I’amour, Paris 19682, assim comoStenzel, Platone educatore, pp. 1 42ss. e Jaeger, Paideia, 11, pp. 299ss. Cf. bibliografiano volume V.4. Banquete, 202 e-203 a.vra, o Amor nunca é totalmente pobre nem totalmente rico. Ele está no meio entre a ignorância e a sapiênciaPortanto, o Amor é filósofo no sentido mais significativo do termo. A sophía, isto é, a sapiência, é possuída somente por Deus; a ignorância é própria daquele que está totalmente alienado da sapiên cia; ao contrário, a filo-sofia é própria de quem não é nem sábio nem ignorante, não possui o saber mas a ele aspira, está sempre procuran do e o que encontra sempre lhe escapa e deve buscar mais além, justamente como faz o amante.O que os homens chamam de amor não é senão uma pequena parte do verdadeiro amor: amor é desejo do belo, do bem, da sapiên cia, da felicidade, da imortalidade, do Absoluto. O Amor tem muitos caminhos que conduzem a vários degraus de bem (toda forma de amor é sempre desejo de possuir o bem); mas, o verdadeiro amante é o que sabe percorrê-los todos até alcançar a visão suprema, a visão do que é absolutamente belo.O degrau mais baixo na escala do amor é o amor físico, que é desejo de possuir o corpo belo, a fim de gerar na beleza um outro corpo; já esse amor físico é desejo de imortalidade e de eternidade,[ porque a geração, mesmo sendo em criatura mortal, é perenidade e imortalidadeEm seguida, há o grau dos amantes que são fecundos não nos corpos, mas na alma, que trazem sementes que nascem e crescem na dimensão do espírito. Entre os amantes na dimensão do espírito en contram-se, cada vez mais no alto, os amantes das almas, os amantes das artes, os amantes da justiça e das leis, os amantes da ciência pura.Finalmente, no alto da escala do amor, há a visão fulgurante da Idéia do Belo, do Belo em si, do Absoluto.Leiamos as páginas maravilhosas nas quais Platão descreve a escala do amor que leva do belo corpóreo à Idéia pura do Belo: estão entre as mais elevadas da literatura de todos os tempos:Também tu, Sócrates, poderás talvez ser iniciado a essa parte da doutri na do amor. Há, todavia, as iniciações perfeitas e supremas; há a visão final.5. Banquete, 203 c-e.6. Banquete, 206 e.A MÍSTICA DE PHILIA E EROSTodo esse prelúdio é feito tendo em vista aquela visão, desde que se siga o caminho direito. Não sei se serás capaz de chegar lá. Em todo caso, disse ela [ falarei e tudo tentarei. Esforça-te por seguir-me na medida das tuas forças.Portanto, continuou ela, quem quer seguir nessa tarefa pelo reto caminho deve, quando ainda é jovenzinho, começar por andar atrás da beleza nos corpos belos. Primeiramente, se é bem conduzido, deve dirigir seu amor a um só corpo belo e a partir daí gerar belos discursos. Em seguida, refletindo, pensar que a beleza que está em tal corpo é irmã da que está em qualquer outro corpo; pensar que, se a meta a alcançar é a beleza na sua forma, seria rematada insensatez não considerar uma e a mesma a beleza em todos os corpos E...1.Pensando nisto, ficará enamorado da beleza em todos os corpos e dei xará arrefecer o amor por um só, julgando ser ele de pouca valia.Depois disso considerará mais preciosa a beleza das almas do que aque la que transparece nos corpos, de tal sorte que, se for bela e gentil uma alma em um corpo cuja beleza corporal quase não floresceu, ficará contente de amar essa alma e de gerar discursos parecidos com ela e procurar aqueles que tomarão melhores as almas jovens. Assim será forçado a contemplar a beleza que está nos costumes e nas ações, e verá o parentesco que une todas essas coisas, de modo a considerar bem pequena a beleza que está nos corpos.Depois das ações será levado aos conhecimentos e à ciência para ver a beleza que há nelas. Daqui estenderá sua vista sobre todo o vasto domínio da beleza e deixará de servir, como um escravo, à beleza de um só, de um jovenzinho, de um homem ou de uma só ocupação, nem será, como um vil escravo, recitador de pobres discursos. Voltado agora para o vasto oceano da beleza e contemplando-o, poderá dar à luz belos, numerosos e magníficos discursos, bem como pensamentos nascidos de uma incansável aspiração ao saber até que, assim fortalecido e crescido, poderá vislumbrar uma ciência única, cujo objeto é essa Beleza da qual falaremos.Deves prestar agora, disse Diotima, o máximo de atenção ao que vou dizer-te.Quem foi conduzido passo a passo a essas alturas da ciência do amor, contemplando as coisas belas pela sua ordem e seguindo o caminho reto, chega finalmente à meta da ciência do amor. Ele contemplará subitamente um Belo maravilhoso na sua natureza, aquele mesmo, Sócrates, em razão do qual foram empreendidos todos os trabalhos anteriores; essa Beleza é eterna, não conhece geração nem corrupção, nem crescimento nem diminuição, nem é bela sob um aspecto e feia sob outro, bela aos olhos de alguns, feia aos olhos de outros. Não deve ser representada como dotada de face, de mãos, de nada que pertence ao corpo; nem ainda como uni discurso ou como umconhecimento ou como existindo num sujeito dela distinto, como num viven te na terra ou no céu ou em qualquer outro elemento. Essa Beleza é em si e por si, sempre ela mesma na sua forma e todas as outras coisas belas são belas enquanto dela participam; o nascer e o morrer dos outros seres belos nada produz nela, nem acrescenta algo nem diminui nem a faz padecer qual quer efeito.Quando, partindo das coisas desse mundo, e compreendendo retamente o que seja o amor dos jovens, alguém se eleva a tal Beleza e começa a contemplá-la, pode-se dizer que esse quase já chegou à meta. Tal é o caminho direito na ciência do amor, ou caminhando por si mesmo ou sendo conduzido por outro: partir das belezas deste mundo sempre tendo em vista a Beleza e elevar-se continuamente, usando como que degraus, de um para dois e de dois para todos os corpos belos e dos corpos belos às belas ocupações, das belas ocupações para os belos conhecimentos; finalmente, dos belos conhe cimentos, acabar naquele conhecimento do qual falei, uma ciência que não tem outro objeto senão a Beleza em si mesma, de sorte a se conhecer, ao termo de tudo, o Belo que existe em si.Eis aqui, caro Sócrates, disse a Estrangeira de Mantinéia, o ponto da vida no qual, mais do que em qualquer outro, vale a pena viver para o homem: contemplar a Beleza em si mesma. Desde quando a possas ver, não a julgarás segundo a medida de objetos preciosos, de belas vestes, da beleza de adolescentes e de jovens ou segundo a beleza que ora te deixa abalado, a ti e a muitos outros, de sorte a querer sempre vê-la e estar junto dela, sem comer nem beber, mas somente contemplá-la e fazer-lhe companhia. Que devemos pensar então se fosse dado a alguém intuir o próprio Belo, inteli gível, puro, sem mistura; em lugar do belo revestido de carnes humanas, de cores, de mil outras vaidades mortais, contemplar a beleza divina na unici dade da sua forma? Pensas que deve ser uma vida miserável a de quem dirige seu olhar lá para o alto, do homem que, com o órgão próprio, contempla essa Beleza e junto dela faz sua morada?Não percebes, continuou ela, que a esse homem, enquanto tem o olhar voltado para o alto, vendo como se deve ver o Belo, será dado produzir não fantasmas de virtude, pois ele não está em contato com um fantasma, mas virtude verdadeira, pois está em contato com o Verdadeiro? E a esse homem que produz a virtude real e a alimenta não acontece tomar-se amigo de Deus? A ele, mais do que a qualquer outro é dado tornar-se imortalNo Fedro, Platão aprofunda mais ainda a natureza sintética e mediadora do amor, unindo-a com a doutrina da reminiscência. Como7. Banquete, 210 a-212 a.já sabemos, a alma, na sua vida originária no séquito dos Deuses, contemplou o Hiperurânio e as Idéias; depois, perdendo as asas e precipitando-se cá para baixo, esqueceu tudo. Mas, embora trabalho samente, filosofando, a alma “se recorda” das coisas que viu outrora. No caso específico da Beleza, essa recordação acontece de um modo todo particular porque, entre todas as outras Idéias, somente a Beleza teve a sorte de ser “extraordinariamente brilhante e extraordinaria mente amável” Esse transiuzir da Beleza ideal no belo sensível in flama a alma, que é tomada pelo desejo de levantar vôo para voltar para o lugar de onde desceu. Esse desejo é, justamente, Eros que, com o anélito transcendente do supra-sensível, faz renascer na alma suas antigas asas.Quanto ao que acaba de ser iniciado, que durante um tempo muito contemplou, se vê uma face de feições divinas que seja perfeita imitação do bem e do belo, ou uma imagem ideal do corpo, primeiramente tem um es tremecimento e alguma coisa o penetra dos seus temores de outrora; conti nuando a olhar, sente veneração como a um deus [ Depois que viu, com o estremecimento o invadem um suor e ardor desacostumados. Com efeito, recebendo através dos olhos o eflúvio do belo, continua inflamado, o que dá nova vida à natureza das asas; o calor derrete a crosta dura que impedia as asas de crescer. O fluxo de alimento produz uma dilatação e um ímpeto desde as raízes das asas em toda a forma da alma: pois antes a alma era totalmente aladaO amor é nostalgia do Absoluto, uma tensão transcendente para o meta-empírico, e uma força que nos impele a retornar ao nosso originário ser-junto-dos-Deuses._____________________________em http://teses.usp.br , na Seção de Filosofia, tem uma dissertação sobre o Mênon de Platão, que contém a algumas considerações sobre a questão da doxa X episteme:http://www.teses.usp.br/download.php/teses/disponiveis/8/8133/tde-20052003-141051/publico/menon.pdfA questão da doxa X a episteme é tratada em vários livros, especialmente na República. O amor é capaz de "entusiasmar" os corpos na direção do Belo, mas ele, em si, não chega à ser episteme, pois esta é inteiramente racional.abs

    #79736
    Mamão
    Membro

    valeu ai Miguel!!!!!

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