Início › Fóruns › Pedidos de ajuda › Dificuldades na busca pelo autoconhecimento
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25/03/2007 às 16:37 #70644Mariana KumairaMembro
Oi gente :D sou nova no fórum, estou no Ensino Médio e recebi uma proposta de redação sobre as dificuldades que encontramos na busca pelo autoconhecimento.Procurei em alguns sites informações sobre a filosofia Socrática que está relacionada com a busca pelo conhecimento de si próprio, mas não achei nada que pudesse ajudar na pesquisa.Li um pouco sobre o assunto no livro "O mundo de Sofia", só que preciso de mais informações, alguém já fez um trabalho parecido ou tem alguma sugestão de onde posso encontrar?Agradeço desde já !
26/03/2007 às 17:42 #84682Miguel DuclósMembroOlá MarianaUma das regiões da Grécia Antiga é a Lacedemônia, ou Lacônia, onde ficava a cidade-estado de Esparta, uma das mais importantes da civilização grega, junto com Atenas. Os espartanos tinham uma cultura própria diferente, além de princípios sociais e econômicos bastante distintos dos atenienses. Apesar da força da Grécia clássica, muitos autores - como por exemplo Rousseau - louvaram a simplicidade dos Espartanos, a sua concisão que continha, não obstante, uma grande reflexão guardada. Esta se tornou proverbial. A palavra lacônico / laconismo virou por extensão de sentido um adjetivo.
lacónicodo Lat. laconicu < Gr. lakonikósadj., conciso;breve, segundo o estilo dos habitantes da Lacónia; cf. http://www.priberam.pt
Também lendária é a existência dos Sete Sábios da Grécia Antiga, homens de grande sagacidade, não poucas vezes legisladores, que lançaram, bem antes do século da Grécia clássica, quando viveu Sócrates. São contadas várias histórias a respeito destes sábios, e diferentes listas são dadas em diferentes textos gregos que chegaram até nós. O único nome que aparece em todas as listas é o do filósofo Tales de Mileto, que é também considerado o iniciador da filosofia ocidental, sendo classificado como um pensador "pré-socrático".Veja um texto sobre os Sete Sábios da Grécia aqui:http://greciantiga.org/ini/ini03-4.aspA lista dos 7 mais citada é a de Platão, no seu diálogo Protágoras, justamente por conta da importância retumbante deste filósofo em todos os níveis da cultura. Neste diálogo de Platão, nas páginas segundo a numeração padrão 342a-344a, está o trecho em questão. Sócrates (personagem do diálogo) fala que o antigo saber grego vem das regiões da ilha de Creta e da Lacedemônia. Platão fala de dois princípios máximos da sabedoria lacedemônica, que foi deixada como legado: "Conhece-te a ti mesmo" e "Nada em excesso". Abaixo citação em espanhol deste trecho:
A esta clase de hombres pertenecieron Tales de Mileto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, nuestro Solón, Cleóbulo de Lindos, Misón de Quene y, como séptimo, se mencionaba entre éstos a Quilón de Lacedemonia. Todos ellos fueron émulos apasionados y estudiosos de la educación lacedemonia. Señal de esta su sabiduría son esas sentencias breves, dignas de recuerdo por parte de todos, que, como primicias de su sabiduría, ofrecieron conjuntamente a Apolo en el templo de Delfos, haciendo inscribir estas dos que todos repiten: Conócete a tí mismo y nada en demasía. Cf. http://www.filosofia.org/cla/pla/protbil.htm
"Nada em excesso" é uma frase primordial para entender a concepção de virtude grega. Virtude se dizia "areté", e se você pegar um livro como o seminal Ética a Nicômaco de Aristóteles, por exemplo, verá lá aplicada a noção da virtude como mediania. Interessante é notar que modernamente um autor como William Blake, mais tarde aproveitado pelo cantor Jim Morrison, formulou uma frase contrária à essa: "O caminho dos excessos leva à sabedoria".Mas chegamos à frase que nos interessa. "Conhece-te a ti mesmo", Γνώθι Σεαυτόν em grego transliterado gnothi seauton. Esta frase durante o domínio latino foi traduzida para Nosce te Ipsum, que é o que aparece na porta do oráculo do filme Matrix. Isso porque estava no frontispício do maior dos Oráculos gregos, que ficava na cidade de Delfos. Esta frase às vezes aparece com um complemento do tipo "pois conhecendo-te conhecerá todos os mistérios do universo". Como falei, Sócrates adota este mote, e por isso às vezes esta frase foi erroneamente atribuída a ele, mas não é errado associár Sócrates à ela e a questão do autoconhecimento.Nos manuais de filosofia, alguns pensadores gregos são chamados de "pré-socráticos", porque vieram antes de Sócrates ou porque pensavam de uma maneira diversa da revolução que Sócrates representou no contexto da filosofia grega. Isso porque alguns dos chamados "pré-socráticos" não são anteriores, mas contemporâneos de Sócrates.Tem alguns textos aqui no site que ajudam a entender melhor porque Sócrates foi este "ponto de inflexão" na história do pensamento. Veja este:http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Br%C3%A9hier_Socrate:ptOs filósofos pré-socráticos investigavam a natureza do mundo externo, e grosso modo, pode-se dizer que Sócrates se volta para a investigação da alma, identifica os conceitos, as idéias, argumenta racionalmente sobre a imortalidade da alma e a superioridade dela em relação ao corpo (Fédon por exemplo) e coloca como fundamental o problema da moral. O Sócrates de Platão também mostra este percurso que deve ser feito para elevar os olhos da alma, presos à "lama" do fluxo de sensações sensíveis, até a contemplação das idéias, que é feita com a inteligência. Na República, o Sócrates de Platão chega a fazer uma investigação sobre as diferentes partes da alma, e a hierarquia entre elas. Por esses e outros motivos se diz que o auto-conhecimento é importante na filosofia socrática.Este texto a partir do parágrafo 43 oferece mais elementos para sua investigãção:http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente6.shtmlabs
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