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13/11/2007 às 16:22 #70758Miguel DuclósMembro
Recentemente uma amiga portuguesa em viagem a Espanha ficou impressionada com a riqueza, a pujança, o luxo e a organização das cidades espanholas, em todos os níveis sociais. Ela contrapôs essa riqueza toda com a própria situação de Portugal. O que ela não sabia é que um bom responsável por esse salto espanhol é o Brasil e a América Latina em geral. As “máfias” espanholas tomaram conta das nossas telecomunicações, e mais recentemente, do transporte, com a aquisição de diversas estradas estratégicas, construídas ao longo dos anos com o suor e o sangue do povo brasileiro – tanto os que pagam impostos como as pessoas que a construíram e nelas trabalhavam. Além disso, temos o banco, como o Santander, que adquiriu o Banespa. Se formos pesquisar no Google, várias notícias nos dão conta do aumento estratosférico dos lucros Espanhóis, como por exemplo:http://idgnow.uol.com.br/telecom/2006/07/25/idgnoticia.2006-07-25.4513520914/http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/Artigo/exibir.ssp?artigoId=65593&secaoId=6012&edicao=323http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2006/10/25/ult1913u59421.jhtmhttp://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/internacional/empresas/pt/desarrollo/1053393.htmlhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105032.shtmlhttp://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/2007/04/27/ult4294u523.jhtm Recentemente, uma pessoa ligada ao governo espanhol, senhor Juan Carlos, mandou o presidente venezuelano "Calar a Boca". Não defendo Chávez, que claramente mostra pretensões unilaterais em relação ao Brasil, mas acho que o rei exagerou. Tanto que enfrenta oposição em seu próprio país, que não quer criar um estresse nas relações com a América Latina, de onde vem tanto dinheiro para os espanhóis. O irônico disso é que, ao que parece, os imigrantes hispânicos não são bem recebidos lá, sendo chamados de "imigrantes malditos".Esta notícia do Estado, por exemplo, diz que a Espanha "investe" na AL, ao invés de dizer que lucra, mas vá lá:"Em sua edição digital desta terça-feira, o jornal El País lembra que as multinacionais espanholas estão entre os principais grupos investidores na América Latina. Só na Venezuela, mais de 1,7 bilhões de euros foram investidos desde que Chávez chegou ao poder, em 1999."http://www.estadao.com.br/internacional/not_int79925,0.htm
13/11/2007 às 18:29 #85540JPCMembroCom todo o respeito que o Miguel me merece, mas este comentário é no mínimo um pouco absurdo, para não dizer um perfeito disparate…Do princípio: Sou português e sei, como todos os meus compatriotas, que as diferenças, hoje, entre Espanha e Portugal em termos de desenvolvimento devem-se desde logo, e entre outros, a factores tão prosaicos e reais como a mediocridade dos políticos e empresários do meu país, que, por exemplo, ao contrário dos espanhóis, desperdiçaram completamente os milhões em subsídios de integração que chegaram a partir dos anos 80 da União Europeia. Para usar uma caricatura simplista mas esclarecedora: Os espanhóis aplicaram os Fundos Comunitários em educação, em cultura, em coesão social e em verdadeiro progresso económico (em factores estruturantes de desenvolvimento); e nós, portugueses, preferimos comprar jipes topo de gama, vivendas ajardinadas e iates...Enfim, tivémos, no fundo a mesma atitude que os nossos líderes lusitanos tiveram na época dos Descobrimentos, no séc. XVI, que fizeram de nós uma potência com pés de barro e um dos países mais pobres e atrasados da Europa. Isto é, nem o colonialismo soubemos aproveitar... A questão é um pouco mais complexa mas esta é uma das principais razões do crescimento económico espanhol (na Irlanda passou-se mais ou menos o mesmo, já agora). Depois disso, sim, a Espanha teve condições para internacionalizar o seu crescimento empresarial e, OBVIAMENTE, desde logo pelo factor linguístico, apostou forte na América Latina! Tal como Portugal, mais timidamente, mediante a sua mais diminuta capacidade, aposta. Aí e em África, que também precisa de investimento estrangeiro como de pão para a boca.O facto é que o colonialismo acabou (felizmente!) e hoje em dia as dinâmicas sociais e económicas globais são bem diferentes.Chamar "máfias" aos investidores espanhóis na América latina revela um tremendo preconceito esquerdista e irracional. O que é que você chama então às empresas brasileiras ou argentinas ou mexicanas que investem no exterior? Em Espanha, por exemplo? São o quê? São a cosa nostra sul americana? Por favor, um mínimo de honestidade intelectual... Que é coisa, já agora, que falta em abundância ao populista e demagogo Chávez... E quem o mandou calar (e muito bem!), não foi ninguém ligado ao governo espanhol, foi apenas o Rei, que representa um órgão de soberania distinto.É provável que haja alguns desmandos nesses investimentos espanhóis, não sei, não conheço em pormenor (pelo menos não tão bem como conheço os investimentos portugueses no Brasil, por exemplo, nas áreas petrolíferas, das telecomunicações ou do retalho). Mas o meu amigo pura e simplesmente se "esquece" do reverso da medalha: Investimento gera emprego! gera riqueza! Ou acha que é por acaso ou por força das "máfias"(?!) que os governos sul-americanos, aliás, todos os governos do mundo!, acolhem o investimento estrangeiro de braços abertos? Meu amigo: quem me dera que um empresário brasileiro abrisse uma fábrica na minha terra! Seria maravilhoso!Abra os olhos Miguel! O lucro não é peste, o dinheiro não tem pátria e o mundo hoje em dia não tem fronteiras, muito menos para a economia, para o comércio e para o investimento! Globalização, já ouviu falar? Pois, é isso.Por outro lado, só uma achega: os imigrantes são sempre "malditos" por muita gente (gente estúpida e preconceituosa, obviamente, que há em todo o lado) seja de onde vierem e seja onde chegarem. E, já agora, o que você acha dos investimentos chineses na América Latina? E os russos? E os norte-americanos? E os portugueses? E os Alemães? E os franceses? E os árabes? São todos "mafiosos"?E o que você acha dos investimentos brasileiros em Portugal? Sim, também têm comprado cá empresas. São mafiosos, estes seus compatriotas? E dos investimentos peruanos na China? E dos investimentos canadianos na Índia ou vice-versa?...Poderia continuar, mas acho que já chega. Reflicta e informe-se melhor antes de escrever seja o que for, caro Miguel. Paz e Saúde!
13/11/2007 às 23:58 #85541Miguel DuclósMembroCom todo o respeito que o Miguel me merece, mas este comentário é no mínimo um pouco absurdo, para não dizer um perfeito disparate...Do princípio: Sou português e sei, como todos os meus compatriotas, que as diferenças, hoje, entre Espanha e Portugal em termos de desenvolvimento devem-se desde logo, e entre outros, a factores tão prosaicos e reais como a mediocridade dos políticos e empresários do meu país, que, por exemplo, ao contrário dos espanhóis, desperdiçaram completamente os milhões em subsídios de integração que chegaram a partir dos anos 80 da União Europeia. Para usar uma caricatura simplista mas esclarecedora: Os espanhóis aplicaram os Fundos Comunitários em educação, em cultura, em coesão social e em verdadeiro progresso económico (em factores estruturantes de desenvolvimento); e nós, portugueses, preferimos comprar jipes topo de gama, vivendas ajardinadas e iates...
Muito obrigado por trazer mais dados para o debate, contribuindo para a ampliação da visão, mas acho que não é uma boa postura desqualificar dessa maneira, logo de início a proposta de tema.
Enfim, tivémos, no fundo a mesma atitude que os nossos líderes lusitanos tiveram na época dos Descobrimentos, no séc. XVI, que fizeram de nós uma potência com pés de barro e um dos países mais pobres e atrasados da Europa. Isto é, nem o colonialismo soubemos aproveitar... A questão é um pouco mais complexa mas esta é uma das principais razões do crescimento económico espanhol (na Irlanda passou-se mais ou menos o mesmo, já agora). Depois disso, sim, a Espanha teve condições para internacionalizar o seu crescimento empresarial e, OBVIAMENTE, desde logo pelo factor linguístico, apostou forte na América Latina! Tal como Portugal, mais timidamente, mediante a sua mais diminuta capacidade, aposta. Aí e em África, que também precisa de investimento estrangeiro como de pão para a boca.O facto é que o colonialismo acabou (felizmente!) e hoje em dia as dinâmicas sociais e económicas globais são bem diferentes.
O colonialismo acabou, mas transformou-se em neocolonialismo e adquiriu novas facetas, de forma que a exploração que sempre existiu continua existindo, e não somente de um país para outro, mas também internamente e em vários níveis sociais. O Brasil é bem diferente da África, um país rico, uma potência econômica, com uma população gigantesca, e não precisa tanto de "investimento" estrangeiro assim; o fato é que o país empobrece com a remessa de lucros para o exterior, e isso acontece desde sempre, com a conivência da elite local, algo que não se mexe na nossa política. Getúlio Vargas foi o presidente brasileiro que mais tomou medidas contra isso. Aliás, morreu por causa disso.
Chamar "máfias" aos investidores espanhóis na América latina revela um tremendo preconceito esquerdista e irracional. O que é que você chama então às empresas brasileiras ou argentinas ou mexicanas que investem no exterior? Em Espanha, por exemplo? São o quê? São a cosa nostra sul americana? Por favor, um mínimo de honestidade intelectual... Que é coisa, já agora, que falta em abundância ao populista e demagogo Chávez... E quem o mandou calar (e muito bem!), não foi ninguém ligado ao governo espanhol, foi apenas o Rei, que representa um órgão de soberania distinto.
O populismo é uma acusação ideológica que inventaram para alguns líderes da América Latina e precisa ser melhor discutido. Aqui no Brasil, por exemplo, a tese de populismo varguista foi confeccionada minuciosamente por intelectuais na academica, interessados em enterrar o legado do trabalhismo. E que mais tarde se tornaram entreguistas, como é o caso do Francisco Weffort, que escreveu vários livros sobre o assunto. Quem era populista eram os líderes de direita, como Adhemar de Barros e Jânio Quadros.O adjetivo de máfia está entre aspas, como você deveria ter notado. Talvez você desconheça a realidade da atuação das empresas espanholas no Brasil. A Telefonica, que comanda as telecomunicações de São Paulo, por exemplo, é há anos a campeã de reclamações no orgão de defesa do consumidor, o PROCON. Isso é apenas um indicativo da postura de descaso com o cliente e busca de lucro desmedido, cobrando muito caro e oferecendo um serviço completamente problemático. Um adsl relativamente lento custa 100 reais, o que dá mais ou menos uns 40 euros. Se você pesquisar o serviço adsl de outros países, verá que existe uma completa disparidade. E mesmo esse serviço vem com inúmeros problemas, como por exemplo no atendimento, no planejamento destinado a diversas classes sociais, no objetivo de raspar os minguados da população empobrecida. Além disso, outro exemplo, é a chamada "venda casada" de dois serviços, o provedor (inútil) Terra e o acesso adsl, que durou anos e recentemente foi vetado por uma ação pública movida por um juiz de Baurú.Não há nenhum espírito público nas empresas, nenhum direito-cidadão, somente a ambição desmedida e o afã por lucros cada vez maiores, como se vê nos sites de notícia que mostrei. O lucro é problemático quando não corresponde a um aumento da qualidade do serviço. O Serviço de telefonia é praticamente imposto na forma de monopólio, pois ninguém pode deixar de usar o telefone, então existe mercado garantido e pouquíssimo espaço para concorrência. Por exemplo, no envio de mensagens torpedo de telefones celulares, cobram mais no Brasil porque se envia pouco, e não porque corresponde a um aumento de público. Diversas notícias relatam isso:"A explicação mais plausível para essa diferença é o preço do serviço. Enquanto pagamos, por volta de, R$ 0,35 (ou 18 centavos de dólar) por mensagem, os argentinos pagam seis vezes menos. Na maioria dos nossos países vizinhos, segundo um levantamento realizado pela operadora Claro, o valor não passa de US$ 0,08."( http://www.clicabrasilia.com.br/impresso/noticia.php?IdNoticia=309924 )
É provável que haja alguns desmandos nesses investimentos espanhóis, não sei, não conheço em pormenor (pelo menos não tão bem como conheço os investimentos portugueses no Brasil, por exemplo, nas áreas petrolíferas, das telecomunicações ou do retalho). Mas o meu amigo pura e simplesmente se "esquece" do reverso da medalha: Investimento gera emprego! gera riqueza! Ou acha que é por acaso ou por força das "máfias"(?!) que os governos sul-americanos, aliás, todos os governos do mundo!, acolhem o investimento estrangeiro de braços abertos? Meu amigo: quem me dera que um empresário brasileiro abrisse uma fábrica na minha terra! Seria maravilhoso!Abra os olhos Miguel! O lucro não é peste, o dinheiro não tem pátria e o mundo hoje em dia não tem fronteiras, muito menos para a economia, para o comércio e para o investimento! Globalização, já ouviu falar? Pois, é isso.Por outro lado, só uma achega: os imigrantes são sempre "malditos" por muita gente (gente estúpida e preconceituosa, obviamente, que há em todo o lado) seja de onde vierem e seja onde chegarem. E, já agora, o que você acha dos investimentos chineses na América Latina? E os russos? E os norte-americanos? E os portugueses? E os Alemães? E os franceses? E os árabes? São todos "mafiosos"?E o que você acha dos investimentos brasileiros em Portugal? Sim, também têm comprado cá empresas. São mafiosos, estes seus compatriotas? E dos investimentos peruanos na China? E dos investimentos canadianos na Índia ou vice-versa?...Poderia continuar, mas acho que já chega. Reflicta e informe-se melhor antes de escrever seja o que for, caro Miguel. Paz e Saúde!
Ora, os defensores das privatizações certamente tem que lidar com esse problema. Porque o que vemos são estatais lucrativas, com estrutura construídas por dezenas de anos de dinheiro público, serem vendidas a preço de banana para "investidores" estrangeiros, que lucram em pouquíssimo tempo mais do que o triplo do que investiram. Mas as estatais européias e norte-americanas, estranhamente não vemos empresas brasileiras comprando. Recentemente a Vale do Rio Doce, que manda em grande escala, aos borbotões, a riqueza do solo brasileiro para o exterior, comprou uma minerarado minúscula canadense, não sem antes passar por muitos trâmites legais e todo o impedimento possível, pagando um preço bem maior do que o que ela própria foi vendida.As empresas geram empregos? É verdade, mas seria melhor dizer que geram sub-emprego. Conheço bem o funcionamento interno. Contraram muitos atendentes e funcionários pagando pouco mais do que um salário mínimo, para trabalhar em condições pesadas... É uma verdadeira exploração. Ao passo que os cargos de chefia, com exceção da elite conivente, são ocupados por estrangeiros. Aliás, quando a Telefonica se instalou no Brasil trouxe centenas de funcionários espanhóis junto, deste técnicos e até mesmo faxineiros. Então esse é um argumento recorrente que não se sustenta em nada. O pouco que os salários da patuléia movimentam não são nada comparados com o lucro bilionáerio que é oferecido aos donos da empresa, no exterior. "Abra os olhos Miguel! O lucro não é peste, o dinheiro não tem pátria e o mundo hoje em dia não tem fronteiras, muito menos para a economia, para o comércio e para o investimento! Globalização, já ouviu falar? Pois, é isso."Obrigado pelo conselho, mas dos meus olhos cuido eu. A globalização da economia não deve ser confundida com a perda da soberania, pois essa foi conquistada a duras penas pelo esforço inteiro de muitas gerações. No fim, o que temos são pessoas apegadas a terra. Pessoas que passam a vida inteira nas suas localidades de origem ou no seu próprio país. Viajar no Brasil custa muito caro. Não existe trens, o projeto ferroviário foi abandonado, os aeroportos estão no caos, não se aproveita o potencial de transporte naval e também o sistema rodoviário é sobrecarregado e deficiente. A gasolina custa um absurdo, é um imposto a mais a ser pago, e além disso agora estão entupindo as estradas de pedágio, acabando com o direito de ir e vir.E é claro que "já ouvi falar" de globalização, proposta que aliás já se mostrou fracassada, já é um termo anacrônico, principalmente no pós-Iraque. Esse tópico é um subtópico do tópico "Globalização". não reparaste? Então como eu poderia não ter ouvido falar?Até mais.
14/11/2007 às 1:57 #85542BrasilMembroAmigo JPC
...as diferenças, hoje, entre Espanha e Portugal em termos de desenvolvimento devem-se desde logo, e entre outros, a factores tão prosaicos e reais como a mediocridade dos políticos e empresários do meu país, que, por exemplo, ao contrário dos espanhóis, desperdiçaram completamente os milhões em subsídios de integração que chegaram a partir dos anos 80 da União Europeia.
Medíocre significa médio. Então os políticos e empresários de seu país deveriam ser “mais” e não médios. Pois, verifiquemos então em que consiste ser “mais” político: Consiste em ser mais conciliador entre o bem estar de seu povo e o bem estar da sustentabilidade de seu povo; seus empresários. Está certo?Em que consiste ser “mais” empresário? Consiste em ter mais lucros. Está certo?Bem, caro amigo, se os políticos espanhóis trabalharam melhor, isso se deve às cobranças de seus compatriotas espanhóis; o povo, aqueles esquerdistas chatos, sabe?Se os empresários espanhóis quiserem ter mais lucro trabalhando menos, em seu território, esse lucro será tirado de seu povo, logo; vão tirar de outro povo. Ocorre que aqui em meu País, os políticos não são medíocres, eles são bossais. Daí a união do inútil ao desagradável...O espírito do mundo financeiro tem um ar de sadio, mas é podre. O sangue quente hispânico não permite muitas mazelas de seus empresários, muito menos de seus políticos, daí o motivo deles não serem tão bossais quanto os nossos. Quando uma empresa brasileira vai à Espanha investir, ela tem que investir REALMENTE no trabalho e no desenvolvimento desse trabalho e não nos bolsos dos políticos para com isso conseguirem vantagens em detrimento do povo, que é o que ocorre aqui, e me parece que aí também. Ora pois, esse é um “mal” que herdamos : Não temos tino para os negócios e nem pra política. ;D
14/11/2007 às 3:27 #85543JPCMembro«Muito obrigado por trazer mais dados para o debate, contribuindo para a ampliação da visão, mas acho que não é uma boa postura desqualificar dessa maneira, logo de início a proposta de tema.»Tem razão, realmente foi um erro ter começado dessa maneira, as minhas desculpas. E obrigado por esta oportunidade de debate. Vamos então a isso.«O colonialismo acabou, mas transformou-se em neocolonialismo e adquiriu novas facetas, de forma que a exploração que sempre existiu continua existindo, e não somente de um país para outro, mas também internamente e em vários níveis sociais. O Brasil é bem diferente da África, um país rico, uma potência econômica, com uma população gigantesca, e não precisa tanto de "investimento" estrangeiro assim; o fato é que o país empobrece com a remessa de lucros para o exterior, e isso acontece desde sempre, com a conivência da elite local, algo que não se mexe na nossa política. Getúlio Vargas foi o presidente brasileiro que mais tomou medidas contra isso. Aliás, morreu por causa disso.»Tem novamente razão, nessa óptica o colonialismo nunca acabou e sempre existiu. Essas "novas facetas" não passam de velhas facetas de uma característica humana que perdura. Que o Brasil é diferente de África é óbvio, não percebo esta sua apreciação já que nunca se disse o contrário... Mas adiante. Este seu comentário levanta, por outro lado, outra questão importante. Que o Brasil "não precisa" de investimento estrangeiro (e é ideologicamente sintomática a sua insistência em colocar a palavra investimento entre aspas...) é discutível. Tão discutível como afirmar que os EUA, a China ou Portugal não precisam de investimento estrangeiro. Aliás, nem vale a pena discutir isso, é um tema puramente abstracto nesses termos. Em termos económicos você apresenta uma visão proteccionista (e nacionalista) completamente anacrónica e desfasada da realidade. Hoje em dia, neste mundo globalizado, todos precisamos de todos, há uma interdependência global e é completamente irrealista achar que um país sobrevive "orgulhosamente só". Isso que você chama de "fuga dos lucros" é uma realidade incontornável no mundo inteiro e acontece com todos os países sem excepção (bem, talvez não na Coreia do Norte. E mesmo ai...). Neste aspecto são evidentes dois dados concretos: Algum lucro do investimento estrangeiro sairá efectivamente do país, mas já lá vão os tempos em que os países eram explorados sem retribuição, hoje em dia os países acolhedores de investimento têm muito a ganhar com isso, não só na questão do emprego, mas também noutras como impostos ou na obrigatoriedade de reinvestir os lucros nesse país de acolhimento - e eu sei que no Brasil é assim porque tenho familiares portugueses que aí escolheram investir em negócios e acredite que não é assim tão fácil "desviar" lucros para o exterior. Dizer que o seu país empobrece com a remessa dos lucros para fora, perdoe-me mas é desconhecer completamente até a realidade do seu próprio país. Há muitas razões para o Brasil (que não está a empobrecer, pelo contrário, felizmente e espero que continue a progredir dessa maneira) ter ainda muita pobreza e, acredite, essa é a menor delas. Seja como for, o que acontece com o investimento estrangeiro no Brasil é exactamente o mesmo que acontece com o investimento brasileiro noutros países. As regras são basicamente as mesmas.«O populismo é uma acusação ideológica que inventaram para alguns líderes da América Latina e precisa ser melhor discutido. Aqui no Brasil, por exemplo, a tese de populismo varguista foi confeccionada minuciosamente por intelectuais na academica, interessados em enterrar o legado do trabalhismo. E que mais tarde se tornaram entreguistas, como é o caso do Francisco Weffort, que escreveu vários livros sobre o assunto. Quem era populista eram os líderes de direita, como Adhemar de Barros e Jânio Quadros.»Ao mais importante não respondeu, mas paciência. O populismo não é nenhuma acusação ideológica, muito menos é exclusivo da América Latina. É uma "praga" que infecta os sistemas políticos em todo o mundo. Também os temos na Europa. É basicamente uma postura de apelo emocional, primário e demagógico às massas, que adoram emoções e demagogia. É assim na Venezuela e é assim em todo o lado. A diferença é que na Venezuela e noutros países sul americanos simplesmente chegaram ao poder. É só isso. «O adjetivo de máfia está entre aspas, como você deveria ter notado. Talvez você desconheça a realidade da atuação das empresas espanholas no Brasil. A Telefonica, que comanda as telecomunicações de São Paulo, por exemplo, é há anos a campeã de reclamações no orgão de defesa do consumidor, o PROCON. Isso é apenas um indicativo da postura de descaso com o cliente e busca de lucro desmedido, cobrando muito caro e oferecendo um serviço completamente problemático. Um adsl relativamente lento custa 100 reais, o que dá mais ou menos uns 40 euros. Se você pesquisar o serviço adsl de outros países, verá que existe uma completa disparidade. E mesmo esse serviço vem com inúmeros problemas, como por exemplo no atendimento, no planejamento destinado a diversas classes sociais, no objetivo de raspar os minguados da população empobrecida. Além disso, outro exemplo, é a chamada "venda casada" de dois serviços, o provedor (inútil) Terra e o acesso adsl, que durou anos e recentemente foi vetado por uma ação pública movida por um juiz de Baurú»Ainda bem que está entre aspas, é sinal que esta discussão ainda tem algum laivo de sanidade mental... Ó Miguel , então mas a Telefonica opera assim no Brasil e ainda tem clientes? Isso é espantoso! das duas uma, ou os consumidores brasileiros são idiotas, o que eu acho que não são, ou a multinacional espanhola tem aí o monopólio das telecomunicações, o que eu também não acho que tenham. Não gosta da Telefonica? É simples: mude de operadora! Abram o mercado a mais operadores! Já percebi que não gosta muito da chamada economia de mercado, mas nestes casos funciona. Se não presta ou não respeita os clientes, meu amigo, tchau, vai para o buraco! Ou os brasileiros não têm alternativas? São obrigados a subscrever o serviço da Telefonica? Pois, também acho que não. Em Portugal, por exemplo, também há empresas estrangeiras a operar e a investir, mas se não tiverem qualidade, meu amigo, podem ir vender para o Cazaquistão, porque aqui não vingam. Além disso, felizmente verifico que os mecanismos de fiscalização e controle, nomeadamente judiciais, funcionam no seu país: Bastou um juiz para repor a correcção e a legalidade. Parabéns, é sinal de que afinal as empresas estrangeiras não fazem o que lhes apetece impunemente. Já agora uma perguntinha: Todas as empresas brasileiras (isto é, empresas com maioria de capital brasileiro) são modelos de actuação exemplar no respeito para com o cliente? Ou são só os papões estrangeiros ("neo-colonialistas") de fora que o fazem?«Não há nenhum espírito público nas empresas, nenhum direito-cidadão, somente a ambição desmedida e o afã por lucros cada vez maiores, como se vê nos sites de notícia que mostrei. O lucro é problemático quando não corresponde a um aumento da qualidade do serviço. O Serviço de telefonia é praticamente imposto na forma de monopólio, pois ninguém pode deixar de usar o telefone, então existe mercado garantido e pouquíssimo espaço para concorrência. Por exemplo, no envio de mensagens torpedo de telefones celulares, cobram mais no Brasil porque se envia pouco, e não porque corresponde a um aumento de público. Diversas notícias relatam isso:"A explicação mais plausível para essa diferença é o preço do serviço. Enquanto pagamos, por volta de, R$ 0,35 (ou 18 centavos de dólar) por mensagem, os argentinos pagam seis vezes menos. Na maioria dos nossos países vizinhos, segundo um levantamento realizado pela operadora Claro, o valor não passa de US$ 0,08."( http://www.clicabrasilia.com.br/impresso/noticia.php?IdNoticia=309924 )»Mais uma vez, a ser assim como diz essa situação de monopólio, a culpa não é da Telefonica, é do governo brasileiro que não liberaliza o mercado das telecomunicações. Deixe entrar a concorrência no jogo, venha ela do seu próprio país ou da China e vai ver o que acontece à Telefonica... Em todos os países onde o mercado funciona é assim, pelo menos: quem não presta, cai fora! O problema não é só de quem faz, é também de quem deixa fazer. Ah e outra perguntinha: as empresas de capital maioritariamente brasileiro têm todas esse magnífico "espírito público" ou é só uma característica maléfica das empresas estrangeiras de fora?«Ora, os defensores das privatizações certamente tem que lidar com esse problema. Porque o que vemos são estatais lucrativas, com estrutura construídas por dezenas de anos de dinheiro público, serem vendidas a preço de banana para "investidores" estrangeiros, que lucram em pouquíssimo tempo mais do que o triplo do que investiram. Mas as estatais européias e norte-americanas, estranhamente não vemos empresas brasileiras comprando. Recentemente a Vale do Rio Doce, que manda em grande escala, aos borbotões, a riqueza do solo brasileiro para o exterior, comprou uma minerarado minúscula canadense, não sem antes passar por muitos trâmites legais e todo o impedimento possível, pagando um preço bem maior do que o que ela própria foi vendida.»Em relação às privatizações também concordo que por vezes há situações escandalosas. Em Portugal também nos confrontámos com a mesma questão, depois da revolução de 1974 (quando muitas grandes empresas foram nacionalizadas por governos de inspiração comunista). Uns anos depois, já nos anos 80, começou também uma febre de privatizações sem "rei nem roque" que resultou em algumas situações desastrosas. É uma situação complexa, que só com maturidade democrática se resolve com algum equilíbrio. Cabe aos governos de cada país controlar esse processo com a razoabilidade possível. Mas o facto é que, como acontecia e acontece com Portugal, muitas vezes os Estados, face a situações de graves défices públicos, não têm alternativa senão alienar património ao mercado a fim de equilibrar as contas. É assim no Brasil como em todo o lado.E não é verdade que as empresas brasileiras não estejam "comprando" estatais de outros países. No caso de Portugal, por exemplo, grandes empresas como a Embraer ou a Petrobrás têm investido muito em instituições como a Galp ou a OGMA, que são maioritariamente estatais. A internacionalização da economia brasileira (isto é, o investimento brasileiro no estrangeiro) é relativamente recente, mas já tem uma pujança fantástica e com as vossas excelentes taxas de crescimento económico, só vai tender a subir (e lá vão os brasileiros fazer o mesmo noutros países que você condena aos estrangeiros, é irónico, não é?). Pode ver o caso português aqui: http://dn.sapo.pt/2005/11/07/suplemento_negocios/brasileiros_em_portugal_cerca_mil_mi.htmlOu mais genericamente, aqui: http://www.mundolusiada.com.br/ECONOMIA/econ231_out07.htmMas seja como for, mesmo assim, caberá então ao governo brasileiro definir regras nesse sentido, tal como faz o governo canadiano. Já agora, só uma perguntinha, essa empresas estatais brasileiras compradas pelos tenebrosos investidores estrangeiros passaram a funcionar pior?«As empresas geram empregos? É verdade, mas seria melhor dizer que geram sub-emprego. Conheço bem o funcionamento interno. Contraram muitos atendentes e funcionários pagando pouco mais do que um salário mínimo, para trabalhar em condições pesadas... É uma verdadeira exploração. Ao passo que os cargos de chefia, com exceção da elite conivente, são ocupados por estrangeiros. Aliás, quando a Telefonica se instalou no Brasil trouxe centenas de funcionários espanhóis junto, deste técnicos e até mesmo faxineiros. Então esse é um argumento recorrente que não se sustenta em nada. O pouco que os salários da patuléia movimentam não são nada comparados com o lucro bilionáerio que é oferecido aos donos da empresa, no exterior.»Simplesmente não acredito que essa seja a realidade generalizada. Ou, pelo menos, não acredito que seja uma realidade exclusiva das empresas de capital estrangeiro. Essa será, sim, uma realidade transversal a todo o país e a todo o tipo de empresas, talvez. Sendo que há empresas que fazem assim, outras que fazem de outra maneira, depende. Em Portugal é exactamente a mesma coisa. Em relação à Telefonica, meu amigo, se é assim tão má, por favor: lance um boicote público à empresa! Faça campanha! Telefonica, não obrigado!Mas porque é que você acha que o Brasil apresenta este índice de crescimento económico? Porque de repente choveu ouro? De repente, por milagre, os brasileiros ficaram todos trabalhadores e gestores eficazes e quaificados? Ou não será porque de repente a economia se abriu ao exterior e fez face à globalização, captando investimento e lançando-se ela própria para o exterior, fazendo exactamente o mesmo que os investidores estrangeiros fazem aí?«Obrigado pelo conselho, mas dos meus olhos cuido eu. A globalização da economia não deve ser confundida com a perda da soberania, pois essa foi conquistada a duras penas pelo esforço inteiro de muitas gerações. No fim, o que temos são pessoas apegadas a terra. Pessoas que passam a vida inteira nas suas localidades de origem ou no seu próprio país. Viajar no Brasil custa muito caro. Não existe trens, o projeto ferroviário foi abandonado, os aeroportos estão no caos, não se aproveita o potencial de transporte naval e também o sistema rodoviário é sobrecarregado e deficiente. A gasolina custa um absurdo, é um imposto a mais a ser pago, e além disso agora estão entupindo as estradas de pedágio, acabando com o direito de ir e vir.E é claro que "já ouvi falar" de globalização, proposta que aliás já se mostrou fracassada, já é um termo anacrônico, principalmente no pós-Iraque. Esse tópico é um subtópico do tópico "Globalização". não reparaste? Então como eu poderia não ter ouvido falar?Até mais.»Meu caro, nestes tempos globalizados a "soberania" já não é o que era, nem no Brasil nem em lado nenhum. Como lhe disse, o dinheiro não tem pátria e muito menos fronteiras. A soberania é um conceito essencialmente político, não é económico. Mais uma vez para ver se percebe agora: Hoje, todos os países (isto é, quase todos, talvez á excepção de alguns países africanos e da Coreia do Norte) investem em todo o lado e recebem investimento de todo o lado. O Brasil não é nenhuma vítima especial desta dinâmica. É apenas parte deste processo global de liberalismo económico mundial, goste-se ou não, é assim que é. Quato aos problemas brasileiros que refere, olhe, lamento, também nós temos os nossos problemas aqui (alguns muito parecidos com esses) e não vejo ninguém a pôr as culpas nos investimentos estrangeiros. Essas são questões que têm de ser resolvidas pelo vosso poder político. É uma questão de passarem a eleger políticos capazes que os solucionem.O que eu constato é que já ouviu falar mas ainda não percebeu o que é. A globalização não é uma proposta fracassada, muito menos acabou com a guerra do Iraque. Mas que ideia tão bizarra!... Ser contra a globalização é tão ridículo como ser contra a chuva ou ser contra o vento. A globalização não é uma doutrina ou uma tendência ideológica, é um processo histórico complexo de interacção de comunidades humanas, que começou há centenas de anos, desde que o homem se começou a espalhar pelo planeta e começou a acelerar, curiosamente, por "culpa" sobretudo dos portugueses e da sua expansão marítima no séc. XV e XVI, que começou (já sei, já sei, nem tudo foi bom...) a aproximar povos, países e culturas. A globalização, meu amigo, é o mundo a ficar uma aldeia e também é isto que estamos os dois aqui a fazer... O Iraque (nem pós nem pré) não tem nada a ver com isso. É só mais uma guerra, a juntar a tantas outras em que a humanidade lamentavelmente se empenha há milhares de anos.
14/11/2007 às 4:00 #85544JPCMembroCaro Brasil,Pois é meu caro, todos nós temos as nossas cruzes para carregar… Nós com políticos e empresários medíocres (era no sentido de fraco, mesmo, pobre, mesquinho, etc. medíocre não significa apenas médio, infelizmente…), vocês com políticos bossais, paciência. O espírito do mundo financeiro tem um ar sadio? Onde? Só se for nos trópicos…E aqui em Portugal, nem com multidões de chatos esquerdistas (o povo, sei muito bem, as gloriosas massas proletárias!) fomos capazes de por os nossos políticos na ordem… Desde logo, meu amigo, porque os políticos são o espelho do povo e cada povo terá os políticos que merece. Não sei se é assim, mas pelo menos parece-me justo, sobretudo em democracia, quando insistimos em eleger eternamente os mesmos medíocres (maus, não médios) de sempre. É uma sina desgraçada esta, não é?Só acho graça (entre aspas, claro) é quando insistimos em culpar os outros pelas situações que nós próprios criamos (isto é, entre outras coisas, os políticos que temos). Então o bode expiatório dos porcos capitalistas estrangeiros sedentos do “lucro” (essa abominação anti-povo) dá sempre um jeitão, não é?Mas faço-lhe, já agora, a mesma pergunta que fiz ao Miguel e não vejo respondida: e quando os empresários brasileiros investem noutros países? Na China, por exemplo, onde os salários (custos de produção) são mais baixos? Que nome é que dão a isso? É uma missão patriótica?
14/11/2007 às 14:20 #85545BrasilMembroOlá JPC
é completamente irrealista achar que um país sobrevive "orgulhosamente só".
Bem, não quero colocar o meu País na posição de “paraíso na Terra", mas em que exatamente vc acha que precisamos de “investimentos” dos outros países?Nós colocamos a palavra investimento entre aspas, por que o que é feito aqui não é investimento internacional e sim exploração desonesta mediante corrupção política e midiática.
Algum lucro do investimento estrangeiro sairá efectivamente do país, mas já lá vão os tempos em que os países eram explorados sem retribuição, hoje em dia os países acolhedores de investimento têm muito a ganhar com isso, não só na questão do emprego, mas também noutras como impostos ou na obrigatoriedade de reinvestir os lucros nesse país de acolhimento - e eu sei que no Brasil é assim porque tenho familiares portugueses que aí escolheram investir em negócios e acredite que não é assim tão fácil "desviar" lucros para o exterior.
Bem, há que se diferenciar empresários de grandes empresários: Uma rede de panificadoras por exemplo, pode render algum dinheiro ao seu dono, mas não pode-se classificar como investimento internacional. Não sei qual o montante destes investimentos que vc citou, mas se não chegar nas esferas do poder, quero dizer, se não corromper muita gente, não sai da lona. Permanece assim como milhões de empresários brasileiros: Nas mãos dos banqueiros. Alais, aqui já tem quase que mais empresários do que empregados. Algo insano, impossível de se sustentar por muito tempo.Mas antes de adentrar nos campos das Finanças, quero te dizer que abomino os negócios, negócios só são bons quando há honestidade, e isso é uma ilusão, uma infeliz e histórica ilusão. Quando preciso esquematizar uma maneira de ganhar mais dinheiro, inevitavelmente tenho de tirar de alguém. E sempre a corda arrebenta do lado mais fraco, ou seja; tira-se o dinheiro de quem já quase não tem. São males do “mundo dos negócios”, esse mundo que já deveria ter se acabado para renascer com uma ótica diferente, mais humana, mais coerente, mais sustentável.
o que acontece com o investimento estrangeiro no Brasil é exactamente o mesmo que acontece com o investimento brasileiro noutros países. As regras são basicamente as mesmas.
Sim, mas o cumprimento das regras NÃO!! Na China até vice-governador recebe uma bala na nuca quando se corrompe. Aqui recebe honras e começa a sair posando em capas de revistas e tablóides, com status de uma “personalidade interessante”, um “vencedor”.Na China e nos EUA eles respeitam somente as SUAS regras, não as dos outros: Na China absolutamente nenhuma marca estrangeira recebe seus royalties. Lá a marca Coca-colla, por exemplo, só dá dinheiro pro chinês que usas a marca dos estúpidos estadunidenses que, parecem se cagar de medo dos chineses, uma vez que não lhes impõem nenhum embargo. JÀ o Brasil, não pode nem sequer fazer uma licitação honesta.
faço-lhe, já agora, a mesma pergunta que fiz ao Miguel e não vejo respondida: e quando os empresários brasileiros investem noutros países? Na China, por exemplo, onde os salários (custos de produção) são mais baixos? Que nome é que dão a isso? É uma missão patriótica?
Não! Estamos indo antes de tudo, cumprir regras! Respeitar suas regras! Antes de explorar o mercado dos outros.
Quato aos problemas brasileiros que refere, olhe, lamento, também nós temos os nossos problemas aqui (alguns muito parecidos com esses) e não vejo ninguém a pôr as culpas nos investimentos estrangeiros.
Aqui também não, o Miguel e eu somos alguns poucos que caracterizam uma exceção.Acho que estamos chegando a uma resposta para explicar essa compartilhada desventura financeira e política luso-brasileira. ;DAbs
14/11/2007 às 15:49 #85546JPCMembroOk, já percebi a vossa orientação ideológica. Eu não tenho nenhuma e já deixei de perder tempo há muito com certo tipo de utopias, mas respeito quem tenha esse tipo de causas, haja acima de tudo liberdade de expressão e pensamento! Caro Brasil, de investimento precisa o seu país e precisa todo o mundo. No mundo em que vivemos (não no mundo em que você acha que deviamos viver) é o investimento que gera emprego e riqueza, independentemente das possíveis disfunções. Essas questões (corrupção, etc) que você coloca existem em menor ou maior grau em todo o mundo, não é um exclusivo brasileiro. Além disso, no Brasil esses fenómenos poderão acontecer com empresas estrangeiras e com empresas brasileiras (ou os empresários brasileiros são todos impolutos? pois, também acho que não), o que provavelmente até se torna mais imoral, porque estão a expoliar os seus próprios compatriotas, mas enfim... O que noto, por outro lado, é uma certa xenofobia nesse vosso discurso. Se o que efectivamente se passa aí é "exploração desonesta" e etc., meu amigo, volto a repetir, cabe ao VOSSO governo e aos vossos poderes públicos alterar a situação. Porque é que isso não acontece no Canadá ou na Noruega, por exemplo? Simples: porque os respectivos governos não o permitem! Basicamente, só há corruptores se houver corrompidos. Mais uma vez: Se isso realmente acontece assim como vocês dizem, a solução não é (digo eu, que não sei nada...) escorraçar ou demonizar investidores estrangeiros. A solução é fazer como todos os outros países onde a corrupção é limitada ou praticamente inexistente (países que, naturalmente, também recebem, DE BRAÇOS ABERTOS MAS COM REGRAS CLARAS, TRANSPARÊNCIA E HONESTIDADE, investimentos estrangeiros): arranjem líderes honestos! A culpa é vossa, não é dos outros, meu amigo!Quanto à questão dos negócios, meu caro, cada um acha e gosta do que lhe apetecer. Normalmente, o que me diz a minha experiência de vida é que essa aversão primária aos "negócios" passa com a idade. E em relação à honestidade, bem, isso é que é pessimismo... o facto é que a natureza humana é complexa e dual e sempre houve e haverá gente honesta e gente desonesta, seja qual for o sistema político ou económico em que viva. Eu quero, sim, a minha liberdade de lançar o meu negócio quando me apetecer, de preferência um negócio honesto e sustentável. Quero ter a opção de não ser explorado por patrões e quero ter a opção de criar a minha independência económica.O facto de haver aí cada vez mais pequenos empresários é quanto a mim um excelente sinal. É sinal que o empreendedorismo brasileiro está em alta e que já muita gente pode concretizar o sonho de não ter de trabalhar por conta de outrém. E agarrados aos bancos estamos todos, meu caro, seja para começar um negócio seja para comprar casa ou carro ou outra coisa qualquer que ultrapasse a nossa riqueza pessoal. É outra fatalidade universal...Em relação à China também está mal informado. É certo que de vez em quando as autoridades lá executam ou outro funcionário desonesto, mas o facto é que a China é um dos países mais corruptos do mundo, provavelmente mais do que o Brasil. É assim, quando começa a entrar muito dinheiro, quando os rendimentos são baixos e o controle e a transparência democrática são deficientes, lá ataca a praga da corrupção. Outra maleita universal. Quanto ao resto, repito: a ser assim, a culpa é VOSSA porque não conseguiram ainda construir uma sociedade mais equilibrada e justa. E um governo capaz de impor as suas regras.Também fico fascinado com a alegada honestidade dos investidores brasileiros no exterior, sim senhor, eles "cumprem as regras" e não exploram ninguém! Que coisa maravilhosa! Os meus sinceros parabéns! Exemplar! Se fosse verdade seria extraodinário. Assim, é só mais uma ficção. Como a ficção da culpa dos investimentos estrangeiros no Brasil. Enfim, cada um acredita no que lhe apetecer. Haja Paz, Liberdade e Saúde!
14/11/2007 às 17:05 #85547BrasilMembroOlá JPC
já percebi a vossa orientação ideológica.
Uma análise precipitada, a meu ver... Pois, é utópica sim, mas nem eu mesmo encontrei ainda uma terminologia para denominá-la.
já deixei de perder tempo há muito com certo tipo de utopias
Lamento muito! Pois é nas idéias novas que se encontram as soluções para os problemas antigos. Ou não?
de investimento precisa o seu país e precisa todo o mundo.
Bem, vc pode não ter ideologias utópicas, mas definitivamente, ideologia vc tem.
esses fenómenos poderão acontecer com empresas estrangeiras e com empresas brasileiras (ou os empresários brasileiros são todos impolutos? pois, também acho que não), o que provavelmente até se torna mais imoral, porque estão a expoliar os seus próprios compatriotas
Sim, de ladrões... já chegam os nossos!! Já é o bastante!!
O que noto, por outro lado, é uma certa xenofobia nesse vosso discurso.
Caro amigo, de xenófobo eu não tenho nem o cacoete, minhas afirmações são embasadas em fatos. Como vc disse no início, nem o colonialismo vocês souberam aproveitar... Nós NUNCA fomos colonizadores de m**** nenhuma! O nascimento de nossa histórica e impagável Divida Externa se deu em troca de uma trégua na feroz ofensiva bélica portuguesa sobre o Brasil, quando este declarou sua independência.D. Pedro I, ilustre brasileiro de sangue português, assumiu a Dívida Externa de Portugal para com a Inglaterra, em troca da paz. Assim “todos” saíram felizes e satisfeitos desta pendenga imoral.
quando os empresários brasileiros investem noutros países? Na China, por exemplo, onde os salários (custos de produção) são mais baixos? Que nome é que dão a isso? É uma missão patriótica?
Posso estar enganado, mas o Brasil não tem nenhuma empresa trabalhando (explorando) na China. Se tiver alguma, com certeza será uma especial exceção.
arranjem líderes honestos! A culpa é vossa, não é dos outros, meu amigo!
A culpa é do sistema viciado. Viciado desde o colonialismo. NÃO HÁ líderes honestos, isso é uma infantilidade de sua parte. Um ingênuo delírio.
O facto de haver aí cada vez mais pequenos empresários é quanto a mim um excelente sinal. É sinal que o empreendedorismo brasileiro está em alta e que já muita gente pode concretizar o sonho de não ter de trabalhar por conta de outrém.
É um sinal que estamos caminhando rumo ao impraticável: Daqui a pouco QUEM serão os trabalhadores? TODOS serão empresários? Essas micro-empresas só estão servindo para os grandes empresários safarem-se dos ENCARGOS TRABALHISTAS.Tudo gira na informalidade, sem cumprir as leis trabalhistas. O que é impossível, quando associados a outros encargos também escorchantes. Cumprir a lei aqui, se tornou inviável. Arranjar políticos honestos? Bem, quando Jesus Cristo se candidatar eu voto nele.
É outra fatalidade universal...
Outra maleita universal.
Com tantas contradições universais eu acho que as ideologias utópicas começam a ficar mais possíveis que utópicas, não é mesmo? Abs
14/11/2007 às 19:40 #85548JPCMembroOlá Brasil!Isto está a ficar interessante. Infelizmente, não consigo descortinar aqui qualquer ideia nova. E nem sempre é verdade que é nas ideias novas que estão as soluções para problemas antigos. O problema não é das ideias, a nossa história está cheia de ideias fantásticas. A questão está na sua aplicação concreta.E não, não tenho ideologia, reconhecer a importância económica de se gastar dinheiro a abrir uma fábrica, uma fazenda, uma livraria ou uma padaria não é ter ideologia, eu chamo-lhe ser realista. Mas você, é evidente, pode chamar-lhe o que quiser. Ideologia é que não. Não su nenhum adepto ferrenho do liberalismo económico, também percebo os prós e os contras de qualquer sistema. Não há nem nunca haverá sistemas políticos, económicos ou religiosos que contentem toda a gente. Há-de sempre haver descontentes. E se vocês também não têm já subiram mais um degrau na minha consideração. Pronto, concedo, temos apenas formas diferentes de pensar o mundo. Adiante.E ainda bem que não é xenófobo, também fico satisfeito. Mas admita que esse discurso radical anti-investimento estrangeiro é um pouco suspeito...E tem a certeza que os brasileiros nunca colonizaram merda nenhuma? Eu não teria tanta. O colonialismo não é apenas uma realidade entre países diferentes, muitas vezes acontece dentro de fronteiras. Além disso, essa tese de que o Brasil é uma espécie de virgem no bordel global é um pouco ingénua, desculpe que lhe diga... Ainda mais absurdo é responsabilizar a dívida externa brasileira com uma negociata entre portugueses e brasileiros há mais de um século. Aliás, estranho seria se o Brasil não tivesse dívida externa ou défice público. assi de repente não me lembro de nenhum país que não a tenha. Olhe, até tenho a impressão que a dívida dos EUA é ainda maior que a vossa. Que tem isso a ver com alguma coisa?O exemplo do investimento brasileiro na China era abstracto, não sei se têm ou não lá investimentos, presumo que tenha, pois hoje em dia não há nenhum país que não o faça. Mas digo China como poderia ter dito Argélia ou Índia ou outro país qualquer. E o meu ponto é que as vossas empresas (e bem) fazem exactamente o mesmo que outras empresas fazem ai. Às vezes com ética, outras vezes sem ética, depende. O mundo não é a preto e branco, meu caro. Ah, entretanto fiz uma breve pesquisa e verifiquei que o Brasil também tem investido na China, sim, até agora um volume de investimento da ordem dos 150 milhões de dólares. É pouco, mas está a subir.A questão do "sistema viciado" é outra óptima desculpa para as vossas insuficiências e problemas internos. Eu ao menos reconheço que o problema português é Portugal e os portugueses; agora, pelo que vejo, para vós a culpa é dos investidores estrangeiros, do "sistema", do pobre do D. Pedro e do passado colonial longínquo, da globalização, do capitalismo, etc., etc., só falta dizer que o Brasil não progride ou tem problemas porque há uma conspiração inter-galáctica entre marcianos e habitantes de Alpha Centauri...Mais uma vez, em relação às pequenas e micro iniciativas empresarias, só posso discordar dessa visão radical. É óbvio que isso nunca acontecerá. Você acha razoável argumentar dessa maneira: "Todos serão empresários?". Que absurdo! Obviamente que não, Nos EUA ou noutros países de tradição liberal, você acha que TODOS se transformaram em empresários? Há gente que tem mais vocação ou coragem paa o fazer, há outros que preferem ser assalariados e há ainda outros que não querem fazer porra nenhuma. É da vida. Haverá sempre gente para tudo. O facto é que têm sido realidades cmo o micro-crédito, por exemplo, que têm tirado muita gente da miséria. Você não gostaria de ser proprietário de uma editora de livros, por exemplo? Ou de uma pequena fazenda? Ou de um centro de yoga, sei lá! Se o seu trabalho empresarial tiver qualidade, se houver mercado, se houver compradores para os seus produtos ou serviços, vinga, se não, meu amigo, fecha o tasco e volta ao trabalho assalariado. Agora, se tudo gira na informalidade, se não cumprem as leis do trabalho, meu caro, voltamos ao mesmo: as vossas autoridades públicas é que têm de regular melhor as actividades económicas. Se cumprtir a lei se tornou aí inviável, então, as coisas estão pior do que eu pensava no Brasil... lamento, espero que as coisas melhorem a esse nível. Noutros países as coisas vão funcionando daquela maneira de forma mais ou menos harmoniosa.Espero também que consigam melhorar o nível da vossa classe política. Nós também temos alguns que não serão um exemplo de honestidade, é certo, mas o principal problema nem é esse, é incompetência, mesmo. nem todos, óbvio, senão isto seria ingovernável e já estaríamos ao nível do Sudão ou da Etiopia... Felizmente neste caso, é tudo relativo.Pois, o universo é realmente feito de contradições. Eis outra verdade universal e intemporal... Agora que isso signifique que as ideologias utópicas sejam mais ou menos possíveis, não vejo como.
14/11/2007 às 23:15 #85549BrasilMembroOlá JPC
E não, não tenho ideologia, reconhecer a importância económica de se gastar dinheiro a abrir uma fábrica, uma fazenda, uma livraria ou uma padaria não é ter ideologia,
Mas isso não precisa ser feito no país dos outros. A partir do momento em que vc acha que a exploração econômica internacional é necessária, vc está aderindo a uma ideologia. Comércio não é exploração econômica. Pelo menos não era.
E ainda bem que não é xenófobo, também fico satisfeito. Mas admita que esse discurso radical anti-investimento estrangeiro é um pouco suspeito...
O que é suspeito é o relacionamento dos nossos políticos corruptos com os interesses internacionais que desde há muito lesa nossa Nação. É bem simples: Quando se está tratando com uma criança ingênua é muito mais fácil tirar-lhe o doce do que quando se está tratando com velhas raposas. Como eu disse, as empresas brasileiras que quiserem explorar outros mercados terão que cumprir as leis deste mercado e não corrompe-las como os empresários espanhóis têm feito por aqui, essa é a questão levantada pelo Miguel e que provavelmente vc nem sequer tem conhecimento. Questão levantada e muito bem embasada. Vc está defendendo a Globalização num local onde ela está sendo TOTALMENTE distorcida de seus oficiais propósitos e utilizada para encher bolso (conta bancária numerada na Suíça) de vagabundo de colarinho branco.Uma das ilusórias maneiras de se “arranjar” políticos honestos é protestando e debatendo os assuntos pertinentes. Se não arranjar honestos, ao menos alguns menos desonestos acabam surgindo. Por isso louvo a iniciativa deste debate.
E tem a certeza que os brasileiros nunca colonizaram merda nenhuma? Eu não teria tanta. O colonialismo não é apenas uma realidade entre países diferentes, muitas vezes acontece dentro de fronteiras.
Desconheço qualquer episódio ocorrido aqui, que venha a aludir isso.Desculpe, não quero iniciar uma troca de “ingênuo” pra lá, “ingênuo” pra cá, mas essa sua afirmação é ingênua! ;D :
Além disso, essa tese de que o Brasil é uma espécie de virgem no bordel global é um pouco ingénua, desculpe que lhe diga... Ainda mais absurdo é responsabilizar a dívida externa brasileira com uma negociata entre portugueses e brasileiros há mais de um século. Aliás, estranho seria se o Brasil não tivesse dívida externa ou défice público. assi de repente não me lembro de nenhum país que não a tenha. Olhe, até tenho a impressão que a dívida dos EUA é ainda maior que a vossa. Que tem isso a ver com alguma coisa?
Ora, uma coisa é a dívida do fortão da turma entre os outros moleques e outra coisa é a dívida do moleque para com o fortão da turma! Só pra vc ter uma idéia se o Brasil quebrar os EUA festejarão, se os EUA quebrarem nós quebramos.Os EUA detém a MAIOR divida externa do mundo. Óbvio, quem vai querer se indispor com o fortão da turma? Eles usam a divida deles para acuar e chantagear os demais. Vc não sabia?O sistema é um engodo!
fiz uma breve pesquisa e verifiquei que o Brasil também tem investido na China, sim, até agora um volume de investimento da ordem dos 150 milhões de dólares. É pouco, mas está a subir.
O grande investimento que o Brasil faz na China é a prevaricadora e corrupta permissão da entrada de seus produtos pirateados por aqui. O mercado está infestado! Isso está quebrando as pernas dos nossos iludidos empresários que, além de serem escorchantemente espoliados pelo Fisco, nem sequer contam com qualquer proteção contra a pirataria. E nós, o povo, paradoxalmente damos graças a Deus, pois, os custos aqui são impraticáveis e se não fossem os piratas, poucos teriam acesso às novas tecnologias. Paradoxos universais... hehehe
A questão do "sistema viciado" é outra óptima desculpa para as vossas insuficiências e problemas internos. Eu ao menos reconheço que o problema português é Portugal e os portugueses; agora, pelo que vejo, para vós a culpa é dos investidores estrangeiros, do "sistema", do pobre do D. Pedro e do passado colonial longínquo, da globalização, do capitalismo, etc., etc., só falta dizer que o Brasil não progride ou tem problemas porque há uma conspiração inter-galáctica entre marcianos e habitantes de Alpha Centauri...
Muito engraçado! Mas a pergunta é : O que eu disse quanto à Divida Externa Brasileira é real ou é alguma historinha de Marte ou sei lá o que?Se Portugal que teve por séculos todas as riquezas do Brasil, não está bem economicamente, por que diabos vc acha que nós estamos dando desculpas esfarrapadas? Imagine o nosso problema com uma dívida que não só NÃO É NOSSA como também está influenciando negativamente para o nosso crescimento enquanto desenvolvimento social. Abra os olhos! Não acredite piamente na sua imprensa (jornalismo).
O facto é que têm sido realidades cmo o micro-crédito, por exemplo, que têm tirado muita gente da miséria. Você não gostaria de ser proprietário de uma editora de livros, por exemplo? Ou de uma pequena fazenda? Ou de um centro de yoga, sei lá! Se o seu trabalho empresarial tiver qualidade, se houver mercado, se houver compradores para os seus produtos ou serviços, vinga, se não, meu amigo, fecha o tasco e volta ao trabalho assalariado.
hehehe Meu amigo!! Aonde é que tem isso?? Mais uma vez te digo pra não acreditar nesses propagandistas de merda. Que beleza!! Um centro de yoga... Uma pequena fazenda... Que maravilha!! É em Marte que tem esse micro-crédito aberto a todos? Ou é em Portugal? Porque aqui, o que eles fazem é tacar umas propagandas na TV, que custam os olhos da cara e que são pagas com dinheiro público, é óbvio, e que dizem pro cara que ele pode conseguir um micro-crédito... Indicam o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, O BNDES, etc. Órgão público que mexe com a grana não falta o que falta é eles realmente fazerem o que propagandeiam. Existe até o SEBRAE, mais um elefante branco que só serve de cabide de emprego e para o desvio de verba pública. Eles dizem pro cara abrir empresa e procurar os bancos financiadores, pois bem, depois do cara gastar um bom dinheiro abrindo legalmente sua empresa, o cara chega nos bancos e fica sebendo que o seu crédito só será estudado depois que ele movimentar a sua conta bancária por algo em torno de 6 meses a 1 ano. Com bases no saldo médio do cara é que eles vão dizer o quanto eles querem emprestar. Ou seja: Se o cara está procurando empréstimo bancário para ser MICRO-empresário, quanta grana será que ele tem para movimentar essa conta? O cara acaba de abrir a empresa e eles querem que o cara movimente a conta por 6 meses? Movimentar com que? Não é um empréstimo à empresas é empréstimo a quem quer ABRIR uma micro-empresa!!Para contornar as críticas à essa discrepância descarada eles inventaram uma baboseira midiática mais mentirosa ainda: O Micro-crédito Orientado. Para um universo de 190 milhões de pessoas eles colocam algumas agências que só sabem determinar regras e padrões sem se responsabilizar financeiramente com os resultados obtidos. Alem disso, conseguir um credito nestes locais é como achar uma agulha num palheiro.Abaixo eu coloquei a "extensa" relação das 5 operadoras desse micro-crédito, para 190 milhões de pessoas... Faz muita graça!!!http://www.sebraesp.com.br/topo/produtos/orienta%E7%E3o/acesso%20a%20cr%E9dito/relacao_operad_credito.aspxTambém não quero colocar-me aqui a denunciar todas as mazelas relacionadas a financiamento de crédito empresarial, mas o BNDES só empresta dinheiro para multi-bilhonários. Qual é a vantagem de um banco PÚBLICO que só empresta dinheiro pra ricos? O dinheiro que eles emprestam para os ricos é dinheiro suado pago pelos contribuintes. Emprestam dinheiro preferencialmente para empresas internacionais!! Contradições universais da Globalização, não é mesmo?
Espero também que consigam melhorar o nível da vossa classe política. Nós também temos alguns que não serão um exemplo de honestidade, é certo, mas o principal problema nem é esse, é incompetência, mesmo.
Ah... Competência é o que não falta para os políticos daqui... Só pra vc ter uma idéia o nosso Presidente, o Lulu, nasceu no meio sindical, agora ele quer acabar com o imposto que mantém os sindicatos... E eu acho bom pois, os sindicatos só servem para sumir com as verbas que eles arrecadam, não fazendo absolutamente NADA pelos trabalhadores de suas respectivas categorias. Todo o dia 1º de Maio, eles fazem festa e sorteiam carros e apartamentos entre os idiotas que participam. É a única maneira de TENTAR ver algum benefício promovido por esses crápulas. O Lulu chegou a dizer em uma entrevista na França, que o caixa 2 nas campanhas políticas é coisa natural... Tem que ter muita “competência” mesmo pra dizer isso.O pior de tudo isso é que ele está propondo a extinção deste imposto SÓ para pressionar a bancada dos sindicalistas a aprovar uma vergonhosa prorrogação de um imoral imposto que foi criado para fornecer verbas à falida Saúde Pública e nunca o fez: O dinheiro é usado descaradamente para outros fins. É a famigerada CPMF, imposto cobrado sobre QUALQUER movimentação financeira.Abraço
17/11/2007 às 1:59 #85550BrasilMembroOlá Brasil!Isto está a ficar interessante.
Parece que não estava tão interessante assim...
18/11/2007 às 3:34 #85551BrasilMembroA questão do "sistema viciado" é outra óptima desculpa para as vossas insuficiências e problemas internos. Eu ao menos reconheço que o problema português é Portugal e os portugueses; agora, pelo que vejo, para vós a culpa é dos investidores estrangeiros, do "sistema", do pobre do D. Pedro e do passado colonial longínquo, da globalização, do capitalismo, etc., etc., só falta dizer que o Brasil não progride ou tem problemas porque há uma conspiração inter-galáctica entre marcianos e habitantes de Alpha Centauri....
Mature fies senex, si diu velles esse senex Se queres ser velho moço, faze-te velho cedo
19/11/2007 às 20:07 #85552BrasilMembroAlém disso, essa tese de que o Brasil é uma espécie de virgem no bordel global é um pouco ingénua, desculpe que lhe diga...
Bem, eu não vejo o Brasil como uma virgem e tampouco o mundo como um bordel. Dentro deste SEU mundo, as pessoas estariam inseridas sob qual caráter? O de prostitutas ou o de gigolôs?
03/05/2008 às 13:21 #85553recuperador-de-postsMembro[html]
JPC « Responder #14 em: Novembro 20, 2007, 09:38:39 »
«Mas isso não precisa ser feito no país dos outros. A partir do momento em que vc acha que a exploração econômica internacional é necessária, vc está aderindo a uma ideologia. Comércio não é exploração econômica. Pelo menos não era.»Desculpe só agora responder mas a vida tem muitas outras urgências…Não é uma questão de precisar ou deixar de precisar. Cada um lá saberá do que precisa ou não. Eu não acho que a exploração económica internacional é necessária, também não é essa a questão. Eu, enquanto ser ético, condeno obviamente todas as formas de exploração e você não consegue retirar uma frase do meu discurso que diga o contrário. Serei, quanto muito, mais céptico do que você na apreciação da natureza humana, lá isso serei, por isso é que gosto de cabeças com a de John Gray (o inglês), por exemplo. Mas nunca teria como necessária uma prática que abomino, seja internacional seja local ou inter-pessoal. Também não diria que me rendi às evidências do mundo e do passado, mas essas são constantes inabaláveis da praxis humana: a exploração do homem pelo homem. A ganância, o fanatismo, a violência, tudo isso são partes de nós, que somos paradoxos ambulantes. E nós, todos os seis biliões de nós, somos umas criaturas realmente muito complicadas e muito ciosas da nossa individualidade, das nossas necessidades, das nossas urgências, dos nossos prazeres, das nossas convicções, etc.. Há outro inglês muito bom a pensar nisto, James Lovelock, que fala de nós como uma daninha praga viral com bandeiras e manias das grandezas, aconselho também (sem ironias). O mundo será sempre um sítio desigual e cheio de paradoxos e reconhecer isso mesmo, a sua imperfeição é quanto a mim o principal passo para o melhorar. Eu, por mim, estou farto de gente que acha que sabe o que é melhor para os outros. Os genocídios leninista e estalinista na União Soviética, e algumas das grandes tiranias ainda vivas (entre outros sítios em África, onde o marxismo estalinismo serviu como bandeira a gangs e clãs corruptos e cleptocráticos que se instalaram no poder há quarenta anos e mais), resultaram precisamente dessa convicção utópica, dessa fé providencial num “homem novo”, num mundo melhor para todos a regra e esquadro. Depois, as vanguardas revolucionárias invariavelmente chegam à conclusão que a coisa “a bem não vai lá”. E pronto, é aí que começa a desgraça. Daí que tenda a concordar com o tal aforismo churchiliano, da democracia ser o pior dos regimes, com excepção de todos os outros.Não, não acho bem a exploração, simplesmente pensei que o vosso discurso era debatível mediante outra perspectiva. A perspectiva de alguém que gosta de negócios e comércio e liberalismo económico, mas que gosta que seja feito com regras claras, humanas e éticas. E o comércio pode ser exploração sim, se o senhor Tadeu do boteco da esquina, por exemplo, empregar funcionários menores e com salário de miséria e ainda lhes bater por cima. O Tadeu e o menor são brasileiros, mas podiam ser de qualquer lado. E o menor está ser colonizado, que é como quem diz, explorado…Situações destas são tão graves e frequentes em todo o mundo que responsabilizar coisas como o “sistema”, ou lutar por causas inatingíveis e duvidosas quando ao nosso redor há tantas pequenas causas que podem fazer efectiva diferença, parece-me um pouco inconsequente. Ainda mais quando a história contemporânea nos mostra que gigantes como a China (a que preço, nomeadamente ecológico…), a Índia ou o Brasil descolaram dos ciclos de repressão e miséria e dispararam nos seus níveis de vida médios quando começaram definitivamente a abraçar a economia de mercado sem grandes constrangimentos. A globalização e a liberalização da economia permitiram esse impulso e hoje esses países começam a ter uma classe média forte e com expectativas e rendimentos similares ao do mundo ocidental. Além dos benefícios em termos de liberdades individuais e políticas, como é óbvio, estamos só na economia.Evidentemente que há muito desequilíbrio, é inevitável, há no Brasil como há aqui e em todo o lado, o mais importante é dar às pessoas oportunidade para elas próprias fugirem à pobreza e criarem as suas oportunidades. É uma pena que no Brasil esteja a funcionar assim tão mal, mas o micro-crédito tem sido precioso para milhões de famílias em todo o mundo, sobretudo na Índia. Tem estimulado milhões de pessoas empreendedoras a criar os seus próprios meios de riqueza. De preferência sem explorar nada nem ninguém, que também é possível e faz-se. Nem todas as empresas são com a Telefonica, a ser assim como dizem. Nem todos os países são como o Brasil. Nem todos os empresários exploram o próximo, nem todos os políticos são maus e onde há corruptores, há corruptos. O “povo” português, esse, como os outros também lá vai sendo explorado e colonizado aos poucos, menos do que há dois mil anos atrás pelos romanos ou há mil pelos muçulmanos, mas pronto, a exploração continua com outras caras. E, regra geral, exploramo-nos uns aos outros, não precisamos de estrangeiros para isso.Mas já agora, gostaria de pensar consigo um pouco. Não está em causa se é mau ou é bom, ou se devia ou não devia ser, mas pense na emigração, por exemplo. Nós, portugueses, temos uma enorme tradição de emigração (falo de movimentos populares espontâneos de procurar vida melhor algures, não de movimentos coloniais, digamos assim), sempre emigrámos muito, sobretudo no século XX e muito para o Brasil, como bem sabe. Hoje o nosso país ainda tem alguma emigração, mas não como antigamente, hoje Portugal, apesar de tudo, já consegue oferecer uma qualidade de vida razoável aos seus cidadãos. Hoje Portugal, este território minúsculo na ponta da Europa, é muito mais um país de acolhimento, de imigração e imigrantes. Brasileiros deverão ser à volta de 200 mil (talvez metade legalizados). Mas muitos vêm do Leste europeu, de África, da China e outras nacionalidades avulsas. O que é óptimo porque dá logo outro “colorido” a este país tradicionalmente cinzento. Além disso produzem riqueza e mantêm o país a funcionar com a sua força de trabalho e, os que estão legalizados, contribuem com a sua quota-parte dos impostos e das contribuições para o estado português. Para que também eles possam ter assistência hospitalar gratuita e com um mínimo de qualidade, por exemplo, quando precisem. Mas o facto é que grande parte dessa riqueza que produzem “foge” de Portugal, “voa” para o outro lado do Atlântico… Tanto que hoje as remessas dos emigrantes brasileiros espalhados por todo o mundo são uma gigantesca fonte de receitas do Brasil. O que é que você pensa disso? Quanto à globalização, já disse, quanto a mim, é outra inevitabilidade da aventura humana que ganhou vida e ninguém controla. Tem a ver com mobilidade de pessoas e bens, tem a ver com este fórum na web, tem a ver com o aparecimento de colossais grupos económicos transnacionais, tem a ver com novas formas de guerra e conflito, tem a ver com comunicação e linguagem, tem a ver com muitos factores diferentes e é um fenómeno complexo. É basicamente isto.Quanto ao debate é claro que é enriquecedor, se não para vós, pelo menos para mim é. Simplesmente considero que o mote do debate, do Miguel, carecia de alguma crítica. Discutimos ideias, tão só. E eu fico mais consciente dos problemas do Brasil. Obrigado pelo input.
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