Família

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  • #69827
    feijó
    Membro

    Existem ensaios filosóficos sobre família?
    Tenho feito buscas pela Internet, sem sucesso até o momento.
    Provocando… é a família a melhor forma de “organização” da sociedade? Acredito não ser. Para mim ela foi uma necessidade em várias etapas da evolução do ser humano, das sociedades pré-históricas até os tempos atuais. Necessidades diversas: de sobrevivência, de coesão moral e psicológica, etc.

    Ficou confuso? Também me parece…tenho idéias que me preocupam e que são difíceis de explicitar claramente, se chocam com aspectos importantes de princípios básicos para mim, pois, tenho família, mãe, mulher, filhos, cachorro…
    Porém uma certeza:A família, nos moldes em que conhecemos, é uma fabrica de loucura, e baseada nela, ao meu ver, qualquer sociedade irá esbarrar em problemas insolúveis.

    #71733

    A família é tratada, sim, em diversos textos da história da filosofia, principalmente quando é exemplificada como primeiro caso de organização social. A família é abolida por exemplo, na república de Platão, ou aparece no discurso sobre a desigualdade entre os homens do Rousseau. Agora, um livro específico sobre o tema infelizmente não conheço.

    #71734
    feijó
    Membro

    Caro Onofre
    Quais são os textos nos quais vc fala que a familia é exemplificada como primeiro caso de organização social?
    Em Platão, na Republica:Sacrifica os interresses
    não só da família, como também do indivíduo, ao estado. Porém assume ao estado a responsabilidade de cuidar do crescimento do indivíduo. Pena que em uma sociedade “primitiva”, pois escravos ou qualquer forma de “aparteid” assim a define.
    Rousseau ainda não li, mas estão valendo muito as dicas!

    #71735

    Feijó, quanto a textos filosóficos sobre a família também tem “Política” de Aristóteles, em que a família apareceria como anterior a sociedade, e esta seria o resultado da reunião daquela( é algo complexo demais para explicar agora)
    Na verdade o fato de você não achar textos filosóficos sobre a família não é algo surprendente. O assunto é antes de tudo de interesse primordial para as ciências sociais( que um dia foram parte da filosofia, mas depois foram se constituindo como domínio particular de uma determinada disciplina).Por isso mesmo é mais provável que você vá encontrar ampla literatura sobre a família em sociologia,antropologia,etc
    A família não tem sido tradicionalmente um assunto “filosófico”( os motivos de tal fato eu não saberia te dizer)

    #71736
    feijó
    Membro

    Caro Lucas, Onofre e outros que vierem a se juntar a nós.
    Obrigado primeiramente pelas dicas… acho que de certa forma dá para perceber que meu interesse pelo assunto chega até o ponto da angustia, pelas repercussões obvias de meu pensamento inicial em relação a família. Tenho alguns conhecimentos da família primitiva, da horda primordial, principalmente em leituras na área da psique, mas este não é o caminho que desejo tomar, não é antropológico e nem sociológico, meu interesse neste fórum é tomar emprestado o conhecimento em filosofia das pessoas do meio, já que a minha praia é outra bem diferente, sou profissional de uma “ciência pagã”… a medicina.
    Gostaria de saber sua opinião de cunho filosófico sobre a validade moral, ética e qualquer outra que tiver sobre a família. Como disse na introdução do tema, não acredito nesta instituição, meus sentimentos mais vívidos apontam para o seu fim. Salientando que tenho sempre uma preocupação muito grande com a imparcialidade, não misturando minha realidade de pai de família com a idéia em si. Necessário esclarecer, que: não estou me referindo a minha família, minha angustia em parte vem daí, pois tenho uma boa família e sou feliz.

    #71737
    feijó
    Membro

    E então, aguardo suas opiniões.

    #71738

    Caros colegas do Fórum, principalmente o colega Feijó, que demonstrou relutância em relação as atuais formas de organização da família. Realmente não conheço textos filosóficos sobre o assunto, mas se realmente lhe interessar conheço livros de um famoso psicanalista do pós Freud. Wilhelm Reich possui trabalhos que fala sobre novas formas de organização da família, inclusive sobre novos direcionamentos sociais e políticos.
    Sua relutância sobre a família certamente caminha em terreno minado, pois conheço e sei bem sobre o que você pensa, de forma que percebo e sei o quanto pode lhe custar a exposição linear dessas idéias, sei porque também desconfio muito dessa atual forma de organização, que parece mais querer dominar a todos nós institucionalizando toda a nossa vida pessoal e sentimental.Por exemplo: imagine uma sociedade onde os filhos concebidos pelas pessoas que nela vivem tivessem uma garantia de amparo? Você acha que a maioria dos casamentos que ainda sobrevivem não naufragaria? Agora imagine se todas as mulheres possuíssem uma independência financeira e não dependesse da pensão alimentícia ou não estivesse na dependência econômica do marido? Responda para mim estou aguardando, tenho uma infinidade de novas idéias. Um abraço.

    #71739

    Senhor Feijó.
    Segue resultado da aplicação de método em desenvolvimento – emprego exclusivo pela internet, I2I, “Individual to Individual”.
    1) adota-se uma escala (há dezenas de escalas); seleciona-se uma que facilite conjeturar seguindo algum preferido ponto-de-vista (há inúmeros possíveis).
    2) escala: Empírico – Racional – Crítico: EM, RA, CR.
    3) principiar em RA: i) Família perfaz uma Unidade; ii) tantos complementos na Unidade quantos forem os indivíduos; iii) pai e mãe e dois filhos representam quatro complementos; iv) complemento representa estar indispensável; v) indispensável assume Autoridade; v) junção de Autoridades perfaz Poder; Família é Poder; vi) tal estaria um quadro racional para época atual, inícios do século 21.
    4) Tempos num crescer de complexidade: i) enquanto casamento simples: Poder com duas Autoridades; ii) criança e casal; Poder de três Autoridades; criança está EM e casal está RA; adolescente está EM-RA; filho adulto assume RA e integra-se aos progenitores daí, três Autoridades; iii) Poder de três envolve racionalidades extras relativo Poder de dois; iv) Autoridade guindada obriga a reorganização do Poder; v) Poder de quatro requer novo reorganizar; vi) Poder perdura e repartição interna de Autoridade modifica bater&levar, toma-lá-dá-cá, dar-o-tom-nem-sempre-é-dar-o-som; vii) Poder ajustado e então … surgem suplementos, várias naturezas; viii) suplementos internalizam-se no Poder, viram complementos e Autoridade; ix) e assim por diante, racionalidades desaparecendo com primordialidades.
    5) eis uma Família = Poder&Autoridades no transcorrer de tempos; seria num desses momentos que oportunizar-se-ia externar “… não acredito nesta instituição, meus sentimentos mais vívidos apontam para o seu fim …”; EM esgotado e RA esgaçado.
    6) aventar-se-ia que uma apurada continuidade estaria junto a CR.
    Ferris, TMY 22/11/00

    #71740

    Caro Aurélio e colegas
    Conheço alguns trabalhos de Reich.
    Ele realmente coloca o dedo em várias feridas: tanto da alma humana quanto das interações do homem em sociedade. Em Escuta Zé Ninguém, que não é um trabalho científico, é mais um desabafo do homem Wilhelm aos Zes Ninguém de todos nós, mostra toda limitação para assumirmos o novo papel que neste século passou a ser colocado em nossas mãos, nas mãos dos homens comuns: o de Senhores de nós mesmos e das sociedades nas quais vivemos. Fere-nos suas observações, pois mostra a necessidade de que olhemos para nós mesmos reconhecendo nossas limitações como única forma de evolução possível.
    Em algumas passagens:
    – Acusando os Zes Ninguém de criar os opressores e os mártires, por omissão ou ação, entregando-os nas mãos dos primeiros; e também que em sabendo de sua filosofia de vida, da mesma forma, correriam a seus inimigos para entrega-lo. Passa a discorrer sobre sua filosofia de vida. –

    “Não sou um vermelho, nem um branco, nem um negro, nem um amarelo.
    Não sou cristão, nem judeu, nem maometano…anarquista ou membro de seita secreta.
    Faço amor com minha mulher porque a amo e a desejo, não por que tenha certificado de casamento ou para satisfazer minhas necessidades sexuais.
    Não bato nas crianças…não mato veados nem coelhos. Mas não atiro mal e gosto de acertar o alvo.

    Observo o cumprimento da lei, quando fazem sentido, luto contra elas quando obsoletas ou absurdas…
    Desejo que as crianças e os adolescentes experimentem com o corpo a sua alegria no prazer tranqüilamente.
    Não creio que para ser religioso… seja necessário destruir a vida afetiva…tornado-se encolhido de corpo e espírito.

    Ponho na rua quem…tente interferir no meu trabalho”…

    Com essa filosofia de vida, vivendo junto a moralista sociedade americana, em 1946 escreve este desabafo. Porém mesmo com esta visão revolucionária para época, não percebo, ou não me recordo de nenhuma passagem, da parte de sua obra que conheço, que descarte a família como instituição. Pelo contrário, seu trabalho me parece ser uma luta na preservação desta, em outros padrões é claro, mas ainda assim a família é parte do “viver bem e alegremente a própria vida”

    #71741

    Caro Sr. Ferris
    Bá!!! O que é isso tche?
    Se não alcancei, me desculpe e me ajude.

    #71742

    Senhor Feijó. Aqui desenvolve-se um raciocínio: 1) enquadrar-se-ia Instituição Família (IF) como inconclusa apesar de sucessivas civilizações, IF seria Poder; 2) identificar-se-ia Unidade Familiar (UF) numa performance de específico reunir social, UF seria uma transcrição de IF, UF reuniria tantas Autoridades quantos indivíduos complementos; 3) enfatizar-se-ia: IF seria Poder, UF transcreveria código-de-poder, UF seria composição de autoridades.
    Com tal quadro para condições iniciais ( IF >>> UF = autoridades), pretende-se enfoque dissociado de época, abordagem “família” para todos os tempos.
    Recorre-se a uma escala-performance com três patamares: Empírico pró buscar e descobrir; Racional pró formatar e reproduzir; Crítico pró apor e versionar.
    Adianta-se: i) UF instalada em Racional e constituída de autoridades equilibradas (filhos crescem, interferem, decidem; ocorrem eventuais absolutismos); ii) interno à UF ocorrem lutas-pelo-poder travadas entre autoridades; iii) adota-se que UF não é poder, somente IF é poder, daí que dentro de UF resultam destratos e destruídos e divórcios, sempre envolvendo autoridades; iv) UF pode até desaparecer, enquanto que IF mantém-se como mito, paradigma, arquétipo, indestrutível.
    Hoje/2000 haveriam motivos pró conjeturas estilo “família … no fim”; porém no intento de compor argumentos consistentes, há um recorrer a diversos casos para generalizar, num processo indutor ilimitado.
    Com o escalonamento Empírico – Racional – Crítico, interdita-se a indução.
    (continua) Ferris, TMY

    #71743

    Senhor Feijó (II)
    Neurônios “a mil” pró travar “família … no fim”.
    Recorda-se: Unidade Familiar (UF) instalada em patamar intermediário Racional; vida familiar forcejadamente racionalizada (ex: neném navega na TV a cabo); todo mundo autoridade; pressões de todos sobre todos. Instituição Familiar (IF) como Poder e UF como transcrição, ao borbotões, de IF; IF inatingível, UF em processos de criação e destruição.
    Acrescenta-se: i) UF a ponto de estourar devido pressões internas, todo mundo mandando, todos cacique e ninguém índio; ii) que fazer? Providências para desanuviar, arrefecer? “Meu dinheiro por uma idéia!”; iii) sugere-se “cair fora do patamar inflacionado”, Racional; iv) proporcionar-se movimentação para piso Empírico; sair em busca de coisas diferentes, para todo mundo da família, para exercitamentos a todos; v) depurar, repor, remodelar, rejuvenescer, reequilibrar racionalidades; vi) com tais providências, UF avança, sai da mesmice, propicia novidades; vii) adiante novamente UF vai “bater pino, vazar óleo, fixar grilos”.
    Além de mesclar de Empírico e Racional, reservar momentos para Crítico. Novidade: patamar extra racionalidades.
    (continua)

    #71744

    Família no fim? (III)
    Após dois textos anteriores está-se assim: i) Unidade Familiar (UF) aos trancos e barrancos, transitando entre empiricidades e racionalidades; ii) Instituição Familiar (IF) aparentemente no papel de “passar a fórmula” ao transcritor UF; iii) e uma conjetura “família … no fim”.
    Imagina-se hipótese de patamar Crítico além do Racional.
    Intui-se: i) esforços intelectuais críticos extras, inaplicáveis no cotidiano de domínio; ii) nada de exercício mental senso-comum, de costume – mero refogar de racionalidades; iii) tudo com gerar de inéditos, estranhos, enfim … fenômenos; iv) fenômenos que provocam imaginação que promovem migrações; v) migrações tanto físicas como mentais, tanto solitárias como de grupo.
    E as tais de UF e IF?
    Considerar-se-ia que nada haveria de estranho referente à Unidade familiar e à Instituição Familiar; tudo haveria de inquietação no respeito às individualidade, aos deslimites pessoais.
    Como é que é?
    A idéia central, seria a seguinte: i) a Instituição Familiar seria “da Natureza”, compulsória, processo para dar andamento à Vida, presença assegurada pela eternidade; ii) a Unidade Familiar seria uma “invenção humana”, de costumes, ferramental para compor Aglomerados Sociais, de conveniência, mudando através de aleatórios versionamentos no transcorrer dos tempos; iii) a unidade fundamental está no indivíduo com sua inteligência em atividade.
    Sugerir-se-ia um abortar de “… não acredito nesta instituição, meus sentimentos mais vívidos apontam para o seu fim …” e, um adiantar segundo estilo “nenhuma viagem é perigosa para quem fica dando adeus no porto”.
    Obrigado

    #71745

    Caro Feijó e colegas do fórum. Quando citei Reich, não afirmei que ele defendia o fim da família e sim como o Feijó citou, uma nova forma de organização social. Se olharmos com cuidado suas primeiras obras perceberemos com mais nitidez essa intenção renovadora, mas se levarmos a prática suas teorias fatalmente a estrutura fundamental da famáilia de moderna estaria completamente desfeita. Vejamos em “Revolução Sexual”. Segue: Para se obter realmente uma sociedade livre e humana será extremamente necessário que todas as formas de obrigações conjugais sejam abolidas. Isso é: pensão alimentícia, divisão de bens, obrigatoriedade de sustento aos filhos, e por outro lado: não obrigatoriedade de fidelidade, liberdade para satisfazer desejos sexuais fora da relação, etc…. Considerando que na sociedade idealizada por ele, esses direitos seriam válidos para o casal. Isso significa que inserida em uma sociedade machista e patriarcal, nenhum papel assinado pelo juiz suportaria isso.
    Concluindo, para Reich as formas atuais de dominação social não existiriam e esses novos comportamentos seria parte dessa “revolução”. Sabemos de todas as dificuldades que essas teorias enfrentaram a época e hoje, mas fica para nós a certeza de que podem existir novas formas muito mais humanas de relacionamentos sociais.

    #71746

    Para resumir fámilia… eu acredito ser uma quadrilha, onde há várias necessidades de tráfico de emoções, sentimentos, dispitas, abandonos e outras… queremos sempre formar-mos a nossa quadrilha, para deixar-mos a outra que nos deu a vida.

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