Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › A filosofia é útil para a sociedade? › Filosofia e alienação
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15/06/2005 às 17:29 #71588Miguel (admin)Mestre
Vanderlei lá em cima, no início da debate, levantou uma questões interessantes; a alienação e poder.
Os escritos marxistas são incrivelmente atuais, mas existem lacunas, evidente que K. Marx não escreveu para o século XXI, e sim para o século XIX, por isso, a lacuna, talvez anormal seria querer que suas teorias fossem suficientes para explicar a sociedade atual.
Foucault traz a tona o efeito das relações de poder (também) exteriores ao Estado. Taí uma das lacunas de K. Marx e que deve ser observada com atenção especial. Estas relações de poder, como disse o filósofo, emanam em todas ás direções, não só de cima para baixo. É o poder que perpassa por nós cotidianamente.
Abrindo parênteses para um causo..
……..
Mês passado fui a uma delegacia e lá havia uma atendente registrando uma queixa de um motorista de ônibus coletivo. A queixa era contra um passageiro que se irritou com o atraso do horário do roteiro e se exaltou, provocando uma confusão no interior do veículo. Quando a atendente foi tomar o depoimento do passageiro, este começou a chorar assustadoramente, parecia uma criança.
……..Considerando diversos ouros fatores que podem ter levado o passageiro a se desesperar, e cair no choro, temos que considerar o poder que paira nas relações entre autoridades instituídas pelo Estado ou a própria sociedade e os indivíduos desta. Contudo, este não é um exemplo muito fiel, pois há a presença do Estado, então tomaremos os detentores de algum saber; médicos, advogados, professores, filósofos. Ou então, os próprios saberes, CIÊNCIA e FILOSOFIA, por exemplo.
15/06/2005 às 17:39 #71589Miguel (admin)MestreE. M. Souza
“Por que um bombeiro que é infinitamente mais útil a sociedade do que um cantor de rock deve pagar impostos, se mal consegue pagar a casa própria?”
Por quê cobrar impostos altos destes caras ( roqueiros, jogadores de futebol, pilotos de fórmula 1) e não dos grandes empresários que faturam milhões por ano com suas industrias e muitas vezes nunca pisaram nelas ? Uu até mesmo dos autores que faturam com a venda de livros ??
15/06/2005 às 21:33 #71590Miguel (admin)MestreSim, a minha comparação é nesse sentido. Os impostos deveriam ser pagos proporcionalmente para que houvesse uma melhor distribuição de renda.
Se isso existe na prática, não é realmente como deveria, está deixando muito a desejar e essa forma de tributação deveria, então, ser reformulada…
27/12/2006 às 21:17 #71591Henry ThoreauMembroNão sei o que escreveram antes, aliás, não sei o que o tópico pede, mas acho que o que vou dizer deve ter alguma relação com a intenção que o fundador do tópico esperava que também tivéssemos.Sou da opinião de que a filosofia é incapaz de desalienar as pessoas.Diga-se, deixá-las menos ignorantes.Isso se pressupormos a alienação como coisa.Vamos então por partes.O que diferencia alguém alienado de alguém não-alienado?O conhecimento?Pois bem, acho o conhecimento pouco decisivo na vida das pessoas.O conhecimento produz maravilhas?Ainda não enxerguei isto com clareza, se alguém puder exemplificar e me fazer crer nisso seria uma possibilidade a mais para se pensar.Por enquanto, penso que ele produz muitos coveiros.Subentendo que ao ver as pessoas criticarem a alienação ou ignorância(vou tomar como sinônimos) e exaltando o conhecimento ou sapiência(vou tomar como antônimos dos outros dois) querem dizer que é melhor ser sábio ou culto do que ignorante ou alienado tendo seriamente a contestar tal pressuposição.Se é melhor, é necessariamente melhor para certo fim ou para alguém.Porém quem tem de julgar o que é melhor é a própria pessoa na sua condição de ignorante ou sábia.Pressuponhamos então que quando uma pessoa ri ou aparenta felicidade de alguma forma ela está bem.Não raro vemos pessoas ignorantes ou alienadas que não sabem escrever o próprio nome, que não sabem multiplicar, não sabem quem ganhou o Big Brother ou que a Terra é redonda(pressuponhamos então que estas coisas são realmente importantes e decisivas) demonstrando estarem felizes ou de bem com a vida.Não seria esse o “melhor” que todos, inclusive os sábios tentam atingir?Não vejo nenhuma garantia de que se é melhor sendo sábio.Mas se é muito bem não o sendo.Quando disse antes que ou se é alienado ou não é, quis dizer algo mais ou menos simples.O alienado nunca terá consciencia de sua alienação, daí ser alienado.Uma pessoa ignorante virar uma pessoa culta ou sei lá o que é uma impossibilidade.Se se é ignorante, não sabe que o é.Se se é ignorante mas se sabe que é já não é mais ignorante.É outra coisa, um jumento, sei lá.Mas já não se cabe na definição de ignorante(aquele que ignora).Ainda que um ignorante se julgue ignorante mas nem por isso queira virar sábio, após este raciocínio não pode mais ser considerado alienado(por ele, não por outros, os outros falam o que quiserem).Por preguiça ou por constatação de ter visto alguém aparentemente sábio, esbanjando informações que chamava de conhecimento mas que nem por isso parecia feliz, ele não ve interesse em ser sábio, pois se sente bem em sua condição(que para outros pode ser a de ignorante ou sábio).Aí vem a contraposição dos ditos sábios.”Ué,mas o fato de existirem pessoas alienadas e ignorantes é ruim, pois deste modo o mundo não avança e os sábios se angustiam ao ver tamanha ignorancia”.Pois bem, se se é sábio, IGNORA este tipo de angústia, afinal de contas, é sábio.Se se é sábio, IGNORA a crença no progresso e no avanço, afinal de contas, é sábio.Enfim, se se é sábio, IGNORA as angústias e se vive o agora.Esta é só uma opinião, assim como a definição de sábio no Aurélio ou sei lá aonde também é.Não se pode ser sábio sem ser ignorante.E uma pessoa alienada tem seus motivos para ser assim(obscuros ou não), que são convincentes para ela.O de ser feliz assim, por exemplo.Outra importante observação que defende o ignorante é a seguinte.De fato, o ignorante não entende o que o sábio diz.Se entendesse, não seria ignorante.Isto está claro.Porém, se ele não entende, ele não tem como saber se o sábio é realmente sábio, já que não há garantias ao ignorante de que o que o sábio está falando faz sentido ou não.Para o ignorante, então, o sábio poderá sempre ser um charlatão, cafajeste.A questão fundamental para mim parece ser:O alienado está alienado de que?Se for das divagações e da dúvida prefiro ser ignorante(se pudesse escolher, como não posso…).Se for de alguma certeza da filosofia, ele está alienado de outra coisa, não da filosofia.
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