O que é a violência?

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    jota erre
    Membro

    Vi alguns tópicos aqui falando sobre violência e criminalidade. Mas ninguém (pelo menos não encontrei) conseguiu ainda definir a violência. Alguém pode?

    #86148
    Philipon
    Membro

      Amigo jota erre,   A violência é o uso da força, a violação física ou psicológica, a transgressão de nossa integridade.   Lamentavelmente, o Brasil situa-se entre os países com as taxas mais elevadas de violência (homicídios) entre jovens de 15 a 24 anos.   E isto, é devido à violência estrutural que nos rodeia, como a competitividade sem ética, o ter sobrepondo-se ao ser, o culto ao sexo, a degradação das condições básicas de vida, o consumismo desenfreado, a corrupção, a impunidade e tantas outras, podemos concluir que os jovens acabam adquirindo e devolvendo essa mesma violência à sociedade.   Por outra parte, existem muitos que ao sentirem-se excluídos, acabam descobrindo sua razão de ser, em grupos de delinqüentes e viciados e desta forma dão o troco à rejeição de que são alvos.   E, também devemos considerar o impacto das mensagens violentas propagadas nos meios de comunicação. Lembremos que a violência é matéria que dá ibope a baixo custo.   Dados da Associação Médica Americana revelam que, antes de completar 18 anos, um jovem submetido a uma média de 27 horas de TV por semana, terá visto 200 mil atos de violência, dos quais 16 mil serão assassinatos.   E este é um problema sério, já que, a relação entre a violência na TV e o crime na vida real já foi comprovada por milhares de estudos internacionais.   A Organização Mundial da Saúde, também tem comprovado que os conteúdos nocivos da mídia produzem efeitos colaterais como: insônia, aumento no consumo de tabaco e álcool, aumento da atividade sexual precoce, síndrome do mundo cruel, entre outros.   Agora me parece que mais importante que encontrar o significado de violência é encontrar suas causas.   Eu tenho algumas teorias que gostaria expor.   Se os jovens na busca de comportamento adquirem muitos vícios da violência estrutural que nos rodeia como: competitividade sem ética, o ter sobrepondo-se ao ser, corrupção entre outros, é da “sociedade formada por todos nós” que eles adquirem os vícios.   Ás pessoas que de alguma forma se sentem excluídas, e se afiliam a grupos de delinqüentes e viciados, estão sendo excluídas pela “sociedade formada por todos nós”.   O impacto das cenas de violências propagadas através dos meios de comunicação, são exibidas, devido a que estas dão ibope. Lembremos que Ibope é uma medida de audiência e a audiência, corresponde à “sociedade formada por todos nós”.   Se analisarmos o exposto se verá que a principal causa da violência é a “sociedade formada por todos nós”.   Agora, definamos que é a sociedade?   Sociedade é um grupo de pessoas de uma determinada comunidade.   Imaginemos agora, uma sociedade formada por cem pessoas. Se eu fizer a seguinte pergunta a uma delas, se apresentaria nua diante da sociedade?   Certamente, a resposta seria não, porque a sociedade não permite.   E se a mesma pergunta, fora feita a outra pessoa do grupo.   Com certeza a resposta seria similar.   Então, nós poderíamos concluir que a resposta de todas as pessoas, a esta pergunta seria similar.   Agora se nós analisamos as respostas, podemos concluir que todas elas têm algo em comum, as pessoas ao referirem-se à sociedade, elas mesmas não se incluem.   Então se todas as pessoas que formam uma sociedade, ao se referirem a ela, não se incluem, significa que a sociedade é em verdade um conceito intelectual e não físico.   A sociedade como nós a pensamos, não existe.   Agora, se para uma pessoa, cada pessoa que forma o grupo é a  sociedade, ela mesma por sua parte, também representa a sociedade para o grupo.   Finalmente podemos concluir que cada pessoa que forma a sociedade é a sociedade por si mesma.   E com estas deduções, a que conclusão final, nós podemos chegar?   Se a causa do problema da violência está na sociedade, somos nós os que devemos mudar, já que, cada um de nós representa a sociedade para as pessoas que compõem a sociedade.   Nós amamos a nossa mãe, não porque ela nos gerou, senão como resposta ao amor incondicional devotado durante toda sua vida. Agora eu me pergunto, como seria o mundo se todos nós, pudéssemos transferir esse amor incondicional ao próximo.   Espero ter ajudado um pouco na sua pesquisa.  Um abraço

    #86149
    Oliveira, D.
    Membro

    Prezados!Boa tarde.Caro Philipon, filósofo da prática, que bom encontrá-lo debatendo ou expondo suas idéias e conceitos em um novo tópico.Gostaria de contribuir com o nobre companheiro que propôs o tópico, no sentido de trazermos algumas abordagens acerca da violência.Talvez a violência tenha causas mais profundas do que as apontadas inicialmente pelo nobre companheiro Philipon. Mesmo porque as causas geradoras de violência como apresentada, ou seja,

    como a competitividade sem ética, o ter sobrepondo-se ao ser, o culto ao sexo, a degradação das condições básicas de vida, o consumismo desenfreado, a corrupção, a impunidade e tantas outras, podemos concluir que os jovens acabam adquirindo e devolvendo essa mesma violência à sociedade

    precisam ser ampliadas, trazendo uma perspectiva histórica ao debate.As relações violentas, vamos chamar assim, existem desde os primórdios da humanidade, isto é, não é fruto do modo de produção vigente. Ainda que não desconsideramos que, a medida que as relações sociais vão se complexificando sob a égide do capitalismo, algumas facetas da violência tendem a se aprofundar.Nesse sentido, seria preciso fundamentar um pouco melhor alguns aspectos, é claro que não temos qualquer pretensão de apresentar um tratado, uma tese ou dissertação, enfim, vamos tentar apontar somente alguns pontos superficiais para contribuir no debate.Quando o nobre Philipon contextualiza a violência estrutural, trazendo a discussão para contempraneidade, perde-se parte do processo, pois, os povos "primitivos" (não gosto desse termos, mas vou usá-lo apenas para exemplificar), organizados em um regime de clã ou tribo, não tinham "vícios da violência estrutural" tais como:

    competitividade sem ética, o ter sobrepondo-se ao ser, corrupção entre outros

    , nem por isso deixavam de utilizar a violência para atingir seus fins.Em algumas teorias, em matrizes positivistas-estruturalistas, a violência, por vezes, aparece com algo inato ao humano, o que também não concordo. Nessa perspectiva, poderia aparecer a seguinte questão: o homem por ser um animal, é dotado de violência, ou essa é um produto da sociabilidade humana, que possibilita sua produção e reprodução? E ainda, se for inerente ao humano, porque não desapareceu com o aumento do desenvolvimento cognitivo e a capacidade perceptiva que ampliam os níveis de compreensão, determinando comportamentos ético-morais? Ou então, o ser humano não nascendo com a violência em si, a desenvolve para sua sobrevivência, mas como permanece na contemporaneidade, de formas cada vez mais complexas e específicas, mesmo com todo o avanço alcançado, tanto no sentido econômico, como político e social?Dessa forma, entendo que a violência surge como um produto de relações desenvolvidas, do homem com a natureza ou entre si, sendo grande viabilizadora da sobrevivência do ser humano em determinados contextos e períodos, se complexificando para além das primeiras necessidades humanas, de acordo com as mudanças na sociedade, atendendo a interesses diversos.Cabe ressaltar que não faço qualquer apologia à violência, aqui tratamos, especificamente, alguns aspectos e funções sociais históricas da violência enquanto força motriz.A violência atravessa as diversas formas de sociedade, se fazendo presente em todas elas, desde a transformação do homem pelo trabalho em sua gênese, até a realidade do trabalho que torna um fim em si mesmo na contemporaneidade, nas guerras ditas santas, que não purifica ao ateísmo do holocausto. É, portanto, uma das forças utilizadas para conquistas e satisfações.Assim, é possível afirmar que a violência em suas várias facetas está presente em todos os modelos de sociedade, utilizada como instrumento para os processos de transformação na história da humanidade.Se as Revoluções são as locomotivas que movem a história, a violência é o combustível.É com violência que os bárbaros “tomam” o Império Romano, contribuindo para a passagem de um mundo antigo à feudalidade, podendo se estender essa análise a tantas outras revoluções, como na Reforma no século XVI, que concedeu um novo impulso violento ao processo de expropriação da massa do povo e na francesa, com o papel desempenhado por Louis Bonaparte que usurpou o seu poder pela exploração da guerra de classe na França.Segundo Marx "na história real é sabido que a conquista, a subjugação, o assassínio para roubar, em uma palavra, a violência, desempenha o grande papel”.Portanto, a violência se apresenta com uma potência em três sentidos: econômico, por contribuir no impulsionar do processo de superação de cada fase do desenvolvimento das forças produtivas, auxiliando na derrubada de uma “velha” sociedade e na construção de uma “nova”. Finalmente, gostaria apenas de uma última colocação, considerando a fala do nobre companheiro Philipon:

    Por outra parte, existem muitos que ao sentirem-se excluídos, acabam descobrindo sua razão de ser, em grupos de delinqüentes e viciados e desta forma dão o troco à rejeição de que são alvos.

    .Não entendendo esse processo como uma simples relação de causalidade. Esses "muitos" apresentados não sentem-se excluídos, pois, realmente o são quase em sua totalidade. Se a exclusão não justifica a violência ajuda a explicá-la. Mas nesse ponto, talvez seria interessante retomarmos a discussão sobre o Estado e seu papel, mas não é tópico para isso.att

    #86150
    Philipon
    Membro

      Amigo Oliveira,   Para variar você falou de todo menos sobre a pergunta colocada como tópico.   A pergunta é “O que é a violência”, em toda sua dialética você não fez menção.   Um abraço...

    #86151
    Brasil
    Membro

    Boa noite a todos!A violência humana, antes de ser discutida, deve ser “dissecada”. Devemos expor todas as formas de violência  humana, pois elas têm origens diferentes. É certo que a temos como uma espécie de suprimento disponível para usar em maior ou menor grau.Existe a violência decorrente dos motivos econômicos; tráficos diversos, como; o de drogas, o de armas, o de crianças, o de órgãos, o de mulheres, etc., roubo, seqüestro,   latrocínio, assassinato e até o estelionato, que não deixa de ser também uma violência.  As guerras em geral e as violações decorrentes delas que a mídia gosta de classificar mentirosamente como “religiosas” ou “raciais”, também são violências decorrentes de razões econômicas.Temos a violência passional ou decorrente das paixões. “Paixões” envolvem muitas coisas e não só o relacionamento entre homem e mulher... Vejamos;  Quando o homem traído mata sua mulher, imediatamente este crime é classificado como um crime passional, mas nos esquecemos que ele pode ter matado sua mulher para não pagar pensão após a separação.  Ou para não ter que dividir, numa separação conjugal,  o valor da casa comprada em parceria com a mulher. Quero dizer que até os crimes ditos passionais podem ter origens econômicas. Paixão pelo dinheiro.Temos os crimes sexuais. Estes sim, são diretamente desvinculados de motivos econômicos.  Mas, ainda assim podemos atribuir ao ambiente de criação e educação recebida na infância, muitos destes distúrbios. Evidentemente, os ambientes mais deploráveis e desfavorecidos de meios para a educação são os guetos, as favelas e as palafitas; ambientes de baixo poder econômico. A pedofilia é um distúrbio sexual desvinculado de causas econômicas, mas o comércio da pedofilia NÃO. O comercio da pedofilia tem origens econômicas. O comercio de material de pedofilia, ao meu ver,  é um incentivo maior à pedofilia, que o próprio distúrbio em si. E temos a violência moral, esta,  mais ligada às vaidades e futilidades humanas. Mas nem por isso deixa de ter sua veia econômica, pois ela ocorre com maior freqüência no ambiente de trabalho, na relação patrão/empregado. Vaidades que muitas vezes são exibidas em comportamentos relacionados ao poder econômico e acabam caracterizando a violência moral.  Por exemplo: Se o patrão disser ao seu empregado: “você é um incompetente”, e não demiti-lo, isto é assédio moral ou violência moral.  Pois se o patrão considera o empregado incompetente, não há razão para mantê-lo empregado! Se o mantém sob estas condições e o empregado aceita estas condições, então está criada uma situação de abuso, algo parecido com uma escravidão. Pois o patrão mantém alguém submisso às suas ofensas e vontades, mediante a condição  de conservação de um emprego que o submisso não pode perder. Uma classificação incorreta é a “violência no trânsito”. Junta-se casos de desinteligência entre motoristas a casos de acidentes com vítimas e fazem um pacote de falação e dados estatísticos irresponsáveis na mídia. Na verdade o grande número de mortes  no trânsito é decorrente de acidentes e não de desinteligência. A desinteligência sim é uma violência, mas os acidentes não, estes se devem em sua maioria à irresponsabilidade.Na verdade eu acho que sobram muito poucas situações de violência em que a origem não seja econômica, a do trânsito é uma delas, porém a mídia geral e as estatísticas alardeiam aos quatro cantos “violência”, algo que é acidente ou irresponsabilidade ou negligência. A desinteligência no transito sim, é violência. Mas não existe um dado específico para ela, é tudo “violência” no trânsito. E assim, com essa forcinha da mídia, nos vemos como “naturalmente monstruosos”. E existe a violência gratuita também... Mas como o nome já diz, é gratuita: Não é por dinheiro  :D Talvez a violência gratuita seja fruto da ignorância fomentada pelas elites, que nessessitam da pobreza e consequentemente da ignorância popular para manterem-se nas suas “posições sociais”. Quando a mídia difunde coisas como: "Bonde do tigrão", "Funk Proibidão", "Pavilhão Nove", "Eminem",  "Charles Manson" e coisas do tipo, ela não está só visando os lucros nos direitos nas vendas, na verdade ela está fomentando a violência, para continuar vendendo suas mídias podres e contribuir com o establishment.   Tentando definir “violência” eu diria que é algo que nós humanos temos para nós assim como os animais irracionais a têm para eles: Um suprimento disponível em nossos ânimos, para ser potencializada ou minimizada.  Com a propriedade de ser potencializada em vários níveis diferentes ou minimizada em vários níveis diferentes, podendo até chegar ao máximo ou ao mínimo, de forma plena, total. De acordo com as condições do ambiente.Abs

    #86152
    Oliveira, D.
    Membro

    Caro Philipon, filósofo da prática.Observo que continua áspero, irritado e suas exigências permanecem camuflando suas dificuldades interpretativas. Talvez em um momento que gozar de maior tranqüilidade consiga apreender o que se debate nesse tópico.Vamos superar a questão “personalística” e continuemos a discussão.Novamente, o companheiro Brasil vem contribuir sobremaneira nos tópicos que exigem maior aprofundamento, ainda que discordemos em alguns aspectos, suas análises mostram-se sempre ricas, coerentes e fundamentadas a partir de sua leitura da realidade. Acredito que são exatamente esses pontos de concordância e discordância que nos trazem maiores possibilidades de superar o atual estado das "coisas".Retomemos o debate...Apenas acrescentando às formas de violência até aquis expostas, poderíamos incluir o conceito de violência simbólica de Pierre Bourdieu, a qual perpassa pelos meandros das formas de violência apresentada pelo nobre companheiro.Talvez outros companheiros trarão novos conceitos e formas de violência.No que tange a violência, início a análise semelhantemente ao companheiro Brasil. Ou seja, das bases concretas, não das “sensações”, mas a partir das condições materiais de produção e reprodução humana sempre articulada, co-relacionada, impulsionando o desenvolvimento de novas necessidades, o qual exige um trabalho amplamente coletivo e a apropriação e acessos aos frutos da coletividade, cada vez mais restritas. Desencadeando com isso, a efeito desse processo de exclusão, não no sentido de "sentir excluído" como colocado, a meu ver, equivocadamente, pelo áspero filósofo da prática, mas sim na concretude da exclusão, na materialidade do processo, uma ampla e complexa conjuntura de violência estrutural.Portanto, a violência estrutural é decorrente do modo de produção norteador das relações sociais em sua totalidade, ou seja, nas dimensões materiais e subjetivas da vida social, pois esse é violento par excellence . Nesse sentido, ainda que analisemos a questão das brigas de trânsito como um dos exemplos trazidos pelo companheiro Brasil, sem apresentar generalizações, veremos que há um aspecto todo um aspecto social e cultural, assim, não escapa da dimensão econômica, dado que as duas primeiras dimensões da vida social são determinadas pela terceira e, nessa, agem diretamente.Por exemplo: quantas vezes presenciamos, ou nós mesmos já nos referimos ao transporte utilizado por outra pessoa depreciativamente, inclusive, no ápice de nosso nervosismo clamamos pela retirada de determinados meios de transportes para que o trânsito possa fluir melhor e até vociferamos contra aquele que por vezes conseguiu "ascender" de um veículo de tração animal, ou quando muito contava com suas próprias pernas, para um motorizado.Em resumo, entendo que a violência enquanto produto de relações sociais, tem suas raízes mais profundas nas bases do modo de produção (econômica), seja em qual período histórico for, e sob essas (bases) são elevadas uma dimensão superestrutural que relativiza, atenua ou intensifica certa conjuntura violenta (político-cultural) em dado estágio de desenvolvimento e organização social.

    #86153
    Philipon
    Membro

      Amigo Oliveira,   Desculpe-me se eu fui um pouco grosso na minha resposta para você. O problema radica que normalmente você se posiciona fora do foco do tópico e com isto, você deriva a conversa pra temas não relacionados com o debate em questão.   Agora passo a fundamentar o que estou falando.   O amigo jota erre, colocou o seguinte tópico:  

    Vi alguns tópicos aqui falando sobre violência e criminalidade. Mas ninguém (pelo menos não encontrei) conseguiu ainda definir a violência. Alguém pode?

      Minha resposta ao tópico foi:  

      Amigo jota erre,   A violência é o uso da força, a violação física ou psicológica, a transgressão de nossa integridade.

      Além de apresentar a definição de violência, mencionei algumas possíveis causas entre centos delas.   Também mencionei a excessiva violência no Brasil, devido a que em 2006 durante a guerra de Iraque, de acordo com a ONU, o número de civis mortos foi de 34 mil e no Brasil no mesmo ano, registrou quase 57 mil assassinatos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde o que equivale a 137 mortes diárias.   Todo este anexo colocado por mim, não estava relacionado com a pergunta do tópico.   Agora vou a mencionar o tópico colocado por o amigo jota erre.   “Vi alguns tópicos aqui falando sobre violência e criminalidade. Mas ninguém (pelo menos não encontrei) conseguiu ainda definir a violência. Alguém pode?”    Sua resposta ao tópico foi:  

       Talvez a violência tenha causas mais profundas do que as apontadas inicialmente pelo nobre companheiro Philipon. Mesmo porque as causas geradoras de violência como apresentada, ou seja,

    como a competitividade sem ética, o ter sobrepondo-se ao ser, o culto ao sexo, a degradação das condições básicas de vida, o consumismo desenfreado, a corrupção, a impunidade e tantas outras, podemos concluir que os jovens acabam adquirindo e devolvendo essa mesma violência à sociedade

    precisam ser ampliadas, trazendo uma perspectiva histórica ao debate.

      Sua resposta deveria estar relacionada com o tópico e não sobre um anexo que não está relacionado com o tópico.   Poderia ter falado por exemplo, a violência é:   - O emprego abusivo da força ou da coação com o fim de se obter algo ou;   - O temperamento tempestuoso de quem facilmente se torna agressivo ou;   - Ação de constranger física ou moralmente uma pessoa para submetê-la aos desejos de outra etc.   E desta forma estaria cooperando com a pesquisa do tópico sem desvirtuar o tópico.   Amigo meu, é bom se lembrar que, através da dialética não se chega a uma verdade concreta e que erudição não significa conhecimento.   Um abraço..

    #86154
    Oliveira, D.
    Membro

    Caro filósofo da prática,Não compreendo como um problema ampliar a discussão para além do fenômeno em si. O problema talvez esteja em você compreender a historicidade das relações que o constituem.Quando o nobre companheiro jota erre pergunta o que é violência e logo em seguida você traz uma conceito sucinto e coerente, julguei mais interessante ampliar o debate para além de seu superficial anexo. Mesmo porque, sendo a violência um produto das relações sociais, consequentemente, da sociedade, por mais que diversos companheiros trouxessem definições outras não fugiria muito ao apresentado.Nesse sentido, compartilho do pensamento do companheiro Brasil:

    A violência humana, antes de ser discutida, deve ser “dissecada”. Devemos expor todas as formas de violência  humana, pois elas têm origens diferentes. É certo que a temos como uma espécie de suprimento disponível para usar em maior ou menor grau.

    Pois normalmente definições não trazem em si movimento, por isso, pensei trazer a historicidade extrapolando o conceito de violência para além do fenômeno, onde sua análise consegue chegar. Não intencionava voltar na dialética do outro tópico, mas já que mencionou...Dada sua dificuldade em colocar conceitos em movimento, a dialética, a violência, aparecem como algo que se esgotam em si mesmo.Portanto, não sei qual a verdade concreta que tanto busca que lhe permite fugir à dialética. Seja ela qual for somente os fenômenos não constituirão a candeia a iluminar esse tortuoso percurso.

    #86155
    Philipon
    Membro

      Amigo Oliveira, parece que está difícil pra você compreender o que está sendo solicitado no tópico.   O amigo jota erre fiz questão de explicitar que ele já tinha lido outros tópicos sobre violência onde se colocavam as causas que você e eu colocamos o que agora ele deseja saber é sobre a definição de violência.   O que nós deveríamos falar no tópico é que existem várias definições de violência.   Existe a violência física que ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou ambas.   Existe a violência psicológica que inclui toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa.   Existe a negligência que é um ato de violência que consiste na omissão de responsabilidade com respeito a pessoas dependentes que precisam de ajuda por questões de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária.   Existe a violência sexual que é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga uma outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou uso de armas ou drogas.   Finalmente e o mais comum, existe a violência doméstica contra a mulher. No qual o abuso pelo parceiro pode tomar várias formas, tais como:  – Agressões físicas como golpes, tapas, chutes e surras, tentativas de estrangulamento e queimaduras, quebras de objetos favoritos, móveis, ameaças de ferir as crianças ou outros membros da família;  – Abuso psicológico por menosprezo, intimidações e humilhação constantes;  – Coerção sexual;  – Comportamentos de controle tipo isolamento forçado da mulher em relação à sua família e amigos, vigilância constante de suas ações e restrição de acesso a recursos variados.   Parece-me que isto é estar centrado no tema.   Um abraço...

    #86156
    Brasil
    Membro

    Esquecemos da violência contra os animais… Esta também é por dinheiro.

    #86157
    jota erre
    Membro

    Amigos de ânimos extasiados,Vossa contribuição para este tópico é grandemente valiosa.O intuito, como vocês já perceberam, é inicialmente definir a violência, para, a partir de  sua definição, compreender suas causas, suas consequências e, principalmente, seu sentido.Ao falar nesse tema, nos vem sempre à mente as diversas facetas que a violência adquiriu hoje. Como se as "elites" (o termo talvez não seja esse) não aguentassem mais o que elas mesmas sempre fomentam (aquela coisa de feitiço e feiticeiro), e agora reclamam em todos os meios de comunicação as mazelas dessa violência que lhes atingiu. Percebamos que, normalmente, os "grandes casos" policiais que aparecem namídia envolvem pessoas de classes mais abastadas.É certo, como nosso amigo Oliveira explicou,  que a violência sempre esteve presente em todos os momentos da sociedade. E se hoje ela se apresenta como nunca antes, é porque simplesmente a época atual nunca aconteceu antes. Hannah Arendt tem um trabalho admirável mostrando um pouco dessa idéia em "Sobre a Violência", que pouco conheço, mas que ficaria grato se um de vós, que o conheça melhor, apresentasse. No cerne desta discussão, muito embora diversas definições de violência já tenham sido apresentadas, o conceito ainda me parece um pouco obscuro.A ética foi "formulada" pelo ser humano para evitar a violência. Nesse sentido, a violência pode ser uma "transposição" da ética. Um momento em que não se considera válidos os valores éticos, em nome dos interesses particulares.Ora, o impasse entre o ético e o particular sempre perturbou o ser humano. Quando essa perturbação constante tende para o particular, temos normalmente a violência.Se entrarmos no mérito da "transvaloração dos valores" de Nietzsche (numa relação talvez imprópria), poderemos compreender as revoluções explicadas pelo marxismo, e a transposição já não será em nome de interesses particulares.Agora, aproveitando vossas mentes inteligentes, quero-lhes fazer algumas perguntas:1º Nas definições apresentadas, a violência sempre é vista como algo "para fora" do indivíduo. É possível alguém ser violento consigo mesmo? No que isso implica?2º Mais ainda, a violência é algo inerente apenas nas relações entre seres vivos? É possível ser violento com uma mesa ou um ventilador, por exemplo? Ou, nesses casos, ela está intrínseca no sujeito, apenas se manifestando?3º Se a violência é "natural" ao ser humano tanto quanto o comportamento ético, ela é insuperável? É necessária para defender a razão mais correta? E o que seria essa "razão mais correta"?4º Vemos as crianças repetindo e multiplicando comportamento violentos. Elas estão apenas copiando a televisão, ou estão extravasando seus próprios sentimentos, que já lhes são inerentes como seres humanos?5º O sentimento de violência no ser humano mudou com a história? Por que a "sensação" de violência parece que diminui ao retroagirmos pouco tempo na história, mas parece até aumentar quando muito retroagimos. Por que?Agradeço todas a respostas.

    #86158
    Oliveira, D.
    Membro

    Caro amigo jota erre.Parece-me que você, nobre companheiro que propôs a temática, apreendeu o sentido que procuramos, dentro de nossas limitações, dar ao tema.Nesse sentido, diante dos instigantes questionamentos por você apontados, tentaremos, mais uma vez, contribuir com o debate. Possivelmente, o nobre companheiro Philipon (filósofo da prática) dirá que novamente fugimos ao tema, pois, não compreende nada além daquela busca pela "verdade concreta" (não sei a qual ou ao o que se refere), mas não importa.Refletir sobre a violência, como você bem colocou é sempre algo complexo, a medida que, por vezes, essa categoria (se me permite chamar assim, pois parte de uma realidade concreta) apresenta-se em dimensões diferentes, ainda que sendo sempre violência, de acordo com dado contexto sócio-histórico-ecônomico-social, o que tende a se metamorfosear nos aspectos ético-políticos a partir dessa realidade.Assim, partindo da compreensão de que a história da humanidade tem sido construída em uma relação entre dominantes e dominados, ou seja, a subjugação classista tem estado presente em todos os momentos históricos, não posso concordar com sua afirmação a seguir:

    A ética foi "formulada" pelo ser humano para evitar a violência. Nesse sentido, a violência pode ser uma "transposição" da ética. Um momento em que não se considera válidos os valores éticos, em nome dos interesses particulares.

    Dessa forma, a qual ética refere-se senão aquela que parte de uma classe dirigente? Nesse caso, independente do regime social, o controle político-social é exercido sob forte auxílio da violência.Nessa perspectiva, não entendo que a ética tenha sido "formulada" para evitar a violência, pelo contrário, constitui (a ética), parte fundante de sua legitimação. Em outros termos, a realidade ético-política de uma classe dirigente, impõe valores ético-morais que legitimam arbitrariedades, ocultando as facetas mais sombrias dos interesses exclusivistas de uma verdade aparente.Tateando o complexo e difícil pensamento de Nietzsche, a alternativa talvez esteja no que ele denominou de "super-homem", pois, ainda que humano demasiado humano, transvalorando os valores, dada a vontade de potência, o indíviduo poderá encontrar-se enquanto espírito livre. Nesse caso, recai mais uma vez a questão individual. (é claro que o pensamento e a obra de Nietzsche são infinitamente mais complexos, não temos qualquer pretensão de dissecá-la). Agora vamos às perguntas, no entanto, gostaria de asseverar que as respostas constituem tentativas de contribuir com a discussão, não temos capacidade para esgotarmos nenhuma das indagações.Resposta da 1ª pergunta.Acredito que depende muito do olhar de quem está investigando, pois, para definirmos a violência do sujeito para consigo mesmo, teríamos que adentrar a dimensão subjetiva desse ser, procurando entender qual a materialidade que determina seu comportamento. Por exemplo: os rituais de purificação, nos quais se utiliza instrumentos que provocam flagelos à carne, mas, acredita-se purificar a alma. Esse comportamento é violento? Dotando a análise de uma perspectiva ocidental e individual, partindo de minhas concepções ético-morais, sim, mas, e para esses determinados sujeitos? Acredito que não. Outro exemplo: os chamados "homens-bomba". Para nós seu gesto e intenção não remetem a nenhum heroísmo, mas quantas vezes estivemos diante, ou crescemos e fomos educados concebendo o paraíso na proporção que a eles é colocada? Sendo nossa visão de mundo e perspectivas metafísicas radicalmente diferentes das desse sujeitos, como definir o que é ser violento abarcando a totalidade das implicações?Daí a dificuldade de se analisar qualquer realidade a partir de "conceitos" fechados, como os trazidos pelo filósofo da prática Philipon. Resposta da 2ª pergunta.Entendo que a violência se constitui enquanto tal a partir de sua manifestação que somente é impulsionada decorrente de relações sociais.Resposta da 3ª pergunta.Não sei o que é "razão mais correta" no sentido como foi colocado, mas não compreendo a violência e tão pouco a ética como algo natural ao humano, mas sim, produto de relações sociais. Portanto, a primeira é totalmente superável, e a segunda não será discutida quando constituir elemento norteador da totalidade dos sujeitos históricos. Por exemplo: sem qualquer utopismo, pensemos o seguinte contexto (aqui não me refiro ao comunismo, ou faço menção à excelente obra "A utopia" de Tomás Morus). Uma sociedade que não se faz necessária a subjugação, a exploração, a tirania, cujas relações sejam construídas a partir das necessidades e potencialidades comum e inerente a todos. Qual seria a ética? Agir para o bem comum. Uma vez que todos estejam munidos dessa mesma dimensão, sem exceção, qual seria o papel da violência?Nenhum.É evidente que muitos companheiros dirão que essa sociedade jamais existirá. Tenho meus receios em concordar com qualquer afirmação nesse sentido, pois, se perguntássemos a qualquer membro em um regime escravocrata, jamais o modo de produção capitalista seria concebido, o mesmo se estende as relações feudais. Por que isso também não pode estar ocorrendo de maneira semelhante sob o modo de produção em que vivemos? Cabe reforçar que nesse exercício não faço alusão ao comunismo, pois, para tal, precisaríamos ampliar o debate em outras direções.Resposta da 4ª pergunta.Dentro de nossa compreensão a 2ª e a 3ª resposta, bem como, o texto elaborado anteriormente nesse tópico responde essa questão.As crianças tendem a reproduzir comportamentos daquilo ou daqueles que estão ao seu alcance. Se pensarmos que a violência constitui algo inerente ao gênero humano estamos negando algumas correntes explicativas da realidade humana. Do ponto de vista metafísico do cristianismo, por exemplo, entendendo um Deus Criador, torna-se praticamente impossível assegurar que a violência seja inerente ao Homem. Pois, nessa perspectiva, Deus, causa primária de todas as coisas, dentro de sua eterna benevolência e infinita misericórdia criou o Homem como a sua imagem e perfeição. Como incluir a violência como algo inerente ao humano nesse contexto? Se partirmos do ponto de vista materialista histórico e dialético, veremos que o homem nasce com relações sociais determinadas, dessa forma produz a sociedade e por ela é produzido. Dentro dessas determinações (não determinismo) seria a violência algo inerente ao ser social? Entendo que não.Resposta da 5ª pergunta.Não compartilho dessa mesma sensação, entendo que a violência está na proporção dos antagonismos e contradições de cada momento histórico e somente a ele se relaciona.att

    #86159
    Philipon
    Membro

      Amigo jota erre,   A verdade é que você está meio confuso com seu tópico e o problema radica em que você não tem a idéia clara com respeito ao que é a violência.   Para você a violência é um conceito, isto é, um pensamento abstrato. Sendo que na realidade a violência é uma qualificação, isto é, uma apreciação, um juízo feito sobre fatos reais que transgridam a ética moral estabelecida.  

      O intuito, como vocês já perceberam, é inicialmente definir a violência, para, a partir de  sua definição, compreender suas causas, suas consequências e, principalmente, seu sentido.

      Amigo, o que você define são os fatos reais e depois os qualifica como violentos ou não,   Sendo assim, para mim suas perguntas enumeradas não teriam um significado lógico.   Um abraço...

    #86160
    jota erre
    Membro

    Caro PhiliponAsseguro-lhe que não tenho idéia clara do que é a violência. Mas isto nao é um problema, haja vista que o título do tópico pergunta justamente "o que é a violência".

    Para você a violência é um conceito, isto é, um pensamento abstrato. Sendo que na realidade a violência é uma qualificação, isto é, uma apreciação, um juízo feito sobre fatos reais que transgridam a ética moral estabelecida.

    É possível você explicar melhor este conceito?

    Amigo, o que você define são os fatos reais e depois os qualifica como violentos ou não,

    Não entendi o que você quis dizer com "o que você define são fatos reais". Responda-me, como você define "definição"?Em todo caso, como discutir sobre algo se não tem sobre ele uma idéia clara? É necessário investigar-lhe as minúcias, porque não é um conceito tão simples quanto parece. As perguntas que fiz foram justamente neste sentido.Espero que compreenda com humildade.

    #86161
    jota erre
    Membro

    Prezado Oliveira,Admiro seus comentários sempre bem elaborados.Percebo que, ao falar sobre "a violência como trasposição da ética", você critica minha posição que, agora percebo, está mais relacionada aos conceitos de Hobbes, para o qual o Estado seria uma forma de superação do estado natural do homem, no qual reinaria a violência. Em contrapartida, você apresenta algo mais próximo de Rousseau, com seu  "bom selvagem". Você acrescenta em suas definições que a moralidade, com suas sanções, seria justamente a égide da violência. Corrija-me se eu estiver errado.Como você citou Nietzsche, lembrei de um trecho de "Humano, Demasiado Humano" que se assemelha ao que você defende:"daí que o juízo de “bom” não provém daqueles que fzeram o “bem”! Foram os “bons” mesmo, os nobres, os poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e estabeleceram a si  e a seus atos como bons, ou seja, de primeira ordem, em oposição a tudo o que era de baixo, de pensamento baixo, vulgar e plebeu" (Nietzche, 1998, p. 19).Não pretendo discutir sobre filósofos, que isto deixaria o tópico com uma erudição maior que a necessária e, certamente, menos acessível. Apenas os citei para tentar entender melhor os conceitos apresentados. E para lembrar das perspectivas sobre o assunto.Como você já pôs sua opinião (o que não impede de tecer mais comentários - o que seria bom), gostaria que os amigos Brasil e Philipon apresentassem seus posicionamentos, o que vale para outros que venham a entrar na discussão.Quanto às respostas:1ª. Nesse caso, a definição vai depender do ponto de vista? Não haveria um conceito universal?2ª. Falar que a violência só se manifesta em relações sociais o impede de responder positivamente à primeira pergunta. Esta é a idéia? Nesse caso, um eremita, por exemplo, não pode ser violento? 3ª. O que chamo de "razão mais correta" é justamente aquela que norteia as normas da moralidade e/ou da ética. Responda-me, a ética de nossa sociedade não é o bem comum?4ª. Sua resposta é coerente com o seu ponto de vista. Por isso ressurge o questionamento que fiz à 2ª resposta.5ª. Vi que realmente a pergunta é muito subjetiva. E a retiro, a não ser que alguém queira comentar a respeito.Abraço.

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