Pos-Modernidade

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  • #70103

    Olá Pessoal! De fato eu gostaria de iniciar este tema na parte de questões do mundo atual,mas como não sou usuário registrado(e uma verdadeira “anta” em computadores), venho colocar aqui a questão se estaríamos em uma era pos-moderna. Neste sentido,mais na linha, por exemplo de J. François Lyotard, as meta-narrativas ou grande narrativas como o Socialismo estariam superadas, coisa que de alguma forma me atinge profundamente(mas nem tanto se pudermos debater). Insisto que gostaria que vcs colocassem este tema onde eu pudesse participar.Desde já agradeço muito a todos vocês.

    #78120
    márcio
    Membro

    Em que era nos estamos vivendo ? Complicado … Quem tem a missao de definir isso ? Porque isso é importante ? O que define uma era ?

    #78121

    Missão?? Não pensei em missão,mas em vontade de entender. Afinal os filosófos não querem entender/interpretar o mundo?Alguns poucos ainda pensavam em transforma-lo segundo um certo entendimento/compreensão.Se soubermos avaliar,o momento em que estamos,certamente nos ajudará na compreensão do mundo.O ínício da discussão, já poderia nos levar até a algumas, não digo definições, que são sempre complicadas,mas à algumas conclusões, mesmo que provisórias.Continuo aguardando os mais “esclarecidos”.

    #78122
    márcio
    Membro

    Nao sou esclarecido mas mesmo assim gosto de trocar ideias.
    Sobre quem tem a “missao” de definir um nome para a uma era, podemos tentar tambem trocar ideias sobre isso e isso talvez ajudasse a saber em que era estamos. Mas a principio, imagino que sejam os historiadores que coloquem nome nas eras. E para isso entendo que seria necessario posicionar essa era numa sequencia. Por exemplo, poderiamos imaginar que estamos numa era “pre-imperio chines”. Ou poderiamos usar a arte ou a musica como parametro para estabelecimento da era. O que justificaria o nome desta era ser “pos-moderno” ? Ja ouvi mencoes de que estariamos na era da informacao.

    #78123

    Conforme seja o autor(es) que se considere, estamos na era da informação, na era pos-industrial, na era pos-moderna. Parece que os rótulos de sociedade pos-industrial e de informação, precederam o rótulo,era pos-moderna. Essa então seria uma teoria, que cobriria a questão da sociedade pos-industrial e de informação, além de introduzir novos elementos, sendo um deles, a questão que acabaram-se as grandes narrativas, não havendo mais espaço para utopias gerais, totalizantes.Estaria então contestado o conceito de moderno, que sempre foi baseado em progresso contínuo, desde o século das luzes. Este progresso contínuo fica bem evidenciado pela questão da industrialização.Todos se industrializaram ou perseguiram a industrialização, na esperança do progresso, mas eis que se esbarra em limites ecológicos e mesmo econômicos. Haveria o progresso constante, digamos espiritual da humanidade,mas eis que continuam as guerras, os nacionalismos, tribalismos. Quanto a informação…estará ela , um dia, disponível à todos? Mesmo que se desconsidere isto, haverá sempre um problema. Quem seleciona, filtra, toda esta informação, até porque, no meio há muito lixo. Mas como, vc ,Marcio disse, isto tudo pode ser muito vago e poderíamos dizer que vivemos a era do pré-imperio chinês. Assim gostaria de fechar mais a questão, dizendo que pretendia debater a questão, como está colocada , no âmbito do pensamento ocidental,herdeiro do Iluminismo, ora contestado pelo pos-modernos…ou não? Agora…a arte, a música, a arquitetura, também está incluída nos estudos pos-modernos, mas como me interesso mais pela parte, econômica,social, nada teria a dizer, mas gostaria muito de ouvir os esclarecidos ou não(aproveito para me desculpar com o Marcio. A idéia não era desqualificar. Bom que vc tenha dado prosseguimento a discussão). Abraços

    #78124
    márcio
    Membro

    Tentando acompanhar seu raciocinio:

    Processo de progresso continuo = “moderno”.

    Uma ruptura no “moderno” implicaria na entrada do “pos-moderno” (ok)

    Progresso1 = Economico + Social.
    Progresso2 = Tecnologico.
    Progresso3 = Espiritual, Artes, etc …

    Bom … eu diria que ainda estamos sob um forte progresso tecnologico continuo. Nao ?

    Social e Economico ? A principio nao sei … talvez abordando separadamente …

    #78125

    Caros Senhores,
    Intrigante esta questão de denominação de eras, moderna , pós-moderna, da informação, etc..
    Concordo com Márcio quando ele destaca que estamos sob um forte progresso tecnológico. É a partir deste ítem que apresento a idéia de que ainda não estamos sofrendo fenômenos de intensidade suficiente para que possamos afirmar que estamos entrando em uma era qualquer, todos estes desenvolvimentso tecnológicos são consequências da intensidade do atual Modo de Produção, que emprega esta dinâmica.
    É claro que devemos lembrar o quanto é dificil para contemporêaneos identificar mudanças ao seu redor.
    Assim, diria que ainda estamos na Modernidade, com um grande desenvovimento tecnológico, e só.

    #78126

    Obrigado pela colaboração, meus caros Marcio e Torre Norte. Os argumentos de vcs vêm endossar a visão, de boa parte, dos neo-marxistas que também não aceitam esta coisa de modernidade. Estaríamos, de fato, vivendo uma fase da modernidade dentro do chamado capitalismo tardio. De outro lado, há um autor, Bruno Latour que diz que nunca fomos modernos. Ou seja a pretensão de termos nos libertado da natureza, através da ciência não seria verdadeira. Continuamos “seres naturais”,como , na antiguidade, ou idade média, apesar de nosso grande progresso tecnológico,até porque existem limites ecológicos ao desenvolvimento da tecnologia, e mesmo, diz Latour, existem limites para a própria ciência.Obrigado de novo. Abraços.

    #78127

    Fernando, Por favor, mande a bibliografia deste autor, Bruno Latour, ou então indique um site onde eu possa encontrar alguma obra dele, de preferrência esta que ele trata da modernidade.

    Grato

    #78128

    Caro Torre Norte: Eu, só recentemente me dei conta deste tal pos-moderno, portanto ainda o estou “digerindo”. De fato, tive este contato através da obra de Imannuel Walerestein, O Fim do Mundo como o Conhecemos. Este livro, assim como outros, poucos livros e autores que vou citar, a seguir, emprestei a um amigo meu que vive em outra cidade para sua tese de doutorado. Explico isto, para dizer que no momento não tenho aqui comigo o nome dos livros e editoras, mas pretendo providenciar. Quanto ao Nous n´avons pas jamais eté modernes de Latour, há tradução em português(que resumo mais adiante). Mas no Brasil, há um autor que tem escrito muito bem sobre isto que é Jair Ferreira dos Santos, inclusive, este tem link na internet(se vc não conseguir eu vejo, com calma , mais tarde)
    A obra fundamental é de J. François Lyotard que não li, apenas conheço referências. Há vários outros, como Fredric Jameson. Um livrinho legal, que está com este meu amigo, de um autor com nome impronunciável(acho que é indiano), consegue fazer um resumo bem palatável do pos-moderno, pos-modernismo(vou conseguir , para vc, o titulo exato).

    LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos; ensaio de antropologia simétrica. (1991) Rio de Janeiro: editora 34, 1994. Trad.: Carlos Irineu da Costa.

    Desculpe a minha desorganização. Colo a seguir um texto sobre Latour que “peguei “ na net , mas não lembro o autor. Tomara que ele não se ofenda por essa apropriação. Abraços

    >Porém, resgatando o essencial do pensamento antropológico de Latour para o contexto teórico contemporâneo, o que poderíamos dizer sem medo é que sempre fomos ciborgs. Sempre utilizamos de artifícios diante do mundo, de ferramentas desnaturalizantes, de instrumentos e máquinas como extensões mecânicas do corpo. O homem se desnaturalizou através de seus apetrechos mas não há nada de 'moderno' ou de 'ocidental' nisso. Mas só agora, após a contracultura e a planetarização, é que assumimos nossa simbiose e nossa hibridez.<

    #78129

    Fernando,
    Valeu pelas indicações, irei fazer uma breve pesquisa, pois como disse o Márcio, tb não sou muito eclarecido neste tema.

    Breve voltarei a adicionar mais elementos a este debate, por hoje, para complicar diria que conheço um professor que argumenta que ainda estamos na transição do feudalismo para o capitalismo.

    #78130

    Amigo 105 Torre Norte! Tua colaboração tem sido muito boa. Espero que o Marcio volte a colaborar, assim como outros. Eu ando meio atarefado e com alguns poucos problemas familiares, mas acho que, em breve, poderei trazer mais informações. Quanto ao prof, que acha que ainda estamos na transição entre o feudalismo e capitalismo, eu, mesmo, sem ser historiador, economista, etc, acho que é forçar muito a “barra”. Já em sua época, Marx viu que o capitalismo já havia invadido quase todo o mundo. Hoje,então, acho que o capitalismo que tem passado por essa fase neo-liberal,tardia, pos-moderna, pos-fordista, era de informação, sei lá como podemos , melhor, classifica-lo, já se cristalizou está a modificar-se, mas entendo que o feudalismo, possa, no máximo existir de forma , muito pontual,marginal, sem maiores expressões para ser digno de consideração.O que já ví de mais interessante é um certo Alain Minc que fala em uma nova idade média, devido a tendência de colapso dos estados nesta globalização,a existência de getos , algo isolados, ao banditismo que contamina todas as sociedades e outras coisas. A sua obra é A nova idade média, tradução do françês, acho que Le neuf moyen age.Enfim…sempre se pode enfocar a questão sobre vários aspectos. Abraços

    #78131

    Sebhores,

    Fernando, Márcio, e visitadores.

    Assistindo a uma áula do professor Dr. pela UFBA, Paulo Santos Silva foi aprsentado elementos que seriam interessantes analisar dentro desta questão da modernidade ou pós modernidade.

    A Modernidade teria nascido das entranhas da Revolução Industrial, as inovações tecnológicas e relações de trabalho, outrora feudais, avanços na produção agrícola. etc. A Indústria era o ponto de referência, alí ocorriam as modanças tecnológicas que por sua vez acarretariam em mudanças sociais. Hoje a Indústria perdeu este papel, não é mais o referencial tecnológico, mas sim os laboratórios químicos, físicos, empresas de tecnologia da informação, a biotecnologia, ou seja, um ambiebte extra-indústria e mesmo que o produto final destes centros tenha seu destino final na indústria, esta já não é mais a força motriz. Estariamos na era pós-industrial, pós-moderna!

    O que caracteriza a modernidade no ämbito sociológico? A luta de classes – Operário X Burguesia. Com a supressão da modernidade o ator operário sai de cena, abandona o postro de principal agente de mudanças sociais. E Marx não seria suficiente ou capaz de explicar mais a pós modernidade. Caberia aos pensadores contemporäneos formularem novas teorias de explicação dos fenômenos sociais.

    E agora?

    #78132

    Sres.
    Estou precisando fazer um trabalho de filosofia cujo o tema é o seguinte: “Toamando por base a violencia atual analise a sociedade brasileira a partir dos temas trabalhados”

    Temas: Problema, Ideologia critica, Atitude critica, Dialetica, Reflexão.

    Se puderem me ajudar ficarei muito grato.

    #78133

    Pois é Torre Norte, eu já havia colocado na mensagem inicial, que a colocação dos pos-modernos sobre não estarmos mais em uma sociedade industrial, traz problemas ao conceito do conflito proletariado X Burguesia. Mas sempre irão existir problemas, ainda mais que o saber marxista pertence ao campo das ciências sociais que não são ciências exatas. Os experimentos dessas ciências, têm que ser comprovados não em um laboratório, restrito, mas na própria vida, no laboratório social. Todos sabem que mesmo as ciências exatas, têm problemas, e volta e meia, paradigmas são quebrados. Veja o caso da física Newtoniana, que é, em forma mais geral contestada pela física quântica. Todavia a física clássica newtoniana, continua sendo de aplicação prática em 99% dos casos, digo isto como engenheiro. Mas afasto-me do assunto. Tenho que ser modesto, uma vez que a minha formação, não me garante ser um contestador tranqüilo destas teses, mas veja, que estes pos-modernos, também, “viajam” muito. Vários pensadores sofisticados contestam, muito esta visão de sociedade pos-industrial. Todavia podemos dizer que as modificações que existiram no mundo do trabalho, dificultam bastante(mas não impedem) a organização dos trabalhadores. Primeiro que ha uma intensa automação, coisa que reduz o número de trabalhadores, depois as empresas, hoje em dia evitam as grandes corporações, subdivindo-se em empresas menores, ou abusando da terceirização. Ainda, parece que já se decidiu que uma parte da população não mais produzirá mesmo, todavia esta não forma necessariamente o clássico exército industrial de reserva, mas sim fica na permanente exclusão, sendo a sua eventual violência canalizada para o crime e todo o tipo de conflitos étnicos. Todavia persistem os trabalhadores, sejam empregados em fábricas, sejam os terceirizados,sejam os que atuam nos setores de serviços. A coisa tornou-se, algo, mais difícil, uma vez que a classe trabalhadora/operária tornou-se algo difusa. Isto dificulta, mas não impede a organização, a luta. Por outro lado, há um certo renascimento intelectual, usando os novos meios de comunicação, como a internet. É o que , modestamente, estamos fazendo. Mas sabemos que os conflitos continuarão, a questão é tentar organizá-los. Se aceitá-se que não há mais possibilidade de luta, ela prosseguirá, mas desorganizada e até mais cruel e bárbara. Destes conferencistas, acho que devemos aceitar a questão que deve-se tentar repensar muita coisa, mas não negar o marxismo. Não é o caso de fazer-se, sempre, uma exegese dos textos marxianos (embora as vezes isso seja necessário), pois não somos crentes empedernidos,mas temos que colocar algumas questões, não tão presentes na época de Marx. Isso, I. Wallerstein e outros pensadores já vêm fazendo. I.W, coloca a questão da ecologia/poluição (já mencionei, isto em outra postagem), mostrando que a saída não está na propriedade privada dos grandes meios de produção. Por outro lado citemos dois intelectuais marxistas brasileiros: Jacob Gorender e Ricardo Antunes. Gorender em seu recente livro Marxismo sem utopia, quer abandonar o conceito da classe trabalhadora, dizendo que ela nunca foi revolucionária, mas deixando a possibilidade de que outros trabalhadores, não industriais se organizem. Isto foi muito contestado, por outro historiador, menos conhecido, militante do PSTU, Valério Arcary. Já Ricardo Antunes, um dos maiores especialistas no mundo do trabalho, prefere em lugar do termo operário, trabalhador,o termo: “aqueles-que-vivem-do trabalho”. Enfim, há algumas questões, mas há muito exagero, dos pos-modernos, quanto ao fim do trabalho industrial. Tu que o digas que, dignamente, trabalhas em fábrica. Voltamos a trocar mensagens. Abraços e saudações socialistas.

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