Quem é o maior filosofo do século XX?

  • Este tópico está vazio.
Visualizando 15 posts - 16 até 30 (de 64 do total)
  • Autor
    Posts
  • #71176

    Parece que o pessoal deste fórum estaria a-fim-de … nada-a-ver. Sobre a questão proposta “quem é o maior filósofo” parece que nada se corresponderia, proposta e mensagens.
    Seja por desinteresse ou seja por desentendimento, a participação (R/O/V/A/H/E/N/I) ensejou “responder” como se tratasse de joguinho-de-memória ou palavras-cruzadas ou verificação-pra-vestibular!

    Amostra de cabeças pensantes, provavelmente graduadas oriundas de vários centros de pensar, daria mostra do que campearia por aí relativo quanto pensar antes de mensagear.

    Para dar uns trancos-de-memória, eis texto da Folha de 26/05/02: “O mito da USP está chegando ao fim? […] Poucos alunos ainda alimentam a idéia de que a USP é um centro de excelência […] salientam as sofríveis condições de ensino na USP […] assusta e degrada tudo, tantas greves e paralisações […] os professores se aposentam pela USP e vão lecionar em faculdades da rede privada …”. Já com um livro “OImbecilColetivo”, o professor Olavo de Carvalho, ousadamente para a época, há mais de uma década atrás, alertou para previsível “morte anunciada” para USP, onde tudo estava num decair como um rolar-ribanceira-abaixo.

    A imagibnação geral é de que todo indivíduo, que entre num fórum intitulado “Questões sobre Filosofia em geral … Quem é o maior filósofo do século XX?”, esteja propenso a entabular, a fazer fluir, a sustentar vaivéns com altos e baixos. Estaria bem dizer que “filosofar tem início mas não tem nem meio nem fim”.

    Mas neste fórum dá para ver que nem chegou a ter início (nem entenderam a proposta no título!), mas já estava com meio e fim! Exatamente o oposto de uma atitude “filosofar”! Mas o cabeçalho do fórum está bem elaborado, sugerindo “questões de filosofia”, desligada de respostas/soluções.

    Este fórum travou bem num estilo típico “parar antes que venha a funcionar” que se encontra em meios universitários “muitos sabidos” em corpos de docentes, coordenadores, adminstradores, eternos no poder.

    Uma dezena de pensadores citados: Heidegger, Popper, Kripke, Todos São Maiores, Wittgenstein, ZUBIRI XAVIER, Sartre, Nietzsche.
    Se tudo correr numa boa, é provável que num período maior de tempo outras dezenas venham a ser citados. O fórum então terá perfeito um cânone dos “melhores”. Grande feito!

    Talvez tenha sido esse estilo de encarar as oportunidades a dar-sopa diante do nariz, e desaproveitadas, que motivou um dos poucos pensadores brasileiros – daqueles que ficam furiosos com a inépcia! -, a chutar-o-pau-da-barraca relativo à coisas transmitidas como se num pódio-de-saber, de panelinhas de caras-de-pau, que vicejam por aí, que só se prestam a servir de foco-de-dengue-se-pensar.

    #71177

    Mario

    As mensagens estão desconexas entre si porque a disposição original não era essa. Cada filósofo tinha seu próprio thread, onde foram mandadas as mensagens. Mas como não estava funcionando bem nesse esquema, juntei todas nessa página e ficou um painel de mensagens, cada um com sua opinião, ao invés de um fórum de debates. Especificamente para esse caso é a solução mais adequada.

    Quanto, ao resto, é lamentável.

    O artigo oportunista de Dimenstein da folha traz uma série de imperfeições, além de ser tendencioso e mal intencionado. Ele se aproveitou na greve dos estudantes da FFLCH-USP para destilar seu recalque contra a Universidade. Diz, por exemplo, um absurdo: que a USP tem aparecido no jornal mais por causa das manifestações do que pela sua produção científica. Qualquer levantamento colocaria essa hipótese como incorreta.

    Ele fez uma pesquisa em “colégios de elite” em São Paulo para argumentar que a USP não é mais primeira opção, devido a sua crise. Os filhos da classe média alta estariam preferindo as “universidades-empresa”, onde “muitos professores da universidade pública vão quando se aposentam”. A USP é um centro de excelência na América Latina, dentro do sistema de ensino superior público brasileiro. O problema é que ter um país produzindo conhecimento científico e oferecendo ensino público, gratuito, e de qualidade para todos não atende aos interesses do governo neoliberal nem do capitalismo especulativo internacional. Existe um plano de metas do BID para o ensino superior brasileiro. Eles não querem que se forme pesquisadores, mas sim profissionais de mercado, a toque de caixa, para apenas absorver e reproduzir o que é produzido lá fora em termos de tecnologia e conhecimento com aplicações econômicas, de mercado. Daí o desmonte da universidade pública. A faculdade de Filosofia, Letras, e Ciências Humanas da USP tem resistido duramente a esse quadro, e é uma das mais sofridas. Estatísicas mostram que ela tem 20% dos alunos da Universidade e e apenas 7% dos professores. A verba destinada também é baixa. Não há contratação de professores. O curso tem mais alunos, e menos professores do que há 10 anos. Isso porque não é orientada para profissionais de mercado, mas sim para pesquisadores e professores. O desmanche se reflete no curso de letras, estopim da greve, que virou uma espécie de secretariado bilingue, e onde o curso de japonês fechou porque não há contratação desde 1988.

    A movimentação da greve tem sido feita para chamar a atenção da mídia e da sociedade, mas infelizmente figurinhas comprimetidas, como o sr. Dimenstein, já se aproveitam disso para jogar o movimento contra seus propósitos e decretar a morte precoce da universidade pública.

    Quanto as metas, gostaria de lembrar recente episódio do IMF na Argentina, que exigiu, para ajudar os argentinos, que o Congresso revogasse uma lei de 1974 que permitia investigação imediata de casos de corrupção, pois isso causaria insegurança jurídica nos investidores.

    #71178

    Mario

    Por que assinar o fórum com tantos nicks diferente? Por que não registra seu nick usual e usa apenas este?
    Eu tenho apenas dois nicks, registrados. Está bom né?

    #71179

    Enfim… (tb eu nao vou citar mais um nome)
    dando sequencia as msg do Mario e Miguel:

    O que foi relatado da USP pode aparecer mais como um “termometro” para o ensino superior de nivel academico no Brasil do que uma mera exceçao. Ou nao?

    Greves, paralisaçoes e descaso do governo para com a area de ensino sem duvida tem seu papel importante para compor o quadro.

    Mas, é tudo o que se há para dizer? Ou, mesmo no caso mais especifico da filosofia, o filosofo vai mais uma vez se calar e dar todo o espaço e palavra para um sociologo, economista, politico, psicologo, jornalista, ou vendedor de pipoca se pronunciarem? Nada contra. Tambem o cientista, social ou nao, poderia ter algo importante a acrescentar. Mas cada vez mais a filosofia vai sendo colocada a margem por nao ter nada a dizer, ou por incapacidade (nao creio!!), ou por o que? Timidez? Falta de convicçao? Medo (do confronto com a absoluta ciencia “absoluta”)?
    [Aqui mais para acordar o gigante. Tomara! Que nao seja como o mago de Oz. Citaram até o Olavo de Carvalho como o maior do século… entao nao cai mal ser um tanto espalhafatoso]

    O modo como a filosofia caminha no meio academico deixa espaço para que tipo de filosofia?

    Para muitos “filosofos”, a metafisica entrou em crise. Agora se pode ser metafisico com qualquer tipo de metafisica. Ou alguem ainda acha que trabalha sem uma? O pior é que acha! [só para recordar, se fala de metafisica do ser, do sujeito. Fala-se “da linguagem”? Há campo para muitas]
    A questao dos pressupostos! Se quiser saber como pensa alguem, olhe para aquilo que ele nao pergunta!

    Um cientista (de um tipo) nao pergunta se o experimento que ele faz pode ou nao dizer algo sobre a realidade, ele colhe os numeros e trabalha com eles. Quem achar que isso é O conhecimento, entao nao entendeu nem vai entender nada sobre filosofia.

    Filosofia é financiada por bolsas de pesquisa. Tente pesquisar sobre alguma questao mais generica e veja se consegue a bolsa. Proponha depois discutir o paragrafo X, linha Y, da obra Z do filosofo F, em relação com a semiotica do texto comparado de N, e vc talvez tenha mais chances. [nao que isso nao seja importante, mas… ]

    Filosofia abria o horizonte, ciencia era mais especifica. É uma das interpretaçoes possiveis. Hoje isso nao acontece mais. Os departamentos nas universidades parecem guetos. Há os nietzschianos, os hegelianos, os jacobinos, os marxistas, os revoltados, os sei-lá-o-que… E ai daquele que falar de algo que nao se encaixe na ideologia vigente naquele departamento! Outros filosofos estao proibidos. Se forma filosofos ou se doutrina discipulos?

    Enquanto isso, vemos fisiologistas, neurologistas, psicanalistas e mais quem se achar capaz se manifestanto sobre tudo: direito, moral, conhecimento etc. Epistemologia passa longe.

    No caos entao aparecem os filosofos de boteco. Se na universidade nao se faz filosofia, entao o melhor professor é o manual de auto-ajuda.

    E a filosofia chora!

    #71180

    Walace

    Gostei da sua mensagem. Mas você desenvolveu um problema paralelo ao da crise do ensino superior.

    O modelo de faculdade de filosofia prediminante tem recebido muitas críticas, como essas que vocês elencaram. Desde Oswaldo Porchat até Olavo e os olavetes. O paradigma vigente é que não se pode ensinar filosofia, apenas História da Filosofia. O aluno, então não é incentivado a tomar posições próprias, mas apenas a analisar obras de “grandes filósofos” e trechos de obras. Essa é uma questão muito difícil. Eu pessoalmente penso que se deve ensinar inicialmente história da filosofia, ela é sempre necessária; a partir daí os mais empenhados podem expressar algo próprio. Senão cai-se o risco de subutilizar conceitos, dizer o que já foi dito, separar um debate sobre um tema da tradição, e daí já não há mais nada de filosofia.

    A solidificação e o aumento de uma rotina acadêmica envolve esse aspecto da produção de teses. Cada professor tem sua pasta, um tema específico, e são bem divididas as competências de cada um. Os alunos são mesmo obrigados a se ater a um autor específico, devido o alto grau de especialização exigido para se fazer algo aproveitãvel dentro da filosofia. Assim as teses sobre o conceito Y do autor X na obra N. O grande risco que isso gera é da espiral que dá volta sobre si mesmo: a filosofia perde seu diálogo com a sociedade, e a academia fecha-se na torre de marfim, e as teses tem sua importância reduzida. Além disso, há a formação de panelas que colaboram entre si e recusam a aceitar outros membros.

    Mas o debate especializado dentro da academia, ao meu, ver é necessário. Lembremos dos esotéricos e exotéricos. O problema é que o debate não é desinteressado. Mas ao mesmo tempo nós temos tido um crescimento espantoso da filosofia fora da academia, a popularização. O grande risco disso é aquela macdonaldização da filosofia, ou seja, o sujeito lê um livro de resumos e acha desnecessário o labor filosófico. A especialização traz também profundidade, e algumas questões da filosofia muitas vezes demoram anos para serem entendidas. O que é errado é a empáfia.

    Eu discordo que os filósofos tem se omitido do debate diante dos outros profissionais. O papel do “filósofo” profissional tem sido o de uma intervenção cultural, não somente para esclarecer quando conceitos da filosofia são indiscriminadamente usados (como a ética). Alguns filósofos não tem medo de assumir posições e criar um pensamento próprio. E esse aspecto mais externo do pensamento está cada vez mais acessível para aqueles que se dispuserem a buscar entendê-los. Temos artigos de filósofos em jornais, revistas culturais, internet, e mesmo na TV. Temos participações em cafés culturais disponíveis para todos e palestras públicas, como a da Marilena Chauí na Bienal, na qual não consegui entrar por estar lotada.

    é isso

    #71181

    Oi Miguel,

    Interessante o que vc colocou. Concordo com vc em genero, numero e grau qt à necessidade do aluno estudar e aprender a historia da filosofia! Qt a isso, nada a acrescentar. Dizer o contrario seria como que querer nao ensinar cálculo para um aluno de matemática, na esperança de que a “pura criatividade” dele vá resolver tudo. No melhor dos casos, ele ia reinventar a roda, qd nao fosse equipar seu carro com um octagono no lugar dela. Alguns talvez se contentassem até com triangulos.

    Qt aos filosofos terem muito espaço para se manifestar, já acho que nao posso concordar. Os poucos que conseguem, sao as exceçoes que confirmam a regra. Pensei, de imediato, no caderno Mais da Folha, que tem divulgado artigos bons. Mais um ou outro espaço, talvez. Mas nao creio que digo algo tao estranho assim qd falo do velho problema da “utilidade” da filosofia, ou até da competencia da mesma, para tratar de assuntos que dizem respeito ao dia a dia das pessoas. (Só recordando. Evidente que nao defendo essa posiçao.) O positivismo pode ter morrido como posiçao filosofica – e morreu até tarde – mas ainda impregna a mente de muitos no que diz respeito a um preconceito para com a filosofia. Outros departamentos – historia, psicologia, biologia, fisica etc – se acham plenamente competentes para se manifestarem sobre tudo e todos, sem consultar qualquer filosofo que seja, mesmo qd fazem afirmaçoes de cunho filosofico (e geralmente, alias, fazem má filosofia). Se vê isso com frequencia, exemplos nao faltam: neurologistas falando de etica, biologos falando de metafisica, fisicos falando de epistemologia. Cada vez mais a fronteira entre filosofia e ciencia fica confusa. Mas, enquanto os cientistas se julgam capazes de filosofar, com a outra parte é mais dificil a aceitaçao.

    Qt ao ensino da filosofia, há mesmo algumas antinomias. Isso vem desde Kant e Hegel. Filosofia pode ser ensinada? Para Kant, nao, para Hegel, dava até a forma/conteudo. A pergunta por si só já coloca em questao o que se entende por filosofo. Derrida tb tratou da questao, de outra poderia ser interessante colocar aqui as antinomias que ele enumerou. Por hora, nao há necessidade.

    Nao sei se discordo do que vc disse. Acho que nao. Entao apenas chamo a atençao para uma outra face da figura.

    []´s

    #71182

    Olá Né.
    Há muitas instituições que operam com centenas de computadores, e é comum através de um único link via ADSL, disponibilizar intranet e internet, facilitando ambiente com interatividade em profusão. O participante do fórum “Mário” mensageia com idéias e intentos de Mário.

    #71183

    Para Miguel (*).
    1. Tá, que seja “oportunismo” estilo malícia do mídia, mas quer-se dar destaque de que apareceria na mídia um corroborar atrasado “de âmago”, identificado e alardeado por Olavo de Carvalho, há anos atrás. No fórum Olavo de Carvalho, texto de maio/1996, consta: “[…] Para oimbecilcoletivo, tudo o que não possa ser confirmado pelo testemunho unânime da intelligentzia simplesmente não existe. Compreende-se assim por que o mundo descrito pelos intelectuais é tão diferente daquele onde vivem as demais pessoas, sobretudo aquelas que, imersas na ilusão do poderio total da consciência autônoma, acreditam no que vêem em vez de acreditar no que lêem nos livros dos professores da USP …”. No decorrer dos anos tudo seguiria num desandar bem estilo imbecilcoletivo.

    2. O que teria se passado daquela época até hoje? Eis um extraído da matéria dominical 02/06/02, de Elio Gaspari, entrevista com cirurgião-chefe da Rede Sarah de hospitais, Aloysio C. da Paz:
    “O contribuinte recebe em serviços a contrapartida dos impostos. Se você abdica desse direito, o serviço apodrece. Foi assim que apodreceu a educação e é assim que apodrece a saúde. Os melhores médicos do Brasil são funcionários públicos. Como é que se entende um hospital com grandes médicos e um mau serviço?”

    3. Pelos trechos acima destacados, o modo de formar do Brasil – estado supre escassez de capacitores mas não de capacitâncias -, as instituições públicas de ensino/ pesquisa/ atendimento social, necessitariam estar racionalizadas ao máximo (muitas assim se encontrariam), enquanto como ciências positivas: médicas, industriais, jurídicas, econômicas. Porém, principalmente na Filosofia e Artes, poderia haver um espírito obstinado pelo empírico ao máximo, de provocar choques filosóficos e de concepções, claro que choques sem hecatombes!

    4. Mas surge da noite por dia, num fórum de filosofia em geral, isto: “O problema é que ter um país produzindo conhecimento científico e oferecendo ensino público, gratuito, e de qualidade para todos não atende aos interesses do
    governo neoliberal nem do capitalismo especulativo internacional.

    Quer dizer – o texto “quer dizer” -, que não há “partida” pois há “o problema é que …”. Todo mundo sabe que filosofar significa num primeiro momento, sair à cata de problema, no caso de inexistir problema. E num segundo momento, com o problema al alcance, tudo fazer no ataque ao problema. Mas eis que no fórum é privilegiado um anunciar de “o problema é que …”! Mas ao mesmo tempo que um anúncio anuncia o problema, aproveita da chance e também o resolve! Dizer “incrível” é dizer pouco!

    5. Questões antecedendo “problema é que …”:
    a) país estaria a produzir conhecimento que atenderia quais padrões/vetores?;
    b) o grau de cientificidade atenderia quais propósitos?
    c) ensino gratuito em alavancaria até quais patamares de qualidade?
    Sem tais mínimas condições iniciais aventadas, estaria mal abordado o segmento “interesses do governo liberal …”, estaria para o “filosofar” sem raciocinar com desenvolturas.

    (*) relativo à mensagem “Enviado em Sábado, 01 de Junho de 2002 – 4:19 pm:”.

    #71184

    [Nota: o “Mário” de mensagem anterior agora passa a ser Mário Augusto A.]

    Inicialmente duas matérias-mídia pinçadas.
    I) “A FFLCH da USP pode estar vivendo a maior crise de sua história; a média padrão é de quatorze estudantes para um professor, na FFLCH está na relação 35 para 1; qual é o raio-x dessa universidade hoje? A Folha sempre se relacionou de modo benéfico com a USP, agora está se omitindo”.
    (FSP, 02/06/02, “Como vai a USP”, ombudsman)
    II) “A crise na USP/Unesp/Unicamp está no modêlo acadêmico caro; é preciso pacotes pedagógicos com outra estrutura”.
    (FSP, 03/06/02, ex-professor USP sociólogo Simon Schwartzman)

    Em mensagem neste fórum, 01 de Junho de 2002 – 4:19 pm, consta:
    “A movimentação da greve tem sido feita para chamar a atenção da mídia e da sociedade, mas infelizmente figurinhas … jogar o movimento contra seus propósitos e decretar a morte precoce da universidade pública”.

    Eis o que dá para discorrer:
    a) greve só paralisa e gera atrasos e recuperações fajutas;
    b) não chama a atenção de coisa alguma (mídia anda à cata de coisas que repercutam);
    c) greves estão como “nuvens” que aparecem e desaparecem sem deixar nada;
    d) grevistas diante dos turbilhonamentos paulistas/nacionais, são meras gotas no oceano;
    e) o propósito grevista está coisa despropositada, ultrapassada, o furo é muito mais embaixo;
    f) nada de “morte precoce” pois já há mais de década que a crise está “anunciada” por pensadores nacionais;
    g) todo mundo estaria careca de saber disso tudo aí, não haveria “nada de novo no fronte”.

    Ainda está para aparecer alguma mente brasileira que defenda “universidade pública, gratuita” com alguns precisamentos, pois o lenga-lenga estaria ainda com recorrer a induzimentos poídos/gastos.
    No ensino privado funciona a bolsa-de-estudo a pleno vapor, cujos posteriores retornos aos cofres permitem aplicar em novas bolsas, tal como manda figurino do circular do dinheiro. Um curso de graduação profissional é um bem econômico que deve ser comprado, e pago parceladamente graças performance pessoal desenvolvida junto à coletividade.

    O estudante da atualidade, que pleiteia ou já usufrui do ensino gratuito, não tem idéia nem interesse pró des-novelar a questão da gratuidade. Em geral o raciocínio comum é assim “sempre houve até agora, pô; qual o motivo para descontinuar logo que chega a minha vez?”. Ou seja, atitude típica tô-na-minha-sô. E a mídia concluiu há muito tempo que tentar polemizar com tal assunto de gratuidade não gera marola nem ensurdece, está assunto que só desperdiça.

    O curso de filosofia ensina História da Filosofia, tal como deve fazê-lo.
    Os cursos todos ensinam suas histórias específicas: medicina, física, artes, …
    Mas estudar a história não significa se prender à história. Na Física há o estudo sobre Newton mas ninguém se fixa a ser newtoniano, estuda-se Galileu mas ninguém se anuncia galileano, estuda-se Picasso mas nada a ver com picasseano.

    Entretanto na filosofia há aristoteleano, platoniano, hegeliano, popperiano.
    Ainda surgem fóruns “Quem é o maior filósofo do século”!
    E também há filosofia “da usp”, “da unicamp”, “da puc”!

    O Brasil a andar de modo trôpego, sobrecarregado de rotos e rasgados, e os cursos universitários parasitando com “… governo neoliberal nem do capitalismo especulativo internacional. Existe um plano de metas do BID para o ensino superior brasileiro … episódio do IMF na Argentina”.

    Para filosofar – muito bem identificável junto a todos os filósofos -, ocorre um compulsório (obrigatório, inevitável, exigível) instalar de divisores entre circunstâncias e contextos e cernes. Caso tal delimitar não for priorizado , nada está feito quanto à atividade de filosofar.
    A mensagem já citada no início deste texto procede como uma “máquina misturadora” que produzirá mixórdias: não atenderia ao requisito primordial para um atuar filosófico.
    E um concluir gabaritado seria de afirmar que a USP estaria usada-e-abusada, meramente como biombo, serviria de alvo por parte de mídias, grevistas, ex-professor; e serviria de plataforma para mestre Chauí que não filosofa nunca de nunca – ou historia ou politiza ou energiza ou fascina ou tautologiza!

    #71185

    aduem – Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá
    Rua Professor Itamar Orlando Soares,
    305 – Jardim Universitário
    CEP 87020-387 – Maringá – PR – Fone:-(044) 224-1807 – e-mail: [email protected]

    OS IMPASSES DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

    ANGELO PRIORI

    Recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um relatório sobre o sistema de ensino superior que demonstra como esse organismo internacional
    usa dados estranhos e alheios à situação da educação brasileira. Para o FMI, a universidade pública e gratuita beneficia em maior escala os filhos das famílias ricas em detrimento das famílias de menor renda. E
    tendo isso como verdade, propõe a cobrança de mensalidades nas universidades públicas brasileiras visando a desoneração dos gastos do Estado com ensino superior e uma melhor aplicação desses recursos no ensino fundamental e médio. Sobre esse ponto, ou os técnicos do FMI estão desinformados ou estão querendo perpetrar uma idéia sem nenhuma discussão. Segundo dados da Associação
    Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado (Abipeme), 44,3% dos alunos que estudam nas universidades federais pertencem às faixas C, D ou E da escala de rendimento. Nas universidades estaduais paulistas o quadro
    não é diferente. Na USP, Unicamp e Unesp, 63% dos alunos são oriundos da escola pública e têm renda familiar entre 2 a 13 salários mínimos.
    O mesmo perfil pode ser verificado no Paraná: 57% dos estudantes das universidades estaduais têm renda inferior a dez salários mínimos. A porcentagem aumenta consideravelmente nas 11 faculdades mantidas pelo erário paranaense. Está certo que hoje as universidades públicas vivem um grande impasse e uma profunda crise. Prejudicadas pelas medidas econômicas de ajuste fiscal,
    tanto no âmbito federal como estadual, os investimentos nas universidades tem sofrido constantes cortes, seja para financiamento de pesquisa, seja para os custeios das atividades básicas de ensino. Para se ter uma idéia, o que o governo do Estado repassa para as universidades paranaenses dá apenas para pagar os salários de professores e funcionários, que aliás
    estão defasados em 49,59%. Estamos vivendo um verdadeiro sucateamento do setor público, com destaque para as universidades, imposto pela política neoliberal e pelas medidas excludentes do Fundo Monetário Internacional,
    que é incansável em desmontar o patrimônio de países do hemisfério sul.
    O que nos deixa preocupado é que no
    momento em que o mundo observa um importante crescimento da demanda da educação superior, acompanhada de uma grande diversificação da mesma,seguida de uma tomada de consciência da necessidade fundamental que esse tipo de educação proporcionará para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico e para a construção do futuro, as políticas colocadas em prática por nossos governantes caminham em sentido contrário, comprometendo o
    futuro de nossas universidades e faculdades e dos institutos de Ciência e Tecnologia. Os
    cortes orçamentários, o arrocho salarial e o sucateamento das instalações de salas de aulas, bibliotecas e laboratórios colocam em risco o patrimônio científico, tecnológico e cultural que tanto custamos a construir, bem
    como a alta qualificação dos nossos recursos humanos. A indefinição de políticas claras para o setor da Ciência, da Tecnologia, da Cultura e do Ensino Superior e o clima de incerteza que hoje vivem as universidades estão tendo um efeito devastador nas comunidades científicas brasileira e
    paranaense.Agora, quais são as políticas públicas em execução para inverter esta situação? Praticamente nenhuma. Como
    nos afirma o cientista social Renato Ortiz: “Um país sem uma universidade forte abriu mão de sua própria dignidade, da capacidade de ditar seu próprio destino”. A mediocridade de uma parte de nossos políticos
    e a miopia de muitos dirigentes de universidades contribuem para isso. Mas
    apesar disso e do arrocho salarial imposto aos docentes e funcionários das universidades e, exatamente contra isso, é que nós professores continuamos na árdua tarefa de produzir ciência, tecnologia, cultura – enfim, conhecimento.

    Fale com a Aduem: [email protected]
    Críticas ou sugestões ao site? [email protected]

    #71186

    transcrição de alguns trechos da professora Marilena Chuai que podem ajudar nos debates deste fórum.

    DEMOCRATIZAÇÃO NÃO PODE SE CONFUNDIR COM MASSIFICAÇÃO
    Entrevista: MARILENA CHAUÍ

    “NoBrasil, as universidades têm tomado a forma de pequenos guetosauto-referidos, internamente fracionados por divisões políticas edesavenças pessoais”,
    Entrevista
    – Você diz que a universidade brasileira é uma prestadora de serviços,administrada como uma montadora de automóveis ou uma rede de
    supermercados. Mas ninguém está satisfeito: as empresas se queixam daformação deficitária dos profissionais; os alunos estão insatisfeitoscom o pouco prestígio dos diplomas e as incertezas do mercado. A quem
    agrada o modelo universitário atual, afinal de contas?
    – A ninguém. Esse modelo é um equívoco porque a universidade não temessa função e por isso não pode agradar a ninguém. A universidade não éuma escola técnica profissional voltada para os interesses imediatos do
    mercado. Essa não é a natureza da universidade. A universidade tem como
    destinação no conhecimento a realização de pesquisas a longo prazo.
    Então ela não satisfaz as empresas e nem realiza expectativa nenhuma. Éum grande colegial avançado. Um modelo operacional que é sobretudo umprocesso destruidor.
    – O modelo das universidades brasileiras pode ser comparado a algumoutro no mundo que tenha semelhantes característi cas?
    – Ele é, na verdade, uma mescla de modelos europeus, como o francês eo alemão. Depois, a partir da ditadura, houve a superposição do modelonorte-americano, sobretudo nas grandes universidades públicas, criando
    com isso um perfil híbrido e não definido. A tradição formadora que auniversidade tinha se inverteu ao se acoplar o modelo americano, nãohouve como efetuar o ajuste. Isso no que se refere às grandes
    universidades federais. Por outro lado, há uma ausência de modelo e deperfil para a enorme maioria das universidades públicas brasileiras e,em particular, as universidades privadas, que não têm nenhuma vocaçãopara a formação. Elas não formam professores e nem pesquisadores,
    lançando às toneladas no mercado de trabalho pessoas totalmentedespreparadas.
    – Qual a principal característica das universidades na Europa e nos
    Estados Unidos?
    – Na França e na Alemanha, são as universidades de formação. Inserem-se em um contexto histórico-cultural amplo, no qual não há uma separação rígida entre as humanidades e as ciências duras e são voltadas àgraduação e à pós- graduação. Enquanto isso, o modelo americano não sepreocupa com a formação e sim com a preparação para um estágio superior
    do trabalho universitário. Então, a graduação é altamente escolarizada.
    – Existe algum modelo universitário que poderia ser copiado pelo Brasil?
    – Não, cada universidade está ligada a seu contexto histórico-cultural e
    deve criar seu próprio modelo.
    – Mas existe um modelo a ser privilegiado?
    – Eu privilegio as universidades formadoras que não escolarizam aeducação, nas quais a formação deve trazer o conhecimento crítico e apesquisa não é fragmentada e dissolvida em minúsculas questões que fazemcom que o pesquisador não venha a produzir conhecimento e saber novo.
    – Você citou os exemplos da França e da Alemanha. E lá, os modelos são
    bem sucedidos?
    – Não. O neoliberalismo não deixa nada intacto. As universidades lá também estão sendo destruídas pelas determinações do mercado. Nada
    escapa a esta máquina de barbárie.
    – Você escreve que o diálogo dos estudantes não é com os professores,mas com o saber. Os professores devem ser mediadores desse diálogo e nãoseu obstáculo.
    De que formas eles emperram essa comunic ação?
    – O diálogo principal não pode ser com o professor, que apenas deveassegurar a mediação do diálogo. Isso porque o professor não éproprietário do saber, que é sempre um lugar vazio. Os alunos, então,sentem-se capazes de ocupar esse lugar. Isso é o saber democrático. Omesmo acontece nas eleições. O poder pertence à sociedade e deve estar, como o saber, sempre vazio. A sociedade escolhe alguém para a mediação.
    Ninguém é senhor, rei, príncipe do poder. Com o saber, é a mesma coisa epor isso o diálogo deve ser estabelecido com o conhecimento e não com oprofessor.
    – Você escreve que a universidade perdeu sua finalidade ideológica,tornando-se uma instituição anacrônica, desvinculando também educação esaber. Neste processo, como ficam os pesquisadores que precisam de tempo
    e recursos para desenvolver o saber científico?
    – Os pesquisadores ficam muito mal. Ficam na dependência de agênciasfinanciadoras externas que determinam o tempo, a forma e o conteúdo daspesquisas. A pesquisa livre e independente, suscitada pelos problemas
    teóricos, fica sempre na dependência dos financiadores.
    – Você trata também das distinções existentes entre o professor e o
    pesquisador. Poderia comentar a respeito?
    – Como a graduação foi transformada em um colegial avançado, ela foi
    naturalmente desvalorizada. Por outro lado, foi dado um valor extremo àpós-graduação, que recebeu um prestígio desmesurado e absurdo. A partirdisso, há uma discriminação entre o professor que dá aulas na graduação
    e o que ministra na pós-graduação. Passou então a existir umahierarquia. Uma coisa típica do brasileiro. Isso não existe em lugarnenhum do mundo. Há que se dizer, no entanto, que na USP, pelo menos na
    área das humanidades, não posso generalizar, há o esforço de sevalorizar a graduação, evitando que a pós-graduação se transforme em
    fonte de prestígio e poder.
    – Você cita em seu livro uma série de indagações que os professores e os
    pesquisadores deveriam fazer a si mesmos para testar a qualidade de seutrabalho. Em seu entender, quais são os pecados capitais que amboscometem?
    – Não critico professores nem pesquisadores, mas os critériosquantitativos de avaliação existentes. Números não avaliam, apenas
    descrevem. A avaliação que está implantada atualmente não avalia nada. Éum questionário puramente quantitativo, baseado em números de estudantesorientados, artigos publicados, etc. É claro que os números também são
    importantes, mas há que se ter uma avaliação qualitativa, inclusive umprocesso de auto- avaliação para que os professores possam ser avaliadose avaliar segundo a qualidade do trabalho que estão realizando e o
    domínio da disciplina no qual trabalham.
    – Afirma-se que o governo vem distribuindo concessões para a aberturade faculdades particulares da mesma forma como se distribuía há algumtempo canais de televisão. Quais são as conseqüências a longo prazodessa política?
    – São basicamente duas. De um lado, o descrédito da universidade. Asociedade não vai distinguir as universidades, não vai pensar nelas comoum espaço crítico e formador. Não vai valorizá-la, se em cada esquinatem uma; por outro lado, haverá um rebaixamento da cultura nacional e um
    empobrecimento do pensamento crítico, além de um conseqüenteenfraquecimento da pesquisa, com a dependência da pesquisa estrangeira.
    Além, é claro, de um número enorme de mão-de-obra despreparada edesempregada. Não se pode confundir democratização com massificação.
    (Jornal do Brasil – 16/06/2001)

    Debate na Biental entre Bento Prado e Marilena Chuaí (resumo do que disse a professora)
    Filosofia por quê?
    ” Faz-se para a filosofia uma pergunta que não se faz para nenhuma outra manifestação cultural. A filosofia tem sempre de prestar contas de a que veio. Só isso já vale uma boa reflexão.
    E, normalmente, essa pergunta vem antes da pergunta que, se feita, poderia respondê-la: o que é filosofia? A pergunta “o que é” é a pergunta filosófica por excelência. E é curioso que justamente à filosofia não se faça a pergunta filosófica por excelência. A pergunta “por que filosofia” só faz sentido se perguntarmos “o que é filosofia”.
    Podemos marcar 3 grandes instantes em que se disse o que é a filosofia.
    Grécia: homem pode apenas desejar o saber
    Consta que Pitágoras teria dito que a sabedoria (no sentido de 'saber' e de 'conduta perfeita') pertence apenas aos deuses. E que os seres humanos, imperfeitos que são, seriam capazes apenas de desejar a sabedoria, de amá-la. Teria sido Pitágoras o inventor da palavra filosofia: 'filós', amizade, amor; e 'sofia', saber, sabedoria. Vem daí a certeza de que um filósofo não é sábio. O sábio deteria a sabedoria, enquanto o filósofo podia apenas aspirar a sabedoria, sabendo, como Sócrates, que sua única certeza é saber que nada sabe.
    Modernidade: filosofia justifica a ciência
    Com a modernidade, no século 17, com os pensadores como Galileu, Descartes, Bacon, Hobbes, a filosofia passa a ser definida de outra maneira. Vive-se um momento histórico marcado pelo capitalismo mercantil, e a idéia da conquista e de apoderação da natureza para dominá-la pelo conhecimento torna-se a marca da modernidade.
    A filosofia vai ser vista como aquele conhecimento capaz de oferecer a fundamentação do conhecimento científico, cujo objetivo é dominar e controlar a natureza. O conhecimento científico precisava ser racionalmente explicado, e como não poderia justificar-se a si mesmo, esperava-se que a filosofia o fizesse. A filosofia surge então como a justificativa teórica e racional de um conhecimento que pretende ser total e dominar a realidade.
    Século 20: filósofo é apenas testemunha de sua própria busca
    No século 20, os impasses da ciência, das artes, a precariedade das religiões, a idéia de uma revolução utópica política de libertação transtornam um mundo que parecia dominado, explicado e controlado.
    A filosofia se torna a busca da origem, causa e forma de todas essas crises no século 20. Merleau-Ponty dizque o filósofo é aquele que é testemunha de sua própria busca, que é testemunha de sua desordem interior. E é aquele que, como qualquer ser humano, vive semi-adormecido e semi-silencioso, passando à filosofia quando desperta e fala. Ninguém é portanto filósofo sozinho, e a peculiaridade da filosofia é ajudar fazer falar as outras manifestações do conhecimento. Só isso.”

    Debate de Marilena Chuaí com Bresser Pereira (resumo do que disse a professora)

    “Nós estamos impedidos de realizar o trabalho da docência, e os alunos estão impedidos de receber cursos universitários. O professor, a partir de um determinado momento, ano após ano, repete a mesma aula, porque não tem tempo de preparar outra. Mesmo porque ele vai ser avaliado pelo número de papéis, de livros, de notas de rodapé,de congressos, de colóquios e do raio que o parta!”
    “Essa história de que nós temos que avaliar o custo/benefício em função de quanto custa cada aluno por professor, ou de quanto custa um professor para cada 50 alunos, é a morte do trabalho universitário”
    “O benefício é a formação. Então tem que diminuir o número das classes, tem que aumentar o número dos professores, e sobretudo tem que fazer concurso, para contratar os professores, porque é um escândalo nessa universidade o professor precário, o professor flexibilizado”
    “Exigência do mercado no Brasil é rotina, repetição, tudo que não inclui nem inovação, nem criatividade, nem originalidade, nem profundidade. Originalidade e
    criatividade o mercado pede para as agências de publicidade. Para nós, não”
    “Estou convencida de que uma das estratégias de quebra do prestígio, do poder e da expansão da burocracia de tipo administrativo-empresarial na USP passa pela reconsideração, de ponta a ponta, das fundações”

    #71187

    Ida, otimas citaçoes.

    Sobre ideia da massificaçao do ensino universitário, com as propostas descabidas:
    (A) – acabar com o vestibular; e,
    (B) – acabar com a universidade publica, com os subsidios, e passar a se cobrar pelas mensalidades: enfim, privatizaçao.

    ((Talvez seria importante discutir outras questoes, mas por hora fico com essas))

    Refletindo, por alto:

    sobre (A) – o vestibular é, mal-mal, a unica avaliaçao que restou, pelo descaso com que a area de ensino é (des-)cuidada. É o unico tipo de triagem para ingresso no ensino academico que foge, um pouco, do pagou-passou. Se nao é o ideal, é o unico nesse país das dentaduras! O FH do seu C, apesar de saído do ambiente universitário – literalmente saído, nao tem mais nenhum pé lá (com exceçao, talvez, do seu C) – tem bem dado sequencia ao processo de desmantelamento do sistema de ensino.
    No Brasil, criou-se a ideia de que quem tem curso universitario é mais gente que o resto. Duvida? Ex: no caso de ser preso, esse nao pode ficar em cela comum. Resultado: todos querem ser gente, e o nivel academico, que em principio seria para uns poucos MESMO (!) – para pesquisa, ou desenvolvimento, ou o que, nao discuto aqui, é pensado para todos e exigido por todos; mesmo que nao se saiba para que. Alguns acham mesmo que a formaçao academica é alienante (no sentido de nao ser pensada para o mercado)… tome mais pragmatismo americano, na versao tupiniquim. “Abrir a universidade para acabar com ela”, parece ser um lema coerente.

    sobre(B) – com a argumentaçao (a meu ver falsa, mas ainda que fosse) de que os que ingressam na universidade tem capacidade para pagar… a ideia por tras disso: pesquisa é hobby.
    O Brasil é um dos poucos países que se dá ao luxo de pensar que pode se desenvolver sem tecnologia, ou que nao precisa desenvolve-la, porque os outros a doarão de bom grado. Seria isso? Muito ingenuo se fosse. Nao, creio. Há muito mais por tras dessa politicagem toda. Seja como for, o FH do seu C tem vendido o país baratinho.
    Mas, já que o estudo academico é subsidiado, por que nao é aproveitado? Se formam, hoje, os doutores que, amanhã, vao sair do país porque nao serao aproveitados para aquilo que foram formados. Para que o subsidio entao? A proposito, NAO PROPONHO O FIM DELE! (ufa!) Serviços prestados em obras de cunho social poderia ser uma hipotese de aproveitamento dos formados com dinheiro de subsidio, nao a unica, evidentemente.

    Tudo isso passa, claro, por uma nova compreensao e atuaçao politica, nao só do politico profissional (!?), mas de toda a sociedade. Ou ainda existem os que esperam D. Sebastiao e Sasá Mutema?

    []´s

    #71188

    Relativo à mensagem “Ida, 04 de Junho de 2002 – 2:42 pm:”.

    Procedo sobre trecho de entrevista com Marilena Chauí, onde me chama a atenção uma proposição: “que podem ajudar nos debates deste fórum”.
    Então Ida se disporia a ajudar? Ajudaria debates em fórum? Ida se enxergaria? Então Ida bancaria papel de ensejador de debates? Será que Ida teria aterrissado vindo de outro mundo? Classificaria Ida como um tipo estranho! É, coisa que enseja estranhezas!

    A entrevista de Chauí, como toda a sua obra, usa e abusa de tautologias (coisas inúteis, enrolações, escamoteios). Para comentar a imensa obra, e inúmeras entrevistas, arriscaria até sugerir um fórum específico ao moderador de Consciência.

    No todo de sua obra, no meu entender, Chauí está encurralada com um pensar de “fechaduras”, de elevada turvês, de entorpecer assistências, de promover estupefatos, e tornar as platéias um coletivo de basbaques.
    Vou debater a seguir – coisa que Ida não o fez, talvez por se considerar ensejador! De estranhezas, claro!

    1) Chauí: “ninguém está satisfeito com a universidade brasileira que mais parece uma montadora ou supermercado”.
    Entendo um mau expressar. Graduados brasileiros em ciências naturais estão com excelentes performances: advocacia, agronomia, engenharia, farmácia, medicina. Nas ciências humanas há desempenhos perante exigências nacionais. Caso Chauí presenciar fila SUS – corredores e macas ocupadas por enfermos -, ficará ruborizada pelos seus dizeres. Caso MC acompanhar advogados e servidores do judiciário – pelos meandros legais -, ela corará! Possivelmente dirá para si, referente seu dizer: “Fui abusada”.

    2) Chauí: “universidades privadas não têm nenhuma vocação para a formação. Elas não formam professores e nem pesquisadores,”
    Interpreto um expressar mal. Em toda atividade profissional com precisão de necessidades e missões, a formação está a pleno pelo ensino nacional. Mas o dizer de Chauí mistura âmbitos, favorece confusões, promove desfoque.
    Médico aprende ciências médicas com professores que ensinam sobre medicina. Entretanto no ensino de primeiro e segundo grau, há uma diversidade inimaginável de âmbitos, modelos para todo o tipo de interesses e vistas. Chauí não poderia expressar com tanta desacuidade!

    3) M. Chauí: “Eu privilegio as universidades formadoras que não escolarizam a educação, nas quais a formação deve trazer o conhecimento crítico”.
    Interpreto como mais uma, dentre tantas inconveniências, de Chauí. Durante período para graduar inexiste tempo/espaço para aporte “crítico”. E a universidade não escolariza a educação, mas sim escolariza o ensino, aliás prática por todo o globo terrestre. Ensino e educação são coisas distintas, e a universidade praticamente só aborda sobre ensino. O dizer de Chauí “eu privilegio” está pura pantomina, coisa de bufão.

    4) Chauí: “Estou convencida de que uma das estratégias de quebra do prestígio, do poder e da expansão da burocracia de tipo administrativo-empresarial na USP passa pela reconsideração, de ponta a ponta, das fundações”.
    Idéia espetaculosa, dentro do estilo da moda ruir-de-torres! Mas logo de quem, de Marilena Chauí uma “filha da USP”! Todo discernir de Chauí retrata o espírito uspiano! Misturador de circunstâncias com contextos com cernes que proporcionam desencontros, desacertos.

    Enfim, não há nada de filosofar nas falas de Chauí. Paro agora pois não dá para seguir, entendo um andar-pelas-beiradas o texto todo. (05/06/02; Consciência)

    #71189

    Mário

    Sua mensagem é cheia de rancores, arrogância, indelicadezas, perspectiva pessoal distorcida colocada como verdade universal, afirmações peremptórias. Parece que sua única preocupação é provocar, da perspectiva de antípodas, bem ao gosto do mestre Olavo, polemista profissional, truculento, reacionário e grosseiro. Um dos exemplos da distorção de Olavo é que ele usa um exemplo clássico da História da Filosofia, o caso Sócrates, para argumentar que sempre existem indivíduos que se põe contra os paradigmas da estrutura de poder vigente (no caso ele contra a USP). É uma pena que o fórum dele esteja fora do ar, do contrário você podia voltar para lá. Aqui no Fórum Consciência, não obstante suas impertinentes e insistentes colocações e sugestões sobre nosso funcionamento, prezamos a discussão civlizada, produtiva, com bom-senso. Agressões pessoais como a sua não são bem vindas e você está sendo convidado a se retirar do fórum. Em breve, a classe de ips do seu provedor será banida, e suas mensagens (com o nick que tiver), serão deletadas. Você pode reforçar ainda mais à vontade sua posição de vingador mascarado contra nosso gueto ou simplesmente procurar outro lugar. Esta é uma decisão conjunta dos moderadores. Seus rebates ponto a ponto, reclamando para si toda a verdade e rigor são tão prolixos quanto iníquos.

    Eis algumas afirmações absurdas suas:

    “Eis o que dá para discorrer:
    a) greve só paralisa e gera atrasos e recuperações fajutas;”
    R: Generalização bizonha, inverdade. A greve de 2000 na USP, por exemplo, conseguiu ganhos que permitiram a permanência de seu funcionamento, ou seja reajuste salarial e contratação de professores. A faculdade de filosofia, atualmente, necessita de no mínimo 11 professores para continuar a funcionar, pois esse é o numero de professores que irã se aposentar nos próximos anos. E as aulas já estão lotadas.

    “b) não chama a atenção de coisa alguma (mídia anda à cata de coisas que repercutam)”
    Mas é claro que chama. Os atos dos estudantes na Bienal deram capa na Folha. Artigos tem sido produzido na grande imprensa diariamente. A própria perspectiva de Dimenstein, da qual discordo é prova disso. Visite http://www.mobilizacao.cjb.net para ver um clipping da repercurssão na mídia.

    “c) greves estão como “nuvens” que aparecem e desaparecem sem deixar nada;”
    Veja a resposta da a. Cada greve traz um ganho, que embora não seja definitivo, permite a continuação do funcionamento.

    “d) grevistas diante dos turbilhonamentos paulistas/nacionais, são meras gotas no oceano;”
    Meu caro, o direito de greve é garantido por lei. É uma legítima forma de garantir melhorias nas condições de trabalho. É claro que a realidade de uma universidade, por exemplo, reflete de forma opaca na realidade nacional. Mas é extremamente importante para a sociedade, toda a produção científica que ela gera para, o hospital das clínicas para. A sua afirmação é absurda.

    “f) nada de “morte precoce” pois já há mais de década que a crise está “anunciada” por pensadores nacionais;”
    Ah, mas uma do grande guru, que agora também é profeta. É claro que a degeneração vem de longe, artigos da Marilena de 1994 já falam da crise da Universidade pública. Mas decretar a morte é precoce sim, pois o que se tem de fazer é garantir a continuidade da Universidade pública com seu padrão de qualidade.

    “Ainda está para aparecer alguma mente brasileira que defenda “universidade pública, gratuita” com alguns precisamentos, pois o lenga-lenga estaria ainda com recorrer a induzimentos poídos/gastos.”

    Você está desqualificando, para começar sem conhecer inteira, toda a produção de artigos, debates que vem sido feitos por centenas de professores de todas as áreas em anos. É mais uma condenação rancorosa, absurda. Certamente você pode rebater qualquer coisa fechada na sua mente cheia de preconceitos, pois sua visão turva a tudo se adequa. A questão é que seus argumentos continuam sem relevância. Veja este documento científico, com argumentos estatísticos, que já te indiquei em outra ocasião no fórum
    http://www.usp.br/iea/unipub.html, No entanto nada do que você ler vai adiantar, pelos motivos que já indiquei.

    “Um curso de graduação profissional é um bem econômico que deve ser comprado, e pago parceladamente graças performance pessoal desenvolvida junto à coletividade.”

    Um curso não é um bem econômico nem nas Universidade privadas sérias. Me diga como pode a formação de um indivíduo ser um bem econômico como um carro. A educação é um dos deveres básicos do estado, conforme a constituição. Vá se inteirar dos debates sobre privatização para apresentar argumentos razoáveis. o dever da universidade pública é a) formar profissionais, que recebem uma formação pública e devem repassá-la à sociedade, b) desenvolver pesquisa, como tem sido feito por exemplo, no Genoma,e prestar serviços à sociedade, como é feito nos hospitais. A Universidade não é um desperdício de dinheiro, nem é parasita. Se não são todas as pessoas que dela usufruem (embora indiretamente todos usufruam) isso não vem ao caso. Se meu imposto é usado para asfaltar uma cidade distante que eu nunca virei a visitar, nem por isso eu vou achar injusto pagar imposto.

    Ah, não entendi porque a discussão sobre o maior filósofo do século XX não é relevante. Ela foi proposta para que cada um defendesse seu filósofo favorito no século XX, ou apontasse algum pela sua relevância teórica e histórica. O mesmo debate serviu para pauta semelhante no caderno Mais! em 1999. Enfim…

    Enfim, contra sua má vontade, não há argumentos. Só uma pergunta: você rodou na FUVEST ou algo assim?

    Adeus.

    #71190

    Aos moderadores,
    Na minha opinião o debate esteve longe de ser ofensivo. Cada participante utiliza-se do seu estilo e argumentos para manter-se na discussão.
    Curiosamente, os moderadores, pelo fato de terem o poder de vetar, acabam adotando este tipo de decisão quando tem suas opiniões contrariadas insistentemente.

    Mario, a citação sua “…rancores, arrogância, indelicadezas, perspectiva pessoal distorcida colocada como verdade universal, afirmações peremptórias….”, para fundamentar a decisão pode
    ser encontrada em todas as opiniões expostas neste fórum.

    Para exemplificar:
    Walace de Almeida Rodrigues:
    “Quem achar que isso é O conhecimento, entao nao entendeu nem vai entender nada sobre filosofia. ”

    Ida:
    OS IMPASSES DA UNIVERSIDADE PÚBLICA – ANGELO PRIORI
    “A mediocridade de uma parte de nossos políticos
    e a miopia de muitos dirigentes de universidades contribuem para isso.”

    Miguel:
    “Em breve, a classe de ips do seu provedor será banida, e suas mensagens (com o nick que tiver), serão deletadas.”

    Fica evidente uma certa precipitação dos moderadores nesta decisão tomada.

    Abs

Visualizando 15 posts - 16 até 30 (de 64 do total)
  • Você deve fazer login para responder a este tópico.