SOLUÇÃO

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  • #77848

    Marcio,

    Gostaria, se possivel for, que me explicasse a coerência de algumas posições que intui de algumas de suas mensagens. Como essas nao estavam explicitas, posso ter me enganado, e daí a minha dúvida. Vejamos:

    – vc disse que partiu de uma crítica à cultura:
    O que quero falar é referente a mentalidade, a cultura (…) Não estou falando de códigos penais, de reforma tributária. Estou falando de cultura etc;

    – ressalta entao o valor de cada indivíduo:
    estou tentando dizer que a solução parte de cada um etc;

    – e, seguindo o mesmo fio condutor, fala contra os “controles” e de novo reforça o papel do indivíduo: O que falo é de mentalidade e cultura e não de leis, códigos, controle de câmeras.

    – e para fechar o laço, para quem ainda nao tinha entendido, arremata com:
    PS votem no livro do Nietzsche na enquete.

    Até aqui nao me surpreendi em nada, mesmo porque é dificil alguem se surpreender com mais qualquer coisa nesses sites. Contudo, logo a seguir, encontro coisas do tipo:

    Concordo em gênero, número e grau que o exemplo e as ações moralizadoras devam partir de cima.

    claro que dependemos e precisamos de atitudes governamentais mais sérias, porém só quero escrever coisas que estão no meu alcance executar. Ficar especulando que o governo deveria ou não fazer, não vai mudar as reais atitudes governamentais.

    Minha dúvida: Considerando o elogio a Nietzsche, como alguém pode partir de Nietzsche e construir qualquer idéia política? Gostaria de entender qual viés vc está considerando nessa sua empreitada, já que em Nietzsche o indivíduo é valorizado ao extremo de considerar a sociedade um rebanho. Qualquer preocupaçao com ela nao passaria mesmo como fraqueza? Como entender qualquer admirador de Nietzsche defendendo “açoes moralizadoras” partindo de cima?

    Se possivel for, gostaria também de ter as referencias, se for esse o caso. Nietzsche é um autor que me interessa. (Nao que eu concorde com ele em tudo mas…) Nao só estou lendo como tomando nota sobre vários temas relacionados com sua obra.

    Desde já agradeço.

    #77849

    Demorei, mas voltei; Só pra saber, o debate mudou de assunto?

    Pois está parecendo q, ao invez de procurarmos a solução, começamos a discutir:

    -se ela existe ou não
    -q rumo deve tomar a discução

    e cessou a discução inicial em si

    EU SUGIRO Q CONTINUEMOS A DISCUÇÃO EM PARALELO:

    -O q alguem como eu e Marci FC pode fazer;

    -O q os politicos deviam fazer;( o q na minha opinião é importante sim, mas não tanto quanto o primeiro item )

    #77850

    O q vcs acham de grupos de discuções politicas? tipo com um líder q se mantenha informado, e repasse informações, q seja discutido os pros e contras das idéias, e como por em prática(viabilidade);

    a medida do possivel por em prática projetos sociais, e enviar sugestões à politicos;

    E por fim montar algum tipo de vigilancia sobre politicos;

    Desculpem pessoal, eu viajo d + mesmo, acredito q minhas idéias sejam inocentes, mas q pelo menos sirvam de inspiração, ou incentivo;

    #77851

    confidencial,
    aqui no meu bairro eu e alguns escassos amigos de infância, uns 4, já cogitamos de discussões semanais sobre política em épocas de política, e observamos os pontos mais criticados por nós nas campanhas políticas – as promessas, e vimos como elas muito facilmente podem ser fiscalizadas…em reuniões, debates e visitas realizadas pelos espertos no bairro, nós, depois da devida autorização documentada pedida em público é claro (eles não negariam), registraríamos suas promessas, o quanto isso já alertaria eles e o quanto de garantia já teríamos nas mãos…seria apenas material documentado nosso, e não de outros políticos com outros interesses (não existe oposição de verdade entre políticos), para ulterior cobrança…contamos tb q isso pode incentivar outras pessoas no bairro…é ainda uma humilde idéia, e por ser pequena é viável agora, seria apenas no bairro, mas já seria algo, pois antes mesmo, normalmente eu desligaria a TV se os visse, trancaria minhas portas se viessem por aqui ou estaria zombando das suas palavras bonitas…esse projeto irá entrar em prática talvez nas próximas eleições

    #77852

    Vou tentar explicar todos os pontos ao nosso amigo Pilgrim.

    Vou começar por Nietzsche.
    Não sou conhecedor profundo de seu trabalho, só li uma obra, Além do Bem e do Mal, e alguns resumos de sua vida e obra. O que posso falar de Nietzsche é que ele é um autor de flashs, sua obra é toda composta por momentos de inspiração, está longe de ser uma obra sistemática e bem definida. Ele tem várias fases, dizem ter três fases, uma inicial (Que ele vira filológo), outra intermediária e a última dita madura. Logo é difícil avaliar a obra de Nietzsche, num dado momento ele apoia o pessimismo de Schopenhauer, noutra condena, Wagner seu amigo pessoal no início da vida, se torna no futuro uma inimizade. Então Nietzsche é muito complexo, cheio de momentos de genialidade e obscuridão. Eu gostei muito da obra, principalmente de sua crítica ao cristianismo e ao pensamento ocidental. Quanto a política Nietzsche nunca foi muito claro, mas dá a entender que não importa o tipo de governo, se ele é tirânico ou democrático, pra ele governo bom é a aquele que permite gerar o seu além-homem, seu super-homem, este conceitos de homem são daqueles indivíduos que dizem sim a vida, que se auto-realizam, que tem perspectiva da realidade, não exite “falsidade”, nem “verdadeiro” e sim sinais a serem interpretados, indivíduos que respeitam e não reprimem seu lado animalesco, que tratam da razão e emoção de igual maneira, aliás nem fazem essa dissociação. Logo pra Nietzsche governo bom é aquele que investe na cultura para cultivar tais indivíduos. E esta é um breve interpretção MINHA de Niezsche, que como falei é um autor complexo, cheio de fases, sem a menor sitematização.

    Quanto as minhas declarações anteriores vou tentar ser breve. Acho que nesse caso específico de debate deveríamos nos preocupar com a micropolítica, em debater nossas atitudes perante a realidade política do país, mas nem por isso vou tirar o valor da macropolítica. Só acho que deveríamos discutir atitudes que estejam ao nosso alcance no momento. Por exemplo discutir a reforma tributária que já está encaminhada e tramitando no congresso não vai mudar seu teor e nem vai impedir de ser aprovada, caso ela não seja não será graças ao nosso debate, nem por isso o assunto deixa de ser interessante, mas eu ACHO (Não sou o dono da verdade para definir o que deva ser discutido em determinado tópico)que no tocante a esse tópico deveríamos discutir as nossas atitudes, a nossa cultura política, pois a solução não é formula mágica, e sim algo gradual que ocorre em uma conjuntura, e ACHO que devíamos estar discutindo nosso papel nessa conjuntura, ou seja, a micropolítica, nossa atitude como cidadãos. E por fim postulo minhas idéias sem a menor intenção de ser fiel a um ou outro filósofo que admiro e concordo com certas idéias.
    Espero ter esclarecido a maior parte das questões, ou talvez tenha criado mais dúvidas.

    PS perdoem qualquer erro de português, pois estou no trabalho e não tenho tempo pra ficar lendo e corrigindo meus posts

    #77853

    Ok. Interessante.

    Vamos, então, continuar da sua interpretaçao de Nietzsche: … pra ele governo bom é a aquele que permite gerar o seu além-homem, seu super-homem (…) indivíduos que dizem sim a vida, que se auto-realizam, que tem perspectiva da realidade, não exite “falsidade”, nem “verdadeiro” e sim sinais a serem interpretados, indivíduos que respeitam e não reprimem seu lado animalesco

    Como vc disse, flashs, e em flashs fica tudo muito bonito, os chineses mesmo já utilizavam fogos de artifício para animar as festas, mas (filosofia vai além disso) continuando:

    Devemos entender que o “governo bom” (então existe bom e mal? “verdadeiro” e “falso”?) é o governo que pensa em um único indivíduo e não na massa?

    Se o ideal do super-homem é o modelo grego da autarquia enquanto virtude (virtudes são boas afinal?), um governo nao seria algo totalmente inútil, chegando ao ponto de admitir que qualquer preocupação com ele seria sinal de fraqueza? Lembro que preocupação com o bem-estar dos outros, compaixão, e todas as outras virtudes consideradas cristãs, para Nietzsche, são vistas com bastante suspeita para nao dizer mais.

    Logo pra Nietzsche governo bom é aquele que investe na cultura para cultivar tais indivíduos

    Mas se esses indivíduos são “cultivados”, isso nao significa sinal de fraqueza? falta de força própria? vida pela metade? A besta loira não era elogiada justamente por sua natureza selvagem? “Cultivado” não acabaria sendo outra palavra para “domesticado”?

    (Admiradores do pensamento de Nietzsche não eram muito bem quistos pelo mesmo: “… anão, saia de cima do meu ombro, caminhe por suas próprias pernas”)

    Ainda nao entendi muito bem.

    #77854

    ó os cara, discutindo sobre Nietzsche, tomara q consiga chamar a discussão para a quebra dos limites q antes tinha falado, das soluções q sempre queremos, das já pensadas e batidas, e que devem tb ser derrubadas, da esperança num futuro, pré-ocupando minha mente q vive e perde o momento… nem digo mais nada, apesar de não concordar com tudo q ele falou eu o interpreto como um puxão de orelha, é um “te enxerga” e deixa o outro de mão

    #77855

    – Alex, se vc fosse um bandido, corrupto, sem escrupulos, almadiçoado, FDP, ladrãozaço, colarinho branco e em suas mãos estivesse o poder de acabar com a ladroagem, com a corrupção, com os crimes do colarinho branco e o crime organizado, o que vc faria? Enviado em Segunda, 09 de Junho de 2003 – 9:21 pm: nesta lista

    Resposta:

    Sumiria com as provas materias arrecadas pela PF nos escritórios do Lobão(maior contrabandista de cigarros do Brasil preso recentemente em São Paulo, e suspeito de ter criado uma poderosa rede de corrupção nos altos níveis dos 03 poderes).

    Era previsível.

    abs.

    #77856

    Gostaria de incentiva-los a lerem esses posts, pois este assunto muito me interessa e e gostaria de incentiva-los a continuarem a postar aki sobre esse assunto

    #77857

    essa é pra sorrir, e refletir:
    Artigo único da constituição proposta em 1926 pelo historiador Capistrano de Abreu, segundo o qual os problemas do Brasil não estavam nas leis:

    “Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara”.

    pra quem acha q a solução está nas leis, essa proposta aí foi suficiente

    #77858

    MANIFESTO DA INDGNAÇÃO

    É chegada a hora de descruzarmos os braços e soltarmos a nossa voz contra todo esse sistema degradante que é a nossa sociedade.
    Precisamos lutar conta o imperialismo norte-americano que não faz outra coisa senão sugar nossas riquezas e impedir nosso crescimento
    O sistema hoje vigente estrutura-se da seguinte forma:

    – Dominantes: Estados Unidos

    – Objetivo: manter sua liderança mundial alicerçada na exploração das suas colônias (entre elas o Brasil), impedindo de todas as formas que estas se desenvolvam e se libertem.

    – Estratégia: – ALIENAÇÃO – a principal, a mais eficaz.

    – Dominados: todos os países subdesenvolvidos do mundo, exceto aqueles que voltaram as costas para o capitalismos predatório imposto pelos EUA.

    Alienação é uma espécie de cegueira que nos deixa desorientados e desprovidos que qualquer meio para avaliar o mundo a nossa volta.

    Podemos constatar isso quando observamos como a massa se preocupa e discute fervorosamente questões menores, deixando de lado assuntos que realmente afetam suas vidas.

    Essa alienação está impregnada em nosso cotidiano, abafando nossa verdadeira cultura e sobrepondo a esta a cultura do consumismo, do egoísmo e da inferiorização como povo e como nação.

    Um povo alienado é um povo manipulado.

    Podemos constatar isso com o exemplo da Venezuela, onde um presidente, que foi eleito com um grande apoio popular, ousou a projetar reformas voltadas para o povo, reformas estas que contrariaram um congresso corrompido pelo imperialismo norte-americano, uma elite detentora do poder econômico e político do país, que se viu ameaçada pelo “fantasma do comunismo”. Esta mesma elite lançou mão de um artifício extremamente covarde cujo resultado podemos ver na mídia.

    Esta elite, maior proprietária das terras e da indústria do país, boicotou o presidente, que chegou ao poder com grande apoio popular, simplesmente demitindo seus funcionários, causando um enorme desemprego no país. O resultado foi imediato. O mesmo povo que o colocou no poder quer agora tira-lo de lá. Este povo, vítima da alienação, não consegue ver a real causa de todos os problemas do seu país, condenando assim seu presidente.

    Estou percebendo que o mesmo pode acontecer com o nosso presidente Lula. Percebo que nosso presidente tem nas mãos um dilema:
    Ou atua conforme a cartilha do FMI, paralisando desenvolvimento do país e continua no poder, ou faz as reformas realmente necessárias para o desenvolvimento deste e arca com as conseqüências.

    Por este e por diversos outros motivos, quero me aproveitar desta para evocar a todos, principalmente os intelectuais de boa índole e de boa vontade deste país para organizar uma revolução. Uma revolução para a construção de uma sociedade baseada nesses alicerces:

    JUSTIÇA
    IGUALDADE
    FRATERNIDADE
    LIBERDADE
    HONESTIDADE
    ALTRUÍSMO
    DESENVOLVIMENTO

    Vamos nos organizar, estabelecer prioridades, crescer como movimento e partir para a ação.

    Aproveito ainda para propor aqui uma campanha que ao meu ver deve ser prioridade num primeiro momento: a desalienação da massa.

    Vamos informar, vamos investigar, vamos acusar e jogar a luz da verdade todas as informação necessárias para que a massa possa julgar por si mesma que rumo devemos dar a este país.

    Espero ansiosamente respostas, opiniões e até mesmo críticas a este primeiro passo que estou dando para amenizar um sentimento que está me incomodando já há muito: Um sensação de que não estou fazendo nada pra melhorar a sociedade a qual faço parte.

    Quero deixar claro que estou aberto a discussões e disposto a levar em frete toda ação classificada como útil e necessário para esta causa.

    Quero terminar este manifesto com este trecho de um outro manifesto que muito influenciou todos os grandes revolucionários do mundo:

    “Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar.” (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista – 1848)

    Sidney Barbosa Couto, 18 de Abril de 2004.

    #77859

    como desalienar a massa sem realiená-la? essa pergunta sempre me persegue(é inerente) pois tb tenho grande ânsia, e medo, em mudar o mundo…ela tb está em vc?

    #77860

    Simplismente esclarecendo-a….indgnando-a…dando a massa todas as informações….ela é que deve analisar a situação….tenho certeza que só de tirar-la dessa inercia a revolução esta iniciada..

    #77861
    gallagher
    Membro

    Caro Ricardo,

    Achei bastante pertinente a sua indagação:
    “como desalienar a massa sem realiená-la?”
    Isso não é possível. Eu sempre ouço pessoas como o Sidney dizendo coisas desse tipo: “essa massa alienada”. Ora eu gostaria de saber o que é não ser alienado? Imagino que seja ter as mesmas convicções que o Sidney. Caso pense diferente, logo só pode ser um idiota. E o pior, é que essa gente ainda tem a cara-de-pau de dizer que defende a liberdade. É, a liberdade de seguir cegamente essa doutrina assassina marxista.

    O Sidney deseja transformar esse país em uma nova Venezuela, só essa “massa alienada” ainda não percebeu que a melhor coisa do mundo é um caudilho como o Chavez para nos governar. Ainda bem que temos gente como o Sidney para abrir nossos olhos!

    Ricardo, eu sempre tenho medo dessas pessoas revolucionárias que estão preparadas para morrer pela verdade, pois elas fazem muitos morrem com elas, frequentemente antes delas, e não raro em vez delas.

    #77862

    gallagher, realmente já deixei transparecer algumas vezes a minha discordância com a esquerda heróica…quem sabe não haveria uma multiplicação da alienação?! acho q à minha alienação basta 1 só, pra q oferece-la aos outros?! mais à frente vou continuar enchendo o saco com o…”olha pro teu umbigo!” como solução, o ultrapassar as barreiras q temos em nós, essa q é a batalha dos homens de coração e coragem

    com relação ao marxismo revolucionário, eu até compreendo o iniciante, pq o esquerdismo heróico é o cartão de visitas das nossas universidades (abaixo EUA! abaixo alienação! abaixo catolicismo! viva Marx! e junta o Nietzsche! tudo vestido de che guevara) e que, de algum modo é afim com a entusiasmada e inconsequente adolescencia. mas acho (e tenho esperança tb) q a persistência em continuar aprendendo se encarrega de premiar aqueles q procuram…por isso, espero nunca esmorecer.

    vou trazer aqui algumas citações, para dar continuidade ao meu propósito e trazer certo equilíbrio com as idéias esquerdas ditas antes pelo sidney, sigo a minha anterior fórmula do q acho “solução”:

    “A única pessoa que muda de verdade a face do planeta é aquele que lavra modestamente o seu terreno”
    Ramon Gómes de La Serna

    e no mesmo passo emendo com a tão propagada liberdade

    “A Liberdade

    E um orador disse:

    – Fala-nos da Liberdade.

    E ele respondeu:

    – Às portas da cidade,
    e nos vossos lares,
    dei convosco prostrados
    em adoração
    da vossa própria liberdade,

    Como escravos que se humilham
    diante dum tirano
    e que o glorificam
    enquanto ele os destrói.

    Sim, no bosque do templo
    e na sombra da cidadela
    vi os mais livres que vós
    usar a sua liberdade
    como jugo e como algemas.

    Meu coração sangrou dentro de mim;
    pois não sabereis ser livres
    senão quando o próprio desejo
    de chegar à liberdade
    se tornar para vós um arnês
    e quando deixardes de falar da liberdade
    como dum fim e duma conclusão.

    Sereis livres de facto
    não quando os vossos dias
    decorrerem sem cuidados
    e as vossas noites sem desejos
    e sem fadigas,

    Mas antes quando todas estas coisas
    cercarem a vossa vida
    e vos elevardes acima delas,
    nus e libertos.

    Mas como podereis estar acima
    de vossos dias e vossas noites,
    se não quebrardes as cadeias
    que na alvorada do vosso uso da razão
    fizeste pesar
    sobre a vossa hora do meio dia?

    De facto, o que chamais liberdade
    é a mais forte destas cadeias,
    ainda que os seus anéis
    vos deslumbrem brilhando ao sol.

    E tudo o que quereis afastar
    para ficardes livres,
    que é, senão fragmentos de vós mesmos?

    Se é uma lei injusta que quereis abolir,
    tal lei foi escrita pela vossa mão
    na própria testa.

    Não podereis apagá-la
    queimando os vossos livros de leis
    nem lavando as frontes dos vossos juízes,
    ainda que entorneis todo o mar
    em cima deles.

    E se é um déspota
    que quereis destronar,
    vede, antes de mais, se o seu trono em vós
    está bem destruído.

    Porque, como pode um tirano
    dominar os livres e altivos,
    se não houver tirania
    na liberdade deles
    e vergonha na sua própria altivez?

    E se é a inquietação que quereis expulsar,
    tal inquietação foi escolhida por vós
    e não tanto imposta de fora.

    E se quereis dissipar o medo,
    a sede desse medo é o vosso coração
    e não a mão que vos assusta.

    De facto, todas as coisas se movem
    no mais íntimo do vosso ser
    num constante semi-abraço,
    tanto as desejadas como as temidas,
    as repugnantes e as tentadoras,
    as que procurais
    como aquelas de que fugis.

    Tais coisas movem-se dentro de vós
    como luzes e sombras
    em pares estreitamente unidos.

    E quando a sombra
    se debilita e desaparece,
    a luz que demora,
    torna-se sombra duma outra luz.

    E assim a vossa liberdade,
    desembaraçada de estorvos,
    torna-se ela própria embaraço
    duma liberdade maior.”

    Khalil Gibran

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