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12/12/2005 às 2:11 #70330Miguel (admin)Mestre
Olá
O melhor tradutor de Nietzsche para português é o Rubens Rodrigues Torres Filho, que traduziu o volume Nietzsche, na coleção Os Pensadores. Infelizmente, não traduziu nenhum livro inteiro do pensador, são obras incompletas, trechos escolhidos pelo prof. Gérard Lebrun. Fora esta tradução, temos a da Cia das Letras, Paulo César de Souza e Jacó Guinsburg. Existe uma série de outras editoras menores – como a Martin Claret -que também editaram o Nietzsche. Uma vez eu cotejei e algumas eram quase idênticas à da Cia das Letras. Rubens além da exegese e erudição na língua alemão, possui formação filosófica, e consegue captar o estilo literário, pois é excelente poeta. Eu não entendo alemão, mas essa é a visão dos especialistas.
A tradução mais comum para o termo alemão übermensch era “superhomem”, e RRTF optou por “Além-do-homem”. No volume citado existe uma nota de pé de página erudita em que o autor explica a raiz do termo e como ele não tem um equivalente em português. Mas o sentido que deve ser entendido, o de ultrapassar está nos célebres trechos do Zaratustra §3 e §4 do Zaratustra.
A tradução do termo em outras línguas ganhou equivalentes a superhomem em outras línguas: Superman, em inglês, surhomme em francês e superhombre em espanhol. Porém, de poucas décadas para cá, os tradutores começaram a fazer uma marcanção em cima na ineficiência desse termo. Parece que quem ajudou a estabelecer essa primeira tradução foi o dramaturgo Bernard Shaw, que fez uma peça chamada Man and Superman, em 1903. ( http://www.bartleby.com/157/ ). A questão que coloco é: será que o Rubens Rodrigues Torres Filho, cuja tradução do Nietzsche é da década de 1970, se colocou de forma mundialmente pioneira nessa marcação? Ou seguiu o exemplo dado por outras traduções, espanholas, francesas e inglesas?
Outra questão suscitada é a da origem do termo übermensch. RRTF na nota nota que ele foi estabelecido pelo filósofo Herder e por Goethe. Antes disso, ocorre o termo grego hyperanthropos na literatura do poeta cômico Luciano. Mas, sem dúvida Nietzsche foi o grande popularizador. Por isso, não é demais pensar numa associação da nomeação do personagem dos quadrinhos da DC com o übermensch nietzscheano, mesmo que conceitualmente essa associação seja facilmente refutável. Essa perspectiva envolve um debate que os nietzscheanos estão longe de querer admitir, descartando de imediato a influência do filósofo na cultura pop. Teria Nietzsche influenciado o personagem dos quadrinhos? Isso teria acontecido como uma resposta ao nazismo. Um thread sobre o assunto está acontecendo no portal orkut em http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1674&tid=2424775732444236331&na=4&nst=-9&nid=1674-2424775732444236331-2434389316651603145 . Habermas cita uma passagem de Heidegger no Discurso Filosófico da Modernidade (Martins Fontes, 2000, tradução de Luiz Sérgio Repa pg.189) em ele “caracteriza o super-homem (Übermensch) segundo o tipo ideal de um agente da SA: “O super-homem é o pulsar daquela humanidade que, pela primeira vez, se quer como tal e se bate por esse pulsar. Esse pulsar humano põe dentro da totalidade sem sentido a vontade de poder como o 'sentido do mundo'. O último período do niilismo europeu é a 'catastrofe' no sentido de mudança da direção confirmadora.”
No site sobre o personagem do Comics em http://www.quintadimension.com/article296.html está um excelente artigo sobre as origens do personagem, e está citado um livro de Kauffmann, conforme reproduzo abaixo:
“Walter A. Kauffmann, en su libro Nietzsche: Philosopher, Phychologist, Antichrist, propone que el bigotudo filósofo no habría acuñado el término Übermensch (superhombre). “Puede encontrarse hyperanthropos en los escritos de Luciano, en el siglo II después de J. C. (en Kataplous, 16) “y Nietzsche, en su calidad de filósofo clásico, había estudiado a Luciano e hizo frecuentes referencias a él en su philologica”. En alemán, la palabra había sido usada por Heinrich Müller (Geistliche Er Quickunsgsstuden, 1664), por Herder, por Jean Paul y por Goethe, en un poema (Zueignung) y en Fausto (Parte I, verso 490), donde un espíritu manifiesta su desprecio por el atemorizado Fausto que lo ha conjurado y que lo llama Übermensch. Por tanto es característico que el joven Nietzche aplicara el término al Manfredo de Byron y que lo llamara un Übermensch que controla a los espíritus.”
Esse sentido primeiro do além-do-homem como alguém que controla os espíritos é para mim surpreendente. É mais provável que o jovem Nietzsche tenha sido influenciado por Herder e Goethe do que por Luciano. Nietzsche compôs a música “Meditação de Manfredo” em 1872 e batizou o personagem protagonista de übermensch. O texto de Byron pode ser acessado em http://www.faculty.umb.edu/elizabeth_fay/Manfred.htm
O übermensch do Zaratustra, porém, é claramente ligado à Terra, é a “razão da terra”. RRTF remarca a ligação do homem com o humus. Esse amor à terra é também uma das formas de evitar a expetativa de um “além-mundo” ou um mundo metafísico, espiritual, que representariam uma desconfiança mesquinha em relação à terra.
Abaixo eu coloco uma tradução livre que fiz do texto do escritor e filósofo argentino José Pablo Feinmann, que pode ser acessado no original em espanhol e em francês em http://www.elcorreo.eu.org/article.php3?id_article=1392 . Esse texto chamou a atenção durante este debate e envolve várias questões que estamos abordando aqui nesse thread.
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Globalização: Super-homem e Übermensch
Por José Pablo Feinmann Página 12, 7 de fevereiro de 2004
Uma pequena história nos colocará diretamente n questão. A “questão” é um dos enfrentamentos políticos-culturais mais completos e fascinantes do século XX. A “pequena história” é a seguinte: na década de 60, as editoras argentinas ocupavam a vanguarda. Os argentinos liam em argentino. Desta forma, a primeira edição que houve de um livro fundamental de Heidegger foi da editora Losada e leva o título de Caminhos Perdidos. Anos depois – minha edição de Caminhos Peridos estava destruída pelo tempo e pelas abusivas leituras – comprei a edição que a Alianza Universidad publicou em Madrid em 1995. Não se chamava Caminhos perdidos mas Caminhos do Bosque. Muito bem. Mas tem um dado notável, que motivou este texto. O livro do Heidegger contém um estudo (formidável) sobre Nietzsche: “A frase de Nietzsche 'Deus está morto”. Como era previsível, aparece nele a palabra “super-homem” (superhombre), constitutiva do pensamento nietzscheano. Na minha velha edição da Losada o “super-homem” de Nietzsche era o que sempre havia sido: o super-homem de Nietzsche. É a tradução da palavra alemã übermensch. Os tradutores da edição de 1995 propõe outra. Traduzem Nietzsche assim: “O nome para a figura essencia da humanidade que passa mais além e acima do anterior tipo humano é o além-do-homem (transhombre) (pág. 227). E no pé de página: “Nos dos tradutores: traduzimos assim o termo ünermensch que tradicionamento vem sido traduzido por 'super-homem' a nosso ver erroneamente. Não, acontece outra coisa. Por acaso “além-do-homem” tem sua fundamentação adequada: o “super-homem” entendido como um “mais além” do homem. Se no Zaratustra Nietzsche afirma – em fragmentis distintos – coisas como “Eu lhes anuncio o super-homem. O homem é algo que deve ser superado>” ou “O homem é uma corda, atada entre o animal e o além-do-homem – uma corda sobre um abismo” ou (e esta é essencial para o conceito de “além-do-homem”) “O que há de nobre no homem é ser ele uma ponte e não uma meta. O que devemos amar no homem é que consiste em uma passagem e não um acabamento” (Assim Falava Zaratustra, primeira parte, 3 e 4), não é difícil aceitar que a tradução “além-do-homem” é adequada.Mas não é por isso que se produz a substituição. Acontece que o Super-homem que foi imposto na história e até na cultura de massas da humanidade é outro, e o criaram dois adolescentes nova yorkinos e judeus em 1934, apenas um ano depois da chegada de Hitler ao poder. “Este” Super-homem ( o do escritor Jerry Siegel e o do desenhista Joe Shuster ) terminaria por ser o Super-homem triunfante.Eles ajuntaram a este nome todo o peso da cultura pop, dos comics, dos pulps dos anos 30, dessa cultura “baixa” que os tradutores de Nietzsche escassamente toleram ou, ao menos, não desejam misturar com as desmesuras filosóficas do criador de “Para além do bem e do mal”. Finalmente decidem livrar-se deste conceito com tantas simetrias incômodas. Aceitemos que algo como “além-do-homem” soa melhor que “super-homem” para a “alta” cultura. Além disso, se alguém diz “além-do-homem”, talvez seu interlocutor pense em Nietzsche – ou pelo menos não pensará (como necessariamente tem sido feito há décadas) na criatura de Siegel e Shuster. Em suma, existe apenas um Super-homem e é o “super-homem” dos norte-americanos, já que – em outro alarde triunfal da cultura do Império – “Superman” deixou de ser “Super-homem”, já não se traduz, porque o inglês se impõe, de maneira bruta, como a “língua universal” e conseguiu nos fazer crer que “Superman” soa atual, ao passo que “Super-homem” soa como uma “historinha dos anos 50” e não um quadrinhos dos anos 90. “Superman” é para “Super-homem” o que “além-do'homem” (na filosofia) quer ser precisamente para “super-homem”. Creio que muito bem os tradutores de Nietzsche (se se atrevem e deveriam fazê-lo) optaram por não traduzir o conceito e deixá-lo logo em alemão: “O homem é uma corta atada entre o animal e o Übermensch”. E para quem não gosta, que estude alemão. Insistamos nesta simetria, pelo menos, sugestiva: quase no mesmo ano que na Alemanha nazista chega ao poder o Übermensch nietzscheano encarnado na figura do Führer e as entusiastas SA e SS, a “América” responde com o poder das historinhas. Da historinha judia, para horror e humilhação de Hitler. Siegel e Shuster criam um Superman “americano”, com menos desmesura que o nietzscheano, com menos loucura, gravidade, imperativo e vitar e até axiológico, com menos Wagner, sem esvásticas e com estrelas e listras. No vou trazier a “história” do Superman, não vou encher de “informações” estas linhas. Se você quer material informativo, escreva simplesmente “Superman” em alguma ferramenta de busca e será sufocado com dados. Temos dados em demasia, informação em demasia. Troco mil informações por uma idéia. A “idéia” (entendida como “proposta” ou “busqueda” ou “hipótese” ou indagação político-cultural) seria a seguinte: como e por que a criatura pop de Siegel e Shuster teve mais poder que o Úbermensch nietzscheano, constituído, justamente, por uma vontade que seu criador chamou de “poder”. A resposta não é fácil. Superman cria a era dos super-heróis. Quase todos, durante os anos da Segunda Guerra, lutam contra nazisitas e japoneses. Existem dois com singularidades marcadas, notáveis: Batman e o Capitão Marvel. Batman é um super-homem esquizofrênico e sombrio: só se pode rastrear nele o expressionismo alemão e o vampirismo. A “capa” de Batman se assemelha mais à de Drácula que a de Superman. Este aspecto sombio levou-o a permanecer. Tim Burton o explorou esplendidamente em suas duas versões para o cinema. E agora uma versão da Mulher-Gato a mostrará não somente mulher e protagonista como também “negra”. Unem-se aqui duas facetas do multiculturalismo da “América” de hoje: o resgate feminista e o resgate da minoria racial. A Mulher-Gato (que nos começos dos 90, com Tim Burton, Michelle Pfeiffer havia dado uma imortal versão “despesperada” (“Como vou viver contigo – diz a Batman – se não posso viver comigo mesma?”), sera agora a belíssima Halle Berry, a afro-americana “oficial” de Hollywood, versão feminina de Siney Poitier e aposto ( ainda que saiba nada sobre a questão) que será uma versão light mais “feminista” e pró-negra. Em suma, uma Mulher-Gato forte, com músculo, e sobretudo, politicamente correta. Sobre o Capitão Marvel deveria escrever largamento. Um super-herói como humor, que extrai sua força do velho mundo dos mitos (um mundo pré-Iluminista), que luta contra a versão desbocada e destrutora da Ciência: contra o Dr. Silvana e contra um vilão supersagaz chamado “Mister Mind” (O Sr. Cérebro). Nos começos dos anos 50 perdeu um julgamento por plágio contra o Superman e foi retirado de circulação. Uma dor irrepatável. O Super-homem é um alinégena. É o primeiro alienígena bom. Vem de Kripton, planeta que foi destruído, e chega à Terra para fazer o bem. O “bem”, para o Übermensch, é de ordem cristã. Se algúem reler a obra de Siegel e Shuster encontrará sem dúvida propósitos imperialistas. Mas se reler a moral do Übermensch encontrá as chamadas “frases estremecedoras” de Nietzsche que são, sim, “estremecedoras” e soaram perfeitas nas orelhas cruéis do Führer: “A guerra e o valor fizeram coisas mais esplênidas que o amor ao próximo (…) Eu os digo: a boa guerra justidica toda causa! (…) Que é o bom? Tudo o que eleva no homem a Vontade de Potência (…) Que é o mal? Tudo aquilo cujas raízes residem na debilidade (…) Que os débeis e fracassados pereçam! E que se ajude-os bem a morrer” (Zaratustra e O Anticristo). Uma última sugestão: vivemos tempos sombrios, uma catástrofe civilizatória. Por acaso o Superman de Siegel e Shuster e o Übermensch nietzscheano se uniram em uma devastadora vontade de poder do Império bélico-comunicacional “americano”? Se assim for, a história chegou a uma “sintese”, digamos, “estremecedora”.
11/11/2007 às 5:21 #80746BrasilMembroComentário ao excelente texto do filósofo José Pablo Feinmann
Uma última sugestão: vivemos tempos sombrios, uma catástrofe civilizatória. Por acaso o Superman de Siegel e Shuster e o Übermensch nietzscheano se uniram em uma devastadora vontade de poder do Império bélico-comunicacional "americano"? Se assim for, a história chegou a uma "sintese", digamos, "estremecedora".
O Superman é totalmente fictício, fez a cabeça da “plebe” através do sonho e da fantasia, sua ideologia pode-se dizer que era ou é alicerçada em valores cristãos, como vc bem notou. Também é um alienígena, ou seja; é um “modelo” fantasioso do qual jamais alguém em sã consciência sonharia em espelhar-se.Já o Übermensch, que poderia também ser traduzido como "extra-homem", é real, é possível, é demasiado simples e perigoso. Na minha opinião, serviu de modelo ideológico aos piores interesses, como vc também notou. Um modelo para poucos, para “raros”; adjetivo usado por Nietzsche para denominar os “aspirantes” à condição de Übermensch. Um modelo pregado como ideal, pelo autor, de maneira brilhante, com uma força lingüística e poética arrebatadora. Uma filosofia para raros, uma filosofia que diz claramente que os direitos das pessoas não podem ser iguais, diz que o homem deve empreender sua vontade do poder excluindo completamente qualquer sentimento de compaixão e piedade, diz que uma casta muito pequena; os “bem sucedidos”, devem governar protegendo-se dos malogrados vermes rastejantes que é o POVÃO. Sim, não se popularizou, é óbvio...Entre o povão, empreender a vontade de poder, alheio aos direitos dos demais, é imoral, já entre os “nobres”; essa é a própria moral. Posso perfeitamente entender o quão pode ser importante uma filosofia tão libertadora de “dogmas”, tão descompromissada para com os outros, tão incentivadora da exploração da própria espécie, tão sem culpa... Os “raros” sabem o que estou dizendo, eles adoram Nietzsche...
12/11/2007 às 16:44 #80747Miguel DuclósMembroComentário ao excelente texto do filósofo José Pablo FeinmannO Superman é totalmente fictício, fez a cabeça da “plebe” através do sonho e da fantasia, sua ideologia pode-se dizer que era ou é alicerçada em valores cristãos, como vc bem notou. Também é um alienígena, ou seja; é um “modelo” fantasioso do qual jamais alguém em sã consciência sonharia em espelhar-se.
Não sei, não ficou clara para mim a ligação do super-homem dos Quadrinhos com o Nietzsche. Talvez mostrar a força do Estado Americano e de seu poderio militar, tecnológico e ideológico como uma resposta às pretensões imperiais do governo nazista.
Já o Übermensch, que poderia também ser traduzido como "extra-homem", é real, é possível, é demasiado simples e perigoso. Na minha opinião, serviu de modelo ideológico aos piores interesses, como vc também notou. Um modelo para poucos, para “raros”; adjetivo usado por Nietzsche para denominar os “aspirantes” à condição de Übermensch. Um modelo pregado como ideal, pelo autor, de maneira brilhante, com uma força lingüística e poética arrebatadora.
Outra tradução que tem me interessado para o termo é o de extra-homem.
Uma filosofia para raros, uma filosofia que diz claramente que os direitos das pessoas não podem ser iguais, diz que o homem deve empreender sua vontade do poder excluindo completamente qualquer sentimento de compaixão e piedade, diz que uma casta muito pequena; os “bem sucedidos”, devem governar protegendo-se dos malogrados vermes rastejantes que é o POVÃO. Sim, não se popularizou, é óbvio...
Não é bem assim, Zaratustra desce da Montanha onde deu asas ao espírito durante 10 anos, em companhia de animais rapinaces, por amor à humanidade. A Vontade de poder é um conceito delicado que tem que ser bem entendido. É como eu tentei explicar no outro thread. Toda vida é vontade de poder, porque toda pretensão de afirmação, todo gesto, é minisculo comparado à totalidade dos fatos e das coisas na noite eterna do tempo. Como uma velha montanha que existe há milhões de anos, ela observou os seres crescerem e florescerem ao seu redor, cidades surgindo, reis vindo e caindo no afã da glória, pessoas tentando ser iguais, crianças brincando etc. Mas ela mesma pareceu impassível. Então o que foi tudo aquilo? Foram "vontades de potências", pequenas centelhas que se acenderam, brilharam por um segundo e se apagaram novamente. O que Nietzsche quer é que as realizações que tiveram durante a vida deixem de ter aspirações universalistas e absolutas. O auto-centrismo e antropocentrismo do cristianismo é criticado, o homem como o centro da criação de Deus e o mundo para ser usado a seu bel/prazer.Mas existe uma outra abertura para um "egoísmo positivo". O nada que somos pode tornar-se tudo porque a virtude aparece, de fora para dentro quando, de dentro para fora, cumpre sua razão de ser. Quer dizer, Nietzsche afirma que a verdade é uma mulher, e ela pode amar somente um "guerreiro", e por isso os filósofos, com suas maneiras delicadas, não teriam conseguido chegar perto do seu objeto de desejo.O übermensch pode ser o tipo ideal Brasileiro, e por que não? Se tomarmos a definição de homem cordial, do Sérgio Buarque, por exemplo que afirma:
A imagem de nosso país que vive como projeto e aspiração na consciência coletiva dos brasileirosnão pôde, até hoje, desligar-se muito do espírito do Brasil imperial; a concepção de Estado figurada nesseideal não somente é válida para a vida interna da nacionalidade como ainda não nos é possível conceber emsentido muito diverso nossa projeção maior na vida internacional. Ostensivamente ou não, a idéia que depreferência formamos para nosso prestígio no estrangeiro é a de um gigante cheio de bonomia superior paracom todas as nações do mundo. Aqui, principalmente, o segundo reinado antecipou, tanto quanto lhe foipossível, tal idéia, e sua política entre os países platinos dirigiu-se insistentemente nesse rumo. Queriaimpor-se apenas pela grandeza da imagem que criara de si, e só recorreu à guerra para se fazer respeitar, nãopor ambição de conquista. (Raízes do Brasil)
não poderíamos afirmar que o Brasileiro, com seu espírito alegre e jovial, sua "bonomia superior" advinda da generosidade da terra, consegue afastar de si toda o ódio e ressentimento dos fracassos anteriores, como o übermensch nietzscheano? "Não acreditaria num deus que não soubesse dançar" diz o filósofo, assim como o homem sofrido do povo vira imperador no Carnaval. Também Raul Seixas pensa em suas letras conceitos aproximados ao übermensch nietzscheano. Veja a letra de "Eu sou egoísta" por exemplo, não é uma recusa à escravidão, às amarras sociais, sem no entanto ser perigosa para o seu semelhante?:
Se você acha que tem pouca sorteSe lhe preocupa a doença ou a morteSe você sente receio do infernoDo fogo eterno, de Deus, do malEu sou estrela no abismo do espaçoO que eu quero é o que eu penso e o que eu façoOnde eu tô não há bicho papão não, nãoEu vou sempre avante no nada infinitoFlamejando meu rock, o meu gritoMinha espada é a guitarra na mãoSe o que você quer em sua vida é só pazMuitas doçuras, seu nome em cartazE fica arretado se o açúcar demoraE você chora, você reza, você pede, você implora...Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinhoEu quero é ter tentação no caminhoPois o homem é o exercício que fazEu sei. Sei que o mais puro gosto do melÉ apenas defeito do félE que a guerra é produto da pazO que eu como a prato plenoBem pode ser o seu venenoMas como vai você saberSem provar?Se você acha o que eu digo fascistaMista, simplista ou anti-socialistaEu admito, você tá na pistaEu sou ista, eu sou egoEu sou ista, eu sou egoEu sou egoísta
:)
12/11/2007 às 21:36 #80748BrasilMembroOlá Miguel, obrigado por seu comentário.Também acho que não há uma ligação proposital, ou seja, o Superman, foi criado para trabalhar a fantasia na cabeça das pessoas, a princípio unicamente como uma fonte de lucros cinematográficos e editoriais, depois ganhou popularidade e passou a representar essas coisas todas que vc citou. Já o Übermensch não tem nada de ficção, não foi criado para propagandear nada, é um modelo totalmente possível levado muito a sério pelo autor e por seus admiradores. O Superman é propagandista, popularesco, fictício, “mágico”, tem super-poderes ... O Übermensch é um modelo real, e inclusive existe, ele próprio (Nietzsche) era um. Um modelo de homem cuja opção de sê-lo é reservada a poucos, ou seja, não é um modelo pra qualquer um SONHAR em sê-lo. É um modelo para os bem sucedidos, para os dominantes, isto é; atende aos desejos e anseios dos dominantes, pois, é difícil pra mim imaginar alguém de vida simples, alguém que vive de seu trabalho, condenar a igualdade de direitos entre os homens, de maneira tão explícita. Não consigo imaginar uma pessoa que viva de seu próprio trabalho, dizendo sinceramente que o Trabalho é e deve ser unicamente pra cabeças pequenas...Isso é pensamento de altíssimo nível... Falta estabelecer o nível de que... Nietzsche era um gênio das letras, inteligente ao extremo, a Vontade de Poder, é realmente algo intrínseco no Homem, e deve ser realmente trabalhada, deve ser estudada, desvendada, e devemos sim colocá-la em prática. Com uma pequena e importante observação: O critério e o significado para a palavra “poder” deve ser jusfilosóficamente analisado, definido e informado, pois o “jogo” tem que ter regras... Nietzsche diz claramente quais são suas regras, mas os seus admiradores não expõem esse lado da filosofia nietzscheana. Vêem e expõem a parte “boa”: a parte da liberdade de expressão, da liberdade nos atos, da libertação dos dogmas, do desprendimento da metafísica, da valorização da nossa própria vida e da Natureza, etc. Mas há um outro lado na filosofia de Nietzsche que eu não vou nem classificar de bom ou mau, ou ruim, mas sim de impraticável enquanto política.Sabemos que Nietzsche por muitos anos escreveu seus pensamentos condenando veementemente outros pensamentos políticos como o socialismo e o anarquismo, ou seja, sempre condenou qualquer princípio que tentasse igualar os direitos do povo aos direitos dos “nobres”. Na minha opinião, não há como entender que a filosofia de Nietzsche tem princípios de amor à humanidade. Quem tem amor à humanidade não acha justo e até admira a exploração de um sobre outrem. Não pode entender como justa ou apropriada, a guerra, por exemplo, só porque consiste numa "nobre" vontade de poder. Quando digo que a filosofia nietzscheana é impraticável enquanto política, estou me referindo à Política assimilada e aceita pela maioria, ou seja; pelo povo. Obviamente que se a filosofia for assimilada e aceita SOMENTE entre os dominantes, aí ela não é só praticável como também , eu arriscaria dizer que ela já é quase plena, isto é: corrente, fluente. Aí ela é praticada na surdina... Não é clara, não é explícita. Ela existe e atua enquanto não é claro para o povo, que este é considerado baixo, inferior e incapaz de decidir corretamente o seu próprio destino.Faço coro a Nietzsche para dizer que os mais inteligentes devem comandar, mas o critério que ele usa para significar a palavra “inteligente” é muito diferente do meu.O “poder” que ele valoriza é o poder individual, a potência e a capacidade que alguns poucos têm de dominar legiões, assim como Maquiavel também o faz.“Pro diabo com a ética, o importante é governar, é poder.” A vontade de poder que ele valoriza é a subjugação de nações sobre outras, de homens sobre outros, eu não posso conceber que isto tenha origem no amor à humanidade.
existe uma outra abertura para um "egoísmo positivo".
Sim, concordo, e aí cabem várias definições importantes que devem ser feitas: Se esse “positivo” for baseado naquelas impressões da filosofia nietzsheana que eu qualifiquei como “boas” mais acima como a libertação dos pensamentos dogmáticos, etc., tudo bem, mas o outro lado dessa filosofia é que me preocupa. O lado da; “raridades para os raros”, como ele disse.O egoísmo é válido, desde que não seja explorador, desleal e nem irresponsável.A palavra “poder” também tem que ser traduzida muito claramente em outras palavras. Quero dizer, o que é poder? Quais os princípios e limites eticamente válidos ou sensatos para eu empreender minha vontade de poder? Quando uma nação, mostrando todos os adjetivos que Nietzsche usa para qualificar as nações dominadoras, adjetivos como, vigorosos, corajosos, vivazes, guerreiros, etc., invade outra nação e subjuga aquela população, na filosofia de Nietzsche isso é nobre, bom, etc. Infelizmente os filhos e familiares das pessoas que morreram na invasão e as pessoas subjugadas pela nação dominadora nunca pensarão assim.
não poderíamos afirmar que o Brasileiro, com seu espírito alegre e jovial, sua "bonomia superior" advinda da generosidade da terra, consegue afastar de si toda o ódio e ressentimento dos fracassos anteriores, como o übermensch nietzscheano?
Sim, até sem conhecer a filosofia de Nietzsche, mas sim, o nosso povo age nesse aspecto como o übermensch, até pela generosidade da nossa terra assim como vc muito bem observou. Mas será que isto está sendo bom pra nós? Não acho que o brasileiro deveria ser ressentido, rancoroso, pessimista, nada disso, mas vc deve convir comigo que essa apatia política, essa indiferença social à Política se deve ao excessivo individualismo (egoísmo). Esse “pode tudo”, esse “nada mais me impressiona ou me revolta” é lastimável. Vira um círculo vicioso em que ninguém se importa com mais nada e isso é muito ruim... Infelizmente a Política é um mal necessário em nossas vidas e, participar efetivamente dela é imprescindível a qualquer povo que se respeite, coisa que, sinto tristeza e vergonha em ter de dizer que, esse, definitivamente não é o caso dos brasileiros.Abraços
13/11/2007 às 0:28 #80749Miguel DuclósMembroTambém acho que não há uma ligação proposital, ou seja, o Superman, foi criado para trabalhar a fantasia na cabeça das pessoas, a princípio unicamente como uma fonte de lucros cinematográficos e editoriais, depois ganhou popularidade e passou a representar essas coisas todas que vc citou. Já o Übermensch não tem nada de ficção, não foi criado para propagandear nada, é um modelo totalmente possível levado muito a sério pelo autor e por seus admiradores. O Superman é propagandista, popularesco, fictício, “mágico”, tem super-poderes ... O Übermensch é um modelo real, e inclusive existe, ele próprio (Nietzsche) era um. Um modelo de homem cuja opção de sê-lo é reservada a poucos, ou seja, não é um modelo pra qualquer um SONHAR em sê-lo. É um modelo para os bem sucedidos, para os dominantes, isto é; atende aos desejos e anseios dos dominantes, pois, é difícil pra mim imaginar alguém de vida simples, alguém que vive de seu trabalho, condenar a igualdade de direitos entre os homens, de maneira tão explícita. Não consigo imaginar uma pessoa que viva de seu próprio trabalho, dizendo sinceramente que o Trabalho é e deve ser unicamente pra cabeças pequenas...
Aí que está, o ponto todo é que o Super-Homem dos Comics não é tão irreal, ilusório e fictício assim, já que é símbolo, representação, do poderio bélico norte-americano no pós-guerra e da realização de seu povo enquanto ideologia vencedora. Por isso que as cores do uniforme são as mesmas da bandeira. A visão de raio-X é uma artimanha militar, assim como o poder de voar representa a aeronáutica etc etc.No caso do Nietzsche, ele coloca seu alter-ego literário, o Zaratustra, como o "profeta" do ubermensch, então ele mesmo Nietzsche não era um übermensch, nem um modelo tão palpável assim. É uma noção criada, talvez um modelo antípoda, que Nietzsche bolou. Nietzsche era estudioso de Spencer e de Darwin. Embora discordasse deles, estava atento às questões científicas da época. Então não é um grande passo sabendo que o "homo sapiens" destronou os homíneos anteriores, como o "homem de Cro-magnon", também o "homo sapiens" segundo a lógica toda também um dia vai ter que se modificar e virar uma outra coisa... Mas claro, essa associação do evolucionismo com o XIX com Nietzsche é um pouco apressada, seria melhor nos determos mais nas fontes para ver se há alguma ligação.
13/11/2007 às 2:17 #80750BrasilMembroo "homo sapiens" destronou os homíneos anteriores, como o "homem de Cro-magnon", também o "homo sapiens" segundo a lógica toda também um dia vai ter que se modificar e virar uma outra coisa...
Sim, isso é uma verdade absoluta e acho que é um tema muito pouco explorado filosoficamente, infelizmente. É exatamente por saber que esse novo Homem é algo “garantido”, lógico, independentemente do tempo que leve para o seu surgimento, que eu acho importante traçar bem o seu perfil. Ou pelo menos tentar traçá-lo da melhor maneira possível. Muito do que Nietzsche diz está certo, só não concordo com aqueles outros aspectos de dominação e sentimento de superioridade sobre os que são na realidade nossos iguais. Não consigo imaginar um novo Homem mais evoluído, mais inteligente e que explora outros, subjuga nações, empreende sua vontade de poder alheio ao sofrimento dos outros “fracos”, “baixos”, “ cabeças pequenas” e “serviçais”. Um novo Homem que parte do pressuposto que deve haver duas classes de pessoas; comandantes e comandados, nobres e plebeus, não muda muita coisa, não é realmente novo. Acho que a inteligência humana é muito mais capacitada que isso. Acho que o raciocínio humano, livre dos dogmas que Nietzsche tanto repudia, mas também livre dos sentimentos tidos por ele como “nobres”, como por exemplo o domínio do “nobre” sobre o mais “fraco”, seria um bom começo. Esse negócio de forte e fraco é conflitante, o “fraco” nunca aceitará essa posição. A não ser se pagarem bem... hehehe :D Aí ele não será mais fraco... Terá dinheiro, terá poder... Por isso acho impraticável como política assimilada e aceita pelo povo em consenso de maioria.Na prática não funciona, é matematicamente impossível. Para haver alguns bem sucedidos é necessário que haja muitos mal sucedidos: Então o entendimento de "justiça" e amor à humanidade cai por terra, sem se falar no entendimento de igualdade de direitos, uma vez que o "superior", nunca o deixará de ser, enquanto que o "inferior" (a gigantesca maioria das pessoas) e toda a sua descendência nunca saírão dessa condição de inferior. Serão por toda a eternidade, os necessários e baratos seviçais da "nobreza". Ou, até que surja um novo Homem, uma nova era, novamente.Abs :)
13/11/2007 às 15:19 #80751Miguel DuclósMembroNão consigo imaginar um novo Homem mais evoluído, mais inteligente e que explora outros, subjuga nações, empreende sua vontade de poder alheio ao sofrimento dos outros “fracos”, “baixos”, “ cabeças pequenas” e “serviçais”.Um novo Homem que parte do pressuposto que deve haver duas classes de pessoas; comandantes e comandados, nobres e plebeus, não muda muita coisa, não é realmente novo.
Ué, mas o Übermensch é aquele que cria seus próprios valores, não aceitando a imposição de outros, não carregando o pesado fardo da moral e da carga histórica, como vemos na capítulo "As 3 transmutações do espírito" do Zaratustra. Daí a aproximação com a leveza da criança, que constrói inúmeros castelos de tarde para de noite esquecer tudo e no dia seguinte construir outros.Se cria seus valores, é livre, e não subjugado e dominado. Mas se se admite que nem todos podem atingir isso, está-se admitindo que sempre vai haver dominação e subjugação. É o que Nietzsche denuncia, por exemplo, ao criticar a moral, a religião e a política. Por exemplo, a noção religiosa de que somos "servos" ou "escravos" de Deus (Platão diz...dos deuses), de que somos um rebanho e com a madre santa igreja tomando conta dele e punindo as ovelhas desgarradas.
14/11/2007 às 2:23 #80752BrasilMembroo Übermensch é aquele que cria seus próprios valores, não aceitando a imposição de outros, não carregando o pesado fardo da moral e da carga histórica, como vemos na capítulo "As 3 transmutações do espírito" do Zaratustra. Daí a aproximação com a leveza da criança, que constrói inúmeros castelos de tarde para de noite esquecer tudo e no dia seguinte construir outros.
Bem, a mim, a impossibilidade de uma interpretação concreta e objetiva do que pregava Nietzsche, é latente. Sabemos que o uso de suas idéias e pensamentos serviram para fins funestos e isso não se deve só à adulteração em seus escritos feitas pela sua irmã; os soldados alemães levavam o Zaratustra para os campos de batalha entre seus materiais de campanha. O Zaratustara não foi adulterado, pelo que eu saiba. Como vc ressaltou, no capítulo “As 3 transmutações do espírito”, no livro Zaratustra, podemos ter essa interpretação de uma maneira mais clara, já em outras passagens, a interpretação dessa “liberdade para todos”, é muito afastada, dando margem maior a outra interpretação.
Se cria seus valores, é livre, e não subjugado e dominado. Mas se se admite que nem todos podem atingir isso, está-se admitindo que sempre vai haver dominação e subjugação.
Mas quem admite isso é o próprio autor!! Quando dá como apropriada a conquista de riqueza material, econômica, mesmo sob a necessidade de uma guerra. Quando exalta a astúcia de um banqueiro que ficou rico (se é que existe banqueiro pobre) no livro “Para além do Bem e do Mal”.Não existe esse “nobre” nietzscheano, sem riqueza! O “nobre” dele consiste na subjugação do seu semelhante enquanto espécie. Como entender que o super-homem seria algo possível como um todo, ou seja; que TODOS transmutariam, uma vez que, não há nobre se não houver populacha? O nobre nietzscheano só é nobre enquanto domina e subjuga. O nobre do fraco é a piedade e a compaixão, o nobre nietzscheano é a força, o domínio. Domínio sobre o que? Não é sobre outrem?
É o que Nietzsche denuncia, por exemplo, ao criticar a moral, a religião e a política. Por exemplo, a noção religiosa de que somos "servos" ou "escravos" de Deus (Platão diz...dos deuses), de que somos um rebanho e com a madre santa igreja tomando conta dele e punindo as ovelhas desgarradas.
Veja, o cristianismo não chegou a diversos cantos deste mundo e nem por isso podemos dizer que esses cantos são os lugares mais evoluídos ou melhores do mundo. Nietzsche, apesar de condenar todas as religiões, exalta as qualidades do budismo, dizendo que é mais honesto, mais realista, mais egoista, etc. Por acaso os países budistas estão em melhor situação que os católicos? Parecem uns zumbis!! (mortos vivos)É totalmente conflitante a idéia de liberdade para todos, com a idéia de uma casta de dominantes: Como haver “nobres” sem haver “populacho”.Veja, eu não li todas as obras de Nietzsche, mas pelo que eu li, dá pra perceber claramente que ele associa a fortuna, a riqueza material, a astúcia financeira, ao fato de ser “nobre” ou “fraco”. Faz até ressalvas para algumas exceções de "bem sucedidos" entre os "fracos". Se a nobreza está em dominar, subjugar, etc, o fraco é uma peça essencial para o super-homem. Ou não? Daí eu dizer que é impraticável. Também é difícil de entender que essa nobreza que tem essência na conquista de riqueza, admite a ética, os deveres morais, SOMENTE entre os nobres: "O que faz uma moral dos dominantes parecer mais estranha e penosa para o gosto atual, no entanto, é o rigor do seu princípio básico de que apenas frente aos iguais existem deveres; de que frente aos seres de categoria inferior, a tudo estranho-alheio, pode-se agir ao bel-prazer ou como quiser o coração", e em todo caso "além do bem e do mal": aqui pode entrar a compaixão, e coisas do gênero."(NIETZSCHE)Não entra a compaixão e coisas do gênero, entra a necessidade de haver miseráveis para que haja “nobres”. Sem uns os outros não existiriam e vice e versa. Como o super-homem seria super-homem sem miseráveis para lhe fazer nobre, super?Nietzsche diz que o trabalho é para cabeças pequenas... Bem, alguém tem que trabalhar... hehehe :DEle entende que para o surgimento dos “grandes homens”, uns precisam trabalhar e outros não, uns tenham tempo para pensar e outros não; uns tenham ócio e outros não. Os “grandes homens” precisam do ócio para pensar... E eu pergunto: Pensar em que? Numa maneira mais “inteligente” de dominar, subjugar, etc.? “Falar de justo e injusto em si carece de qualquer sentido; em si, ofender, violentar, explorar, destruir não pode naturalmente ser algo ‘injusto’, na medida em que essencialmente, isto é, em suas funções básicas, a vida atua ofendendo, violentando, explorando, destruindo, não podendo sequer ser concebida sem esse caráter. (...) Os estados de direito não podem senão ser estados de exceção, enquanto restrições parciais da vontade de vida que visa o poder”. (NIETZSCHE. 2005. p. 64-65. Afor 11).Bem, como se vê, não é sem motivos essa minha interpretação, mas, posso estar errado, afinal, sou apenas mais um 0 (zero) entre o populacho.Abs :)
14/11/2007 às 16:47 #80753Miguel DuclósMembroBem, a mim, a impossibilidade de uma interpretação concreta e objetiva do que pregava Nietzsche, é latente. Sabemos que o uso de suas idéias e pensamentos serviram para fins funestos e isso não se deve só à adulteração em seus escritos feitas pela sua irmã; os soldados alemães levavam o Zaratustra para os campos de batalha entre seus materiais de campanha. O Zaratustara não foi adulterado, pelo que eu saiba. Como vc ressaltou, no capítulo “As 3 transmutações do espírito”, no livro Zaratustra, podemos ter essa interpretação de uma maneira mais clara, já em outras passagens, a interpretação dessa “liberdade para todos”, é muito afastada, dando margem maior a outra interpretação.
Nenhum filósofo clássico tem essa facilidade de interpretação que você está dizendo. Interpretar um clássico é uma arte, mas se você fosse tão fácil assim - passar os olhos e saber exatamente tudo que foi implicado - a filosofia não seria tão rica. Literalmente, existem bibliotecas inteiras escritas sobre os curtos diálogos de Platão. Um livro como a Ética de Espinosa, que é relativamente curto, gera ensaios de milhares de páginas. E o que dizer da Bíblia? Quer mais exegese do que toda discussão que envolve a interpretação do Gênesis? Até hoje não se sabe ao certo o que foi dito. Então essa não é uma crítica oportuna a Nietzsche. O que acontece é que seu modo de exposição é, em grande parte dos escritos, anti-sistemático, aforismático e poético. Isso sem dúvida é um ponto que pode levar a uma multiplicidade de interpretações, e se a pessoa estiver mal-intencionada, a má-interpretações. É esse o caso dos que interpretaram erroneamente na associação com nazismo. Já mostrei no outro thread como ele brigou com a irmã porque o marido associou Zaratustra ao anti-semitismo. O fato é que isso é indicativo de que os movimentos que eclodiram no nazismo já estavam presentes em diversos grupos da Alemanha na época, e Nietzsche reagiu como pode, em vida, ao ver seu nome associado a eles. A irmã não apenas adulterou, ela contribuiu para propagandear uma visão errônea dos escritos, mesmo eles não tendo sido alterados.Esse dado dos soldados é novo, você pode citar a fonte? Existe um esforço para querer associar coisas alemãs com nazismo, até mesmo o nome de Beethoven é tocado em vão. Mesmo o Spielberg fez os alemães tocarem Beethoven antes de uma batalha, em seus filmes. Isso é querer desmerecer o que a Alemanha fez de grande, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Se um soldado brasileiro levar o Machado de Assis para uma batalha, você vai culpar o escritor? Zaratustra é um livro díficil e que exige cultura, paciência e dedicação para ser lido, não tem nada a ver com batalha e com soldados, pouco interessados em filosofia, no geral.Sugiro que leia: http://en.wikipedia.org/wiki/Philosophy_of_Friedrich_Nietzsche#Nietzsche.27s_criticisms_of_anti-Semitism_and_nationalismNietzsche brigou contra Wagner em parte por causa do anti-semitismo, do pan-germanismo e do nacionalismo. O anti-semitismo já está bem demonstrado que é repudiado por Nietzsche, mas ele também ataca o nacionalismo alemão, é a favor da unificação da Europa, se define como um bom europeu etc. Enfim, o nazismo é obediência social (moralidade), hegemonia, identidade. Todos aqueles soldados perfilados iguaizinhos, sem vontade própria, obedecendo a outros. Não tem nada a ver com o que Nietzsche falava, que era ser responsável por si mesmo, criar seus próprios valores, destruir a fixação da moralidade centrada etc.A influência de Nietzsche se deu muito mais em pensadores críticos. Adorno, por exemplo, foi um dos grandes críticos dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Na dialética do esclarecimento, junto com Horkheimer, ele desenvolve uma análise do desenvolvimento da racionalidade instrumental, como nefasta, até que tenha sido capaz de gerar máquinas de guerra efetivamente capazes de aniquilar a humanidade e a vida na Terra. Uma das influências declaradas dele é a de Nietzsche com sua crítica à racionalidade. Os frankfurtianos surgem numa mistura de marxismo, nietzscheanismo e psicanálise.Nietzsche começou a adquirir maior ressonância filosófica com a recepção por parte de pensadores franceses. (A frança que lutou contra a Alemanha na Guerra). Georges Bataille, por exemplo, é o rei da anti-moralidade, um pensador vanguardista, de esquerda, contra toda espécie de tirania. Fez um ensaio sobre o fascismo, no qual analisa as causas da pulsão de massa. Isso está bem resumido em vários sites na internet e mesmo por Habermas no Discurso Filosófico da Modernidade. Bataille é nietzscheano em primeira instância e lutou contra a má-interpretação:
Georges Bataille was one of the first to denounce the deliberate misinterpretation of Nietzsche carried out by Nazis, among whom Alfred Baeumler. He dedicated in January 1937 an issue of Acéphale, titled "Reparations to Nietzsche," to the theme "Nietzsche and the Fascists. [3]." There, he called Elisabeth Förster-Nietzsche "Elisabeth Judas-Förster," recalling Nietzsche's declaration: "To never frequent anyone whom is involved in this bare-faced fraud concerning races."
Wiki-enMichel Foucault é outro pensador esquerdista. Foucault bebe em Nietzsche na primeira água, usa o método genealógico para traçar considerações sobre a história da violência, chegando no conceito revolucionário de "microfísica do poder". Foucault é o nome-bandeira de todos que lutam contra os aparatos opressores do estado e da ideologia, aliás, até mesmo é caricaturizado no "Tropa de Elite". Assim como Jacques Derrida, que critica o fonocentrismo e Gilles Deleuze, outro nome ligado à contra-cultura, à não-violência etc.Esses são influenciados verdadeiramente por Nietzsche, e não Hitler e seus seguidores da direita alemã, sinto muito.
Não existe esse “nobre” nietzscheano, sem riqueza! O “nobre” dele consiste na subjugação do seu semelhante enquanto espécie. Como entender que o super-homem seria algo possível como um todo, ou seja; que TODOS transmutariam, uma vez que, não há nobre se não houver populacha? O nobre nietzscheano só é nobre enquanto domina e subjuga. O nobre do fraco é a piedade e a compaixão, o nobre nietzscheano é a força, o domínio. Domínio sobre o que? Não é sobre outrem?
O übermensch não tem nada a ver com riqueza econômica. Veja o caso do próprio Nietzsche. O coitado viveu pobre, com uma bolsa minguada que ganhava da universidade, andando para lá e para cá na Europa com sua mala de 100 quilos, morando em pensões junto ao povo, pessoas simples, sem nenhuma espécie de luxo e riqueza. Zaratustra no livro vive no alto da montanha, como um ermitão. O cara deveria estar passando fome e escreveu aquela frase sobre os banqueiros como uma tirada, e agora você está usando como cavalo de batalha. O que existe, sim é uma crítica contra o ascetismo, os pretensos valores espirituais. O que temos é uma revalorização do corpo. No legado platônico e também judaico-cristão, a alma é valorizada em detrimento do corpo, morada transitória de uma alma imortal que transmigraria em além-mundos. Nietzsche inverte esse sentido, ao afirmar essa vida, essa terra e esse corpo como definitivos e maravilhosos. Isso não é tão novo, veja por exemplo Rabelais no Renascimento já havia feito isso com seu gigante Gargantua.O übermensch não pretende dominar os semelhantes, mas sim ser senhor de si. É por isso mesmo que não é para todos, porque não existe nada mais poderoso do que o pacto dos medíocres. O übermensch é sempre um antípoda, porque consegue sair da moralidade estabelecida milenarmente. Quem domina e subjuga o homem é a moral, na visão de Nietzsche. Os reis por exemplo, usavam o direito divino para tiranizar as pessoas. Veja a armadilha, como todo poder vem de Deus, quem exerce o poder está se aproximando dele. O que ele procura é o combate, com outros espíritos livres, e não subjugar ninguém. O que está em jogo é sair do niilismo negativo, que "ceifa" as potencialidades humanas, transferindo a responsabilidade para os outros, para poder realizar a sua vontade, todas as potencialidades do homem enquanto ser total.Sugiro que leia:http://en.wikipedia.org/wiki/%C3%9Cbermensch
Veja, o cristianismo não chegou a diversos cantos deste mundo e nem por isso podemos dizer que esses cantos são os lugares mais evoluídos ou melhores do mundo. Não entra a compaixão e coisas do gênero, entra a necessidade de haver miseráveis para que haja “nobres”. Sem uns os outros não existiriam e vice e versa. Como o super-homem seria super-homem sem miseráveis para lhe fazer nobre, super?Abs :)
A Igreja Católica foi bem lembrada. É, com essa teoria de paixão e piedade que praticou-se o genocídio inominável, desnecessário e cruel das diversas populações indígenas, por exemplo. Em nome de Cristo se fizeram as Cruzadas, que foram campanhas militares destinadas a retomar a Europa e saquer a riqueza árabe. Sem falar na inquisição. Índios e negros eram considerados sem alma pelos católicos. Ontem mesmo vi uma cena no Poderoso Chefão que um dos chefes da máfia fala que não sente remorso ao vender a droga para negros, pois "eles não tem alma". Veja o filme Apocalypto, do Mel Gibson, é o mesmo recado que quem desconhece a palavra de Cristo não faz parte da civilização, devendo morrer por causa disso. Essa imposição da compaixão e liberdade se assemelha ao que os EUA fizeram no Iraque e Afeganistão ..."vamos ensinar o que é democracia para esses árabes sujos", usando para tal o poder do coturno, do fuzil. do tanque e do bombardeio.A propósito, os nazistas tinham ligações estreitas com os católicos, principalmente antes da Guerra eclodir estas ligações eram bem estritas. Como prova de tal atestam inúmeras fotos. Veja por exemplo o sitehttp://www.nobeliefs.com/nazis.htm
Sobre a compaixão Nietzscheana, contra-cito um trecho de Ecce Homo, ao se referir ao seu "non plus ultra" Zaratustra: "Entre minhas obras ocupa o meu Zaratustra um lugar à parte. Com ele fiz à humanidade o maior presente que até agora lhe foi feito. Esse livro, com uma voz de atravessar milênios, é não apenas o livro mais elevado que existe, autêntico livro do ar das alturas [...] é também o mais profundo, o nascido da mais oculta riqueza da verdade, poço inesgotável onde balde nenhum desce sem que não volte repleto de ouro e bondade" (NIETZSCHE, Ecce Homo).
15/11/2007 às 4:50 #80754BrasilMembroOlá Miguel
Já mostrei no outro thread como ele brigou com a irmã porque o marido associou Zaratustra ao anti-semitismo.
Eu não tenho dúvida alguma sobre isto. Citei o fato dos soldados alemães levarem o Zaratustra pro front, exatamente pra ressaltar a tremenda margem de interpretações que esse filósofo produziu. Por mais complexa que seja qualquer outra obra filosófica, certamente não daria margem para interpretações TÃO DIFERENTES.Enquanto uns dizem que o super-homem é a libertação do Homem para uma vida superior sem mesquinharia, outros entendem que ele seria o carrasco dos fracos, subjugando os inferiores “assim como se deve fazer”... São questões conflitantes que geram essas interpretações tão distintas, como por exemplo, aquilo que eu te disse na outra msg : Se a moral nietzschena consiste na dominação, como entender que o supre-homem é um modelo para a transmutação de TODOS os homens? Quem vai dominar quem? Não me resta qualquer dúvida quanto às concepções do Nietzsche sobre a nobreza. Pra ele o “nobre” é o forte subjugando o fraco! Sem compaixão!E a ética, os deveres morais, é restrita entre os nobres, como numa máfia.Nestes termos o super-homem seria superior em que? Em dominar e subjugar os fracos. Sem fracos, sem super-homem...
ele também ataca o nacionalismo alemão, é a favor da unificação da Europa, se define como um bom europeu etc.
Pois é, mas isso não deixa de ser uma espécie de nacionalismo, pois, uma vez a Europa unificada, seria uma grande nação. Seria então a sua ideologia, um nacionalismo europeu.
Michel Foucault é outro pensador esquerdista. Foucault bebe em Nietzsche na primeira água
Estranho! Se ele era esquerdista eu não vejo porque ele se basear em Nietzsche, uma vez que este sempre combateu qualquer idéia favorável à igualdade. O que será que Nietzsche diria sobre um esquerdista? Bem, na verdade ele disse muitas coisas sobre os esquerdistas e sobre as idéias de igualdade, não é mesmo?“O que é bom para mim, não é bom para o paladar do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? Esta frase encerra uma contradição. O que pode ser desfrutado em comum é sempre coisa de baixa, definição, de pouco valor. Enfim, as grandes coisas estão reservadas para os grandes espíritos, os abismos para os espíritos profundos; as delicadezas e os calafrios reservados aos refinados, numa palavra, raridades para os raros.” (NIETZSCHE)Sem “ bem comum”, é possível O Super-Homem? Ou alguns super-homens? A segunda opção é mais provável... Eu acho que sim.
Se cria seus valores, é livre, e não subjugado e dominado. Mas se se admite que nem todos podem atingir isso, está-se admitindo que sempre vai haver dominação e subjugação.
Não se trata de EU ou quem quer que seja, admitir, e sim do que é fisicamente praticável! Não há como TODOS transmutarem!! Quem vai dominar quem?
O übermensch não tem nada a ver com riqueza econômica. Veja o caso do próprio Nietzsche. O coitado viveu pobre, com uma bolsa minguada que ganhava da universidade, andando para lá e para cá na Europa com sua mala de 100 quilos, morando em pensões junto ao povo, pessoas simples, sem nenhuma espécie de luxo e riqueza. Zaratustra no livro vive no alto da montanha, como um ermitão. O cara deveria estar passando fome e escreveu aquela frase sobre os banqueiros como uma tirada, e agora você está usando como cavalo de batalha.
Miguel, me desculpe, mas eu só estou fazendo a leitura de Nietzsche! Tento encontrar COERÊNCIA!!Não se trata de cavalo de batalha! Como o Nietzsche viveu não importa, o que importa é o que ele disse. Vc já havia me relatado esse aspecto da vida dele e eu entendi, mas o que está em discussão é exatamente o que ele escreveu! E a incoerência na idéia desse super-homem bonzinho e que subjugaria seu semelhante.Não é porque ele TEVE de viver entre a os pobres, que ele gostava dos pobres ou estenderia sua mão a um pobre.
O übermensch não pretende dominar os semelhantes, mas sim ser senhor de si. É por isso mesmo que não é para todos, porque não existe nada mais poderoso do que o pacto dos medíocres.
Então vc admite que esse super-homem não seria uma transmutação da humanidade e sim de alguns poucos?
O übermensch é sempre um antípoda, porque consegue sair da moralidade estabelecida milenarmente.
Ele consegue, mas os medíocres não? É esse o ponto!
Quem domina e subjuga o homem é a moral, na visão de Nietzsche.
A moral que ele atribui toda a essência humana! A moral que ele diz que é natural, foi invertida e deveria ser mantida como era antes!! Sendo mantida, quem domina quem? Não é essa a moral que ele diz que foi invertida? A vontade de potência não é o domínio, a subjugação?
O que está em jogo é sair do niilismo negativo, que "ceifa" as potencialidades humanas, transferindo a responsabilidade para os outros, para poder realizar a sua vontade, todas as potencialidades do homem enquanto ser total.
Sim Miguel, como eu te disse; muito do que ele escreveu está correto na minha opinião. Não me oponho a tudo, só às incoerências... Que são gritantes!
A Igreja Católica foi bem lembrada. É, com essa teoria de paixão e piedade que praticou-se o genocídio inominável, desnecessário e cruel das diversas populações indígenas, por exemplo. Em nome de Cristo se fizeram as Cruzadas, que foram campanhas militares destinadas a retomar a Europa e saquer a riqueza árabe. Sem falar na inquisição. Índios e negros eram considerados sem alma pelos católicos. Ontem mesmo vi uma cena no Poderoso Chefão que um dos chefes da máfia fala que não sente remorso ao vender a droga para negros, pois "eles não tem alma". Veja o filme Apocalypto, do Mel Gibson, é o mesmo recado que quem desconhece a palavra de Cristo não faz parte da civilização, devendo morrer por causa disso. Essa imposição da compaixão e liberdade se assemelha ao que os EUA fizeram no Iraque e Afeganistão ..."vamos ensinar o que é democracia para esses árabes sujos", usando para tal o poder do coturno, do fuzil. do tanque e do bombardeio.A propósito, os nazistas tinham ligações estreitas com os católicos, principalmente antes da Guerra eclodir estas ligações eram bem estritas.
Caramba, Miguel! Quando foi que eu endossei a “santa” corrupta Igreja? A compaixão é pra mim algo de mais belo que ainda resta nessa especiezinha tão complicada!! Não tô nem aí pro que pensa o viado do Papa ou pro ladrão do Pastor!! Tenho a compaixão como uma fina ligação com Deus. Não a tenho como uma teoria, ou doutrina, penso que é um “instinto de dignidade”, puro, belo, livre! Penso que sem ELE a humanidade já teria se acabado, irmão contra irmão. Não pense que um japonês, ou um tibetano ou um árabe não sente compaixão. Eles podem dar outro nome a esse instinto, mas que sentem, sentem.Você sente compaixão.
Sobre a compaixão Nietzscheana, contra-cito um trecho de Ecce Homo, ao se referir ao seu "non plus ultra" Zaratustra:"Entre minhas obras ocupa o meu Zaratustra um lugar à parte. Com ele fiz à humanidade o maior presente que até agora lhe foi feito. Esse livro, com uma voz de atravessar milênios, é não apenas o livro mais elevado que existe, autêntico livro do ar das alturas [...] é também o mais profundo, o nascido da mais oculta riqueza da verdade, poço inesgotável onde balde nenhum desce sem que não volte repleto de ouro e bondade" (NIETZSCHE, Ecce Homo).
Desculpe-me mais uma vez, Miguel, mas a mim não disse nada! O que é que a bondade tem que pudesse relacionar-se com o ouro? Ou o que é que o ouro tem que poderia relacionar-se com a bondade?Seria essa bondade também aquela que ele diz que tem sempre algo de malicioso por detrás? Ficaremos procurando frases dele para dizer que sim e ficaremos procurando frases dele para dizer que não. È isso.
Esse dado dos soldados é novo, você pode citar a fonte?
Sim Miguel, segue abaixo. Sempre lembrando que EU não associei Nietzsche ao Nazismo, o que eu sempre fiz foi mostrar as incoerências na sua filosofia e as brechas, pra não dizer estradas que nela se encontram, que levariam, como levaram, a essa interpretação.Um abração A figura de Nietzsche foi promovida na Alemanha Nacional Socialista e muitos nacional-socialistas o louvavam. A obra de Nietszche Also Sprach Zarathustra (Assim falou Zaratrusta) era entregue aos soldados alemães na frente de batalha com o intuito de motivar o exército enquanto a propaganda nazista colocava-os na posição desse super-homem. 25 A apropriação das idéias de Nietzsche pelo Nacional Socialismo não se limitou a teoria do super homem. O desprezo de Nietzsche pela democracia e pelo parlamento bem sua oposição ao socialismo, ao igualitarismo e a emancipação feminina26 também fizeram parte anos mais tarde da ideologia nacional-socialista. É preciso ressaltar, no entanto, que ao contrário de muitos pensadores que tiveram suas idéias apropriadas pelo Nacional Socialismo, Nietzsche condenava o anti-semitismo prussiano chegando a romper com sua irmã e Wagner por ver neles o que combatia – o rigor germânico, o anti-semitismo e o espírito aprisionado.http://216.239.59.104/search?q=cache:bAAfoywuCD0J:www.estacio.br/graduacao/relacoes_internacionais/monografias/Monografia%2520Vivian%2520Fernandes%2520de%2520Andrade.doc+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=10&gl=brPara os nazistas, uma leitura praticamente obrigatória era "Assim falou Zarathustra", sonhando com a materialização, na sua Alemanha, do Super-Homem vislumbrado por aquele filósofo que, arrasado pela sífilis, falecera a 25 de agosto de 1900. Nas mochilas de uma boa parte dos soldados alemães que avançaram no sonho do mundo ariano, essa obra era um dos componentes básicos, a reforçar o seu norte ideológico.http://216.239.59.104/search?q=cache:0_Rwk9duVp0J:www.sapereaudare.com/historia/texto03.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=5&gl=brA figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo a sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Em Mein Kampf, Hitler descreve-se como a encarnação do sobre-homem (Übermensch). A propaganda nazi colocava os soldados alemães na posição desse sobre-homem e segundo Peter Scholl-Latour o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente de batalha, para motivar o exército. Isto também já acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como dizia Heidegger, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.http://216.239.59.104/search?q=cache:hqaEUsOaXCgJ:atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2005/10/nietzsche.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=brAlguns afirmam que o livro ‘Assim falou Zaratustra’ teria sido distribuído para os soldados alemães na guerra, resta saber se os soldados alemães (naquela época) teriam capacidade para entender NIETZSCHE, he he he... Na excelente coleção OS PENSADORES, lemos num encarte muito bem feito, Capítulo 46, referente especificamente a NIETZSCHE:http://216.239.59.104/search?q=cache:nZMHMgqEe0IJ:www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2322.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=brO SUPER-HOMEM DE NIETZSCHE A filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900), desde que ele se entusiasmara com a obra de Francis Galton, tomou-se a espiritualização do social-darwinismo e a principal mentora nos meios mais sofisticados da adoção da eugenia. Nietzsche, poeta e pensador alemão, acreditava que no futuro - como expôs no seu poema-manifesto "Assim falou Zaratustra" (Aiso spracht Zarathustra) de 1883-92 - o homem (que ainda na sua época era ainda crente, submisso, preso aos valores e as hierarquias tradicionais) deveria necessariamente dar lugar ao superhomem (Übermench). Este seria um novo "animal político" destituído da moral comum (produto de séculos da ética cristã derivada da ideias do bem e do mal). Implacável em seus objetivos, distante e altaneiro em relação aos que consi- dera inferiores, o Übermensch era o novo legislador. Totalmente hostil à democracia, cujas leis ele, em sua arrogância de ser superior, rejeitava, o super-homem aceitava somente as regras que eram feitas por ele mesmo, estando ele muito além da moral vulgar das multidões que o cercavam . A morada dele, desse moderno titã, é o cume elevado das montanhas, onde o ar é rarefeito, reservados aos poucos. As demais pessoas, a gente comum, servem-lhe apenas como degraus para sua ascensão a patamares cada vez mais elevados de aperfeiçoamento e gozo estético. Nietzsche, além de desprezar a democracia, abominava o liberalismo, o socialismo, o feminismo e o cristianismo, vistos como manifestações de debilidade, como expressão de uma vontade majoritária de carneiros, de fracos e de covardes, enfim, dos inferiores (Üntermench). O mundo do futuro seria controlado pela nova raça de senhores (Herrenvolk) que imporia sua vontade de poder (Wille zur Macht) sobre uma massa submissa, tomada um rebanho (Herde). Dela exigiriam obediência de morte. Somente os fortes teriam "direito à vida", cujos critérios seriam estabelecidos, evidentemente, pelo super-homem. Os demais deveriam ser eliminados. Não eram dignos a ter "direito à existência". O super-homem não teria nenhuma qualidade herdada (sangue nobre por exemplo), sendo reconhecido apenas por sua personalidade de aço, por sua irrevogável determinação e pela entrega total a sua causa, fosse qual fosse a sua linhagem. A sua aristocracia era o caráter - duro, inquebrantável, insensível! "Algum nunca chega a ficar doce, apodrece já no verãoÉ a covardia que o mantém dependurado no seu galhoVive gente em demasia e por tempo demaisfica pendurada no seu galho Possa vir a trovoada que sacuda da árvore todos essesfrutos podres e bichados! Possam vir os pregadores da morte rápida Seriam para mim as verdadeiras trovoadas e os sacudidores da árvore da vida . F. Nietzsche - "Assim falou Zaratustra", 1885 A enorme polémica que envolve até hoje a real importância do pensamento de Nietzsche para o surgimento do nazismo, ou pelo menos fornecendo-lhe o vocabulário estridente e várias expressões ideológicas, nos obriga a arrolar a evidente similitude do pensamento nietzscheano com o que veio a acontecer depois na Alemanha de 1933. Afinal, a irmã dele, Elizabeth Võster-Nietzsche deu a bengala do filósofo para Hitler, quando ele visitou-a em Weimar em 1932. Para ela aquele presente foi um símbolo que representou a transmissão de uma missão! Do teórico ao prático. Do filósofo que passara os seus últimos anos de vida alienado e entrevado ao homem de ação. http://216.239.59.104/search?q=cache:Xi5z76PpXZAJ:www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neonazis/cap11.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=3&gl=brDesenganem-se aqueles que pensam que por o fascismo ser proibido pela constituição não consegue difundir a sua ideologia.São inúmeras as publicações editadas pelo movimento mas, devido à desregulamentação da Internet, o grupo prolifera através de páginas pessoais, blogs, fóruns e salas de chat que se tornam pontos obrigatórios para a discussão de temas que gravitam em torno dos seus interesses.Embora estes sites estejam constantemente debaixo de olho por parte das autoridades, apenas aqueles que pressupõem filiação e ingresso num partido politico vêem os seus dados cedidos à policia.Embora muitos desconheçam há no movimento "Skin" uma forte componente ideológica, quase um sentimento de missão de perpetuar o movimento. Para se ingressar no movimento não basta ter o culto corporal e partilhar animosidades xenófobas/racistas, é necessário estar-se embuído na sua ideologia, cultivá-lo, dar-lhe continuidade, criar um legado para os vindouros.É aqui que a cultura nacional-socialista entra. Mein Kampf (A Minha Luta), o livro editado por Hitler em 1924, uma obra que defende o anti-semitismo e o espaço vital alemão, despoletadores da Segunda Guerra Mundial, é tida quase como uma profecia bíblica.Chega mesmo a ser atribuído a Hitler um episódio de uma visão premonitória durante o seu serviço militar na Primeira Guerra Mundial. Combatendo em trincheiras, ladeado por mais soldados alemães, uma voz chamou por Adolf Hitler que a seguiu escapando ao rebentamento de um engenho explosivo que, segundos depois, mataria os seus companheiros do exército bávaro.O filósofo Alemão, do século XIX, Friedrich Nietzsche também é um dos pilares inspiradores da cultura nacional-socialista. Tido com um dos pensadores mais controversos da filosofia moderna, Nietzsche foi um acérrimo critico da moral judaico-cristã, do cristianismo e de toda uma cultura ocidental.Embora não haja uma estreita ligação entre Nietzsche e o Nazismo, é fácil revermos alguns princípios ideológicos defendidos na sua obra que. posteriormente, foram aplicados ao movimento nacionalista.Primeiro porque na obra "Assim falou Zaratustra" Nietzsche aborda um super-homem, um ser com dotes sobrehumanos, um Übermensch (Para-além-do-homem) que é tido pelos Neonazis como o Ariano, o ser superior.Outro dos exemplos é o niilismo, nomeadamente o Completo, que apela a um espírito activo, de criação de legado, defende igualmente que o homem, ao não crer nos valores transmitidos por Deus, deve ele próprio tornar-se produtor de valores. É aqui que podemos estabelecer uma comparação com o espírito de missão patente num membro skinhead.Relativamente ao Niilismo Incompleto, no qual se nega que a vida terrena deva ser regida por padrões morais, de forma a atingir uma plenitude numa vida metafisica futura, encontramos uma critica à moral judaico-cristã.No livro "Diário de um Skin" de António Salas encontramos uma citação reveladora da sua critica ao Cristianismo. «Os Deuses Arianos não procuram o apego aos débeis, não procuram proteger os desamparados (..) Os Deuses Arianos só sentem apego pelos que lutam, pelos que enfrentam as adversidades sem dobrar o joelho, pelos que exaltam a força e a beleza.»«O Cristianismo, essa religião destinada aos débeis e doentes, aos que procuram nos outros a solução dos seus problemas e não em si mesmos (..) Essa religião que procura o desapego á vida terrena, que condena a beleza, o sexo (..)»No fundo é uma crítica ao conformismo cristão, à consciência de que mesmo sendo mártires na terra, após a morte, atingirão a plenitude. As crenças metafisicas nazis implicam um papel mais pró-activo.http://216.239.59.104/search?q=cache:xg9pE-t0BKoJ:observador21.blogspot.com/2007/09/ideologia-skin.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=7&gl=br
15/11/2007 às 6:13 #80755Miguel DuclósMembroMeu caro, vamos lá. Sei que você não associa Nietzsche com nazismo, esse é um assunto controverso e que dá margem a muita polêmica, mas faço questão de comentar um a um os trechos que você colou:" A figura de Nietzsche foi promovida na Alemanha Nacional Socialista e muitos nacional-socialistas o louvavam. A obra de Nietszche Also Sprach Zarathustra (Assim falou Zaratrusta) era entregue aos soldados alemães na frente de batalha com o intuito de motivar o exército enquanto a propaganda nazista colocava-os na posição desse super-homem. 25 A apropriação das idéias de Nietzsche pelo Nacional Socialismo não se limitou a teoria do super homem. O desprezo de Nietzsche pela democracia e pelo parlamento bem sua oposição ao socialismo, ao igualitarismo e a emancipação feminina26 também fizeram parte anos mais tarde da ideologia nacional-socialista. É preciso ressaltar, no entanto, que ao contrário de muitos pensadores que tiveram suas idéias apropriadas pelo Nacional Socialismo, Nietzsche condenava o anti-semitismo prussiano chegando a romper com sua irmã e Wagner por ver neles o que combatia – o rigor germânico, o anti-semitismo e o espírito aprisionado.http://216.239.59.104/search?q=cache:bAAfoywuCD0J:www.estacio.br/graduacao/relacoes_internacionais/monografias/Monografia%2520Vivian%2520Fernandes%"Veja que a autora da monografia não sai muito com o que discutimos, veja as ressalvas, Nietzsche diz que foi APROPRIADO e que condenava o anti-semitismo, ponto CENTRAL da ideologia nazista. A nota 25 que fala dos livros de Nietzsche para os "soldados alemães" tem como referência a Wikipédia. A Wikipédia, por sua vez tem como fonte um tal "Peter Scholl-Latour". Aliás, TODOS os sites que passaram tem como fonte este autor, que publicou esta barbaridade e a coisa se propagou na Internet. Vamos adiante ->"Para os nazistas, uma leitura praticamente obrigatória era "Assim falou Zarathustra", sonhando com a materialização, na sua Alemanha, do Super-Homem vislumbrado por aquele filósofo que, arrasado pela sífilis, falecera a 25 de agosto de 1900. Nas mochilas de uma boa parte dos soldados alemães que avançaram no sonho do mundo ariano, essa obra era um dos componentes básicos, a reforçar o seu norte ideológico.http://216.239.59.104/search?q=cache:0_Rwk9duVp0J:www.sapereaudare.com/historia/texto03.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd"Este segundo artigo tem uma bibliografia um pouco mais séria, mas não cita a fonte. Ele tem lá nas suas fontes um livro chamado "Porque não somos nietzscheanos", que é um livro DIFAMATÓRIO, escrito por leigos com intuitos ideológicos, e contestados em inúmeros estudos acadêmicos. ->"figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo a sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Em Mein Kampf, Hitler descreve-se como a encarnação do sobre-homem (Übermensch). A propaganda nazi colocava os soldados alemães na posição desse sobre-homem e segundo Peter Scholl-Latour o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente de batalha, para motivar o exército. Isto também já acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como dizia Heidegger, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.http://216.239.59.104/search?q=cache:hqaEUsOaXCgJ:atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2005/10/nietzsche.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR"De novo, aparece a MESMA "fonte" que é este Peter Scholl-Latour , que pelo que pude verificar, é um autor polêmico e contestado, trazendo inúmeros dados controversos em seus artigos. Além disso, não é historiador da filosofia nem filósofo, e sim correspondente jornalístico, e tem problemas particulares com o nazismo na sua biografia. E neste terceiro artigo, é intessante colar o trecho imediatamente posterior, que diz o seguinte:"Mas era explicitamente contra o movimento anti-semita promovido por Hitler e seus partidários. A este respeito pode-se ler a posição de Nietzsche por ele mesmo:“Antes direi no ouvido dos psicólogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplêndido entre os anarquistas e anti-semitas, aliás onde sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro.” (Genealogia da Moral, p. 76-77, Trad. Paulo Cesar Souza)“... tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo cristão-ariano-homem-de-bem, e, através do abuso exasperante do mais barato meio de agitação, a afetação moral, buscam incitar o gado de chifres que há no povo...” (Genealogia da Moral, p. 179-180, Trad. Paulo Cesar Souza)Sem dúvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito além da apropriação feita pelo regime nazista. Ainda hoje é um dos filósofos mais estudados e fecundos."E então, neste também já está feita a ressalva -> "Alguns afirmam que o livro ‘Assim falou Zaratustra’ teria sido distribuído para os soldados alemães na guerra, resta saber se os soldados alemães (naquela época) teriam capacidade para entender NIETZSCHE, he he he... Na excelente coleção OS PENSADORES, lemos num encarte muito bem feito, Capítulo 46, referente especificamente a NIETZSCHE:http://216.239.59.104/search?q=cache:nZMHMgqEe0IJ:www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2322.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl="Neste quarto está ainda mais explícita a dissociação de Nietzsche com o nazismo. O artigo é apenas pessoal, mas o autor tem o bom sendo de ironizar este dado controverso que tem sido divulgado, por isso que ele fala "se os soldados alemães (naquela época) teriam capacidade para entender NIETZSCHE, he he he"É claro que NÂO teriam. Como eu disse, Zaratustra é uma leitura refletida e pausada, não tem nada a ver com o front. Seria de se rir sair de uma batalha sangrenta e então calmamente começar a ler uma das obras mais difíceis da filosofia alemã, que exige conhecimento de filosofia - que poucos tem - estudo detido. Se houve alguma apropriação da filosofia de Nietzshche por parte dos nazistas, foram de ideológos, da elite intelectual, e não do povo armado em forma de soldados. Se teve algum soldado leitor de Nietzsche, foi uma minoria, e não era uma regra nem o livro fazia parte do "kit-soldado." o Autor do artigo que você citou continua desacreditando na ligação mais adiante, no trecho seguinte, citando uma obra de referência, que é a Coleção Os Pensadores: “Uma filosofia confiscada. Apoiado na crítica nietzschiana aos valores da moral cristã, em sua teoria da ‘Vontade de Potência’ e no seu elogio do super-homem, desenvolveu-se um pensamento nacionalista e racista, de tal forma que se passou a ver no autor de Assim Falou Zaratustra um precursor do nazismo (...)” (OS PENSADORES. Cap. 46. NIETZSCHE. Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo, 1974, p. 641). Na realidade, a filosofia de Nietzsche foi confiscada por sua irmã, esta sim, pertencente ideologicamente ao nacional-socialismo, ao nazismo de HITLER. Vamos ao texto de OS PENSADORES que explica essa deformação: “(...) A principal responsável por essa distorção foi sua irmã Elisabeth, que, ao assegurar a difusão do seu pensamento, organizando o Nietzsche-Archiv., em Weimar, tentou colocá-lo a serviço do nacional-socialismo”.Aí está: ELISABETH, irmã de NIETZSCHE, aproveitou-se da posse dos Arquivos dos trabalhos do irmão (em 1895, a mãe de Nietzsche teria assinado um original que rendia todas os direitos do trabalho de Nietzsche, abrindo mão para Elisabeth Nietzsche). Nietzsche desencarnou em 1900, e ela utilizou-se de fragmentos do pensamento dele, “tentando” colocá-los a serviço do nacional-socialismo, que teria sido utilizado por ADOLPH HITLER ... Ela ocultou até 1908 o livro ‘Ecce homo’, no qual NIETZSCHE explica muito do seu próprio pensamento.Não há nenhum elemento de prova demonstrativo de que as idéias de grandeza de HITLER tenham sido inspiradas na filosofia de NIETZSCHE nem de que este tenha sido anti-semita. Em contrapartida, há afirmações de NIETZSCHE, que demonstram, cristalinamente, o contrário; inclusive, afastou-se do seu amigo, famoso músico RICHARD WAGNER, porque este se unira ao nacional-socialismo"ou seja, Nada mais do que já temos falado aqui! A leitura TODA deste artigo que VOCÊ mesmo passou DESMONTA completamente, citando fontes e referências, o processo pelo qual se deu esta MÁ-interpretação e apropriação da filosofia de Nietzsche. ->O artigo seguinte faz a associação mais diretamente, mas na forma de sugestão. Também não cita fonte nem a problemática. Ele aceita simplesmente o que a irmã fez, ignorando todo o esforço teórico que tem sido feito para dissociar Nietzsche dos esforços da irmã. Essa sim, já era anti semita com Nietzsche em vida, era casada com um anti-semita e foi amiga de Mussolini;"A enorme polémica que envolve até hoje a real importância do pensamento de Nietzsche para o surgimento do nazismo, ou pelo menos fornecendo-lhe o vocabulário estridente e várias expressões ideológicas, nos obriga a arrolar a evidente similitude do pensamento nietzscheano com o que veio a acontecer depois na Alemanha de 1933. Afinal, a irmã dele, Elizabeth Võster-Nietzsche deu a bengala do filósofo para Hitler, quando ele visitou-a em Weimar em 1932. Para ela aquele presente foi um símbolo que representou a transmissão de uma missão! Do teórico ao prático. Do filósofo que passara os seus últimos anos de vida alienado e entrevado ao homem de ação."É o que temos falado, este presente da bengala passou como símbolo. Mas não há nenhuma evidência que Hitler tenha estudado Nietzsche mais a fundo ou conhecesse verdadeiramente a sua filosofia. Foi apenas um ato de ativismo político por parte da irmã, que procurava associar o renome do irmão, sua clareza e fineza, com seus propósitos obscuros. COISA COM A QUAL Nietzsche se revoltou ainda em vida, como mostramos. Se Hitler soube de Nietzsche, certamente não leu "O Anticristo", como mostram as fotos que mostram sua ligação estreita com a igreja católica. Aliás, o papa Pio XII (http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_XII) notoriamente colaborou estritamente com Hitler e Mussolini, e ao contrário da "ligação" de Nietzsche, isso é histórico e palpável, devidamente documentado.->O trecho seguinte que você forneceu faz parte de um blog sobre IDEOLOGIA SKINHEAD, não é possível estudá-lo no mesmo tom com os outros. Mas, mesmo assim, veja o que ele mesmo diz:"Embora não haja uma estreita ligação entre Nietzsche e o Nazismo, é fácil revermos alguns princípios ideológicos defendidos na sua obra que. posteriormente, foram aplicados ao movimento nacionalista."Diz que NÃO há ligação, e ver princípios ideológicos nada mais é do que interpretar erroneamente, tomando trechos esparsos e ignorando outros. Num autor que escreve sobre todo tipo de assunto, usando uma linguagem não-linear, isso não é muito difícil. Mas é, claramente, inconsistente. É o que vemos na análise que ele faz logo adiante.Bem, está aí a resposta para estes trechos. Fico de pesquisar mais sobre este controverso autor que deu o dado do "Zaratustra" nas mochilas nazistas, algo que nunca tinha ouvido falar. Veja como a Wikipédia colocou este dado e aí se propagou rapidamente por outros sites da internet, e até trabalhos acadêmicos! Quanto aos outros pontos da sua carta, respondo depois, pois agora estou cansado ;).Inté
15/11/2007 às 14:37 #80756BrasilMembroOlá Miguel, sei que vc fez questão de comentar cada trecho colocado, somente para evitar qualquer injustiça no que diga respeito a uma “possível veia anti-semita” em Nietzsche. E eu, como havia dito, só coloquei esses trechos para mostrar que esse “kit soldado” não era coisa da minha cabeça. O que é da minha cabeça eu coloco com todas as letras e sempre digo os porquês delas habitarem minha cabeça. E tenha certeza que não o faço embasado na leitura de outros e sim do próprio autor. Embasado no que dá pra entender e no que dá pra apontar gritantes incoerências com algumas interpretações favoráveis, ou seja, interpretações que entendem que é uma filosofia de libertação para todos e não só para alguns especiais.É nesse ponto que eu vejo uma grande incoerência.Também faço questão de ressaltar que tenho em vc a figura de um cara a favor da Filosofia imparcial acima de tudo. Se vc fosse nietzscheano, já teria perdido a paciência comigo há tempos, heheheAlias, se vc fosse nietzscheano este fórum tão democrático e imparcial, nem sequer existiria. Tenho certeza disso.Abraço ;)
16/11/2007 às 19:21 #80757BrasilMembroOlá Miguel
ou seja, Nada mais do que já temos falado aqui! A leitura TODA deste artigo que VOCÊ mesmo passou DESMONTA completamente, citando fontes e referências, o processo pelo qual se deu esta MÁ-interpretação e apropriação da filosofia de Nietzsche.
Claro, desmonta essa errônea associação NIe/Nazi, mas eu só a coloquei pra justificar a citação do “kit soldado”, nada mais. Citação que quando eu coloquei, estava exatamente chamando a atenção para a facilidade de uma interpretação nesse sentido, uma vez que muitos dos ideais nazistas se encontravam nas palavras deste autor, independentemente dele ter escrito anteriormente em algumas cartas, que ele era contra ou indiferente ao anti-semitismo.
O trecho seguinte que você forneceu faz parte de um blog sobre IDEOLOGIA SKINHEAD, não é possível estudá-lo no mesmo tom com os outros.
Posso estar enganado, mas não é um blog sobre ideologia skin, aquilo é só um texto sobre a ideologia skinhttp://observador21.blogspot.com/Mas independentemente do blog ser ou não skin, só foi colocado pra mostrar as “estradas subjetivas” dos pensamentos nietzscheanos. Também não se poderia dizer que o que está escrito ali seja uma mentira, como É o movimento skinhead.Pensamentos como este:"Algum nunca chega a ficar doce, apodrece já no verãoÉ a covardia que o mantém dependurado no seu galhoVive gente em demasia e por tempo demaisfica pendurada no seu galho Possa vir a trovoada que sacuda da árvore todos essesfrutos podres e bichados! Possam vir os pregadores da morte rápida Seriam para mim as verdadeiras trovoadas e os sacudidores da árvore da vida." (Nietzsche)Pode ser muito poético, mas diz que uns devem viver e outros devem morrer e, da mesma forma, porém usando outros princípios, que ele qualifica quem está podre e quem não está, agem também os fanático religiosos e políticos.Na sua visão (Nie), o que tem que morrer não é o pensamento, a ideologia, legado cristão e sim os cristãos. O que tem que morrer não é a crença em Deus, é sim quem acredita em Deus.
O cara deveria estar passando fome e escreveu aquela frase sobre os banqueiros como uma tirada, e agora você está usando como cavalo de batalha.
Eu realmente fiquei chateado com isso, mas não chateado com vc, chateado por eu ter cometido essa ingenuidade de ficar citando uma passagem em que Nie faz essa observação sobre a astúcia de um banqueiro que enriqueceu... Fiquei repetindo isso como se toda a sua filosofia fosse baseada naquela frase. Uma grande bobeira minha, pois não foi só esta frase que levou-me a entender que entre as coisas que perfazem a moral nietzschena está o domínio ou subjugação econômica .Procurando por outras palavras do autor, que pudessem demonstrar isso, acabei encontrando alguns comentários sobre Nietzsche e que fazem mais do que aquela associação errônea de Nie ao Nazismo. Eles, os comentários, demonstram um entendimento mais ou menos como eu entendi a proposta do super-homem. E, pra me desdizer no que eu disse na mensagem acima, sobre eu não me basear no que os outros dizem e sim pelo que disse o próprio autor, coloco aqui alguns comentários do historiador Voltaire Schilling, até porque sou apenas mais um um zero (à esquerda) entre a populacha.Os comentários não fazem uma referência direta sobre questão que eu quero demonstrar, que é a questão do domínio ou subjugação econômica, coisa que eu vou deixar pra fazer mais adiante, uma outra hora. Mas eles demonstram que, também na visão deste historiador, o super-homem não seria algo pata TODA a humanidade e sim, só pra alguns. O pensamento de NietzscheO programa do super-homemO grande programa do super-homem, portanto, estava pronto. Tratava-se de uma abrangente reforma que procurava dar um senso de propósito a uma existência na terra abandonada pela deidade. Os interesses de poucos deverão ter proeminência sobre todos os demais, a força do espírito sobrepujará a fraqueza, a saúde do espírito sucederá qualquer tibiez, a guerra dos espíritos substituirá a paz. Como conseqüência lógica disso, as necessidades dos indivíduos excepcionais terão sempre precedência contra o espírito nivelador estabelecido pela gravitação imposta pela mediocridade. O mundo filisteu, dominado pela pasmaceira da vida rotineira deverá dar lugar à audácia, à dança, e à destreza intelectual. A de viver-se perigosamente.A política de domínioIsto conduziu a que Nietzsche aceitasse e enaltecesse qualquer política de domínio, acreditando-a inevitável. No Além do bem e do mal (Jenseits von Gut und Böse), concluída em 1886, e que é de certa forma, a complementação final em prosa do Zaratustra, afirma que "a vida mesma é essencialmente apropriação, ofensa, sujeição do estranho e mais fraco, opressão, dureza, imposição de formas próprias, incorporação e, no mínimo e mais comedido, exploração".A vontade dos mais fortesEvidentemente que esta manifestação de vontade de poder, em sua plenitude, só pode ser exercida pelos mais fortes. Aos fracos cabe a obediência respeitosa ou aceitar o extermínio silencioso. Esta figura vitoriosa, altaneira, que impõe sua vontade sobre tudo e todos, não pode ser constrangida pela moral comum dos homens vulgares, dos preceitos seguidos pelas maiorias, ou pelo imperativo categórico kantiano, que desejava tornar toda e qualquer ação numa lei universal.O mais forte faz suas próprias regras, estabelece para si qual é a melhor conduta e não espera de forma nenhuma que os outros o sigam (é o "façam o que eu digo e não o que eu faço" de Napoleão). Ele não deve estranhar se o consideram duro e insensível, quiçá até desumano, pois estes são os atributos do super-homem, que trafega soberbo no seu Olimpo particular e só tem gestos generosos para com os demais na medida em que isto o enaltece ou satisfaz. Despreza "o covarde, o medroso, o mesquinho o que pensa na estreita utilidade; assim como o desconfiado, com seu olhar obstruído, o que rebaixa a si mesmo, a espécie canina de homem, que se deixa maltratar, o adulador que mendiga, e sobretudo o mentiroso - é crença básica de todos os aristocratas que o povo comum é mentiroso". Ao homem comum, ao fraco em geral, só lhe resta a serventia de ser um degrau de apoio sobre o qual a figura de escol deverá calcar em sua ascensão os cimos mais elevados de uma existência superior.A liderança do super-homemE era exatamente nisso que estava o significado inaudito dos tempos vindouros. Devia-se aceitar na totalidade um mundo onde uma nova ordem deveria fatalmente imperar, na qual as novas regras, acima do bem e do mal, seriam impostas por essa figura exponencial que era o super-homem. (Übermensch), Este titã moderno, liberto de toda e qualquer ladainha cristã-humanitária, desprezaria qualquer sentimento de arrependimento, varrendo de dentro de si a fraqueza da piedade . Como Nietzsche deixou dito no "Humano, demasiado humano"(Menschliches, Allzumenschliches): "Se o homem consegue adquirir a convicção filosófica da necessidade absoluta de todas as ações e, ao mesmo tempo, da total irresponsabilidade destas, se consegue converter essa convicção em carne e em sangue , então desaparecerá também este resto de remorso de consciência".A revolta contra o tédioA pregação de Zaratustra foi entendida por George Steiner como uma desconformidade, entre tantas outras, com a vida tediosa da sociedade burguesa fin de siècle, onde o mundo aventureiro e belicoso do aristocracia cedia espaço ao utilitarismo frio, prático e calculista, do homem burguês ocidental. Uma época absolutamente banal na qual a sociedade científico-positivista via-se crescentemente dominada pelo espírito liberal-igualitário, que impedia o afloramento da individualidade singular, a emergência do grande homem, da personalidade fora de série, que o profeta vinha pressagiar. Um estado de espírito que encontrou sua melhor expressão no dito do poeta Théophile Gautier: "Prefiro a barbárie ao tédio!"Uma contra-utopiaNietzsche de certa forma esboçou, com sua prosa impressionista, o que poderíamos considerar como uma contra-utopia ou uma utopia direitista. Na sociedade futura que imaginou, a harmonia seria estabelecida apenas entre os que se consideravam iguais - a nova nobreza formada pelos super-homens - que regeriam uma comunidade rigidamente hierarquizada, despida da moral comum, dominada pela "besta loura" que exerceria sua autoridade baseada numa impiedosa vontade de poder. A obra de Nietzsche, sob o estrito ponto de vista político e ideológico, foi a mais profunda e radical manifestação intelectual contra as grandes cartas e documentos que se posicionaram pela e igualdade e liberdade que vieram à luz na cultura ocidental, desde a Declaração dos direitos do homem e do cidadão da Revolução Francesa, passando pelo Manifesto comunista de Marx e Engels, até as leis sociais da sua época.O culto ao gênioA teoria do surgimento futuro de um novo indivíduo que conjugasse o abandono dos valores do bem e do mal com um ateísmo engajado, foi, de certa forma, a evolução decorrente do culto ao gênio professado pelos primeiros românticos. A teoria do gênio vai ser retomada por Arthur Schopenhauer que irá expô-la num apêndice acrescentado ao seu O mundo como vontade e representação, na reedição de 1844, onde, num certo momento associa o homem genial à dimensão do Monte Blanc, que, do cimo das suas neves elevadas, contempla olimpicamente o resto da humanidade, mantendo-se fiel apenas " ao fim objetivo" ... "uma meta a ser atingida, mesmo que seja um equívoco, mesmo que seja um crime".O futuro é das águias"Lembrem-se: Quanto mais alto planamos, menores vemos são as pessoas que não conseguem voar". - Nietzsche Mas esse devir radioso, liberto da moral passada, não é um lugar reservado a todos "[...] Na árvore do futuro, construamos o nosso ninho; para nós os solitários, águias deverão trazer alimento em seus bicos! E, como fortes ventos, queremos viver acima deles, vizinhos das águias, vizinhos da neve, vizinhos do sol: assim vivem os ventos fortes. E tal como o vento forte, quero algum dia, soprar no meio deles [da canalha] e, com o meu espírito, tirar o respiro ao seu corpo: assim quer meu futuro".Maquiavel e NietzscheTal como Maquiavel encerrava O príncipe na expectativa de que surgisse na Itália dilacerada do seu tempo uma figura magnífica, despida de preconceitos, que lançasse mão de quaisquer recursos, mesmo que inescrupulosos, para unificar o país ameaçado pelos bárbaros, Nietzsche-Zaratustra esperava o mesmo na emergência de um super-homem. Só que os temores da época de Nietzsche eram outros. Os novos bárbaros que assustavam o Ocidente que ele pretendia defender eram as idéias democráticas, o socialismo (que para ele eram sinônimos) o feminismo, o mau gosto vulgar da nascente cultura de massas, que devia ser exorcizado. Portanto, chegou mesmo a considerar - em nome da boa arte - a necessidade da escravidão. Toda a beleza apolínea da arquitetura grega antiga e sua imorredoura qualidade estética havia sido produto de uma sociedade escravista. O Pártenon poderia dever muito à iniciativa de Péricles e ao gênio de Fídias, mas também à chibata do feitor! "Eu sou dinamite!"O próprio Nietzsche nunca deixou de ter consciência de que suas posições, assumidamente radicais, teriam conseqüências terríveis nos anos vindouros. Que para ele seriam tomados por uma reação contra-revolucionária de dimensões espantosas. No Ecce Homo, por exemplo, a sua autobiografia publicada somente em 1908, oito anos após a sua morte, reconhece: "Conheço a minha sorte. Alguma vez estará unido ao meu nome algo de gigantesco - de uma crise como jamais haverá existido na terra, da mais profunda colisão de consciência, de uma decisão tomada, mediante um conjuro, contra tudo o que até esse momento se acreditou, exigiu, santificou. Eu não sou um homem, sou dinamite".(Voltaire Shilling)http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_pensamento2.htmhttp://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_pensamento3.htmQuem é Voltaire Schilling Nascido em 1944, é professor de História e Mestrando na UFRGS, responsável pelo Projeto Cultural do Curso Universitário. Escreveu 8 livros e mais de 40 polígrafos, a maioria sobre História e História das Idéias Políticas. É professor do Curso de Jornalismo Aplicado da RBS-RS e palestrante da AJURIS-RS. Fez o Curso de Língua e Cultura alemã em Berlim em 1986, onde foi palestrante na Universidade Livre. Representou o Brasil na Feira Internacional do Livro de Jerusalém, em 1991.É articulista da Zero Hora-RS na página de “Opinião”, colaborador do Caderno de Cultura ZH e, também, foi comentarista de assuntos internacionais, culturais e políticos do programa “Câmera 2” na TV Guaíba-RS. Abs
17/11/2007 às 1:43 #80758BrasilMembroOlá Miguel
Quem domina e subjuga o homem é a moral, na visão de Nietzsche.
Veja, Miguel, na citação abaixo Nietzsche diz que é o mundo que tem como essência a vontade de dominar. "Perceba-se com qualingenuidade quase digna de admiração o próprio Schopenhauernos apresenta o próprio dever e tirem-se conclusões sobre osmétodos científicos de uma "ciência" em que os mais recentesmestres falam ainda a linguagem das crianças e das moçoilas:"o princípio"; diz ele (pág. 137 dos Problemas Fundamentaisdo Ética) — "o princípio acerca do qual todas as éticas estão deacordo, verdadeiramente, é: neminem laedè, immo omnes,quantum potes juva"."Esta é a tese que todos os moralistas se afariam emdemonstrar. . . o verdadeiro fundamento da ética, que, como apedra filosofal, procura-se há séculos."A dificuldade em demonstrar essa tese é certamente grande— como se sabe, nem mesmo Schopenhauer chegou aconsegui-lo e que percebeu profunda e intimamente quanto éabsurdamente falsa e sentimental urna tal tese num mundo quetem como essência a vontade de dominar, a vontade depotência — e é bom lembrar que Schopenhauer ainda que fossepessimista, era antes de mais nada: flautista... Tocava todos osdias, depois do jantar, se consultarmos a seu respeito o seubiógrafo. E então perguntamo-nos: um pessimista, umrenegador de Deus e do mundo, que se detém frente à moral etoca flauta à moral laede neminem é. tal pessoa. pessimista?"Nietzsche - Para Além do Bem e do MalAbs
17/11/2007 às 5:31 #80759Miguel DuclósMembroEu não tenho dúvida alguma sobre isto. Citei o fato dos soldados alemães levarem o Zaratustra pro front, exatamente pra ressaltar a tremenda margem de interpretações que esse filósofo produziu. Por mais complexa que seja qualquer outra obra filosófica, certamente não daria margem para interpretações TÃO DIFERENTES.
Bom, investiguei mais um pouco e não encontrei nenhuma outra referência sobre esta acusação em sites em inglês, francês e espanhol. As fontes em português mencionadas remontam todas a uma mesma fonte, que diz ser algo citado por este tal Latour, que é jornalista, e não historiador da filosofia, nem especialista em Nietzsche. E não fala em qual obra ou entrevista Latour teria dito isso, de forma que aposto fortemente que isto não é um "fato". Pelo contrário, me parece um belo disparate. Claro que os ideólogos Nazis fariam de tudo para promover o regime, mas o ato da irmã ceder a bengala do filósofo para Hitler é um ato político, do qual Hitler pouco se ocupou, em um dia, e isso antes da guerra. Os nazistas eram o governo na Alemanha e o mundo inteiro tinha relações com a Alemanha, ainda não se sabia o que estava por vir. Zaratustra nunca foi um best-seller na Alemanha. É passado ao largo mesmo por muitos que estudam Nietzsche. Aliás, ele mesmo teve que pagar do próprio bolso as edições da última parte da obra, porque nenhum editor queria nem saber. Foi um fracasso total de público e de crítica, e não vendeu mais do que poucas dezenas de exemplares. Isto está na biografia do Nietzsche. Posteriormente, a coisa ficou mais famosa, mas mesmo assim nunca foi um autor "standard" do nacionalismo alemão, nem de nenhum regime político, como foi um Goethe ou Hegel, por exemplo. Nietzsche faz parte de uma tradição chamada de "malditos da burguesia" por Habermas, ele parte de Schopenhauer, que foi tão ermitão e incompreendido quanto ele. O grande filósofo oficial em Jena e Berlim era Hegel, que tinha suas leituras lotadas. Schopenhauer o odiava e lecionava no mesmo período, e suas classes eram vazias. Nietzsche lecionou por um período curto e nunca foi sucesso na Academia, pelo contrário, ele optou por ensaios e idéias livres e pouco ortodoxas, o que levou a "comunidade oficial" de filologia a repudiá-lo, como vemos no opúsculo de Willamowitz.Sobre as interpretações, é claro que existem muitas obras filosóficas que dão margem a um sem-número de interpretações, e muito diferentes! Isso acontece com todo clássico, das mais diversas orientações e pontos de vista... aliás, é por isso que os autores são clássicos. Pois lendo-os, sempre dá-se o que pensar, e sua atualidade dificilmente se esgota. Essa é toda graça na filosofia.Mas você está certo ao notar que esta faceta da filosofia adquire um caráter especial na obra de Nietzsche, e não somente pelo método de exposição. O próprio autor se precavê contra isso, ao afirmar que o que exprime na sua obra ainda não é o reflexo último dos seus sentimentos mais profundos (ouve-se sempre nos escritos de um ermitão, algo também o eco do ermo)."A interpretação é uma atividade que expressa a força criadora de quem interpreta, um movimento que não se conclui, mas se prolonga infinitamente, aonde se pode provar tanto uma coisa quanto o seu contrário, sendo ambas - como o autor coloca mais abaixo - a produção de uma vontade que é doadora de sentidos. "Qualquer coisa pode ser verdade, desde que pronunciada com a entonação certa", poder-se-ia dizer zombeteiramente." ( http://www.consciencia.org/nietzsche3.shtml )Quando você pegar o Zaratustra verá que ele profere o seu discurso para o povo e se queixa que eles não o compreendem, isso está presente em várias passagens:"Pronunciadas estas palavras, Zaratustra tornou a olhar o povo, e calou−se. "Riem−se − disse o seu coração. − Nãome compreendem; a minha boca não é a boca que estes ouvidos necessitam"
Enquanto uns dizem que o super-homem é a libertação do Homem para uma vida superior sem mesquinharia, outros entendem que ele seria o carrasco dos fracos, subjugando os inferiores “assim como se deve fazer”... São questões conflitantes que geram essas interpretações tão distintas, como por exemplo, aquilo que eu te disse na outra msg : Se a moral nietzschena consiste na dominação, como entender que o supre-homem é um modelo para a transmutação de TODOS os homens? Quem vai dominar quem? Não me resta qualquer dúvida quanto às concepções do Nietzsche sobre a nobreza. Pra ele o “nobre” é o forte subjugando o fraco! Sem compaixão!E a ética, os deveres morais, é restrita entre os nobres, como numa máfia.Nestes termos o super-homem seria superior em que? Em dominar e subjugar os fracos. Sem fracos, sem super-homem...
É verdade que Nietzsche não era democrático. Ele é nitidamente a favor do "homem superior". Mas ao mesmo o autor não tem nenhuma proposta política definida, e muito menos econômica. No século XIX os movimentos socialistas estavam eclodindo na Alemanha e na Europa. Nietzsche pouco cita estes movimentos e sequer menciona Marx. Platão tampouco era a favor da democracia. A República de Platão é um livro do governo de homens superiores, claro que o conceito ali é bastante diferente do de Nietzsche. Mas Platão se volta contra o partido democrático ateniense, responsável pela morte de Sócrates, o "melhor dentre os homens". Nietzsche está em volto em um problemática que é majoritariamente filosófica. O conceito de super-homem (ubermensch) não é um programa nem uma proposta prática e metodológica, mas antes uma concepção de mundo. Não é que todos vão virar super-homens de uma hora para outra. Ele identifica tipos de vida e contrapõe um ao outro. Ele vê diferença entre as pessoas. Não são todos iguais. A palavra de Zaratustra e a anunciação do super-homem é para todos, ele pretende ensinar aos homens prisioneiros o sentido da Terra. Mas ele sabe que não são todos que aceitariam a mensagem. É como no caso do prisioneiro da caverna de Platão. O prisioneiro se liberta e contempla a verdade, assim como Zaratustra escutou a natureza no alto da montanha. Então ele vê a necessidade de voltar para a caverna para alertar seus semelhantes, assim como Zaratustra vê a necessidade de voltar à aldeia para anunciar o super-homem. Mas os prisioneiros da caverna atacam quem lhes quer libertar (e matam Sócrates!) assim como o povo zomba e ataca Zaratustra. Como vemos, embora discorde Platão e de Jesus Cristo em pontos vitais, Nietzsche tem a estrutura de sua fábula bastante influenciadas por eles.Como eu disse, o pacto de mediocridade é sempre a coisa mais poderosa. Veja o que Nietzsche diz"Ai! Aproxima−se o tempo em que o homem já não dará a luz às estrelas; aproxima−se o tempo do maisdesprezível dos homens, do que já se não pode desprezar a si mesmo.(...)Olhai! Eu vos mostro o último homem. Que vem a ser isso de amor, de criação, de ardente desejo, de estrela? − pergunta o último homem, revirando os olhos. A terra tornar−se−á então menor, sobre ela andará aos pulos o último homem, que tudo apouca. A sua raça é indestrutível como a da pulga; o último homem é o que vive mais tempo.
Pois é, mas isso não deixa de ser uma espécie de nacionalismo, pois, uma vez a Europa unificada, seria uma grande nação. Seria então a sua ideologia, um nacionalismo europeu.
Aí eu acho que você forçou. Nietzsche era europeu, vivia no entorno social e cultural da Europa, e por isso trata especialmente de questões Européias. Mas eu citei essa referência para dar mais um ponto de distância de Nietzsche em relação ao Nazismo, já que a Segunda Guerra colocou as potências européias umas contra as outras!Além disso Nietzsche, assim como Schopenhauer, é um dos filósofos que mais se afastam do eurocentrismo. Primeiramente ele critica a glorificação da razão, que sempre foi um dos pontos ressaltados da ideologia que separa a Europa dos outros povos. Ele diz que pensa a Europa com um "espírito asiático", ou seja, ele reconhece a importância da Ásia plenamente. Ele ataca duramente o cristianismo, e naquela época cristianismo era sinônomo de Ocidente. Ele faz elogios ao budismo e ao islamismo, enfim... Não tem nada de nacionalismo europeu e tampouco de nacionalismo europeu. São outras questões...
Michel Foucault é outro pensador esquerdista. Foucault bebe em Nietzsche na primeira água
Estranho! Se ele era esquerdista eu não vejo porque ele se basear em Nietzsche, uma vez que este sempre combateu qualquer idéia favorável à igualdade. O que será que Nietzsche diria sobre um esquerdista? Bem, na verdade ele disse muitas coisas sobre os esquerdistas e sobre as idéias de igualdade, não é mesmo?
A influência de Nietzsche em Foucault não é estranha, é trivial e consolidada, é um fato notório que você pode comprovar com qualquer pesquisa. Foucault mesmo afirmou "Eu sou nietzscheano". Mas por que? Primeiro que a definição de Vontade de Potência do Nietzsche não se aplica só ao "projeto" do "super-homem". Ele define a vida como vontade de potência, hoje e desde sempre. Hobbes tem uma passagem interessante no Leviatã que ele usa para justificar a necessidade do contrato social:“Antes de mais nada, reconheço como uma inclinação geral do gênero humano, o desejo perpétuo e incansável de poder e mais poder, inclinação essa que só cessa com a morte”.Nietzsche faz uma crítica desmascarado da razão ao utilizar o método genealógico para descobrir, na origem dos conceitos de bem e mal, justamente essa vontade de saber mascarada de moral. E também nas falas dos padres:
Em lugar dessa deplorável mentira, a realidade teria isto a dizer: o padre, essa espécie parasitária que existe às custas da toda vida sã, usa o nome de Deus em vão: chama o estado da sociedade humana no qual ele próprio determina o valor de todas as coisas de “o reino de Deus”; chama os meios através dos quais esse estado é alcançado de “vontade de Deus”; com um cinismo glacial, avalia todos povos, todas épocas e todos indivíduos através de seu grau de subserviência ou oposição do poder da ordem sacerdotal. Observemo-lo em serviço: pelas mãos do sacerdócio judaico a grande época de Israel transfigurou-se em uma época de declínio; a Diáspora, com sua longa série de infortúnios, foi transformada em uma punição pela grande época – na qual os padres ainda não significavam nada. Transformaram, de acordo com suas necessidades, os heróis poderosos e absolutamente livres da história de Israel ou em fanáticos miseráveis e hipócritas, ou em homens totalmente “ímpios”. Reduziram todos grandes acontecimentos à estúpida fórmula: “obedientes ou desobedientes a Deus”. – E foram mais adiante: a “vontade de Deus” (em outras palavras, as condições necessárias para a preservação do poder dos padres) tinha de ser determinada – e para tal fim necessitavam de uma “revelação”. Dizendo de modo mais claro, uma enorme fraude literária teve de ser perpetrada, “sagradas escrituras” tiveram de ser forjadas – e então, com grandiosa pompa hierática e dias penitência e muita lamentação pelos longos dias de “pecado” agora terminados, foram devidamente publicadas. A “vontade de Deus”, ao que parece, há muito já havia sido estabelecida; o problema foi que a humanidade negligenciou as “sagradas escrituras”... (O Anticristo)
Foucault se aproveita especialmente deste método genealógico aplicado à história e das concepções Nietzscheanas de poder e liberdade. O que é para se discutir é se Foucault é "esquerdista" de acordo com as diferentes definições. Se esquerdismo for somente igual a comunismo, é pouco provável. Mas Foucault certamente está ligado a vários movimentos de vanguarda, e é uma das figuras do maio de 1968 francês. O artigo da wikipédia em inglês fornece mais pistas para começar a entender esta trajetória.Mas nem toda idéia de igualdade é esquerdista. Bataille faz um estudo no pós guerra sobre o homogêneo e heterogêneo para tentar dissecar as pulsões que levaram os fascistas e nazistas por esta febre de homogeneidade, por exemplo. A razão constrói o conceito, e o conceito enxerga a unidade na diversidade. Nietzsche critica a razão e valoriza o instinto, ou seja, ataca a idéia de igualdade. Só que é como eu disse, o perspectivismo não é igual à dominação dos fracos, nem ser senhor de si é ser senhor dos outros. É preciso entender que para Nietzsche OS FRACOS É QUEM DOMINAM, ao perverter toda a vida sadia e construir os conceitos morais para sufocar o instinto, prendendo o homem num esquema abstrato, num sistema de valores que nega a vida material e corpórea na terra para subjugá-lo, oferecendo a falsa esperança de uma recompensa não-terrena.Movimentos sociais de vanguarda sempre advogam o quê? O reconhecimento das diferenças, ou seja... a não-igualdade! O que fazem o movimento negro, o movimento GLS e outros? ELes não querem planificar, mas sim afirmar as diferenças culturais e de caráter entre os povos, lhes incluindo. Nancy Fraser é uma filósofa da terceira geração da Teoria Crítica que trata disso, e sugere a diferenciação entre as demandas por distribuição e as demandas por reconhecimento.
Então vc admite que esse super-homem não seria uma transmutação da humanidade e sim de alguns poucos?
Acredito que a princípio seriam poucos, até que todos conseguissem "passar a ponte" e a terra pertencesse ao super-homem. Mas a questão não é uma proposta concreta e palpável, aliás, discordo da palavra programa. Tentar pensar o super-homem sem considerar o impensável não faz sentido. Sem considerar o assombro, a revelação, a saída da rotina, a expansão da consciência etc etc.Não é preciso também avançarmos para o futuro para nos aproximarmos do conceito. Nietzsche bebe diretamente da Antiguidade. Ele gostava por exemplo da Grécia Clássica, já via ali um modelo de sociedade que valoriza o homem em sua plenitude, em toda sua potencialidade. Só que identifica primeiramente Sócrates e Platão e mais tarde o Cristianismo como agentes deturpadores, envenenadores, que desviaram os homens de sua saúde, e isso falando mesmo fisiologicamente, já que sobrepunham a alma ao corpo. E não somente os gregos, mas também romanos e outros povos. Veja, essa é toda a questão do livro do Anticristo que você estava lendo:
O que hoje reconquistamos com uma inexprimível vitória sobre nós mesmos – pois certos maus instintos, certos instintos cristãos ainda habitam nossos corpos –, ou seja, o olhar afiado ante a realidade, a mão prudente, a paciência e a seriedade nas menores coisas, toda a integridade no conhecimento – tudo isso já existia há mais de dois mil anos! E mais, havia também bom gosto, um excelente e refinado tato! Não como um adestramento de cérebros! Não como a cultura “alemã”, com seus modos grosseiros! Mas como corpo, como gesto, como instinto – em suma, como realidade... Tudo em vão! Do dia para a noite tornou-se memória! – Os gregos! Os romanos! A nobreza do instinto, o gosto, a investigação metódica, o gênio para a organização e administração, a fé e a vontade para assegurar futuro do homem, um grandioso sim a todas as coisas, visível sob a forma de imperium romanum e palpável a todos os sentidos, um grande estilo que não era simplesmente arte, mas que havia se transformado em realidade, verdade, vida... – Tudo destruído de um dia para outro, e não por uma convulsão da natureza! Não pisoteado até a morte por teutônicos e outros búfalos! Mas vencido por vampiros velhacos, furtivos, invisíveis e anêmicos! Não conquistado – apenas consumido!... A vingança oculta, a inveja mesquinha, agora dominam! Tudo que é miserável, intrinsecamente doente, tomado por maus sentimentos, todo o mundo de gueto da alma estava subitamente no topo!
fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/oanticristo.htmlSe você considerar que tudo isso JÁ foi feito e que o homem a um certo momento de seu percurso foi um ser completo, mas foi desviado disso por forças estranhas, você consegue vislumbrar melhor o super-homem, vendo que na verdade ele é sim possível. O que ele traz de novidade em relação aos antigos é outra questão, que não se liga diretamente à sua plausibilidade.Depois espero escrever mais sobre o assunto, abordando outros pontos que você levantou.Até mais.
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