Giambattista Vico

Vico
Tradução de Miguel Duclós do verbete da wiki-en.

Vico filósofo

Giovan Battista (Giambattista) Vico (23 Junho de 1668 – 23 Janeiro de 1744) foi um filósofo político, retórico, historiado e jurista italiano. Ele criticou a expansão e o desenvolvimento do racionalismo e fez uma apologia da antiguidade clássica. Vico é mais conhecido pela sua obra-prma, a Scienza Nuova, de 1725.

Vico foi um precursor do pensamento sistêmico e complexo que se opõe à analítica cartesiana e outras formas de reducionismo. Ele é também conhecido por notar que verum esse ipsum factum (a verdade é ela mesma feita (construída), uma proposição que têm sido entendida como uma instância precursora da epistemologia construtivista.

Vico às vezes é apontado como o inaugurador da moderna filosofia da história, embora este termo não seja usado em seus textos (Vico fala de uma história da filosofia narrada filosoficamente). Embora Vico não aborde o historicismo, têm sido alvo de interesse pelo historiadores, como Isaiah Berlin e Hayden White.

Biografia

Filho de um vendedor de livros e a filha de fabricante de carroças, em Nápoles, na Itália, Vico cursou as séries das escolas de gramática, mas a sua saúde frágil e a insatisfação com a escolástica jesuítica levou-o a estudar em casa. Alguns indícios encontrados na sua obra autobiográfica dão a entender que a formação de Vico foi quase totalmente auto-didata. De acordo com Costelloe, isto se deve à influência do seu pai sobre ele durante os três anos que não frequentou a escola depois de se acidentar com 7 anos, ao cair do alto de uma escada.

Depois de uma crise de tifo em 1686, Vico aceitou um cargo de tutor em Vatolla (parte da comuna de Perdifumo), ao sul de Salerno, que exerceu durante nove anos. Em 1699, ele casou com sua amiga de infância e ex-colega, Teresa Destito, e assumiu a cadeira de retórica na Universidade de Nápoles. Através da sua carreira, Vico teria aspirado, mas nunca tentato, uma cadeira mais reputada de jurisprudência. Em 1734, entretanto, ele foi nomeado historiador real pelo rei de Nápoles, Charles III, que lhe ofereceu um salário que ultrapassava em muito o que tinha como professor. Vico manteve a cadeira de retórica até que os problemas de saúde o forçaram a se retirar em 1741.

A Scienza Nuova

ciencia nova de vico

Principi di Scienza Nuova – capa de uma edição de 1744.

Os Princípios da Ciência Nova (1725, título em latim Principi de Scienza Nuova) é a principal obra de Vico, e tem sido muito influente na história da filosofia e para a historiografia.

O princípio verum factum

Vico é sempre lembrado pelo seu princípio verum factum, primeiramente formulado como parte do seu De antiquissima Italorum sapientia, ex linguae latinae originibus eruenda (1710) (A antiga sabedoria dos italianos a partir das origens da língua latina) . O princípio estatifica que a verdade é verificada através da criação e da invenção e não, como para Descartes, através da observação. “O critério e a regra da verdade é que ela foi feita. Portanto, nossa ideia clara e distinta na mente não pode ser um critério para a mente em si mesma, e menos ainda de outras verdades. Porque uma vez que a mente percebe a si mesma, ela não se produz”. É possível dizer que a história da civilização convergeu pelo conceito de verdade tal quala definido na obra de Vico, uma vez que ele argumenta que a vida civil é como a matemática, inteiramente construída.

Vichian rhetoric and humanism[edit]

A concepção de retórica de Vico às vezes é entendida como o resultado das suas concepções simultaneamente humanistas e pedagógicas. No De Nostri Temporis Studiorum Ratione (“Da Disciplina de ensino do nosso tempo”) , apresentado no início do ano letivo de 1708, Vico argumenta que quem “pretenda ter uma carreira pública, seja na corte, no senado, ou no púlpito”, deve ser instruído na “arte magna dos tópicos da retórica, e saber defender os dois lados em uma controvérsia, seja ela natural, humana ou política, num estilo de expressão fluído e brilhante, para que possa saber conduzir aos argumentos que tenham um maior dse verossimilhança”. Entretanto, na “Ciência Nova”, Vico denuncia como “falsa eloquência” a defesa dos dois lados em uma controvérsia. Como professor real de Eloquência Latina, era tarefa de Vico preparar os estudantes para os altos estudos da lei e da jurisprudência. Suas lições, portanto, lidam com os aspectos formais do cânone retórico, incluindo os preparativos e a execução. Vico escolhe enfatizar a conexão aristotélica da retórica com a dialética e a lógica, ou seja, rearticular as etapas da retórica priorizando suas metas. A objeção de Vico à retórica de seu tempo é que seguiria o senso comum (sensus communis) a todos os homens. Nas suas aulas e através de sua obra, a retórica de Vico principia-se com o argumento central do “meio termo” (medius terminus), usado para clarificar confore a ordem das coisas segundo elas surgem na experiência. A probabilidade e as circunstâncias mantem uma importância proporcional e a descoberta é relevante para os tópicos, sobrepondo-se aos axiomas derivados da reflexão abstrata. Na tradição da retórica romana clássica, Vico intenta educar o orador como o apresentador de uma “oratio”, uma fala que primordialmente segue uma “ratio” – ou razão e ordem. Para ele, o que é essencial na arte da oratória (como na retórica grega) é a conexão entre o senso comum e sua conclusão inteligível, objetivo este que não é alcançado impondo-se a imaginação sobre o senso comum – como fizeram certos retóricos dogmáticos do cristianismo, atingido fora do próprio senso comum, através da razão e dos argumentos. Na tradição de Sócrates e de Cícero, a oratória ou retórica real de Vico serve como uma ligação entre o nascimento da “verdade” (como uma forma de ideia) fora da “certeza” (como a confusão ou a ignorância preconceituosa na mende particular de cada estudante).

A redescoberta de Vico da “sabedoria antiga” do senso comum, uma sabedoria permeada pela tolice humana, (humana stultitia), sua ênfase na vida civil, e sua carreira profissional nos permitem situá-lo dentro da tradição humanista. Ele desenvolve uma maiêutica ou arte oratória jurídica contra o crescimento de uma forma moderna de razão privilegiada, como era para ele o método geométrico de Descartes e dos lógicos de Port-Royal.

Response to the Cartesian method[edit]

Como Vico relata em sua biografia, ele retorna de Vatolla para Nápoles para encontrar “a física de Descartes na altura do renome estabelecido entre os homens de letras”. O desenvolvimento tanto da metafísica quanto das ciências naturais abundavam em consequência do cartesianismo. Bastante disseminado pela lógico Antoine Arnauld, de Port Royal, e por Pierre Nicole, o método de Descartes baseava-se na verificação: o único caminho para a verdade, e consequentemente, para o conhecimento, era através de axiomas derivados da observação. A insistência de Descartes de que o “claro e distinto” deveria formar a base da direção da razão teve um impacto notável nos pontos-de-vista anteriores de lógica e de discursos. Os estudos em retórica, e, mais do que isso, todos os estudos referentes a vida civil baseados no reino das verdades prováveis, estavam sendo cada vez mais desdenhados.

O humanismo de Vico e suas preocupações profissionais são, por certo, uma resposta A Descartes, que se desenvolveria através dos seus escritos: o reino das verdades verificáveis e das possibilidades humanas mal se cruzam, mas a racionalidade é necessária para a avaliação imparcial nas duas esferas. Uma das primeiras e mais claras formas deste argumento está disponível no De Italorum Sapientia, onde Vico argumenta que introduzir o método geométrico na vida prática é “como tentar enlouquecer com as regras da razão tentando caminhar numa linha reta entre as sinuosidades da vida, como se os assuntos humanos não fossem também regidos pela vaidade, temeridade, oportunidade e sorte. Da mesma maneira, desenvolver um discurso político de acordo com os preceitos do método geométrico equivaleria a abrir mão de qualquer ajuste necessário, ficando apenas nas linhas fundamentais do argumento.

Vico’s position here and in later works is not that the Cartesian method is irrelevant, but that its application cannot be extended to the civic sphere. Instead of confining reason to a string of verifiable axioms, Vico suggests (along with the ancients) that appeals to phronêsis or practical wisdom must also be made, as do appeals to the various components ofpersuasion that comprise rhetoric. Vico would reproduce this argument consistently throughout his works, and would use it as a central tenet of the Scienza Nuova.

A posição de Vico, aqui, e nos seus trabalhos posteriores não é que o método cartesiano é irrelevante, mas que a sua aplicação não pode se estender para esfera civil. E vez de confinar a razão numa linha de axiomas verificáveis, Bico sugere (junto com os antigos) que o apelo da phonêsis ou conhecimento prático, precisa também ser considerado, junto com os vários elementos de persuasão que compõe a retórica. Vico reproduzirá esse argumento de forma consistente através de suas obras, e usará ele como o princípio central da Scienza Nova.

Works[edit]

· Vico, Giambattista. “On Humanistic Education,” trans. Giorgio A. Pinton and Arthur W. Shippee. Ithaca: Cornell UP, 1993.

· Vico, Giambattista. “On the Study Methods of Our Time,” trans. Elio Gianturco. Ithaca: Cornell UP, 1990.

· Vico, Giambattista. Universal right (Diritto universale). Translated from Latin and Edited by Giorgio Pinton and Margaret Diehl. Amsterdam/New York, Rodopi, 2000

· Vico, Giambattista. “The New Science of Giambattista Vico, (1744). trans. Thomas G. Bergin and Max H. Fixch. Ithaca: Cornell UP, 2nd ed. 1968.

Referências

· Encyclopædia Britannica entry

· Fabiani, Paolo “The Philosophy of the Imagination in Vico and Malebranche”. F.U.P. (Florence UP), Italian edition 2002.

· Fabiani, Paolo “The Philosophy of the Imagination in Vico and Malebranche”. F.U.P. (Florence UP), English edition 2009.

· Gianturco, Elio, trans. De Nostri Temporis Studiorum Ratione (On the Study Methods of our Times). 1709. Ithaca: Cornell UP, 1990.

· Goetsch, James. Vico’s Axioms: The Geometry of the Human World.. New Haven: Yale UP, 1995.

· Mooney, Michael. Vico in the Tradition of Rhetoric. New Jersey: Princeton UP, 1985.

· Pompa, Leon. Vico: A Study of the New Science. Cambridge: Cambridge UP, 1990.

· Stanford Encyclopedia of Philosophy entry

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