João de Sorte
IRMÃOS GRIMM
Ilustrado por SÉRGIO „
Essa é a estória de João,
um
rapaz afortunado
que,
perdendo ou não,
vivia despreocupado.
Contente com o que fazia
João de Sorte apelidado
ganhava quando perdia,
Julgando-se um felizardo.
João era um rapaz modesto, trabalhador e inteligente.
Bem, isto é… trabalhador ele era. Modesto, também. Mas inteligente não se
poderia dizer… Acontece que João tinha uns parafusos soltos na cabeça.
Depois de trabalhar pra Torquato, seu patrão,
num
jardim a escavar ouro de um rico filão,
João de Sorte, certo dia, despediu-se
e em pagamento
ganhou pedra que luzia mais que estrela em firmamento.
Era uma peça de ouro.
— Tenho sorte
como um rei —afirmou João. — Com um tesouro pra casa
eu voltarei!
Joào embrulhou a pedra de ouro num lenço e lá se foi pela estrada, pensando:
— Como tenho sorte! Pouca
gente tem
uma pedra de ouro como esta. Que
dirão quando eu chegar à minha casa? Pena
que seja tão pesada… Estou ficando
cansado de carregá-la. E tenho que andar
a pé… Seria bom que tivesse um cavalo,
como aquele homem que vem vindo ali…
O homem que se aproximava era um
negociante muito esperto, mas João não sabia disso. Quando o homem chegou
perto, João dirigiu-se a ele:
— Bom dia,amigo! Que sorte a
sua, ter um cavalo e poder viajar sem cansar as pernas!
O homem parou e ficou ouvindo João lastimar-se:
— Eu, ao contrário, tenho que andar a pé,
devagar, carregando esta pedra
de ouro, que é do tamanho da minha cabeça,
mas que pesa muito mais.
— Ora, não seja por isso’ —
retrucou o homem. —
Podemos fazer a troca.
Você me dá a pedra, de ouro
e fica com meu cavalo!
—
Negócio feito! — exclamou João. — Aqui está o ouro.
—
E aqui está o cavalo —
respondeu o homem. — Espere, eu o ajudo a montar — continuou ele. — Agora, segure bem as rédeas
e boa viagem!
João lá se foi, todo contente da vida,
dizendo para si mesmo:
— Como tenho sorte! Pouca
gente tem um cavalo
como o meu!
Que dirão quando
eu chegar à minha casa,
montando um cavalo assim…
E João fez o cavalo galopar
o mais rápido que pôde,
esquecendo-se
de que não sabia
o que fazer
para que ele parasse.
—
Ai, ai, ai! — gemeu João,
levantando-se. — Estou todo dolorido! Você é que tem sorte, amigo… Tem uma
vaca que anda devagar e sossegada, e não corre como o meu cavalo…
—
Ora, não seja por isso! — disse o
camponês. — Se o problema é esse, leve minha vaca e eu fico com o seu cavalo.
—
Negócio feito — respondeu João. —
Aqui está o cavalo.
—
E aqui está a vaca — disse o
camponês.
Num instante o homem montou no cavalo e afastou-se a galope.
João ficou ali acariciando o focinho da vaca. Depois retomou o
caminho, puxando-a
— Como tenho sorte. — pensava João. —
Não é qualquer um que tem
uma vaca assim… Que dirão
quando me virem chegar em
casa com uma vaca come esta!
João caminhava tão contente que, depois de ter
percorrido um trecho da estrada, resolveu parar para comer alguma coisa.
Ele tinha chegado a uma vila onde havia uma hospedaria. João entrou e
pediu comida e bebida. Nao se importou de gastar todo o dinheiro
que tinha.
— Se no caminho sentir fome ou sede basta
ordenhar a vaca e beber o leite — pensava ele.
Depois de comer, retomou o caminho.
Pela estrada ir andando, sem com nada se preocupar,
sem relógio e hora marcada, assobiando, pela estrada!
Lentamente João de Sorte vai em frente para o norte,
sem relógio e sem nada, mãos nos bolsos pela estrada!
Assim caminhava João, até que chegou
a um lugar deserto.
Começava a sentir-se cansado e com sede.
Decidiu beber um pouco de leite, para
restaurar as forças
— Estou com tanta sede1. —
disse ele, e se pôs a ordenhar a vaca.
Ordenhar é modo de dizer, porque não saía
sequer uma gota de lei
João insistiu, tentou outra vez… Mas a vaca não gostou da estória e lhe deu um par de
coices.
Um açougueiro que ia passando por ali com
sua carreta
aproximou-se do rapaz.
João, todo dolorido,, levantou-se e
contou-lhe
o que acontecera.
—
Então você levou um coice, hein?
Mas como queria tirar leite desta vaca, sem conhecer o gênio dela? Não viu logo
que era uma vaca brava?
—
Então foi por isso que não
consegui ordenhá-la? Oh! O senhor é que tem sorte! Possui um porquinho
na carreta. Isto sim, é que eu gostaria de ter…
O açougueiro tratou de aproveitar-se da oportunidade:
— Você quer ficar com o porco?
Pois pode levá-lo! Eu ficarei
com a vaca.
— O senhor troca mesmo? —
perguntou João. — Nao tem medo de que a vaca lhe dê coices? Que bom.
como tenho sorte. —
exclamou. — Não é qualquer um que tem um
belo
porquinho!. Que dirão todos quando me
virem
chegar em casa trazendo um porquinho tão
gordo como este!
Feita a troca, o açougueiro levou a vaca e João
continuou seu caminho puxando o porquinho por uma cor Pouco adiante,
João encontrou um rapaz
que carregava
um ganso pelo pescoço.
Não sei como
o ganso não morria.
—
Bom dia, amigo ! — disse João. —
Você tem um ganso muito bonito! E como é gordo!
—
Você já pensou como este ganso vai
ficar gostoso, assado no espeto? E um prato de festa… Não acha? — perguntou o
rapaz.
—
Nem gosto de pensar… me dá água
na boca! — disse João. — E você, gosta do meu porco?
—
Até que não é mau. A propósito,
você sabia que todo mundo por aqui anda à procura de um porco igual ao seu?
Dizem
que foi roubado, e se pegarem o ladrão ele será
enforcado.
* *
«5
Cruz, credo! — exclamou
João, apavorado. — E se pensarem que o ladrão sou eu? Ai, meu Deus, seria
melhor que ainda tivesse a vaca, ou o cavalo, ou a pedra de ouro!
—
Se você quiser ficar com o ganso,
eu fico com o porco.
—
Oh, obrigado! — respondeu João,
fazendo a troca. — Como tenho sorte! Só quero ver o que dirão quando eu chegar
em casa! Não é qualquer um que tem um ganso assim…
João não era mesmo
muito inteligente. A cada troca que fazia, levava desvantagem. E, além
do mais, acredita va em estórias inventadas, como essa do roubo do porco…
Ora, ele ainda achava que tinha sorte!
Pois é… enquanto o outro
se afastava depressa com o porco, João continuava seu caminho. Mas…
não
conseguiu chegar em casa nem com o
ganso.
Vendo um amolador de facas,
parou para admirar o serviço.
—
Deve ser muito divertido afiar
facas com essa roda que gira o tempo todo!
—
E deve ser bom possuir um ganso
como o seu! — respondeu o amolador.
—
Ah, eu o consegui em troca de um
porco, que troquei por uma vaca, que me deram em troca de um cavalo, que eu
tinha trocado por uma pedra de ouro! — explicou João.
—
Que belas trocas você fez! —
exclamou o amolador. — Quer fazer mais uma?
—
Mas eu só tenho este ganso…
— Pois em troca dele
eu darei uma .
pedra de amolar igual a esta — disse
o amolador. — Aqui está ela.
— Mas… parece velha e gasta!
—
Mas como você é bobo! — retrucou
o amolador. — Uma pedra assim vale muito mais que um ganso! Você diz que é
velha: isso é uma vantagem, pois ela já girou muito, já está habituada a
trabalhar! Trabalha até sozinha! Entendeu?
—
Entendi — respondeu João. —
Aceito a troca. Aqui está o ganso.
—
E cá está a pedra de amolar. E,
para você não ter o que reclamar, leve mais esta.
—
Oh, o senhor é generoso… Não
devo aceitar…
—
Ora, aceite, aceite… Adeus!
João
continuou o caminho, gemendo ao peso das duas
enormes pedras.
A primeira ainda era uma pedra de amolar, mas a
segunda…
nem isso! Era uma pedra qualquer, dessas
que se vêem pelo chão…
O amolador tinha enganado João, mas o rapaz nem
desconfiava,
e ia pela rua todo contente, pensando:
— Como tenho sorte! Que dirão
meus parentes, quando eu chegar em casa…
— Uff. Até que a pedra de ouro pesava menos!
— lastimou-se João. — Vou pôr as pedras aqui e beber um pouco de água…
Mas acontece que João colocou as
pedras muito na beirada do muro da fonte, e elas caíram dentro da água.
João olhou as pedras lá no fundo e exclamou:
— Que sorte a minha! Estou livre
dessas pedras tão pesadas! Não
mais preciso carregá-las!
— Pouca gente tem tanta sorte como eu —
continuou João. — Todos lá em casa ficarão contentes em me ver de
volta, sem aquele peso que me cansava tanto! Sou mesmo um rapaz de sorte!
Ninguém conseguiria fazer as trocas que
eu fiz!
E assim foi que a pedra de ouro
em cavalo se transformou,
logo em vaca o tesouro,e em porco e ganso, virou.
Por pedras também foi trocado.
E até sem elas João ficou.
Mas que rapaz afortunado!
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