Material Didático de Filosofia para o Quinto Ano /2

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·Bimestre 1

Material Didático para a Sexta Série – Bimestre 3
Por Anderson Alves Esteves

I – A LIBERDADE
ENTRE A RAZÃO E OS INSTINTOS

1 – LIBERDADE E RAZÃO: SÓCRATES

“Conheça-te a ti mesmo”
(Sócrates)

1.1 – Das trevas à luz: Platão e a alegoria da caverna

Platão (427-347 a.C.) formulou uma história conhecida como alegoria da caverna.
Nela, há algumas pessoas que estão lá desde crianças, amarradas pelas pernas e
pelo pescoço, de costas para a entrada da caverna, impedidas de saírem dali. Da
luz que vem de fora e que se projeta no fundo da
caverna, estas pessoas vêem as sombras de outras pessoas que passavam
carregando toda espécie de objetos fora da caverna, estes prisioneiros ainda
ouvem o eco dos barulhos que vêm lá de fora, já que lá alguns caminham
conversando com outros – os prisioneiros pensam, portanto, que a realidade é a
sombra que vêem e o eco que ouvem.

Estes
prisioneiros faziam até concursos e concediam prêmios aos que distinguiam da
melhor forma as sombras que eram observadas, aos que conseguiam primeiramente
notar quais delas passavam e quais delas passavam acompanhadas de outras e, por
fim, até de prever as próximas sombras que passariam.

Se fossem
libertados, os prisioneiros continuariam a pensar que as sombras eram, de fato,
o que havia de real no mundo; porém, caminhariam para fora da caverna e teriam
a vista ofuscada, pouco a pouco acostumariam-se com a luz e conseguiriam ver as
imagens deles mesmos projetadas na água, veriam os próprios objetos, veriam a
lua e as estrelas. Já acostumados, conseguiriam voltar os olhos ao sol e o
veriam, compreendendo enfim que ele seria o autor das projeções que haviam no
fundo da caverna.

Ocorreu que um
destes prisioneiros soltou-se e caminhou até a entrada da caverna, ele notou,
então, que aquelas imagens vistas lá embaixo não passavam das sombras das
coisas que estavam fora da caverna e que estas eram a realidade. Encantado com
o que viu, ele retornou à caverna, já que sentiu enorme piedade dos seus
companheiros de cárcere, contando tudo o que havia visto. Ele sentiu as trevas
em seus olhos, já que havia se acostumado a olhar para a verdadeira luz, e
tinha muita dificuldade em distinguir as sombras (seria preciso mais tempo para
ele se acostumar com as trevas novamente). Os outros prisioneiros, então,
consideraram que não valia à pena sair da caverna, defenderam-se daquele que tentou tirar-lhes
de lá e até o mataram.

Para Platão, Sócrates (470-399 a.C.), seu grande mestre, foi quem viu a luz, quem retirou a alma da
escuridão e a iluminou para, em seguida, retornar à caverna e dizer que tudo
que ali havia não era real, mas sombra, ilusão. Viu o que cada sombra
representava melhor que ninguém porque viu, também, a sua verdadeira forma fora
da caverna e voltou para dizer aos prisioneiros qual era a essência daquilo que
eles viam. O que fez Sócrates foi iluminar seu espírito com uma sabedoria que o
retirou das trevas, vejamos como é possível alcançar a luz!

1.2 – “Conheça-te a ti mesmo:” Sócrates e o poder da
razão.

Conheça-te a
ti mesmo
”: na entrada do templo de Apolo era esta a mensagem que estava
escrita. Era esta a mensagem também que Sócrates aconselhava às pessoas: ele
gostaria que elas saíssem da caverna, da escuridão que havia em seus espíritos.
Para alcançarem a luz, seria necessário, segundo ele, buscá-la. Porém, aonde
buscá-la? A resposta era imediata: dentro de nós mesmos – “conheça-te a ti
mesmo
”.

Para que as
pessoas conhecessem a si mesmas, Sócrates fazia perguntas: era um perguntador
incansável, e até irritante. Dialogava com todos sobre os mais variados
assuntos e faziam-nos perceber que o que elas sabiam sobre esses assuntos não
passavam de sombras, aparências do que elas, de fato, eram. Com a continuidade
do diálogo, Sócrates ajudava as pessoas a lembrar do que já sabiam, já
que ele pensava que a sabedoria estava dentro de nós[1],
não fora; por isso, aconselhava: “conheça-te a ti mesmo”.

Conhecendo a
nós mesmos, tomaríamos ciência que a nossa alma racional seria um fator
decisivo para a nossa felicidade: agindo de acordo com a razão, agiríamos de
acordo com nosso ser – agiríamos como homens, não como animais. Não seríamos
dominados pelos mesmos impulsos irracionais que dominam os animais, não
seríamos dominados pelas paixões e pelos sentidos, seríamos senhores de nós
mesmos e não agiríamos de modo desregrado. Para agirmos como homens, temos de
saber o que somos: se somos racionais, nossa conduta também precisa ser. “Conheça-te
a ti mesmo
”.

Em suma, como
procuramos o bem, tentamos nos afastar do mal: viver escravo dos prazeres é,
para Sócrates, viver sem se saber o que se quer, é não-saber, é não usar a
razão, é não agir como homem. Viver feliz e livre é viver senhor de nós mesmos,
é saber o que se quer, é agir racionalmente, é procurar o bem para si mesmo.
Eis o caminho para a liberdade na Filosofia socrática:

Conheça-te
a ti mesmo
:

         Quem sabe (usa a razão) o que é o bem,
pratica-o;

         quem pratica o bem, é, realmente, um ser humano;

         a liberdade reside na ação racional: é a razão que nos livra do vício e nos conduz à felicidade.

Sócrates (470-399 a.C.)

Um exemplo: supondo que esteja muito calor
e você foi a uma sorveteria, racionalmente se refresca com um sorvete e sabe
que ele faz bem para você justamente porque lhe refresca. O que você fez foi um
bem a si mesmo ao tomar um sorvete. E mais: libertou-se da sensação de calor.
Porém, caso você aja desregradamente, tomando muitos sorvetes, o prazer
transforma-se em um problema para o seu estômago. O que você fez foi um mal
para si mesmo: ao deixar de usar a razão, deixou de agir como homem e tornou-se
um escravo dos prazeres.

VAMOS FILOSOFAR…

1 – Resuma a alegoria da
caverna
, narrada por Platão, em uma história em quadrinhos.

     
     

2 – Reflita sobre a alegoria da caverna e
escreva:

a)      a caverna é o mundo em que vivemos? Explique.



b)      o prisioneiro que se liberta e sai da caverna é o
filósofo? Explique.



3 – Qual era a mensagem que estava inscrita no
templo de Apolo e que era dita por Sócrates aos cidadãos de Atenas? Por que ela
é importante para sermos livres?



4 – Para Sócrates, o que é preciso para fazermos
o bem para nós mesmos? Explique.





5 – Dê dois exemplos de ações livres, de acordo
com a filosofia de Sócrates.






2 – LIBERDADE E INSTINTOS: NIETZSCHE

“Esse mundo é a vontade de potência – e nada além
disso! E também vós próprios sois essa
vontade de potência – e nada além disso!” (NIETZSCHE,
Fragmento póstumo, 1885,
38 [12])

2.1 – Saber e fazer: uma diferença

Sabemos
que, para Sócrates, ao sabermos o que é o bem, o faremos. Porém, Friedrich Nietzsche (1844-1900) acreditava
que este foi um grande erro de Sócrates e de Platão: quantas vezes agimos em
sentido contrário a uma ação considerada correta? As pessoas sabem que
não devem mentir, mas mentem. Sabem que não devem “furar fila”, mas
furam. Sabem que devem ser polidas, mas não o são. O que Nietzsche
apontou é que há uma diferença entre saber e fazer: podemos conhecer
muito bem uma obrigação e, mesmo assim, desrespeitá-la. Por que agimos assim?
Parece que há algo a mais em nós do que pretendia Sócrates, parece que a razão
não é o suficiente para explicar a liberdade.

Além da
razão, há o corpo: nossos impulsos vitais, nossos instintos foram deixados de
lado pela moral socrática. O “conheça-te a ti mesmo” de Sócrates foi um
projeto falido, segundo Nietzsche, por não levar o corpo em conta, aquele que
quis conhecer, não conheceu a si mesmo. Para Nietzsche, nossos impulsos são
constituídos de forças que duelam em nós mesmos para prevalecerem uma às
outras. Somos um conflito de forças que lutam entre si para sobreporem-se às
outras.

Sócrates errou, segundo Nietzsche, ao pensar que nossas ações são o
resultado de uma empresa exclusivamente espiritual, cada ação movida por nós é
o resultado de forças instintivas que lutam entre si e impulsionam o
corpo. E não se trata apenas do corpo do homem, mas de algo que acontece em
toda a natureza: em cada célula de cada ser vivo há esta luta, nem os seres
microscópicos escapam destas forças. São forças que não param de duelar em um
só momento e cada uma delas procura ser a mais potente – essa é a teoria
nietzschiana da vontade de potência. Por isso, o filósofo pensou que não
era possível explicar nossa conduta e nossa liberdade apenas por nossa razão,
como desejou Sócrates. É preciso respeitar nossa natureza instintiva: “Esse
mundo é a vontade de potência – e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de
potência – e nada além disso!”[2]

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

2.2 – Liberdade e impulsos: crítica da liberdade
como dominação. Ou “como tornar-se o que se é”.

Para
Nietzsche, somos forças que buscam vontade de potência. Imagine agora que por
muitas vezes reprimimos estas forças, que agimos contra nosso próprio ser. Foi
isto que aconteceu na história da humanidade, segundo o filósofo, vejamos como.

Para
Nietzsche, há dois tipos de pessoas: as que são fortes como aves de rapina e as
que são fracas como ovelhas. As aves de rapina também são chamadas de fortes,
senhores, nobres e as ovelhas são chamadas de fracas, escravas, ressentidas. As
aves de rapina têm força para realizarem aquilo que querem e, se tiverem o
desejo de capturar ovelhas, elas conseguirão se impor, afinal são mais fortes.
Já as ovelhas, para se defenderem, farão com que a força das aves de rapina não
se manifeste, darão um “golpe de mestre”[3] e
enganarão as aves de rapina com uma “fábrica de mentiras”[4]: a
impotência passa a ser considerada virtude e bondade, a fraqueza passa a ser
considerada mérito. As ovelhas fazem as aves de rapina acreditarem em um reino
de Deus, onde seriam punidas caso efetivassem sua força.

Como há
dois tipos de pessoas, há dois tipos de moral: como os fortes dizem sim a si
mesmos, vêem-se como bons, como fortes, e desprezam as ovelhas, já que são
seres fracos, ruins. Já as ovelhas, dizem não a um outro, consideram-no mau e
desejam vingança. Isto é, as ovelhas inverteram os valores e dominaram
as aves de rapina
com a moral socrática e com o cristianismo. Criaram o
reino de Deus para punirem e vingarem-se dos que insistirem em efetivar suas
forças, usaram a moral como forma de dominar as aves de rapina.

As
ovelhas dizem: “Você é uma ave de rapina, mas é livre para não usar sua força,
é livre para não cometer o erro de agir de acordo com sua natureza, é livre
para não ser uma ave de rapina. Caso nos devore, será punida no reino de Deus”!
Isto é, pecamos, mas somos livres para expiar e pagar nossa culpa;
desrespeitamos as normas, mas somos livres para pagarmos a dívida. A liberdade
aparece como meio de submissão das aves de rapina às ovelhas, estas sustentam a
crença de que “o forte é livre para ser fraco, e ave de rapina livre para ser
ovelha”[5].

AVES DE RAPINA

OVELHAS

Fortes, senhores, nobres.

Fracas, escravas, ressentidas.

Como são muito fortes, dizem sim a si mesmas.

Como são fracas, dizem não a um outro, a alguém
que não são elas mesmas.

Consideram a si mesmos como boas e as outras
como ruins. Inventaram o desprezo.

Consideram a si mesmas como boas e as outras
como maus. Inventaram a vingança.

Acreditaram na fábrica de mentiras (moral) das
ovelhas e foram dominadas por elas.

Inverteram a moral inventaram o reino de Deus
para dominarem as aves de rapina.

Como
os fortes acreditaram, a conseqüência para a sua liberdade foi trágica: foram
dominados por quem era mais fraco que eles e dominados por uma liberdade
servil, isto é, uma liberdade de se aceitar o que não se é – os fortes escolhem
não exercer sua força para não serem punidos no reino de Deus. Ao invés de
agirem de acordo com seus instintos, os reprimem com a razão. O caminho que
Nietzsche trilha para que as aves de rapina voltem a ser livres é somente um:

“Como tornar-se o que
se é”[6]

         Dizer não à moral, instrumento dos fracos para dominar
os fortes;

         que a ave de rapina seja ave de rapina;

         a liberdade reside em não se deixar escravizar pela
razão que os fracos impuseram aos fortes. A liberdade está nos impulsos vitais
não reprimidos pela moral.

VAMOS FILOSOFAR…

1 – Sócrates pensava que para fazer o bem,
bastaria sabê-lo. Nietzsche concordou com ele? Explique.





2 – Nietzsche considerava o “conheça-te a ti
mesmo”, de Sócrates, um projeto que atingiu seu objetivo? Explique.





3 – Para Nietzsche, como funciona nossa natureza
instintiva?





4 – Quem são e como se caracterizam os dois tipos
de pessoas que houve em nossa história, segundo Nietzsche?





5 – O que fizeram as ovelhas para que as aves de
rapina não exercessem sua força sobre elas?



6 – Explique a origem do
desprezo e da vingança a partir do pensamento de Nietzsche.



7 – Como é a liberdade que as ovelhas oferecem às
aves de rapina? Nietzsche concorda com ela? Explique.



8 – Para Nietzsche, o que as aves de rapina devem
fazer para voltarem a ser livres?



3 – À GUISA DE CONCLUSÃO: UM CONTO PARA NOSSA
REFLEXÃO.

Oscar Wilde (1856-1900), no conto O jovem rei, narra a
história de um príncipe raptado com apenas oito dias de vida e que cresceu sob
os cuidados de uma humilde família de camponeses. Como ele era o único filho
que a filha do rei teve, era necessário encontrá-lo para que alguém sucedesse
ao rei no dia em que este morresse.

Enfim,
este dia chegou e, um dia antes de sua coroação, o jovem rei teve um sonho:

“Pensou
que estava numa água-furtada, comprida e baixa, entre o ronrom e o barulho de
um grande número de teares.

A
frouxa luz coava-se, furtivamente, pelas janelas fechadas com grades e
deixava-lhes ver as silhuetas grosseiras dos tecelões, debruçados sobre os seus
teares.

Crianças pálidas e de aspecto doentio estavam acocoradas ao pé das
enormes travessas.

Quando
as lançadeiras passavam como um relâmpago através da urdidura, levantavam
pesados batentes e quando elas atingiam o final de seu movimento, deixavam
recair os braços, que apertavam o fios, enlaçando-os juntos.

As
suas faces estavam minguadas pela fome.

As
suas mãos delgadas estavam agitadas e trêmulas.

Mulheres de feições duras e olhos esgazeados estavam sentadas a uma mesa
e cosiam.

Um
cheiro horrível enchia o local, O ambiente era impuro e pesado; as paredes
estavam sulcadas de filetes úmidos. O jovem rei abeirou-se de um dos tecelões,
parou um instante a olhar para ele.

O
tecelão lançou-lhe um olhar irritado e disse:

         Por que me estás olhando? És um espião que nosso patrão
enviou para junto de nós?

         Quem é teu patrão? Perguntou o jovem monarca.

Nosso
patrão! Exclamou o tecelão com amargura. É um homem como eu. Para dizer a
verdade, não existe a menor diferença entre nós, a não ser que ele usa bonitas
roupas, enquanto eu visto trapos.

         O país é livre, disse o jovem rei, e tu não és escravo
de ninguém.

         Na guerra, disse o tecelão, os fortes reduzem os fracos
à escravidão e, em tempos de paz, é a mesma coisa. Temos de trabalhar para
viver com salários tão miseráveis que morremos quase de fome. Os nossos filhos

emagrecem prematuramente e as feições daqueles que amamos tornam-se duras e
más. Esmagamos as uvas, mas são os outros que bebem o vinho. Semeamos o trigo,
e a nossa arca está vazia, Arrastamos cadeias, embora os olhos as não vejam e
somos escravos, se bem que nos chamem homens livres.

         E isso dá-se com todos? Perguntou o jovem rei.

         Assim é para todos, respondeu o tecelão, pra os novos
como para os velhos, para as mulheres como para os homens, para as crianças
assim como para aqueles que sucumbem todos os anos. Os comerciantes apertam-nos
e temos de obedecer às suas ordens. Através das vielas sem sol, em que moramos,
a Pobreza de olhos esfomeados e o Pecado de faces devastadas os seguem. A
Miséria desperta-nos pela manhã até à noite, a Vergonha nos espreita. Mas que
te importam essas coisas? Não és um de nós. No teu rosto, lê-se a felicidade.

E afastou-se com ar
truculento; colocou a sua lançadeira entre os fios, e o jovem rei observou que
a lançadeira estava guarnecida com fios de ouro.

Um
grande terror apoderou-se dele e disse ao tecelão:

         Que vem a ser essa roupa que estás tecendo?

         É a roupa destinada à coroação do jovem rei, replicou
ele. Que te importa isso?

E o
rei moço soltou um grande grito, acordou e…

Estava
no seu aposento, e, através da janela, contemplou a vasta lua cor de mel,
suspensa numa atmosfera cheia de brumas…”[7]

VAMOS FILOSOFAR…

1 – Supondo que você fosse o jovem rei, como
usaria sua liberdade a partir da concepção de Sócrates? Isto é, pela razão, o
que faria para resolver os problemas expostos no texto e conquistar o bem para
o seu país?



2 – Supondo que você fosse o
jovem rei, como usaria sua liberdade a partir da concepção de Nietzsche?
Lembre-se de que os seus instintos vitais precisariam ser valorizados.



3 – Relacione a filosofia de Nietzsche à seguinte
passagem do texto de Oscar Wilde: “Na guerra, disse o
tecelão, os fortes reduzem os fracos à escravidão e, em tempos de paz, é a
mesma coisa”[8].
Nietzsche considera que os fortes escravizaram os fracos? Explique.



4 – Faça uma redação de seus atos no primeiro dia
de sua coroação como o jovem rei. Escolha se agiria de acordo com sua razão ou
de acordo com seus instintos.











SUGESTÃO DE ATIVIDADES

A)    TEXTO COMPLEMENTAR

O problema de Sócrates

“Dei a
entender com o que Sócrates fascinava: ele parecia ser um médico, um salvador.
É necessário indicar ainda o erro que havia em sua crença na ‘racionalidade a
todo preço’? – é um auto-engano dos filósofos e moralistas pensar que já saem
da décadence ao fazerem guerra contra ela. O
sair está fora de sua força: mesmo aquilo que escolhem como remédio, como
salvação, é apenas, outra vez, uma expressão de décadence – eles alteram sua expressão, não a eliminam propriamente. Sócrates foi
um mal-entendido; a inteira moral-da-melhoria, também a cristã, foi um mal-entendido… A luz do dia mais crua, a
racionalidade a todo preço, a vida clara, fria, cautelosa, consciente, sem
instinto, oferecendo resistência aos instintos era, ela mesma, apenas uma
doença, uma outra doença – e de modo nenhum um caminho de retorno à ‘virtude’,
à ‘saúde’, à felicidade… Ter de combater os instintos – eis a fórmula
para a décadence: enquanto a vida se intensifica,
felicidade é igual a instinto”.

NIETZSCHE, Friedrich.
“Crepúsculo dos ídolos (§ 11)” in Os Pensadores. Tradução de Rubens
Rodrigues Torres Filho, São Paulo: Abril Cultural, 1° edição, 1974, p. 338.

B)     TRABALHO EM GRUPO

Recolha imagens sobre pessoas usando sua
razão e seus instintos vitais; em seguida, monte um painel expondo, de um lado,
o conceito de liberdade de Sócrates com imagens que correspondam a este
conceito. De outro, o conceito de liberdade de Nietzsche com imagens que
correspondam a este conceito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRENECHEA, Miguel Ângelo. Nietzsche
e a liberdade
. Rio de Janeiro: Viveiros de Castro Editora, 2000.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à
História da Filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles
. São Paulo:
Companhia das Letras, 2° edição, 2002.
MARTON, Scarlett. Nietzsche: a transvaloração dos valores. São
Paulo: Editora Moderna, 4° edição, 1996.
MÜLLER-LAUTER, Wolfgang. Nietzsche.
Berlim: Walter de Gruyter, 1971.

NIETZSCHE. Friedrich. Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma Filosofia do Futuro. Tradução de
Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2° edição, 2000.
_____. Genealogia da Moral:
Uma Polêmica
. Tradução de Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
_____. Os Pensadores.
Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho, São Paulo: Abril Cultural, 1° edição, 1974.
PLATÃO. A República.
Tradução de Leonel Vallandro, Porto Alegre: Editora
Globo, 1964.
_____. Diálogos. Tradução
de Jorge Paleikat, Rio de Janeiro: Edições de Ouro,
s/d.
WOLFF, Francis. Sócrates: o
sorriso da razão
. Tradução de Franklin Leopoldo e Silva, São Paulo:
Brasiliense, 1982.


[1] A mãe de Sócrates era parteira e Sócrates
também considerava-se um parteiro, mas de idéias: como ele acreditava que elas
estavam nas próprias pessoas, sua atividade consistia em interrogá-las até que
as idéias nascessem em suas mentes. Esta atividade genuinamente socrática ficou
conhecida como maiêutica..

[2] NIETZSCHE, Friedrich. “Fragmento
póstumo (1885, 38 [12])” in Os Pensadores. Tradução de Rubens Rodrigues
Torres Filho, 1° edição, 1974, p. 405.

[3] NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma
polêmica
. Tradução de Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das
Letras, 1998, p. 39.

[4] Op. Cit., p. 38.

[5] Op.cit, pp. 36-37.

[6] Este é o
subtítulo do livro Ecce Homo, de
Nietzsche.

[7] WILDE,
Oscar. O jovem rei. Tradução de José Maria Machado, São Paulo: Clube do
livro, 1963, páginas 14, 15 e 16.

[8] _____. Op. cit., p. 15.

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