A originalidade do rincão revela-se na natureza da terra, na fisionomia dos rios, nos campos desdobrados ou acidentados, na aspereza ou sutileza do ar que se respira, na sinfonia dos ventos reinantes, e mais do que em tudo, nos sêres que o animam.
Vários aspectos do que constitui a face física do Rio Grande do Sul se encontram em outras paragens do Brasil, a que a língua e os costumes cimentam, tentando apagar os traços característicos de cada recanto, as diferentes regiões se apartam e se destacam.
Mas no que toca aos sêres vivos, que são a alma singular de cada recanto, as diferentes regiões se apartam e se destacam de modo evidente.
O “Quero-quero”, no Rio Grande do Sul é sua alma original. Não sei de criatura que tão bem represente a terra em que nasceu.
Alto, cheio de nobre elegância, vive pelos banhados e campos pedregosos, onde constrói seu ninho. Não busca as moitas escondidas, nem se utiliza das tocas abandonadas.
Em pleno descampado, ao sol, entre pedras roladas, prepara o ninho. Para defendê-lo não pede o auxílio da luz obscura, conta consigo, exclusivamente consigo.
Noite e dia ronda o campo. E’ uma atalaia que não dorme. R ao menor ruído solta o grito estridente — quero-quero, quero. . .
— desafiando o inimigo ou o incauto que dêle se aproxima.
E de acôrdo com sua tática de guerra, põe-se a. voar, a revoar em tôrno ao ninho, passando às vêzp*7 de raspão pelo importuno recém vindo.
Tão caraterístico é o espírito de sentinela no “Quero-quero”, que o gaúcho fêz dêle o símbolo do sono leve. Se um indivíduo não ouve o nascer da alvorada e só vem a despertar quando o sol o golpeia de >frente, colocando em baixo do travesseiro o ferrão que o “Quero-quero” tem nas asas, basta para torná-lo madrugador.
As virtudes do vigilante dos campos concretizam-se naquela tonta acerada, suprema garantia do seu espírito altaneiro.
Quem percorre, pela primeira vez, as savanas do Rio Grande, e se detém nesse pernalta estridente e impetuoso, não deixa de compreender, que a terra que lhe deu origem só poderia gerar, no gênero humano, o gaúcho. 1
Daí o respeito de que é rodeado o “Quero-quero”. Os caçadores não o alvejam. Não se agride um valente que só luta no descampado…
O gaúcho fêz dêle um símbolo. Roque Callage, o escritor crioulo, batizou com seu nome um livro. E no livro e no símbolo vai o “Quero-quero” educando as gerações na vigilância e no brio.
Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo Clemente Pinto. (1883) 53ª edição. Livraria Selbach.<br />
Jainha Pereira Gomes.
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