TIAGO — O NEGRO DO CORCOVADO
O outro Corcovado da Serra do Mar, sem a Guanabara aos seus pés, alteia seu vulto majestoso por entre os demais morros da cordilheira marítima, enfeitando com seu perfil alcantilado o beira-mar ubatubano.
Balisa natural no roteiro do viajor fatigado que ao avistá-lo, senhor sobre as demais elevações circundantes, aviva as esperanças da próxima chegada: Ubatuba fica aos seus pés.
E’ o Corcovado onde Tiago, o escravo fiel, há dois séculos, pouco mais, aguarda a chegada de sua sinhàzinha.
Um portuga rico, cansado de mercadejar com a carga humana, traficando negros d’África, nos tumbeiros, resolveu acabar seus dias no Brasil onde ganhara "pelos bons serviços prestados a Coroa", uma sesmaria extensa, desde a praia até a serrania. Com êle viera o que restava de sua família, uma filha mui formosa. Trouxe também a escra-varia para ^ trabalho do plantio da cana de açúcar e na dura labutado engenho que por ali estabelecera.
Os anos foram-se passando. Eis que um dia, vindo de além-mar, desembarca èm Ubatuba um jovem fidalgo de gentil aspecto que "vinha fazer América".
Enamorou-se perdidamente da filha do velho e rico fazendeiro. Este opos-se ao casamento. Trancafiou-a na alcova onde ficou sob severa vigilância.
Tiago que acompanhara sua iaiá desde os tenros anos de vida, vendo-a sofrer, tornou-o o estafeta, o moleque de recados. Os enamorados planejaram a fuga: quando o galo cantasse pela primeira vez, ela sairia.
Tiago recebeu todas as jóias de Mécia e, logo após as Ave-Marias, embrenhou-se pela mata e escarpas, foi esperá-los lá no Corcovado.
O pai descobre o trama. O jovem fidalgo é assassinado. Mécia é levada para Portugal e Tiago, até hoje, quando as estrelas brilham mais intensamente no céu, seu perfil se destaca a cavaleiro do morro: ali está o velho escravo na sua fidelidade infrangível, apoiado no bastão, pitando o seu cachimbo, esperando a chegada dos que fugiriam por amor.
As estrelas brilham por sobre a carapinha de Tiago e às vezes desaparecem, se escondem por entre as nuvens de fumaça quando êle tira uma baforada maior do seu pito de barro. ..
Alceu Maynard Araújo: Setembro de 1947.
Fonte: Estórias e Lendas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Tomo I. Seleção de Alceu Maynard Araújo e Vasco José Taborda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962
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