Plutarco – Vidas Paralelas
OBSERVAÇÕES
SOBRE A VIDA DE CÍMON
CAP. VIII, pág. 16. Cornélio Nepos, em seu prefácio e na Vida de Cimon, diz categoricamente que Cimon esposara sua irmã, sem que tal casamento produzisse o menor dano à sua reputação, por ser permitido pelas leis atenienses. A lei, com efeito, permitia que um indivíduo casasse com sua irmã pelo lado paterno, e não pelo lado materno. Tendo sido Cimon aprisionado, por não se achar em condição de pagar a multa a que seu pai Milcíades fora condenado, um rico cidadão de Atenas, chamado Cálias, prontificou-se a pagar, sob condição de ser-lhe dada Elpinice por esposa. Cimon não se decidiu, diz Cornélio Nepos; mas Elpinice declarou não poder admitir que o filho de Milcíades perecesse nos cárceres públicos, quando só dela dependia restituir-lhe a liberdade. E desposou Cálias, pois o divórcio também era permitido por lei. Vide a Coleção das Leis Antigas, por Samuel Petit, liv. VI, títs. i e 3, e o Comentário, págs. 440 e 441.
CAP. XXII, pág. 33. Não faltará quem não estranhe que, devendo estabelecer paralelo entre duas vitórias de Cimon com duas anteriores conquistadas pelos gregos, Plutarco compare a obtida em terra com uma ganha no mar, e a que êle conseguiu no mar com a que os gregos venceram em terra. Confesso não atinar com a razão disto. Creio haver sido um descuido do compositor, e que se deva ler no mar, na primeira parte da oração, e em terra na segunda.
CAP. XXVII, pág. 37. Clístenes era filho de Mégacles, e pelo lado materno neto de Clístenes, tirano de Sicião, referido nas Observações sobre o quarto volume das Morais, cap. XV. Foi um dos principais autores da reaquisição da liberdade de Atenas, expulsou pisistrátidas ao fim da segunda, e foi arconte epônimo do terceiro ao quarto ano da sexagésima-sétima olimpíada.
Cumpre lembrar que o ano ático começava então em janeiro e que o olímpico tinha início em julho. Assim sendo, o ano de um arconte correspondia a dois olímpicos, durando aquele até à reforma introduzida por Metão, que tinha início no primeiro ano da octogésima-sétima olimpíada. Clístenes restabeleceu a ordem na república, reformou a legislação, elevou a dez o número das tribos, que não passavam então de quatro. Cai também neste ano a expulsão.dos reis de Roma.
CAP. XXVIII, pág. 38. Eles não se agastaram, devido à consideração e estima que devotavam a Cimon. Não concordo com Dacier, que acha não dever atribuir-se tal eles aos lacedemônios, porquanto, se o fôr aos atenienses, esta passagem não tem o menor sentido. Não admira, com efeito, que os atenienses não se agastassem de ver o seu poder aumentar e os aliados unirem-se a eles. Isto não se dava com os lacedemônios, razão por que Plutarco acrescenta que, se eles não se agastaram foi em consideração a Cimon. C.
CAP. XXIX, pág. 40. Os escravos dos lacedemônios chamavam-se Hilotas, derivado de Hilos, pequena cidade na extremidade da Lacônia, à beira-mar, que Agis, rei da Lacedemônia, arruinou antes da época de Licurgo, Teduzindo os habitantes à escravidão, como relata Estrabão, no seu oitavo livro. Muito depois, tendo sido os messênios vencidos e escravizados, os nomes de Hilotas e Messênios tornaram-se comuns aos escravos das duas cidades.
CAP. XXXI, pág. 42. Em cujos dez anos os lacedemônios decidiram libertar a cidade de Delfos da escravidão dos fócios, etc. Traduza-se: "Em cujo tempo, ao voltarem da expedição realizada para libertar a cidade de Delfos da escravidão dos fócios, os lacedemônios acamparam junto de Tanagre, onde os atenienses os foram encontrar, para atacá-los". Vede Tucídides, 1. I, § 108, e Diodoro de Sicília, 1. II, § 80. Tanagre achava-se na Beócia e não na Fócida. C.
SOBRE A VIDA DE LÚCULO
CAP. V, pág. 57. Qual é este Ptolomeu? Palmério diz ser Auletes. Êle, porém, só começou a reinar no Egito, em 689, ano romano, 65 antes de J. C, muito depois da morte de Sila, ocorrida no ano 676 de Roma. Não pode ser Ptolomeu Latire, que reinou pela primeira vez desde o ano 637 de Roma, porque Plutarco declara que, o de que se trata, era muito moço. Deve ser então Alexandre II ou Alexandre III. Nas notas sobre Plutarco, edição de Reiske, Moses Dusoul julga ser Alexandre II. Além de ser pouco crível que este tratado de Lúculo haja sido realizado justamente nos 18 ou 19 dias de seu reinado, é inacreditável ainda que êle se haja recusado a se aliar a Sila, que o colocara no trono. Isto só pode ser atribuído a Alexandre III, que o sucedeu ao fim de dezenove dias. O que não desfaz ainda todas as dificuldades, porque segundo Apiano, Alexandre II só foi elevado ao trono do Egito no ano 673 de Roma, Sila esteve em Atenas no ano 668 de Roma, e Fímbria, de quem se vai tratar, suicidou-se no ano 670 de Roma, e 84 antes de J. C. Há, pois, nisto, um erro de três ou quatro anos nas épocas desta sucessão, de retificação talvez impossível.
SOBRE O CONFRONTO DE LÚCULO COM CIMON
CAP. I, pág. 144. Segundo o que Platão, zombando, censura e condena acertadamente em Orfeu. Creio não se dever tomar a expressão da parte de Orfeu em sentido particular, como acontece geralmente, e sim em sentido geral, e que se deva traduzir nos que saíram da escola de Orfeu. É como diz Plutarco, no tratado contra Colotes, t. X, página 407, edição de Reiske: os Acadêmicos da escola de Arcesilas. Eram efetivamente as opiniões de Orfeu, que Museo e Eumolpe, seus filhos, haviam introduzido nos mistérios de Eleusina, que Platão visava na passagem citada por Plutarco. C.
CAP. III, pág. 146. Neste artigo Dacier confundiu o Pan-crácio, que compreendia o ataque, a luta e o pugilato, com o Pentatlo ou Quinquércio, constituído de cinco exercícios sucessivos, de assalto, de corrida, de disco, de dardo e de luta. Quanto a Amyot, não sei porque traduziu não vencedores, mas vitórias, para mais homenageá-los. O grego diz unicamente vitórias, que constitui erro de há muito reconhecido. Plutarco nunca pôde dizer que deixou de empregar o termo vencedores, que Amyot traduziu por vitórias. Era uso denominar os pancraciastas vencedores extraordinários. O pancrácio era uma espécie de exercício, constituído de luta e pugilato, e os que se dedicavam a êle eram menos fortes dos que se entregavam ou só à luta ou só ao pugilato. Razão por que consideravam coisa extraordinária um pancraciasta vencer no mesmo dia a luta e o pugilato, e levantar o prêmio do pancrácio. Vede nas Pausânias, 1. VI, cap. 6, o que aconteceu a Teágeno, que quis disputar a Eutimo o prêmio do pugilato, antes de bater-se pelo pancrácio. C.
SOBRE A VIDA DE NÍCIAS
CAP. VII, pág. 162. Todas estas passagens de poetas cômicos são de explicação muito difícil, por serem eles muito corrompidos. Creio que a de Teléclida pode ser explicada assim:
"Chariclés não lhe deu uma mina (moeda grega), porque êle não disse ter sido o primeiro filho que sua mãe teve à sua custa? Nícias, filho de Nicerato, deu-lhe quatro. E por que? É o que não direi, embora o saiba, porque Nícias é meu amigo e considero-um homem de bem".
A primeira parte deste trecho parece-me ter relação com o fato das mulheres gregas se considerarem crianças, quando não conseguiam ter filhos. Trata-se freqüentemente deste uso, em Aristófanes. Geralmente elas compravam os filhos de algumas mulheres pobres.
O segundo trecho é um diálogo entre um caluniador e um homem do povo. Amyot, apanhou bem o sentido; mas, não sendo muito clara a sua tradução em verso, eis uma outra em prosa:
– "O Caluniador: Há quanto tempo não vês Nícias? O Homem do povo: Vi-o anteontem, na praça pública, O Caluniador: Este homem declara que viu Nícias. Não o terá, visto para nos trair? Bem vedes, meus amigos, que apanhamoa Nícias agindo. O Poeta: É deste modo, perversos, que procurais tornar culpados os homens mais virtuosos e justos".
Citando a passagem de Aristófanes, Plutarco enganou-se, pois coloca-a na boca de Cleon, quando está na boca de Agorácrito. Vede os Cavaleiros, v. 358. C.
CAP. XXI, pág. 178. Este Hiparco não era o filho do tirano Pisístrato, mas sim um dos seus pais, como diz. de acordo com Plutarco. Harpocracião, e segundo o testemunho de Androcião, autoridade incontestavelmente preferida a todos os escritores posteriores, que fazem o Ostracismo remontar aos tempos de Teseu, ao passo que Androcião, discípulo de Isócrates, que participou da administração de Atenas, e escreveu a História da Atiça, afirma categoricamente que Hiparco foi a primeira vítima do Ostracismo que acabava de ser estabelecido. Quanto ao mais. Diodoro de Sicília e Eliano estão de acordo com Androcião e Plutarco quanto à data desta instituição, que não era peculiar a Atenas, mas de uso generalizado nas cidades da Grécia em que o governo popular se havia estabelecido. Eis como procediam: Em dia marcado, o povo reunia-se, presidido pelos nove arcontes e o Senado. Cada cidadão levava uma concha, na qual escrevia o nome que desejava, e jogava-a num cercado dotado de grade, onde se chegava por dez avenidas, de acordo com o número de tribos. Contadas as conchas a seguir, o indivíduo cujo nome aparecesse no maior número delas, se alcançasse pelo menos seis mil era obrigado a deixar a cidade dentro de dez dias. Esta espécie de exílio diferia do banimento proferido por sentença, em que determinava o lugar da residência do cidadão condenado ao ostracismo (prazo: dez anos) e não lhe confiscava os bens. Os outros banidos perdiam os bens; e, sendo expatriados para sempre, não lhes designavam o lugar em que deviam residir, por não serem mais considerados cidadãos.
A vila de Calorga, pátria de Hiparco, de quem se trata aqui, é um cantão da Atiça, perto de Cefisa, que se estende, ao oeste do Pireu, até o golfo Sarônico, fronteiro à Salamina.
CAP. XXI, pág. 177. Conciliar-se-ia Teofrasto com os outros historiadores, supondo-se que o Ostracismo ameaçava ao mesmo tempo Nícias, Alcibíades e Féaco. É o que me faz supor, com Tâilor, por mim já citado numa nota sobre a vida de Alcibíades, pág. 480, que o quarto, dos que nos restam sob o nome de Andócides, não é dele e sim de Féaco. Em tal discurso trata-se, • com efeito,- de saber quem será condenado ao Ostracismo, se Nícias, Alcibíades ou o Orador. Como nenhum escritor declara ser Andócides rival de Alcibíades, parecendo, ao contrário, serem os dois. muito- unidos, pois Andócides foi incluído na acusação feita – contra Alcibíades, de profanador dos mistérios, não se pode supor que eles .hajam disputado o banimento pelo Ostracismo. Se tal houvesse acontecido, os historiadores não silenciariam; sendo Andócides, como .era, um .personagem notável pelo talento, pela– descendência’ e’ pelo papel que desempenhara na República. Deixarei de lado todas as razões apresentadas por Tailor em favor de sua opinião, e às quais Ruhnkênios (História Crítica Orat. Gr. p. 50 e seguintes) respondeu muito fracamente. Deter-me-ei unicamente no que êle negligenciou, e que se me afigurou imperdoável; isto é, que, se o discurso era de Andócides, dever-se-ia supor que Teofrasto, citado pelo comentador de Luciano (Timão, § 30), e Plutarco na passagem que se discute, enganaram-se, declarando haver sido Hipérbolo o último contra quem se íêz uso do Ostracismo. Com efeito, se aquele a quem se refere o discurso atribuído a Andócides não é o que deu origem ao exílio de Hipérbolo, foi-lhe forçosamente posterior. Este discurso só pode ter sido proferido pouco antes da expedição da Sicília, pois o Orador (t. IV, pág. 123, Orat. Gr. de Reiske) nele censura Alcibíades pelo fato de, após haver opinado que se escravizasse os habitantes de Meios, comprar uma mulher desta cidade, com a qual teve um filho. A tomada de Meios, segundo Tucídides (L. V, § 116), deu-se no inverno que precedeu à expedição contra a Sicília. É indispensável que Meios haja sido tomada no início do inverno, para que Alcibíades tenha tido um filho antes do meado do verão, época em que êle partiu para a Sicília, segundo Tucídides (1. VI, § 30). Supondo que Alcibíades e Nícias hajam sido ameaçados duas vezes, juntos, de Ostracismo, o de que aqui se trata é o último, pois deve ter ocorrido pouco antes da expedição da Sicília, na qual Nícias perdeu a vida, e nesse caso Teofrasto e Plutarco se enganaram, escrevendo que o Ostracismo cessou depois da condenação de Hipérbolo, o que não é provável. Deve-se então acreditar que o discurso que tem o nome de Andócides, refere-se ao Ostracismo mencionado por Plutarco, e nesse caso não pode ser Andócides, de quem nenhum historiador fala em tal ocasião, e sim Féaco. C.
CAP. XXXIX, pág. 197. Siracusa, fundada por Arquias de Corinto no terceiro ano da quinta Olimpíada, segundo se lê nos mármores de Oxford, tinha 180 estádios de circunferência, isto é, cerca de oito léguas, segundo Estrabão, correspondendo à extensão do circuito de Atenas, no parecer de Tucídides. Compunha-se de cinco cidades ou grandes quarteirões, cercados por uma única muralha, ficando a chamada Ilha ou Ortígia entre os dois portos, sendo ligada ao resto da cidade por uma ponte; a segunda chama-se Acradina; a terceira Tiché ou Felicidade, devido ao velho templo da Felicidade que ali havia; a quarta, Cidade Nova ou Neá-polis; a quinta, enfim, da qual nos fala Cícero em seu discurso contra Verres, de Signis, era Epípoles, da qual aqui se trata, lugar muito escarpado, situado ao norte em relação ao resto da cidade, segundo Diodoro de Sicília. O que denominam Hexapila, era, segundo Celário, ou uma porção de Neápolis ou parte de suas muralhas, contendo seis aberturas que podiam ser consideradas como entradas desta nova cidadç, aparentemente defendida por um castelo.
Sobre a Vida de Marcos Crasso
CAP. I, pág. 215. Segundo as leis romanas, os casamentos só foram vedados, devido à afinidade, e considerados incestuosos, entre as pessoas de descendência direta ou que apresentavam laço achegado de parentesco, como: sogro, em relação ã sua nora, e sogra, em relação ao genro; padrasto e madrasta, em relação à enteada e ao enteado. Quanto aos parentes de linha transversal, como a mulher do irmão e a irmã do marido, enquanto os romanos viveram no paganismo consideravam esta espécie de afinidade desfeita e destruída com a morte de um dos cônjuges, principalmente quando não deixavam filhos. Foi o que levou Cícero a dizer que em hipótese alguma a afinidade podia ser destruída, se houvesse filhos que a perpetuassem. Do que se conclui que, com a falta de filhos, ela deixava de existir. Só muito tarde, devido à nova lei, é que o fundamento da afinidade se estendeu aos aparentados de linha transversal, como, por exemplo, entre um irmão e sua cunhada viúva. A lei romana proibitiva a tal respeito é a lei 4, do Código, de incestis et inutilibus nuptiis, dos imperadores Valentiniano, Teodósio e Árcade. Roma era então cristã. A mesma proibição encontra-se renovada na lei 8, ibid., de Zenão, e na lei 9, de Anastácio. Pode-se mesmo concluir que, pela lei de Zenão, embora os egípcios vivessem, em tal época, sob a lei do cristianismo, desposavam as cunhadas viúvas, desde que fossem ainda virgens.
CAP. XLX, pág. 232. Amyot seguiu uma lição defeituosa, contra a qual a autoridade de Cícero, no discurso contra Verres, de Suppliciis, bastaria para evitar qualquer erro. Diz o orador, em duas passagens, que a guerra dos escravos não só não se comunicou de qualquer modo à Sicília, como não houve o menor sinal de sublevação na ilha. T. II, p. 188 e 194. Razão teve, portanto, Dacier, de seguir a outra lição dos manuscritos, da qual resulta que: Tendo encontrado corsários cilícios, Espártaco concebeu a idéia de tentar um ataque à Sicília com dois mil homens, para reavivar a guerra dos escravos, que não se havia renovado, diz categoricamente Cícero à pág. 188, depois da que Mânio Aquílio, cônsul no ano de Roma 653, havia findo, matando seu chefe Atenião, segundo declara Diodoro de Sicília. Floro, no 1. III, cap. 19, narra esta última passagem de outro modo. O plano de Espártaco não foi levado a efeito, ou pela razão aqui apresentada por Plutarco, ou devido às precauções tomadas por Crasso, conforme declara Cícero na passagem já citada.
SOBRE A VIDA DE SERTÓRIO
CAP. XXVII, pág. 326. Nada existe no texto de Plutarco que signifique vitória de Sertório e derrota de Pompeu. Houve, de ambos os lados, parte do exército vitoriosa e parte vencida, O acampamento de Sertório foi tomado e saqueado, do que Pompeu se gaba em sua carta enviada ao Senado, existente entre os fragmentos de Salústio. É verdade que a desordem dos saqueadores deu oportunidade a Sertório de recair sobre eles vantajosamente. Mas isto não constitui nem vitória, nem derrota decisivas, como consta na Vida de Pompeu.
Este combate deu-se junto do rio Sucrão, segundo diz Plutarco na Vida de Pompeu, e não na cidade do mesmo nome, na foz do rio, à qual se referem Tito Lívio, Estrabão e Plínio, e que não é mencionada no texto de Plutarco. Este rio banha Castela e Aragão, outrora ocupados pelos celtiberianos, sendo hoje o Xucar. Este artigo não oferece qualquer dúvida, o que não se dá com o artigo seguinte, no qual Amyot cita a cidade de Tútia, declarando apenas Tútia. Os comentadores que não se conformam com esta falha opinam pela sua retificação, desejando uns que se leia o rio Dúrio, e outros o rio Túrias. Tútia foi, de fato, uma cidade desta província, como se vê claramente em Floro, liv. III, cap. XXII, 9, que no entanto se engana, quando dá a tomada de Valência após a morte de Sertório, quando ela se deu muito antes segundo a carta de Pompeu, já citada. Também é exato que o combate a que Plutarco se refere aqui, é posterior ao levado a efeito junto ao rio Sucrão, conforme êle mesmo declara. Logo, este não pode ser o mesmo que o rio Dúrio ou Túrias, seguido da tomada de Valência, porque este caso de Valência precedeu ao de Sucrão, e Pompeu combateu sem Metelo. conforme Plutarco declara na Vida de Pompeu. A substituição do Dúrio ou do Túrias não tem razão de ser. O nome da cidade de Tútia deve ser conservado.
Quanto ao combate anterior junto do Dúrio ou do Túrias, deve-se primeiro observar que Valência, situada a leste da Espanha, exclui toda idéia do Dúrio, hoje Douro, que se lança no Oceano ocidental, depois de atravessar Portugal. Além disso, Valência acha-se na foz de um rio que Plínio denomina Túrio, o mesmo que os nossos sábios chamam Túrias. Isto é incontestável; mas na carta de Pompeu, e nos discursos de Cícero por Balbo, este rio tem o nome de Dúrio. Esta simples diferença ortográfica, que não influi no caso, não merece, penso, discussão aprofundada.
CAP. XXX, pág. 329. Dada a semelhança dos fatos relatados no epítome do nonagésimo-terceiro livro de Tito Lívio, parece que esta cidade é Calaguris ou Calagúrio, onde Estrabão diz que Sertório foi sitiado por Pompeu no fim desta guerra, pág. 244. Esta cidade é que foi tomada após sua morte, produzindo tão grande revolta e ódio entre os habitantes, que degolaram mulheres e filhos, para servir-lhes de alimento, a fim de não buscarem na luta a gloriosa alternativa da vitória ou da morte. Existiam duas cidades com este nome: uma à direita do Ibero, na terra dos vasconços, e outra à esquerda, a algumas léguas do rio, na província de Ilergetes. É da primeira que se trata nesta passagem.
FIM DO QUINTO VOLUME
Tradução de Miguel Milano. Fonte: As Vidas dos Homens Ilustres de Plutarco.
Traduzidas do Grego por Amyot – Grande-Esmoler da França. Com notas e observações de Brotier, Vauvilliers e Claviers.
Volume Quinto.
Conforme a edição francesa de 1818. (Paris, Janet e Cotelle) e ao texto de 1554.
Ed. das Américas.1962.
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