A CRISE DO AÇÚCAR EM CUBA

Oliveira Lima

A CRISE DO AÇÚCAR EM CUBA

Bem se diz que quem tem padrinho não morre pagão. Cuba tem por padrinho os Estados Unidos, que não deixam perigar sua prosperidade, porque é quase ou pelo menos é metade, a sua própria. Os bancos americanos e o próprio governo americano, para o qual apelou o Governo cubano, trataram logo de ajudar a afilhada a resolver a cr/Be, emprestando-lhe o dinheiro necessário para sair da dificuldade e custear as despesas da safra, a qual os banqueiros se prontificaram a adquirir, o que logo deixa ver que o negócio não pode ser mau e que a especulação baixista está na raiz da crise atual.

A crise pode dizer-se geral no que toca aos países ibero-americanos, porque os seus produtos tropicais têm todos baixado com grave transtorno para a condição econômica de cada um desses países, e prejuízo de todas as suas classes. Assim o Brasil, Venezuela e Colômbia estão sofrendo com a baixa do café; Cuba com a baixa do açúcar; o Equador com a baixa do cacau, etc, anunciando-se para mais que a safra do algodão no Brasil será este ano muito reduzida por causa dos estragos causados pela lagarta rósea.

As informações oficiais recebidas em Washington dizem que 80% das novas plantações brasileiras foram destruídas pelo referido mal.

As razões da crise em questão são complexas e em parte derivadas da situação gerada pela guerra, não escapando à sua ação os próprios Estados Unidos, apesar da sua enorme pujança econômica. Com os recursos e as possibilidades que todos os países americanos porém possuem, com a variedade sobretudo dos seus produtos explorados ou por explorar, tal crise não pode afetá-los profundamente e não pode deixar de ser passageira.

A Cuba, para solução de suas dificuldades de momento, ofereceram os banqueiros americanos 100 milhões de dólares, em forma de adiantamento, quando não são precisos mais do que 50. O Departamento de Estado, que tem que aprovar previamente qualquer operação financeira cubana, porquanto a soberania da ilha tem suas restrições, não só aprovou a idéia desse adiantamento como a estimulou. Por sua vez a especulação não vai até ao ponto de pretender arruinar a economia cubana. Seria o caso da fábula da galinha dos ovos de ouro.

Do seu lado o Governo cubano não cruzou os braços, sendo ajudado pelos bancos locais — nacionais ou estrangeiros — dos quais os melhores não precisavam aproveitar-se da moratória e, se o fizeram, foi por espírito de solidariedade para prestarem-se um mútuo auxílio. Ainda assim, a "Cuban Cane Corporation", por exemplo, está pagando o total das suas obrigações.

As medidas oficiais a serem adotadas estão ainda em estudo pela comissão respectiva. Como acontece em casos tais, muitas foram as sugeridas, entre elas a compra por particulares de um ou dois sacos de açúcar da safra ainda por vender e que soma 1.165,000 sacos, destarte aliviando-se a situação; a venda ao Governo americano desse remanescente em grande parte servindo de caução nos bancos por um valor aproximado de 58 milhões de pesos, que assim deixam de estar em circulação; e a emissão de certificados de depósito voluntário do açúcar nas mãos do Governo cubano, trocando os bancos esses cheques oficialmente garantidos.

A situação pode dizer-se que melhorou e o pânico pelo menos se acalmou com a simples amostra da intervenção da finança americana que assegura o porvir. Para obtemperar a escassez do numerário, mandaram os bancos americanos vir, diz-se, que cerca de 60 milhões de dólares. Se alguma incerteza continua a reinar, a tendência é, porém, toda para a alta do produto e a crença geral é que o açúcar sobe, baseando-se tal crença na lógica do bom senso, pois que não cessam os embarques e a procura não diminuiu, antes pelo contrário o aumenta no estrangeiro.

Os que mais perderam com a crise foram os que abusaram e os que deixaram abusar do crédito e particularmente os especuladores, que tinham comprado o açúcar alto e esperavam vendê-lo mais alto ainda.

Aos altistas contrapuseram-se, porém, os baixistas, forçando a venda para ganharem no jogo alguns milhões de pesos. O Banco Internacional, que foi o que forçou a moratória, tinha em penhor meio milhão de sacos de açúcar que quis fossem desembaraçados da noite para o dia, ou vendidos ao preço corrente, previamente manipulado. Não admira que casos como este, que não foi o único tenham produzido, como informa um telegrama da Havana, animosidade contra os especuladores estrangeiros, os quais a opinião responsabiliza pela crise, que é tão-sòmente devida a não poderem ser mobilizadas nurn__abrir e fechar de olhos riquezas reais e que até serviu para provar a solidez financeira de alguns estabelecimentos de crédito, pois que o Banco Nacional pagou num dia por ocasião da corrida 6 milhões de dólares.

 

Fonte: Oliveira Lima – Obra Seleta – Conselho Federal de Cultura, 1971.

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