Respostas no Fórum
-
Posts
-
Existe algo anterior ao mundo. A forma é anterior ao mundo. A forma não é imanente à matéria. Tudo na matéria é contingência, uma vez que sua essência é movimento. A forma não é transcendente a matéria, pois organiza a matéria. A forma é a condição de existência da matéria.
O mundo é contingência. A contingência é ausência de regras. Algo pode acontecer ou não acontecer. A contingência é parte desse mundo, mas é comandada pela necessidade. O acaso é apenas a manifestação das regras, da ordem, da lógica universal.
Como particulas invisíveis e indivisiveis que se locomovem no espaço formaram o primeiro proto-plasma, uma vesícula originária capaz de pensar? Como a matéria se organizou por si mesma gerando a consciência? Não há uma explicação plausível para que a matéria produza pensamento. O mosquito tem muito mais consistência que um homem, tem mais substância. O homem é setenta por cento água. Mas o homem pensa, diferentemente do inseto. O homem é uma bolha d’água pensante. Na natureza há simetria, forma e beleza. Há ordem. Não existe ciência sem ordem e harmonia. O mundo tem regras, o mundo tem uma ordem. A universalidade é a condição de todo pensamento e de toda existência. A simetria, o espaço, o tempo, a forma, a unidade, a relação e a beleza são a condição de toda realidade. Só podemos representar os objetos em nossa consciência seguindo as regras. As regras são os axiomas de toda experiência possível. A consciência é o que tudo cria. O pensamento é forma. O pensamento é a forma como o mundo é organizado. A mente humana aprendeu com a natureza a fazer o jogo da criação, aprendeu a representar.
Estou condenado à eterna existência, pois a matéria é eterna. O meu movimento é tridimensional, não consigo me expandir, estou preso ao tempo e ao espaço. Sou um corpo, este meu corpo é o cárcere da alma. Sou mesmo incapaz de libertar-me. Sou apenas uma bolha d’água, uma bolha d’água pensante, mas que ainda tem a dignidade de pensar.Ser um ponto no infinito. Eis o sofrimento mais árduo. Estar preso à eternidade. Sou apenas parte, não posso compreender a totalidade. Sou as qualidades da matéria: brilho, força, atividade, mas também sou trevas, inatividade, lentidão. Sou luz, força, pureza, sabedoria. Eu sou aquilo. Mas também sou o véu de Maia, ilusão e ignorância. Tudo é espanto e perplexidade. Não existe existência ou não-existência, tudo é, foi e será eternamente. Eu sou a solidão, o mesmo em tudo, o indestrutível. Eu sou o indivisível, como poderei ser dividido. Sou um eterno fluxo, um eterno devir que não cessa de correr. A matéria é a eterna expiação. Estamos condenados ao eterno sofrimento da existência. O pior não é existir, mas não saber por que existe.
Eu sou apenas um fluxo de consciência e o mundo é a minha morada. Eu sou a mente infinita, livre e sem limites como o tempo. Eu sou o mundo. O mundo só existe porque existe o pensamento. O mundo é o pensamento. O universo pensa a si mesmo e quando pensa cria a si mesmo. O mundo pensa, mas não sabe porque pensa e não pensa o impensável, pois tem regras. O que pensa cria, o que é criado é o que pode ser pensado. Não há quadrados redondos. Não há conexão sem relação. Não há unidade sem finitude. Não há totalidade sem unidade. Não há movimento sem mudança. Não há efeito sem causa. Há uma estrutura no mundo. O mundo é matéria, o pensamento é forma. A existência no espaço e no tempo, na vida e na morte tem regras. O pensamento segue as regras. Mas tudo é contingência. Tudo pode acontecer ou não acontecer. O infinito não conhece a si mesmo, mas pensa a si mesmo. O mundo existe porque é, não poderia deixar de ser. O nada está cercado de nada por todos os lados. O nada é o infinito. O infinito é o homem. O homem é o nada, mas é o nada que pensa e não sabe por que pensa