Início › Fóruns › Fórum Sobre Filósofos › Hanna Arendt › A Reflexão sobre a política de Hannah Arendt, um novo tema!
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15/06/2003 às 8:46 #70080Miguel (admin)Mestre
Todo leitor da obra de Hannah Arendt é instigado, inicialmente, a investigar o porquê de suas linhas serem tão desconhecidas do público. Atribui isto, posteriormente, à complexa decodificação necessária para o entendimento de qualquer tópico de estudos da autora. Este verdadeiro exercício lógico-filosófico não encontra muitas mentes dispostas em nossos dias.
Neste texto iremos analisar, apenas superficialmente o “fio condutor” e, de certa forma, o elemento que subjaz a todos os escritos de Hannah Arendt: a crise profunda do mundo contemporâneo.
Esta crise inicia-se, segundo a autora, logo após a destruição da tradição e do modo de pensar político, no plano intelectual, e a diluição do espaço da liberdade e felicidade pública, na esfera social. As conseqüência funestas desta destruição e diluição são para ela o motivo do homem “vaguear na obscuridade”, como relata Tocqueville, citado por Hannah no prefácio de uma de suas obras.
Celso Lafer, aluno de Hannah Arendt na Universidade de Cornell esclarece ao comentar a obra da mestra, que esta se apresentou consciente desta crise logo no seu primeiro livro The Origins Of Totalitarianism onde investiga as fontes e os instrumentos do surto totalitário, que aliás, tinha motivo especial, já que era alemã e judia.
Foi com esta obra, aponta Lafer, que Hannah Arendt causou grande impacto e entrou para a cena pública mundial.
Em The Origins Of Totalitarianism, especificamente em seus capítulos finais, a autora demonstra que a experiência totalitária não teria acontecido se não houvesse antes a crise do próprio espírito humano, marcada pelo desenraizamento do homem e seu conseqüente desligamento com a tradição. A tradição a qual ela se refere não é a entendida atualmente, “tudo o que é passado”, mas sim a transmissão de lógica plural que conforme ela percebera, já havia se esfacelado na Europa de seus dias.
Era possível entender, nesta altura, que o que Hannah compreendeu não era uma estado-de-coisas fruto de circunstâncias que aconteciam exclusivamente nos países de regime totalitarista, mas sim, um desdobramento histórico que havia afetado toda a Europa: a ruptura com o pensamento político tradicional do ocidente.
Terror, repressão e ideologia. Estes são os conseqüências mais marcantes dos regimes totalitaristas investigados por Hannah em The Origins of Totalianism. Mas, no entanto, pensamos que a busca da autora foi de tal profundidade que seu tema transcendeu o lapso temporal da Segunda Grande Guerra para se tornar um modo de percepção de todo o mundo contemporâneo.
Assim, dando prosseguimento aos seus estudos – e contrariando seus planos iniciais – publica em 1958 The Human Condition onde investiga a fundo como as revoluções e rupturas seculares puderam resultar em um “mundo de trevas” que deu origem à cultura e ao mundo contemporâneo. A obra gira em torno de três temas que são os capítulos do livro: Labor, Trabalho e Ação chamados por ela – que emprestou termos do Latim – de Vita Activa.
Por Labor (labor) entendia a autora como “a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano” e está relacionado intrinsecamente aos processos vitais do ser humano. Trabalho (work), por sua vez, “é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana” que “produz um mundo artificial de coisas” por fim “ação” corresponderia à “condição humana da pluralidade” a conditio per quam da realização política.
Depois de introduzir muito novos conceitos lingüísticos ao glossário político e ainda rever os já existentes, a autora passa a tratar da inversão do valor social da Vita Activa entre a antiguidade clássica e a era moderna.
Compreendeu, por exemplo, que a esfera pública da antiguidade era ocupada obrigatoriamente por homens livres e, a condição para que estes assim o fossem era a de não laborarem por seu sustento. Isto se deve ao fato de, nestas sociedades, a vida privada e seus individualismos serem tidas como inferiores à vida pública, especialmente quando falamos em labor, que é atividade biológica de simples permanência das faculdades vitais. Em outras palavras, a sociedade antiga via com inferioridade e até desdém alguém que exercesse atividades laborais apenas pela sua sobrevivência, já que via nestas pessoas apenas a similaridade com as atividades dos animais.
A era moderna, segundo Hannah Arendt não apenas diluiu a antiga divisão entre o privado e o público, mas também alterou o significado dos dois termos e a sua importância para a vida do cidadão. Com o trabalho transferido para o espaço público de relações, graças ao nascimento das fábricas, muito do que se entendia como público tornou-se privado e muito do que era privado tornou-se público, com perda para ambos. A Res Publica com isso, deixou de ser o fator principal que movia os homens o pensamento plural – como dizia Hannah – deixou de existir. O lugar onde os homens exerciam sua liberdade – que, para ela, só é possível assim – foi destruído e dele restou apenas uma geral alienação do mundo, uma sociedade de operários (laboradores) que anseiam utopicamente uma sociedade sem trabalho, sendo que, estes mesmos homens já haviam perdido completamente o domínio sobre qualquer outra forma de organização social. Com isto, chega ao fim também o espaço de surgimento do pensamento alargado ao qual Kant se referia, ou ainda, o pensamento de estrutura dialógica como nos diz o nosso Tércio Sampaio Ferraz Junior.
Por observar tão dedicadamente a Vita Activa contemporânea a autora de The Human Condition critica outros grandes pensadores anteriores a ela, como o próprio Karl Marx e, em muitos aspectos, credita a ele a ruptura final com o modo de pensar político tradicional. A “prática da filosofia” proposta pelo marxismo também é duramente criticada e na sua maior parte a própria interpretação de Hegel sofre algumas desmistificações na obra de Arendt.
Assim, a Res Publica tornou-se a maior preocupação de Hannah Arendt conforme acentua Celso Lafer no posfácio de The Human Condition. A autora se situa em sua explicação da realidade do nosso século em três eventos principais que alteraram a vida do homem moderno profundamente: o descobrimento da América, a invenção do telescópio e a Reforma Protestante, no livro, ela trata minuciosamente de cada um deles perfazendo um todo impressionantemente coerente.
É essa mesma preocupação que impulsiona Between Past and Future com a última edição de 1968. A obra é composta de seis ensaios, nos quais Hannah inaugura o que ela chama de um novo modo de pensar a verdade.
Maduro, este que foi um dos mais profundos livros de Hannah alça vôos ainda mais altos. A obra busca situar na vida da mente o recanto onde a verdade possa surgir tendo em vista a cadência do espaço-tempo.
Ainda em Between Past and Future notamos que Hannah reafirma a crise do mundo contemporâneo desta vez, apontando e esmiuçando sua causa como um definhamento tanto do plano da Vita Activa quanto da Vita Contamplativa. Em outras palavras, o homem deixou de situar seu pensamento na fissura temporal e histórica do próprio homem, pois “desde que o passado deixou de lançar luzes sobre o futuro” – para citar novamente Tocqueville – “a mente do homem vagueia na obscuridade”.
A autora apresenta na introdução desta obra uma parábola de Kafka que, aliás, sempre foi alvo de muita admiração de Hannah.
Na parábola de Kafka o homem – chamado brilhantemente pelo autor de “ele”, figurando assim de uma forma genérica e abstrata, não como “o homem” ou “aquele” – é atirado para frente pelo passado, que, aliás, sequer “passou”, e ainda é empurrado para trás pelo futuro.
Hannah toma a liberdade de continuar contando a parábola de Kafka em seu livro, afirmando ainda que a fissura do lapso temporal onde o “ele” de Kafka se situa é paradoxalmente, – mas não insoluvelmente – a pequena sutileza do pensar humano onde a verdade pode florescer.
No primeiro ensaio de Between Past na Future Hannah, baseada em seus estudos de História – seu conceito e objeto cognitivo – de uma maneira bastante instigante compara o sentido contemporâneo de História ao sentimento Helenístico clássico da Vita Activa e da imortalidade, que a seguir brevemente explico:
Para os helenos tudo no mundo seguia uma eterna transição entre ser e não-ser de modo que todas as coisas nasciam e pereciam em um fluxo eterno que eles entendiam ser o próprio substrato da própria imortalidade. Os homens, por sua vez, ao se encontrarem conscientes de sua própria condição se tornavam mortais, já que a natureza simplesmente é, enquanto o homem tem a “consciência de ser”. Assim, um homem heleno poderia se tornar imortal apenas pelos seus grandes feitos, e somente a vida pública concedia a possibilidade de tais feitos. O conceito de História então, seria o de imortalizar estes atos e registra-los para a posteridade, imortalizando – conforme entendiam os helenos – seus autores.
Já contemporaneamente, mais precisamente após o cristianismo, o homem passou a perceber a natureza do mundo como peremptória, decadente, mortal e originalmente pecaminosa. O homem, nesta realidade já nascia com a alma imortal e era da condição humana retornar ao estado originário de imortalidade através da salvação. É daí, portanto, o pensamento cristão de definirem como “viajantes na terra”, transeuntes do mundo terrestre.
Nota-se portanto, quão profundas são as mudanças de percepção que o homem sofre ao presenciar certos eventos e que é preciso de mentes que se aventuram neste terreno tão misterioso e surpreendente para desvendá-los.
Já no terceiro ensaio de Between Past and Future Hannah trata do real conceito de autoridade cujo significado não é mais encontrado na vida contemporânea. Segundo ela, este conceito não tem nada de força, coação ou mesmo o império da Lei. Ele gira em torno de hierarquia legitimada pela democracia. Não é um relacionamento entre iguais, concorda Hannah, que é o que anima o discurso político mas é legítimo na medida em que seja fruto da inteira liberdade de se constituir a hierarquia. Como diz a própria Hannah: O direito e a legitimidade de quem manda e obedece está onde ambos reconhecem e ambos têm seu lugar estável e pré- determinado”
A aspecto mais conclusivo e impressionante no pensamento de Hannah Arendt é sem dúvida o político. Seu desenvolvimento filosófico foi desvendar através da mecânica dos fatos políticos o lugar onde o a humanidade realmente se situa.
Por fim, os conjuntos de fatos que nos fizeram livres são os mesmos que não conseguiram legitimar nossa liberdade já que no processo revolucionário perderam-se, na práxis, os conceitos de público/privado, autoridade/ força, bem como os de cultura, política e até de Estado.
Nada é tão identificável com a realidade brasileira do que esta “falta de referências”. Nossos conceitos de política, cultura, liberdade e autoridade se esvaem na ignorância das massas. Mas, segundo nos propõe Hannah Arendt , a redescoberta da sabedoria acontecerá com os que resgatarem a plena realidade de seu ser concreto que ressurge quando situamos nosso pensamento na lacuna temporal entre o passado e o futuro. Por fim, a própria Hannah finaliza:
… the conditions of human existence – life itself, natality and mortality, wordliness, plurality and the earth – can never “explain” what we are or answer the question of who we are for the simple reason that they never condition us absolutely.” The Human Condition
[… as condições de existência humana – a vida em si, natalidade e mortalidade, mundanidade, pluralidade e planeta – nunca podem “explicar ” o que nós somos ou responder a pergunta de que lado estamos pela simples razão de que eles nunca condicionam-nos absolutamente]
28/06/2003 às 20:44 #77893Miguel (admin)MestreEste texto é muito bom, mas diga aí o que é possível se ver de certo no que a Arendt disse nos dias de hoje?
03/07/2003 às 0:05 #77894Miguel (admin)MestreNossa, muita coisa, só para constar, ela explicita de maneira simplesmente brilhante qual seria o sentido de uma revolução em nosso século analisando como as revoluções que nos constituiram influenciaram nossa maneira de pensar (a americana, a francesa, a russa). E ai?
03/07/2003 às 15:55 #77895Miguel (admin)Mestre
Elucidativo caro amigo, uma questão…
Os livros dela existem em português?04/07/2003 às 6:08 #77896Miguel (admin)MestreClaro que simVeja aqui uma relação de livros
06/07/2003 às 19:38 #77897Miguel (admin)MestreA dica comercial do moderador não deu certo. Aí vão alguns livros e editoras, bem como as possibilidades de se encontrar em livrarias de fácil a difícil, vamos lá:
Entre o Passado e o Futuro, Editora Perspectiva, fácil
Crises da República, Editora Perspectiva, fácil
Da Revolução, Editora Universidade de Brasília, dificil, aliás dificílimo.
A condição Humana, Editora Forense Universitária, médio
Origens do Totalitarismo, não me lembro a editora, mas é difícil
Com esses já dá para se divertir bastante, precisando eu mando outros…
Espero ter ajudado um pouquinho que seja
Abraços
06/07/2003 às 20:44 #77898Miguel (admin)MestreRealmente, o link se encontra quebrado, esse é o problema de se linkar base de dados. Sugiro uma busca pelo nome da autora no site da livraria cultura.
Veja também em uma biblioteca, como
a da FFLCHNão acho que seja uma dica “comercial”. Não há interesse comercial. Usei o site da Livraria Cultura, que é notório, como catálogo.
Se estiver fora de catélogo, sugiro uma busca em sebos. Existe um Guia de Sebos na Página do Zadoque
abs
(Mensagem editada por miguel em Julho 06, 2003)
08/07/2003 às 1:01 #77899Miguel (admin)MestreOps! Foi mal aí amigão é que eu achei que este espaço tivesse ligações com a Editora por que você entrou no debate apenas para indicá-lo, um confusão meio fundamentada, não acha?
07/05/2004 às 15:55 #77900Miguel (admin)MestreGostaria de me inteirar sobre o significado da frase os homens, embora devam morrer, não nascem para morrer, mas para recomeçar.
19/06/2004 às 22:09 #77901Miguel (admin)MestreOi. Estou neste momento a estudar para um exame, e estava à procura de um texto de Hanna Arendt sobre: “verdade e politica”, mas nem sei de que livro esse ensaio faz parte. Se pudessem ajudar-me adorava. Se me pudessem mandar o texto, ainda seria melhor…
comprimentos:
Vasco Cysneiros29/07/2004 às 1:58 #77902Miguel (admin)MestreCríticas a Arent
Acontece que ninguém lembra o total comprometimento que essa autora tem com Heidegger, e sua também completa dívida com Aristóteles.
Vou tentar, sem banalizar, resumir suas teses àquilo que tem a ver com Aristóteles, e com isso demonstrar uma incoerencia básica quando ela tenta escapar à teleologia escolástica que Aristoteles inevitávelmente “autoriza” em sua filosofia. Também assim, não é possível que ela escape, e embora rode no meio fio, tentando escapar de mais um solipsismo ou uma teoria do Sujeito vulgar, acaba caindo em uma teleologia de novo.
Para Aristóteles, assim como para Arent – essa com influencias de termos Heideggerianos aqui mantidos – O homem, pois conhece sua própria estadia no Ser, ou, Habita o Ser, e por isso tem uma relação privilegiada com os entes que o cercam, está também em questão em sua própria existencia. Em outras palavras, isso seria dizer que o homem existe junto aos outros, ou, existe na atualidade do mundo discursivo que o cerca, já que, estando em discussão, não é pleno como um Deus e nem laborioso e nem natural como um animal – somente esses, supostamente vivem na unidade de si mesmos, o primeiro pois é substancial e inesquecível, o segundo pois é incapaz de ser lembrado. Ambos existem plenamente, quer dizer, não necessitam do discurso para existir
Contra qualquer teoria do domínio do soberano pleno, ou ditadura, Arent deseja mostrar que o homem só existe em discussão, em questão, ou ainda, para os outros. Menos que um Deus, mais que um animal. Nos dois casos escapa de ser pleno, quer dizer escapa de ter essencia. Pois não tem o controle pleno sobre a existencia, pois é instável, então o homem vive o poder na forma discursiva, no passar de mãos em mãos da palavra, na Ação, no tornar-se Ativo, no Entar no mUndo, no “Ser lembrado”.
Muito bem, Arent dá aqui uma versão conhecidissima do homem político Aristotélico. É também um ataque declarado ao homem “neutro” – o governante sob controle – de Platão. O que lhe falta é perceber que o homem ativo Aristotélico, o homem Político, tem por tarefa ser lembrado por aquilo que faz sob seu nome, ou seja, sob controle. Não é a toa Aristóteles no final do “Ética” diz que mais nobre que a Política, só a filosofia, pois só nela a Atividade do homem pode ser exercida com tamanha devoção e plenitude que se torna “contemplativa”.
O homem Ativo de Arent, o espaço da Açao, o espaço discursivo, não passa de mais uma versão da Filosofia da Atualidade. E nem adianta exaltar que para Arent Ação não é “sob controle”, mas efetuada frente aos outros. Ora, mesmo assim temos uma atualidade do Sujeito frente aos outros. Se o Sujeito pode ser “pensado”, “discutido”, “lembrado”, então – declaradamente – pode ser passivo na sua própria atividade, quer dizer, existir também neutramente. O homem neutro, o tirano que Arent tanto quiz execrar, faz parte constitutiva de sua filosofia. Isso pois, salvo certas restrições, a filosofia de Aristóteles – em que Arent fez praticamente uma reconfiguração em termos Heideggerianos – não é uma real afronta à de Platão. Nos dois casos se almeja em comum, à Atualidade do Sujeito para com as coisas que tem sob comando – suas obras. Nos dois casos, tem-se almejado um Homem capaz de elevar-se acima dos animais, e mesmo abaixo dos Deuses, ainda assim capaz de tornar-se inesquecível, remetido Substancialmente ou idealmente, como um “Nome”, como diria Heidegger, uma “ocupação”(o próprio “Ser no mundo”).
Por essas e outras o trabalho de Arent assume a própria teleologia que pretendia negar de início. O espaço das “Aparencias” também foi um fracasso, visto a intenção da autora. Um espaço onde as coisas aparecem é justamente um espaço onde há intencionalidade, um Sujeito Ativo no desenrolar e no desvelar da Coisa. Por isso, é também um espaço onde o Sujeito tem um privilégio de controle, ou, onde na sua Atividade, tende à passividade, quer dizer, na instabilidade do discurso, um ou mais homens tendem a “Aparecer”, ser remetidos passivamente, exisirem inesquecívelmente -substancialmente(pela Ocupação, Nome). Em suma, nada do que Arent fez fuigu da teleologia – quando muto, ainda transpareceu com uma teologia meio vulgar.26/09/2004 às 3:22 #77903Miguel (admin)MestreCrítica da crítica à Arendt
Sem dúvida, caro colega, que Heidegger influenciou Arendt (desculpe-me, mas não pude deixar de notar que você grafa Arent enão Arendt como é o correto)ele foi um de seus mestres. Não há dúvidas disso, mas também não há dúvidas que ela de distanciou dele ao abordar a política como tema a ser “ontologizado”. A “praia” dela não era filosofia, ela própria negou a rotulagem de “filósofa”, preferiu ser chamada de “pensadora política”.
Quando você diz que “pois, salvo certas restrições, a filosofia de Aristóteles – em que Arent fez praticamente uma reconfiguração em termos Heideggerianos – não é uma real afronta à de Platão.” eu não posso deixar de me chocar. Aristóteles, em termos de Política não faz “certas restrições” a Platão, isso requer de quem o diz uma releitura dos clássicos.Quanto à conclusão, de que Arendt não saiu da teleologia, não posso deixar de ver, como o próprio colega adverte “banalidades”. Se você não vê diferença na filosofia política de Aristóteles e Platão, TAMBÉM NÃO CONSEGUIRÁ NUNCA VER DIFERENÇA ENTRE A REFLEXÃO DE HEIDEGGER E ARENDT.
Uma pista: Arendt diz que o “objetivo” em contraposto ao que é subjetivo, vem da pluralidade das opiniões discursivas, do falar no ágora. Veja colega, isso é ontologizar o político. A vida diante dos outros, para Heidegger, diante do impessoal, do plural, é inautêntica, pois não evidencia a particularidade fundamental do dasein.
Hoje em dia, acho imprudente, em vista dos muitos estudos de especialistas sobre o tema, colocar Arendt como dependente intelectual de Heidegger. Eu mesmo, que tenho leituras de ambos, não acredito nesta dependência que você expõe em sua opinião.
Até.
26/09/2004 às 3:33 #77904Miguel (admin)MestreA propósito, se não for tarde demais, o ensaio que o colega pediu lá em cima é o primeiro ensaio da coletânea Crises da República (SP: Perspectiva, 1999) e se chama A mentira na Política Considerações sobre os documentos do pentágono (pgs. 13-48)
27/02/2005 às 12:58 #77905Miguel (admin)MestreJoelton, seu texto é excelente! Estou fazendo um a tese de mestrado sobre autoridade, poder e violência em HA. Vc tem algum trabalho ou texto nesse sentido? Gostaria muito de trocar informações com vc.
11/03/2005 às 13:04 #77906Miguel (admin)Mestreé tarde demais para ler para o teste, mas como é óbvio eu tinha o texto que iria servir de base para o exame. O que queria era descobrir mais qualquer coisa sobre um assunto que me intressou. Por isso, grazzie… que há sempre tempo para apreender qualquer coisa. Comprimentos :
Vasco cysneiros -
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