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30/07/2002 às 17:13 #75089Miguel (admin)Mestre
Criticar por criticar é fácil, mas textos desse tipo revelam mentalidades piores do que aquelas que criticam. Que mostra de imaginaçao doentia, desconhecimento historico, falta de contextualizaçao de cultura e de época!
De cristianismo nao mostra conhecimento nenhum. Associar figuras da patristica com cultos pagaos egipcios faria um cristao dos primeiros séculos vomitar. De filosofia mostra conhecimento ainda pior.
30/07/2002 às 18:06 #75090Miguel (admin)MestreRealmente criticar por criticar é muito fácil, estou esperando uma crítica construtiva até agora, seria enriquecedor. Querem uma dica procurem nos antigos gregos:Pitagoras e sua transmigração da alma, Ptolomeu e seu tetrabiblos ou Erastostenes e seu hermes
31/07/2002 às 14:27 #75091Miguel (admin)MestreOlá
Após ler as últimas mensagens fiquei curioso e, motivado, decidi pela leitura do extenso texto do Sr. José Domingos Martins da Trindade que não havia feito até então.
Antes de comentar o texto de JDMT, gostaria de falar àqueles que tanto defendem a filosofia e o discurso filosófico.
Penso, e é apenas uma idéia que me ocorreu neste momento, que o discurso filosófico é baseado em argumentos, e não derrisão literária. Desta forma, seria bom para a filosofia e para o fórum que ao invés ou conjuntamente com o escárnio(que muitas vezes “faz paaarte”) aponte-se também os erros históricos, documentais ou filosóficos da idéia sugerida pelo participante do fórum.
1. O Sr. JDMT inicia o seu texto falando sobre a não existência de cristo. Há contradição histórica nesta afirmação, uma vez que a existência física de Jesus é indicada em textos históricos antigos, alguns apenas com breves referências sobre a crucificação de um homem chamado Jesus, e que teria causado um certo desconforto político na época que reinava Pilatos.
2. De fato estudos atuais apontam divergências na igreja cristã primitiva, tais divergências dogmáticas dividiam a igreja, basicamente, em dois grandes grupos: Seguidores de Tertuliano e seguidores de Valentino. Sabe-se que nesta disputa política venceram os seguidores de Tertuliano e Irineu(o mártir), pois fora esta facção que conseguiu a aliança com Roma. Deste episódio podemos fazer a seguinte pergunta:
Fora Constantino que se prosternou diante do cristianismo ou a igreja de cristo se converteu para Roma?
3. Feita a união entre Roma e uma das facções políticas da antiga igreja cristã, chegaremos naturalmente a conclusão de que todo o material dogmático do partido vencido fora considerado herético, portanto, banido dos domínios de Roma.
4. Contudo, e estou apenas especulando, algum monge nos arredores do Alto Egito depositou em um pote vermelho de cerâmica os textos que Roma passou a considerar Heresia, e os enterrou perto da cidade de Nag Hammadi que fica próximo de Jabal al-Tarif, uma montanha com mais de 150 cavernas incrustadas. Os motivos que levaram este monge a enterrá-los eu não sei, contudo, penso que há algo de providencial em tudo isto, pois o desejo da igreja de Roma sempre foi escondê-los da humanidade a qualquer custo.
5. Muitos destes textos são citados por Irineu e Tertuliano como o símbolo da heresia, sendo que o mais famoso deles é o Evangelho Segundo Tomé, no qual é baseado o filme “Stigmata”.
6. Sabe-se que os textos encontrados estavam escritos em Copta, o que indica, segundo os estudiosos, que não se trata de um original, que eram escritos em grego, mas sim de uma tradução do grego para o copta. Esta conclusão é bastante factível, pois em 1890 o estudioso francês Jean Doresse identificou fragmentos em grego de um texto chamado Evangelho de Tomé, naquela época não se sabia se se tratava do famoso apócrifo de Tomé tantas vezes apontado por Irineu e seus seguidores, sendo que com a descoberta dos textos de Nag Hammadi(1945) a dúvida fora sanada indicando se tratar muito provavelmente do texto que Irineu e seus seguidores indicam como heresia, pois se trata de um só evangelho encontrado em línguas diferentes e lugares diferentes.
7. Quanto a bibliografia indicada por JDMT tenho seguinte a dizer:
apenas sei de Adolf von Harnack, grande historiador alemão que ao pesquisar o gnosticismo, o considerou heresia cristã, pois, segundo Harnack, os gnósticos(seguidores de Valentim) foram os primeiros teólogos, uma vez que interpretaram a doutrina cristã em termos de filosofia grega, criando uma forma híbrida e falsa do ensinamento cristão ou helenização aguda do cristianismo.8. Particularmente não me importo se o autor é maçom ou um padre ou um cientista, desde que ao fazer os seus estudos ele o faça como cientista, deixando de lado as suas preferências dogmáticas religiosas, pois sabemos que o compromisso da ciência é para com a verdade, esteja ela onde estiver. Todavia, sabemos que a expectativa do observador influência o objeto observado, ou diria o resultado da pesquisa, eis o grande obstáculo a ser transposto pelo pesquisador: a imparcialidade.
9. De minha parte, digo que os textos do Sr. JDMT são especulativos, pois se baseiam em teorias gerais sobre o cristianismo(todos desejam encontrar o santo graal da área estudada, mas John Horgan nos ensina os perigos de trilhar tal caminho, com ele temos tb a história e suas lições), mas isto não tira a sua importância, pois nas entrelinhas destas teorias temos fatos históricos importantes que não podem ser desprezados, do contrário corremos o risco de jogar a água fora junto com a criança. Não poderia ser de outra forma, isto é, correr tal risco, afinal discutimos a controversa história Bíblica. Ou amamos ou odiamos. Ideal seria julgarmos com o mínimo de alienação.
abs.
31/07/2002 às 14:34 #75092Miguel (admin)MestreJá reparou que nao tem nenhuma fonte cristã nesse inventário?
“procurem nos antigos gregos:Pitagoras e sua transmigração da alma, Ptolomeu e seu tetrabiblos ou Erastostenes e seu hermes”
E vai entao outra “critica construtiva”: resuma isso tudo citando “mitos órficos”!
31/07/2002 às 15:50 #75093márcioMembroOla, desculpem minha ignorancia no assunto (Cristianismo) e permitam-me algumas perguntas relacionadas ao tema:
Cristianismo nao esta centrado em Cristo ? (o que quer dizer Cristo ?) (Cristo = Jesus ? ou Cristo = filho de Deus ?) (entao o Cristianismo nasceu com Jesus ?)
O Cristianismo seria a origem de varias religioes entre elas a Catolica ?
Porque um debate em cima do Cristianismo deriva para tantas direcoes ?
Nossa, muitas duvidas
… nem consigo pegar uma linha de raciocinio …
Se algum puder dar um Norte, agradeço.
Abracos,
31/07/2002 às 17:29 #75094Miguel (admin)MestreEnfim, “uma critica construtiva” do Sr Haydin.
Só quero dizer que o texto não é meu! Apenas quis contribuir com a pergunta inicial do tópico:Alguém sabe alguma coisa sobre Cristianismo?
Como já tinha pesquisado sobre Maçonaria achei interessante mostrar o texto, até mesmo como você bem falou para ser contestado com fatos históricos. E como não sou preconceituoso e sei que dentro da Maçonaria existem também filosofos, historiadores etc.. o texto está aí!
Quanto ao agonizante: Se você é a negação da negação então você deve ser a afirmação!
Então quem serei eu para abalar sua fé em Cristo!
31/07/2002 às 18:19 #75095carlosMembroInfelizmente não deu para anexar o .doc aqui, tive que colar (excesso de kbytes). Está sem as imagens, mas vale a pena ler. Há o livro tbm para os que querem se aprofundar e desvendar o cristianismo.
Jesus histórico.
NAPOLEÃO: Monsieur Laplace! Eu li com grande interesse seu Tratado de Mecânica
Celeste – todos os cinco volumes – mas em nenhuma parte eu encontrei qualquer menção de Deus.
LAPLACE: Majestade, eu não tive nenhuma necessidade dessa hipótese.
Nosso mundo é um lugar instável. Nações sobem, e governos tombam. Pessoas desequilibradas ao redor do mundo torturam e matam uns aos outros por causa da religião ou outras causas infundadas. Terremotos, vulcões e guerras periodicamente açoitam nosso globo. Continentes deslocam-se e colidem entre si e oceanos se formam e desaparecem. Até mesmo o próprio planeta Terra tem balanços. Conforme gira em seu eixo, a Terra não é estável. Como a cavilha de centro de um topo de brinquedo, o eixo da terra gira cambaleando lentamente em um círculo e traçando a superfície de um cone duplo no espaço [veja a Figura 1].
Figura 1. Conforme o eixo da Terra lentamente desloca sua orientação no espaço, traça a superfície de um cone duplo no espaço. Devido ao balanço axial, os pontos onde o equador celestial (a projeção do equador da terra sobre a esfera celestial) intercepta a eclíptica (o caminho aparente feito pelo sol contra o fundo de ” estrelas fixas”) move também e deslocando-se no sentido horário ao redor da eclíptica olhando – se do hemisfério norte. Leva 25,800 anos para os pontos da interseção darem uma volta em torno da eclíptica.
Este movimento do eixo da Terra é chamado precessão, e ele é, acredito, um dos principais componentes das causas que há muito tempo conduziram à criação do Cristianismo. O personagem agora conhecido como Cristo, ou Jesus, não nasceu de uma virgem; ao invés disso, foi produto de uma Terra giratória e instável. Se o eixo da Terra não fizesse precessão, o personagem Cristo nunca teria sido inventado. O Cristianismo como conhecemos não existiria.
Em meu próximo livro, Inventando Jesus, espero demonstrar exaustivamente a cadeia extraordinária de causas e efeitos que conduziram de uma terra cambaleante para uma biografia divina – a assim chamada “Vida de Cristo.” Neste artigo resumido, claro, posso fazer pouco além de explicar os pontos principais desta tese e dar um exemplo da evidência que encontrei para apoiar isto.
I. “Jesus Cristo” Nunca Existiu Como Uma Figura Histórica.
É um fato curioso que os componentes mais antigos do denominado Novo Testamento, as cartas tidas como sido escritas por Saulo / Paulo, não sabem quase nada de qualquer biografia de Jesus. Nem Belém nem Nazaré são mencionadas nestes alvarás da religião Cristã. Só no bem mais recente Livro de Atos é dito que Saulo (ou Paulo) teve uma entrevista com “Jesus de Nazaré.”1 Quanto mais recente o documento, mais detalhada é a história apresentada de Jesus.
Não há nenhuma evidência convincente para fazer alguém supor que qualquer um dos evangelhos “sobreviventes” foi escrito por testemunhas oculares. De fato, o estudo dos evangelhos mostra conclusivamente que eles não foram. Por exemplo, os autores dos evangelhos de Mateus e Lucas incorporam quase o texto grego inteiro do evangelho de Marcos, adicionando declarações tomadas de outro documento (o denominado “Documento Q.”) e geralmente faz os milagres recontados por Marcos ainda mais milagrosos. Se Mateus e Lucas fossem testemunhas oculares teriam escrito por suas próprias contas, sem recorrer ao plágio.
O evangelho de Marcos, o mais velho do conjunto oficial de quatro, contém erros de geografia2 e costume3 que não teriam sido cometidos por uma testemunha ocular. O evangelho de João, o mais recente do conjunto é muito recente e muito etéreo para ser levado em conta como biografia – testemunha ocular ou não. Não há nada sobre os evangelhos para fazer alguém os levar a sério do ponto de vista biográfico: não há nenhuma boa razão para imagina-los diferente dos antigos exemplos da arte da ficção.
Se a historicidade de Jesus não pode ser apoiada pelos escritos do Novo Testamento, o que pode dizer das fontes extra-bíblicas? Algum grego ou romano ou historiador judeu observarou sua carreira e escreveu algo sobre ele? Nenhum.
Embora Josefo,4 Tácito,5 Suetonio,6 e outros autores antigos sejam citados freqüentemente como evidência para um Jesus histórico, é óbvio que suas histórias (mesmo que pudessem ser provados como autênticas) são derivadas, não originais. Josefo, o mais velho destes historiadores, nasceu pelo menos cinco anos depois da data da alegada crucificação! Não há nenhuma testemunha ocular. Além disso, os antigos relatos não-cristãos sobre Jesus foram todos escritos quando o Cristianismo já era um delírio prosperando, e nossos autores pagãos só podem ser tomados como sendo testemunhas do estado para o qual as tradições Cristãs tinham evoluído em sua época, não como testemunha de um Jesus de Nazaré histórico.
Não há nenhuma evidência acreditável indicando que Jesus tenha vivido. Este fato é, claro, inadequado para provar ele não viveu. Mesmo assim, embora seja logicamente impossível provar uma negação universal, é possível mostrar que para isso não há nenhuma necessidade de hipóteses de qualquer Jesus histórico. A biografia de Cristo pode ser considerada como obra puramente literária, astrológica e comparável a terrenos mitológicos. O princípio lógico conhecido como a Navalha de Occam nos diz que suposições básicas não devem sem multiplicadas além da necessidade. Para propósitos práticos, mostrar que um Jesus histórico é uma suposição desnecessária, é tão bom quanto provar que ele nunca existiu.
II. O Cristianismo Começou Como Uma Religião de Mistério.
Enquanto o Cristianismo moderno trombeteia sua mensagem abertamente e para todos, com pouca preocupação com os desinteressados em ouvir suas “boas notícias”, não era assim no princípio. Uma leitura cuidadosa das epístolas Paulinas e dos evangelhos (suplementados pelas modernas descobertas de documentário) mostram que o Cristianismo começou como um culto de mistério, repleto de iniciações, segredos e níveis múltiplos de doutrinação.
A palavra mistério (em grego, : 'o que é conhecido só por iniciados') ocorre vinte e sete vezes no Novo Testamento oficial e quase todas estas ocorrências demonstram a existência de uma infra-estrutura secreta no culto nascente.
E os discípulos vieram e lhe disseram, “Por que razão falas tu para eles por parábolas?” Ele respondendo lhes disse, “Porque a vós outros é dado saber os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é concedido.” [Mateus 13:10-11]
Os versos oscilantes agora costumeiramente imprimidos ao término da Epístola para os romanos (mas colocados em outros lugares em vários manuscritos antigos) contam que “aquele segredo divino ( ) foi mantido em silêncio muito tempo mas agora foi aberto…” [Nova Bíblia Inglesa]
Paulo o mistagogo é muito evidente em passagens como I Cor. 2:6ff:
Agora nós estamos falando uma sabedoria entre esses que são maduros [i.e., pronto a ser iniciado], quer dizer, uma sabedoria que não pertence a esta era, nem aos senhores desta era7 que estão a ponto de desaparecer; mas falamos da sabedoria de Deus em mistério, sabedoria que foi encoberta, e que Deus predestinou antes das eras, para contribuir com nossa glória. Nenhum dos senhores desta era conheceu esta sabedoria… Mas assim como foi escrito, Coisas que nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu e que não ocorreram na mente humana, coisas que Deus preparou para aqueles que o amam – Deus de fato as revelou para nós através do Espírito…8
I Cor. 4:1 fala dos “guardiões dos mistérios de Deus.”
Paulo, o futuro iniciador de novatos nos mistérios nos enrolou também desde o terceiro capítulo de I Coríntios. “Eu não posso falar a você como eu deveria falar às pessoas que têm o Espírito,” ele conta a seus não-completamente iniciados. “Eu tive que lidar com você meramente no plano natural, como crianças em Cristo. E assim eu dei a vocês leite para beber em vez de comida sólida, para a qual vocês ainda não estão prontos. Realmente, você ainda não está pronto para isto, porque vocês ainda estão no plano meramente natural.”9 Os Coríntios de Paulo ainda estavam sendo alimentados com a história superficial; eles não estavam prontos para serem ditos os significados ocultos das coisas, talvez a verdade total relativa à natureza simbólica, e não física de “Cristo.”
Que havia um evangelho secreto e uma iniciação realmente nos mistérios da religião agora conhecida como Cristianismo é dramaticamente atestado pelo “Evangelho Secreto de Marcos,” encontrado em um manuscrito, descoberto por Morton Smith em 1958, no Monastério de Mar Saba, sudeste de Jerusalém. O texto grego achado por Smith parece originalmente ter sido composto ao término do segundo século por Clemente de Alexandria.10 Clemente está respondendo a um Teodoro que estava aborrecido por reivindicações de que havia um evangelho secreto de Marcos que era diferente da versão (oficial) canônica. Clemente lhe conta que realmente há um evangelho secreto usado pela igreja de Alexandria para iniciação nos mistérios Cristãos. Ele dá vários exemplos da matéria presente no evangelho secreto mas ausente no canônico. Um dos “segredos” mais interessantes revelado por Clemente nos fala:
…Jesus rodou a pedra fora da porta da tumba. E imediatamente, entrando onde o jovem estava, ele estendeu sua mão adiante e o levantou segurando-o pela mão. Mas o jovem, olhando para ele, se encantou e começou a suplicar se poderia estar com ele. E saindo da tumba eles entraram na casa do jovem, porque ele era rico. E depois de seis dias Jesus lhe disse o que fazer e à noite o jovem vem a ele usando um pano de linho em cima de seu corpo nu. E permaneceu com ele aquela noite, para Jesus lhe ensinar os mistérios do reino de Deus.11
III. O Cristianismo Foi Derivado do Mitraismo e do Judaísmo. Entender a Origem de Mitraismo é Crucial para Entender a Origem do Cristianismo.
A religião de mistério para a qual o Cristianismo antigo parece se relacionar mais de perto é o Mitraismo. Mitra (também soletrado Mitras), uma invenção Greco-persa, nasceu de uma virgem no solstício de inverno – freqüentemente em 25 de dezembro no calendário Juliano. Sendo uma divindade solar, Mitra era adorado aos domingos [Sunday em inglês: Dia do sol.]; depois que Mitra ficou amalgamado com Hélios, ele foi descrito com um halo, nuvem, ou gloria ao redor de sua cabeça. Em alguns casos fica difícil distinguir se imagens antigas eram representações de Mitra ou Jesus. O líder do culto era chamado de Papa e ele governava de um “mithraeum” na Colina Vaticano em Roma. Uma característica iconográfica proeminente no Mitraismo era uma grande chave, necessária para destrancar os portões celestiais pelo qual se acreditava passar as almas dos defuntos. Parece que as “chaves do Reino” seguradas pelos Papas como sucessores de “São Pedro” deriva de Mitra, não de um messias palestino. Os padres Mitraicos vestiam miters, um adorno para a cabeça especial do qual o chapéu do bispo Cristão foi, derivado. (O nome latino para este chapéu Phrygian/Persian era mitra – que também era uma ortografia latina aceitável para Mithra!) Os Mitraistas consumiam uma comida sagrada (Myazda) que era completamente análoga ao serviço Eucarístico Católico (Missa). Como os cristãos, eles celebraram a morte reconciliada de um salvador que ressuscitou em um domingo. Em grande centro principal da filosofia Mitraica ficava em Tarso – Cidade natal de São Paulo – que agora é Sudeste da Turquia.
IV. O Mitraismo e o Cristianismo Têm Suas Origens na Astrologia e na Astronomia.
No ano 128 A.E.C. (antes da era comum ou cristã) o astrônomo grego Hiparco de Rhodes descobriu a precessão dos equinócios [veja a Figura 2]. Porque o eixo da terra é inclinado aproximadamente 23,5 graus da linha perpendicular ao plano de sua órbita ao redor do Sol, o Sol parece olhando-se do hemisfério norte seguir um caminho no céu (a eclíptica) o qual durante seis meses do ano está sobre o equador celestial e debaixo dele durante os outros seis meses. (O equador celestial marca os pontos na “esfera celestial” que estão diretamente em cima da cabeça de uma pessoa que está no equador da Terra.) Duas vezes por ano, quando o Sol parece se mover ao longo de seu caminho eclíptico, ele cruza o equador celestial. Quando o Sol está nestes pontos – os ditos equinócios vernal (primavera) e outonal – as durações de dia e noite são iguais.
Figure 2. Visto da Terra, o universo de estrelas parecia aos antigos estar preso à grande “esfera celestial” que tinha a Terra como seu centro. O “equador celestial” é a projeção do o equador da Terra dentro da esfera. O círculo da eclíptica é o caminho que o sol parece seguir contra o fundo de “estrelas fixas”. O zodíaco é um cinto de céu, estendendo 9º acima e abaixo da eclíptica que pode ser dividido em doze zonas de tamanho igual,cada uma caracterizada pela presença de uma constelação particularmente proeminente. A Lua e os planetas visíveis todos parecem se mover por dentro das fronteiras do cinto zodiacal. Os pontos equinociais são dois lugares onde o equador cruza a eclíptica, a um ângulo, de aproximadamente 23,5º. Por volta de 128 A.E.C., Hiparco de Rhodes descobriu que a posição dos equinócios não era constante. Ele descobriu que o equinócio vernal (primavera) esteve uma vez na constelação de Touro mas, nos seus dias, moveu (“precedeu”) por quase todo o caminho através da constelação de Áries. No começo da era Cristã, o equinócio vernal se moveu até Peixes.
Devido a Terra cambalear enquanto gira em torno de seu eixo, os pólos norte e sul de seu eixo não apontam sempre aos mesmos pontos na esfera celestial. Como conseqüência, os pontos equinociais tornam-se deslocados com respeito às chamadas estrelas fixas – inclusive as estrelas que formam as doze constelações do zodíaco. Quando Hiparco descobriu que o equinócio vernal tinha sido deslocado de Touro para Áries, ele ou alguns dos seus discípulos sentiu que eles tinham descoberto o trabalho de um deus desconhecido até aqui. (Muitos gregos sentiram que cada fenômeno natural ou força física eram de fato o trabalho de um deus particular). Por razões astrológicas, este novo deus foi identificado com o antigo deus Persa Mitra. A religião de mistério conhecida como Mitraismo nasceu assim.12 Mitra foi instalado como um Senhor do Tempo ou cronocrata, o deus que regeria a Era de Áries.
Quando Hiparco e os seus colegas Estóicos entenderam que o equinócio vernal tinha passado de Touro para Áries, o equinócio estava quase fora de Áries também. Brevemente passaria para Peixes, e se precisaria de um novo Senhor do Tempo. Da mesma maneira que movimento do equinócio para fora de Touro tinha sido simbolizado com o sacrifício de um touro13, assim também, o movimento fora de Áries viria a ser simbolizado pelo sacrifício de um cordeiro. O primeiro símbolo da religião da nova era, a religião a reinar na idade de Peixes, significativamente, seria o peixe.14 (A cruz, aparentemente, era originalmente da letra grega chi (c), o qual nos faz lembrar da interseção do equador celestial com a eclíptica em ângulo agudo.) Não é surpreendente que nos mais velhos epitáfios e inscrições de fato dois peixes foram usados para simbolizar o culto da Nova Era – fazendo o símbolo do Cristianismo idêntico ao símbolo astrológico para Peixes, em obediência ao fato que Pisces é plural: os peixes.
V. Os Magos Mencionados no Segundo Capítulo do Evangelho de Mateus Eram Sacerdotes – Astrólogos Mitraicos, Provavelmente Exploradores que Procuravam o Novo Senhor do Tempo que Iria Reger a “Nova Era” de Peixes.
O clero Mitraico se envolveu ativamente na astrologia do culto que era conhecido como Magi (magoi em grego), e são representados usando toucas Phrygian (pseudo – persa) como se supõe serem usadas por Mitra. É minha tese que alguns destes Magos, percebendo que a era de Mitra estava prestes a terminar (e que o equinócio passaria a Peixes alguma época durante o primeiro século da E.C.), teriam deixado os seus centros de culto em Phrygia e Cilicia, o que é agora Sudeste Oriental na Turquia, de cidades tais como Tarso para ir para Palestina para ver se podiam localizar não só o Rei dos Judeus, mas o novo Senhor do Tempo, o senhor da nova era de Peixes. (Considerava-se que Peixes tinha conexões especiais com os judeus.) é significante, eu acredito, que as antigas representações da visita dos Magos ao menino Jesus (incluindo um numa igreja em Belém) os mostravam usando toucas Phrygian (Mitraicas).
Enquanto fica claro que a estória da visitação dos Magos encontrada no começo do segundo capítulo do evangelho de Mateus é mais conto de fadas que história (como alguém segue uma estrela?), parece que há um núcleo de historicidade nisto. Porém, eu acredito que o texto grego foi mal entendido com respeito ao ponto de origem dos Magos e onde eles estavam quando eles viram a estrela que motivou sua viagem. A Versão do Rei Jaime nos conta que “os homens sábios do leste viram sua estrela no leste.” As traduções modernas tendem a ter os homens sábios viram “sua estrela alçando.” A palavra grega para ' leste' usada nestas duas passagens é , e realmente pode se referir ao leste ou para o alçamento de um corpo celeste. Mas também pode ser o nome de um lugar – Anatólia. Anatólia ou poderia significar a península inteira de Ásia Menor (a área chamada Turquia agora), ou uma província particular de Phrygia. Então parece que Mateus 2:1-2 deve de fato ler:
Agora quando Jesus nasceu em Belém da Judéia nos dias de Herodes o rei, observe, lá vem os Magos de Anatólia para Jerusalém,
Dizendo, Onde é que o Rei dos Judeus nasceu? Pois em Anatólia nós vimos sua estrela, e viemos adorá-lo.
Esta visita palestina dos Magos poderia ter sido o catalisador que ativou vários grupos judeus – e talvez alguns grupos não judeus – a pensar que o messias que eles tinham estado esperando já tinha vindo e não tinha sido notado. Para que isto não pareça muito forçado, deveria ser notado que até mesmo em nossa própria época sofisticada notícias da “segunda vinda” de Cristo são de ocorrência regular. Não é irracional supor que em algum lugar agora mesmo, exista algum pequeno culto que acredita que Jesus já voltou à terra.15
Está claro que as pessoas que escreveram o Novo Testamento acreditavam em reencarnação e “aparecimento de ressuscitados” de personagens como Elias. Isso tornaria bastante fácil que a visita de Magos convencesse as pessoas que o messias delas já tinha aparecido. Um exemplo particularmente ilustrativo encontra-se no evangelho de Mateus:16
Jesus… perguntou para os seus discípulos, dizendo: “Quem os homens dizem que é o Filho do Homem?”
E eles disseram, “Alguns dizem João Batista; alguns, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos Videntes.”
Ele diz a eles: “Mas quem vocês dizem que eu sou?”
E Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Ungido, o Filho do Deus Vivente!”
E os seus discípulos lhe fizeram uma pergunta, dizendo: “Por que então as escrituras dizem 'Elias tem que vir primeiro?'”
Agora, Jesus respondeu dizendo a eles: “Elias realmente vem primeiro, e restabelecerá todas as coisas. Agora, eu digo a vocês, Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas lhe fizeram tantos danos quanto puderam. Assim também o Filho de Homem é destinado a sofrer através deles.”
Então seus discípulos entenderam que ele disse isto a eles sobre João Batista.
Casos semelhantes de “eventos” de significado cósmico que acontecem inadvertidamente são encontrados nos evangelhos de Tomás17 e Lucas:
Ev. Tomás 51. Seus discípulos disseram a ele, “Quando ocorrerá o repouso dos mortos e quando o mundo novo virá?” Ele disse a eles, “O que você espera já veio, mas você não reconhece.”
Ev. Tomás 52. Seus discípulos disseram a ele, “Vinte e quatro profetas falaram em Israel, e todos eles falaram de você.” Ele disse a eles, “Você omitiu um vivo em sua presença, e falou só dos mortos.”
Lucas 17:20-21. Sendo questionado pelos Fariseus quando virá o reino de Deus, ele lhes respondeu, “O reino de Deus não virá com sinais a serem observados; nem eles dirão, 'Hei-lo, aqui está!' ou 'Hei-lo acolá' veja, o reino de Deus está dentro de você.”
VI. Os Judeus Estavam Prontos Para os Magos Quando Eles Vieram Visitar.
Os judeus durante os últimos dois séculos A.E.C. estavam esperando um messias, e estavam conferindo as passagens do Velho Testamento que imaginaram descrever quem, onde, por que, e como, seria a pessoa de seu messias. Os textos verdadeiros do Velho Testamento são tomados a miúdo completamente fora do contexto, distorcidos, e erroneamente citados, e havia pouco respeito aos tempos dos verbos. (Um exemplo particularmente notório da tal metodologia de escrituras distorcidas pode ser visto no evangelho de Mateus.)
As listas de itens a observar que diferentes grupos messiânicos tinham mantido tinham que ser reinterpretadas após a visita dos Magos: em vez de contar o que o messias faria, elas passaram a ser interpretadas como um registro do que ele tinha feito. As notícias que o messias já tinha chegado se espalhariam rapidamente. O fato que ninguém tinha notado a primeira vinda foi a razão do mito da segunda vinda ter sido inventada. Na verdade nada tinha sido realizado na primeira vinda – exceto no papel!
Nenhum trabalho escrito do Mitraismo é conhecido, uma vez que, como outros cultos de mistério, centrava-se ao redor de um segredo só conhecido pelas pessoas iniciadas em seus ritos. A maioria de nosso conhecimento sobre isto é derivado da iconografia de seus templos. Um elemento central neles era a representação de Mitra sacrificando um touro selvagem (Taurus).
Um exemplo de tal lista de itens foi achada entre as Escrituras do Mar Morto. Escrituras que o estudioso Theodor Gaster nos fala:
…um grupo de cinco passagens Bíblicas que atestam o advento do Futuro Profeta, o Rei Ungido e a derrota final do ímpio. Os primeiros quatro foram tirados do Pentateuco (os cinco livros de Moisés), e incluem trechos dos oráculos de Balaam. O quinto é uma interpretação de um verso do Livro de Joshua. Uma interessante característica desse documento … é que justamente as mesmas passagens do Pentateuco são usadas pelos Samaritanos como atestado para a vinda do Taheb, ou futuro 'Restaurador.' Eles evidentemente. constituíram um conjunto padronizado de tais citações, do tipo que os acadêmicos supuseram terem estado nas mãos dos escritores do Novo Testamento quando eles citaram passagens da Bíblia Hebraica supostamente confirmado por incidentes na vida e carreira de Jesus.18
VII. O Gnosticismo Ajudou a Reinterpretar as Listas de Itens e Outras Criações Literárias Pré-Cristãs, Como Documentos Que Pertencem À Vida do Não Notado Messias.
Antes que o dito Novo Testamento fosse completado, os líderes da Igreja Cristã primitiva tiveram que lutar contra uma “heresia” chamada gnosticismo. Os gnósticos são pessoas que acreditam em gnosis, um tipo de conhecimento introspectivo. De acordo com Kurt Rudolph, uma das principais autoridades em Gnosticismo, gnosis é “conhecimento dado por revelação, que só está disponível ao eleito que é capaz de recebe-la, e então tem caráter esotérico.”19 É agora conhecido como gnosticismo e é mais velho que o Cristianismo, e uma teoria pode ser proposta dizendo que o Cristianismo é uma heresia Gnóstica, ao invés do outro modo tradicionalmente ensinado.
Por “revelação” Gnósticos e outros não só poderiam decidir que estas listas de itens deveriam ser reinterpretadas, mas até mesmo que aqueles materiais completamente sem conexão ao Cristianismo estavam realmente cheios com conhecimentos ocultos de significado Cristão. Isso é de extrema importância do ponto de vista psiquiátrico, porque permitiu aos autores das biografias messiânicas se sentirem inocentes de fraude, apesar do fato que havia pouco, se é que havia, de verdade nos seus produtos. Tudo aquilo que era preciso para alguma pessoa, talvez alguém que tinha jejuado muito tempo, para ter um sentimento forte – possivelmente o resultado de um sonho, auto-sugestão, ou até mesmo alucinação – que conhecimentos estavam sendo comunicados a ele de outro mundo. Depois disso, até mesmo uma lista de ferramentas de jardinagem poderia ser convertida em um documento religioso de grande profundidade.
Dois símbolos antigos do Cristianismo eram o cordeiro e a cruz de tropos, como visto neste sarcófago do século seis.
A biblioteca Gnóstica descoberta em Nag Hammadi no Egito provê alguns exemplos de como materiais não-Cristãos poderiam ter sido destinados para propósitos Cristãos. O denominado “Apocalipse de Adão,” uma fantasia não-cristã composta de elementos Judeus, segue o mesmo esboço geral e contém muitos dos mesmos componentes como a narrativa do nascimento encontrada no décimo segundo capítulo do Livro das Revelações no Novo Testamento. Está claro que ambas as Estórias são derivadas de uma fonte mitológica comum – uma fonte que os princípios gnósticos permitiram ser adaptados para uso Cristão por “São João o Revelador.”
A “arma fumegante” da 'revelação em ação' também foi achada em Nag Hammadi, e é muito instrutiva para qualquer um que deseje entender como materiais não-Cristãos puderam ter sido transmutados nos documentos encontrados agora no Novo Testamento. James M. Robinson, o editor dos materiais de Nag Hammadi publicados em inglês, nos fala que
A biblioteca de Nag Hammadi apresenta até mesmo um exemplo do processo de Cristianização que acontece ante os olhos da pessoa. O tratado filosófico não-cristão de Eugnostos o Abençoado está cortado arbitrariamente em falas separadas nas quais são postas então na boca de Jesus, em resposta às perguntas (que às vezes não se encaixam totalmente nas respostas) que os discípulos dirigem a ele durante um aparecimento de ressurreição. O resultado é um tratado separado intitulado A Sofia de Jesus Cristo. Ambas as formas do texto ocorrem lado a lado no Códice III.20
VIII. Jesus Teve Que Conseguir Seus Nomes Antes Que Pudesse Obter Suas Vidas.
Antes pudesse ser dada a Jesus uma biografia, ele teve que receber um nome. De fato, ele recebeu vários nomes e, como nós veremos, todos os seus nomes eram realmente títulos. Assim, o nome Jesus de Nazaré originalmente não era um nome, mas ao invés era um título que significa (O) Salvador, (O) Ramo. Em Hebraico estes teriam sido Yeshua' Netser. A palavra Yeshua' significa 'salvador' e Netser significa 'broto,' 'ramo,' ou 'galho' – uma referência a Isaias 11:1, o qual pensava-se predizer um messias (lit., 'o ungido') da descendência de Jesse (o pai do Rei Davi): “E sairá uma vara do tronco de Jesse, e um Ramo crescerá fora de suas raízes…”
Enquanto esta referência para um ramo de Jesse parecerá indubitavelmente obscura aos leitores modernos, não teria sido obscura aos antigos Judeus tais como aqueles que compuseram os Manuscritos do Mar Morto (e escreveram um comentário em Isaias 11:1); nem teria estado obscuro para os antigos Cristãos. De acordo com o pai da igreja Epifânio, que nasceu em Chipre em 367 E.C. e escreveu um tratado contra os “hereges,” os Cristãos eram chamados de Jesseanos originalmente, justamente por causa dos laços messiânicos com Jesse.21
Embora para quem fala Hebraico e seu idioma primo próximo o Aramaico o sentido e o significado profético do título O Salvador, O Ramo ficaria claro, depois de mudado para o grego ou , seu significado como título deve logo ser esquecido. A parte era um nome simples ( em latim) do tipo José, João ou Manoel. A parte , porém, foi mal entendida como sendo derivada do nome de um lugar – a aldeia imaginária de Nazaré – como a palavra Parisiense pode ser derivada de Paris.
E assim, Yeshua' Netser veio ser o Jesus de Nazaré – um nome do tipo Carlos o grego, um nome que pensava-se conter informação do lugar de origem da pessoa. (Pode ter havido um período intermediário tipo Mágico de Oz, combinando um título com um nome de lugar: O Salvador de Nazaré.)
Na virada da era, não havia nenhum lugar chamado Nazaré, e não é completamente certo que o lugar agora chamado por esse nome era habitado durante o período em questão. O nome não aparece nem no Velho Testamento nem na grande literatura “intertestamental.” Nem é encontrado em Joséfo, apesar do fato que ele nomeia várias dúzias de cidades na Galiléia – lugar onde ele administrou manobras militares. Até onde posso dizer, o lugar que se chama presentemente Nazaré recebeu este nome de um Jesseano imaginativo algum tempo depois do segundo século ou inicio do terceiro século – provavelmente depois que Adriano expulsou os Judeus de Jerusalém em 135 E.C. Na virada da era, porém, Nazaré era tão mítico quanto a Maria, José e a família de Jesus que se supõe ter vivido lá.21B
É interessante notar que as mais antigas escavações arqueológicas das igrejas Judeu cristãs mais velhas naquela cidade revelaram ramos como um motivo decorativo proeminente (sombras de netser!) e também zodíaco. – alguns até cercam o símbolo de chi-rho22 de Cristo, exatamente como foram achados zodíacos em torno das imagens de Mitra. Mais adiante, as ruínas dos baptistries apoiam evidências que ritos de iniciação no antigo Cristianismo eram tão interessantes quanto aqueles do Mormonismo antes do recente expurgo.
Como Jesus de Nazaré, o “nome” Jesus Cristo também começou como dois títulos. Como nós vimos, a parte Jesus do nome realmente é o título Salvador. Mas o que dizer de Cristo? A palavra grega christos significa 'ungido,' e é o equivalente da palavra em Hebraico meshiah. Assim, Cristo e Messias são termos equivalentes, ambos se referem a prática peculiar Israelita de ungir seus reis e os altos sacerdotes com óleo. (Os gregos ao invés ungiam seus atletas.)
IX. Jesus Obteve Suas Vidas de Outros Povos e Outras Literaturas.
Há pelo menos cinco Jesuses diferentes descritos no Novo Testamento: aquele que o Apóstolo Paulo “encontrou” durante um ataque epiléptico na estrada para Damasco, e os quatro messias palpavelmente diferentes descritos nas crônicas dos evangelhos canônicos. As dimensões biográficas do messias de Paulo são tão escassas que há pouca necessidade de se falar sobre ele. Mas o que dizer das histórias contadas pelos quatro evangelistas?
Dois peixes (símbolo da Idade de Peixes) com uma âncora moldada como uma cruz é vista em detalhes de uma antiga lápide de quarto século. Na história do Cristianismo primitivo, o peixe foi conectado também com o batismo e serviu como uma acrostica grega para a frase “o Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.”
Muito do material biográfico encontrado no Novo Testamento é somente uma reprodução de material tirado do Velho Testamento grego, o Septuaginto. Uma parte considerável da estrutura narrativa do evangelho de Mateus (e também de Marcos, a sua fonte) pode ser vista como uma incorporação e adaptação da lista de itens messiânica tal como minha hipótese teria formado o núcleo para uma biografia messiânica. Inúmeras vezes, eventos e circunstâncias, triviais e importantes são recontadas por Mateus e seguido pelo refrão “…que poderia ser cumprido o que foi dito pelos profetas.” Embora este refrão não apareça na narrativa de Marcos, parece claro que o esqueleto de história usado por Marcos foi construído de uma lista de aferição das “profecias” do Velho Testamento que teriam que ser cumpridas pelo messias.
As várias “declarações de Jesus” (logia) recontadas nos evangelhos poderiam, se fossem derivadas convincentemente de uma única personalidade ou fonte, ser forte evidência que um Jesus histórico existiu uma vez. Mas tal não é o caso. Um grupo de proeminentes estudiosos da Bíblia, intitulando-se “O Seminário de Jesus” e patrocinados pelo Instituto Westar em Sonoma, Califórnia, recentemente completou sua análise de seis anos de toda a logia e informou que pelo menos oitenta por cento das declarações não eram autênticas! Quer dizer, eles puderam achar explicações para sua composição que não requeriam um Jesus histórico.23 E quanto aos outros vinte por cento? Tudo que podemos dizer é que suas verdadeiras origens são desconhecidas. Não foi provado que vieram de um homem que se chamou Jesus.
Localizar todos os elementos das biografias de Jesus e as suas fontes requer um livro muito grande. Aqui nós podemos dar só alguns exemplos de como algum material foi incorporado na trança da literatura que veio a ser conhecida como “A Vida de Cristo.”
Os milagres curativos provavelmente derivam dos testemunhos dados por pessoas que pensaram ter sido curadas pelo deus grego Asklepios (Asclepius em latim). O grande veneno com o qual os antigos pais da igreja atacaram o culto deste deus pagão indica uma rivalidade próxima entre os dois cultos e um certo embaraço entre os Cristãos quando lhes era dito repetidamente que Asklepios já tinha feito todos os truques de Jesus e os tinha feito melhor.
Inicialmente no desenvolvimento das biografias, “Jesus” foi identificado com o personagem “Filho do Homem,” figura de suma importância no livros recentes do Velho Testamento e nas escritas apócrifas, como o Livro de Daniel e o Livro de Enoch. Isto permitiu amplo crescimento de material literário. É interessante notar que a literatura do Filho do Homem sofreu evolução considerável desde seu começo até de sua amalgamação com o personagem de Cristo. Originalmente, em Hebraico e Aramaico, a frase Filho do Homem significava um ser humano simplesmente – não alguma outra espécie de animal. Depois, veio simbolizar a nação Israel. Muita literatura profética que se refere ao Filho de Homem está realmente se referindo à nação Israel. (Israel era, afinal de contas, uma nação de seres humanos; o goyim ou 'nações' – gentios – não eram considerados completamente humanos.) Então, o termo foi individualizado uma vez mais e identificado como o messias esperado. Finalmente, foi enxertado – com toda sua literatura acumulada e associações – como a vita de Jesus.
Algumas partes da biografia de Jesus foram derivadas do gnosticismo pré-cristão, e um pouco do material foi incorporado da literatura da sabedoria heleno-judia. Alguns itens, como a doutrina dos logos (“a Palavra”) veio dos filósofos Estóicos. O dito “Dar é mais abençoado que receber” [Atos 20:35] é na verdade um provérbio antigo grego.24 O ditado em Mateus. 11:17, “Nós tocamos para você e você não dançou,” deriva de uma das fábulas de Aesop!25 O dito que “onde quer que esteja a carcaça, lá as águias estarão reunidas” [Mat. 24:28 = Lucas 17:37] é atestado por vários antecedentes gregos (Lucian26, Aelianus27) e latinos (Seneca28, Marcial29, e Lucan30).31
Como ilustração final de como era fácil pôr palavras na boca de Jesus, podemos considerar uma passagem na primeira carta de Saulo/Paulo para os Coríntios. No nono verso do segundo capítulo, ele cita uma escritura até então “não identificada”:
“Mas assim como está escrito, Que o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais entrou no coração do homem, as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”
No evangelho de Tomás (na verdade uma coleção de citações ou logia, se assemelhando ao documento-Q do qual Mateus e Lucas tiraram as supostas declarações de Jesus), isto foi refeito como logion número 17 e atribuído ao próprio Jesus:
“Eu lhe darei o que nenhum olho viu e o que nenhum ouvido ouviu, e o que nenhuma mão tocou, e que nunca ocorreu à mente humana.”32
A mesma declaração foi adaptada pelo autor do documento-Q e foi inserida no Novo Testamento oficial como Mateus 13:16-7 e Lucas 10:23-4:
“Abençoados são os olhos que vêem o que você vê e os ouvidos que ouvem o que você ouve … muitos profetas e homens íntegros desejaram ver o que você vê e não viram, ouvir o que você ouve e não ouviram.” [Material em itálico só encontrado na versão de Mateus]33
Ainda falta percorrer o Novo Testamento inteiro para extrair todo o material que supostamente contêm informações da vida de Cristo e rastreá-los até suas fontes. Também falta solucionar quais dos personagens naquele livro são históricos e os que são imaginários. Por exemplo, os doze discípulos parecem ser figuras zodiacais, mas João Batista pode ter sido real. São Paulo quase certamente era real, mas São Pedro provavelmente não era. A Virgem Maria e José foram inventados para seus papéis, mas Poncio Pilatos não.
Muito trabalho permanece a ser feito para desmascarar os cronistas de Cristo e pô-los fora do negócio, embora uma quantidade surpreendente deste trabalho já está pronta a um século atrás ou mais, mas agora está perdido ou difícil de recobrar. Este fato incitou os escritores populares Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln a comentarem:
Cada contribuição no campo de pesquisa bíblica é como uma pegada na areia. Cada uma é coberta quase imediatamente, tanto quanto o público geral está atento, e deixada virtualmente sem rastro. Cada uma deve constantemente ser refeita novamente, só para ser coberta novamente.34
Agora é hora do vazio que é Cristo, não para as pegadas dos estudiosos, ser coberto com areia. Já passou o tempo que seres míticos deveriam ser levados seriamente. A hora chegou para os estudiosos bíblicos se levantarem na mesma fundação sólida na qual o Marquês de Laplace estava quando questionado pelo Imperador da França. Quando questionados sobre o Jesus histórico, todos devem ou podem responder: “Eu não tive nenhuma necessidade dessa hipótese.”
***
Escrito em Março de 1992, revisado em outubro de 1999.
Notas
1 – Isto está em Atos 22:7ff que alegam ser a primeira pessoa que conta a conversão de Saul: ” Então eu ouvi uma voz que dizendo para mim, ' Saul, Saul, por que você me persegue? ' eu respondi, ' me Fala, Senhor quem é você. ' ' eu sou o Jesus de Nazaré, ' ele disse, ' quem você está perseguindo. ' Meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que falava para mim ” [Nova Bíblia Inglesa]
Uma contraditória, terceira pessoa que conta a conversão de Saul pode ser encontrada em Atos 9: 4ff: ” Ele caiu ao solo e ouviu uma voz dizendo, ' Saul, Saul, por que você me persegue? ' ” Diga-me, Senhor, disse quem é você, ' quem é você?. ' A voz respondeu, ' Eu sou Jesus quem você está perseguindo. Enquanto isso os homens que estavam viajando com ele ficaram em pé mudos; eles tinham ouvido a voz mas não podiam ver ninguém.” [Nova Bíblia Inglesa]
Pareceria que a versão no Capítulo 9 foi tirada de um documento mais velho que aquele do qual o conto do Capítulo que 22 foi derivado. A tradição de Nazaré não havia sido inventada quando a história do Capitulo 9 foi escrita. Voltar
2 – Um exemplo da ignorância de Marcos da geografia palestina é encontrada na história que ele reconta sobre Jesus viajando de Tyre no Mediterrâneo ao Mar da Galiléia, trinta milhas no interior. De acordo com Marcos 7:31, Jesus e sua gang foram pelo caminho de Sidon, vinte milhas ao norte, de Tyre na costa do mediterrâneo! Então de Sidon regressaria quarenta milhas, isto significa que o messias de Marcos caminhou setenta milhas quando poderia ter caminhado só trinta. Embora Marcos parece desavisado deste problema, os tradutores da versão do Rei Jaime parecem ter entendido bastante bem isto – ofuscando inteligentemente sua tradução adequadamente: ” Partindo da costa de Tyre e Sidon” Voltar
3 – Marcos 10:12 nos fala que uma esposa, se ela se divorcia o marido dela e se casa com outro, é culpada de adultério. Enquanto isto era possível em algumas sociedades pagãs, não era uma opção aberta a mulheres Israelitas. Voltar
4 – Josefos Ben Matias (ca. C.E. 37 – ca. 100), o Historiador judeu e geral. Voltar
5 – Cornelio Tacito (ca. C.E. 56 – ca. 120), orador romano, historiador, e político. Voltar
6 – Gaio Suetonio Tranquilo (ca. C.E. 69 – ca. 122), romano biógrafo e historiador. Voltar
7 – É difícil de não ver isto como uma referência para o fim do ano de 2150 da Idade astrológica de Áries no qual Mitra reinou como 'o Senhor do Tempo' ou chronocrat. Paulo estava escrevendo quase exatamente na ocasião que a era de Peixes estava começando, com Jesus como o novo Senhor do Tempo. Em grego ' governadores desta era é . Isto reverbera razoavelmente com ambos, o astrológico e os Mistérios de gnóstico. No agnosticismo, os archons são claramente regras de derivação astrológica, e os æons são regras e períodos de tempo. Também é sugestivo, que os pais da igreja de Origem, fazendo um comentário sobre esta passagem em coríntios alude a ” a astrologia dos Caldeus e Indianos ” e ” Magos ” – astrólogos Mitraicos ou Zoroastrianos [Origen De Principiis, The Ante-Nicene Fathers, Vol. IV, editado por Alexander Roberts e James Donaldson, Wm. B. Eerdmans Publishing Co, Grand Rapids, MI, 1982, pp,. 335-6.] Voltar
8 – William F. Orr, e James Arthur Walther, The Anchor Bible,: I Coríntios, Doubleday & Cia., Inc.,Garden City, NY, 1976, pp. 153-4. Voltar
9 – I Cor. 3:1-3, New English Bible. Voltar
10 – Titus Flavius Clemens (ca. C.E. 150 – ca. 211), Prominent early church father. Voltar
11 – Morton Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos, Harvard Universidade Imprensa, Cambridge, Massachusetts, 1973, pág. 447. Voltar
12 – Por este entender moderno da recente e astrológica origem da religião Mitraica, eu sou fortemente dependente na redação de David Ulansey, especialmente no seu pequeno livro As Origens dos Mistérios Mitraicos: Cosmology and Salvation in the Ancient World, Oxford University Press, New York & Oxford 1989. Voltar
13 – Um olhar a Figura 2 mostrará que a constelação que Perseus é localizado sobre a constelação o Touro. Mitologicamente, Perseu se tornou amalgamado com Mitra, e a ascendência física de Perseus em cima de Touro sugeriu que Mitra-Perseu tivesse matado o touro. Voltar
14 – Muito cedo na história do Cristianismo, o símbolo de peixe recebeu uma interpretação não astrológica por meio de um inteligente acrostico. A palavra grega para peixe, ICHTHUS, pode ser formado da primeira letra de cada palavra no – ' Jesus Christ, o Filho de Deus, Salvador.' Voltar
15 – 6 de agosto de 1991, o tablóide de supermercado o National Examiner mostrada uma manchete de primeira página: ” O Vaticano Informa. Jesus Cristo à terra “. O próprio artigo, na página nove, informou isso ” Aturdidos os cientistas e os líderes religiosos acreditam que o Jesus Cristo retornou à Terra “! Havia um pouco de incerteza, porém, se a segunda vinda tivesse acontecido de uma maneira bíblica ou se Cristo tinha sido clonado cientificamente das manchas de sangue na Mortalha de Turin. Considerando o número grandes de pessoas que leram este papel, todos, exceto algumas pessoas, acreditaram em seus contos extraordinários. Voltar
16 – Matt. 16:13-16; 17:10-13. minha tradução. Voltar
17 – Helmut Koester, Ancient Christian Gospels: Their History and Development, Trinity Press International, Philadelphia, 1990, pp. 124-5. Voltar
18 – Theodor H. Gaster, The Dead Sea Scriptures, Third Revised and Enlarged Edition, Anchor Books/Doubleday, Garden City, New York, 1976, p. 393. Voltar
19 – Kurt Rudolph, Gnosis,: The Nature and History of Gnosticism, Harper & Row, San Francisco, 1985, p. 55. Voltar
20 – James M. Robinson, The Nag Hammadi Library, Third, Completely Revised Edition, Harper, San Francisco, 1988, pp. 8-9. Voltar
21 – J. -P. Migne, Patrologiae Cursus Completus, etc., Series Graeca Prior, Patrologiae Graecae Tomus XLI, S. Epiphanius Constantiensis em Cypro Episcopus, Adversus Haereses, Paris, 1863, columns 389-390,. Voltar
21B – Apesar das escavações de Franciscan B. Bagatti [Escavações em Nazareth, traduzidas por F. Hoade, Franciscan Printing Press, Jerusalém, 1969] nenhum resto de qualquer edifício datado dos primeiros séculos A.E.C ou EC foram encontrados no local da atual Nazaré, e os artefatos datados por Bagatti ao ” o Período Romano” são provavelmente todos mais recentes que o primeiro século EC. Além disso, a maioria se não todos os artefatos parecem ser mercadorias funerárias usadas em enterros de residentes de Japha (Japhia), uma cidade a uma milha aproximadamente fora do local que foi conhecido por Josefos. A primeira inscrição mencionando o nome do lugar Nazaré pensa-se estar em um fragmento de mármore acha no local da antiga Caesarea em 1962. [“Uma Lista de Cursos Sacerdotais de Caesarea,” M. Avi-Yonah, Jornal da Exploração de Israel, 12:137-9] A sinagoga na qual o fragmento de mármore foi achado parece datar do fim do terceiro ou começo do quarto século EC [The Archeology of the New Testament, Jack Finegan, Princeton Univ. Press, 1992, pág. 46], isto coloca a inscrição como uma testemunha para qualquer lugar chamado Nazaré no primeiro século.
Porém, é duvidoso que a inscrição realmente mencione Nazaré. Os vários fragmentos relacionados da inscrição eram interpretados por meio de poemas litúrgicos hebreus que datam do sexto para o sétimo século – quando Nazaré atual já era um local turístico prosperando e o nome já era famoso. As letras n-ts-r-t são formadas por pedras extremidades com quebradas (de fato, o n está só parcialmente presente), e não é certo qual letra pode ter precedido o n. Em minha opinião, o n danificado foi precedido provavelmente por um g (uma letra estreita em Hebraico, ajustando-se facilmente no espaço da hipótese dos descobridores da inscrição) e lia Gennesaret, não Nazaré. Gennesaret foi fundada em tempos helenísticos e era bem conhecida. Voltar
22 – A letra chi ( ) e rho ( ) são as duas as primeiras letras em grego da palavra Christos, e foram sobrepostas uma a outro para formar um tipo de cruz, um símbolo ainda proeminentemente empregado pela Igreja Católica Romano Voltar
23 – As regras de evidência empregadas por este time de estudiosos, junto com as suas razões por aceitar ou rejeitar um logion particular pode ser achada no O Evangelho de Marcos Edição em Letras Vermelhas, por Robert W. Funk e Mahlon H. Smith, Polebridge Press, Sonoma, Califórnia, 1991,. Voltar
24 – Koester, Antigos Evangelhos Cristãos, pág. 63. Voltar
25 – Arnold Ehrhardt, The Framework of the New Testament Stories, Harvard University Press, Cambridge, Massachusetts, 1964, p. 51-3. Voltar
26 Lucian (ca. C.E. 120 – 180), Satirista e Retórico Grego. Voltar
27 – Claudius Aelianus (ca. E.C. 170 – ca. 235), Retórico Romano. Voltar
28 – Lucius Annaeus Seneca (ca. 4 B.C.E. 1 – ca. 65), o estadista romano e filósofo. Voltar
29 – Marcus Valerius Martialis (ca. E.C 40 – ca. 103), o Poeta romano. Voltar
30 – Marcus Annaeus Lucanus (E.C. 39-65), o Poeta romano. Voltar
31 – Ehrhardt, Framework, pág. 53-8 Voltar
32 – Koester, Antigos Evangelhos Cristãos, pág. 58. Voltar
33 – Koester, Antigos Evangelhos Cristãos, pág. 59. Voltar
34 – Michael Baigent, Richard Leigh, e Henry Lincoln., The Messianic Legacy, Henry Holt, Nova Iorque, 1986, pág. 9. [Manuscrito recebido 19 de novembro de 1991. Voltar31/07/2002 às 20:17 #75096Miguel (admin)MestreOk Alex,
Cheguei a ler parte do texto tb, nem me lembro se cheguei a lê-lo todo, mas nao quis me dar ao trabalho de comentar. Achei que o assunto estava mais para esoterismo, que nao é dos meus preferidos.
Assim, se me permite, vou tentar ficar somente com alguns dos pontos que vc enumerou, partindo da historia da igreja. Sobre historia da igreja, já estudei um pouco, e é área em que normalmente fazem muita confusao. Para ficar mais claro, vou aproveitar-me da sua numeraçao. Entao vamos lá:
2- Se nao me engano, vc está fazendo referencia ao problema do arianismo. Pareceu-me, entretanto, que vc fez confusao. Vc citou dois blocos: o de Valentino (eu conhecia como Valentiniano, mas pode ser problema de traduçao) e o de Tertuliano e de Ireneu. Mas acho que há uma discrepancia de nomes e de datas:
Império do Ocidente Império do Oriente Constantino(306-) Licínio(313-324) Constantino(-337) Constantino(-337) Constante(337-350) Constâncio(337-) Constâncio(-361) Constâncio(-361) Juliano(361-363) Juliano(361-363) Valentiniano(364-375) Valente(364-378) Graciano(375-383) Teodósio(378-) Valentiniano II(383-392) Teodósio(383-392) Teodósio(-395) Teodósio(-395) Assim, os imperadores Constantino e Valentiniano tem pouco a ver com Tertuliano e Irineu. Tertuliano é de 155-222. Irineu nasceu entre 130-135, morreu perto de 202. Constantino e Valentiniano sao de século depois.
Aproveitanto: Orígenes é de 185-253. Na data da vitória de Constantino na ponte Mílvia (312), era o pontificado de Melcíades (34° papa). E a proibiçao total dos cultos pagãos só aconteceu em 391, através de Teodósio.
O problema da heresia ariana teve inicio com Ário, padre de uma paróquia de Alexandria, que começou a pregar que o Jesus nao era filho de Deus, mas adotado, e que a natureza do Verbo nao procedia do Pai. Alexandre, bispo de Alexandria, nao aceita, evidentemente, e contra-argumenta que, se assim fosse, se o Verbo nao seria plenamente Deus, ficava negada a encarnaçao, o homem nao poderia ser plenamente divinizado e, portanto, nao poderia ser salvo. Está mais que claro que o arianismo nega os dogmas centrais do cristianismo.
Antes de 313, conflitos podiam permanecer localizados, depois, eles se espalhavam muito mais rapidamente, pelo transito facilitado nas novas estradas e também pelo término das perseguiçoes e facilidade maior no fluxo das informaçoes.
Assim, Constantino desejoso de restabelecer a paz, convoca um concilio ecumenico em Nicéia (325). O arianismo é entao oficialmente condenado como heresia por ampla maioria de votos, e Ário e os dois bispos que o apoiaram sao exilados.
Contudo, essa questao nao ficou de todo resolvida, porque, enquanto o ocidente latino permanecia fiel ao credo de Nicéia, os orientais passaram depois a recusá-lo (com excesao de Atanásio, bispo de Alexandria).
O imperador Constantino, que dera apoio ao credo de Nicéia (em que se afirmava que o Pai e o Filho sao de mesma natureza, “homoousios”), muda de atitude , preocupado em apaziguar os orientais. As arbitrariedades entao se sucedem e Atanásio é deposto e exilado em Trèves, e depois passou por mais 4 exilios diferentes, por nao negar o credo de Nicéia.
Constantino entao adere ao arianismo e exila vários bispos latinos (Libério de Roma, Hilário de Poitiers, Hósio de Córdoba…). Os conflitos começam a se agravar em vários lugares.
Em meio às perturbaçoes, a teologia fazia avanços. O vocabulário se elucida e chega-se à distinçao entre ousia (substancia) e hypostase (pessoa). Basílio, bispo de Cesaréia (370-379), realiza um trabalho de uniao também atraves da reflexao teologica. Mas agora os arianos colocam outra questao: o Espírito nao é Deus. Basílio e Gregório de Nazianzo começam a escrever tratados que mostram a unidade do Pai e do Espirito.
Para se ter uma idéia do problema na época: “Todos os lugares estão tomados por esses propósitos… Se perguntas ao cambista o valor de uma moeda, ele te responde com uma dissertaçao sobre o gerado e o nao-gerado… Quando perguntas nas termas se o banho está pronto, o gerente declara que o Filho se originou do nada. Nao sei de que nome chamar esse mal, se de loucura ou de raiva…” Gregório de Nissa, “Sobre a divindade do Filho e do Espirito Santo” (V. cap. 6)
Com a morte do imperador ariano Valêncio, num combate contra os godos em Andrinopla (378), os imperadores Graciano (ocidente) e Teodósio (oriente) decidem dar um término nas querelas teológicas que já haviam se agravado e alcançado grande difusao. Em 380, Teodódio faz do catolicismo a religiao oficial e convoca um concilio em Constantinoplca (381). Este concilio retoma o credo de Nicéia e acrescenta uma afirmaçao acerca do Espirito Santo: “Cremos no Espirito Santo, Senhor que reina e que confere vida, que procede do Pai e do Filho, e que, com o Pai e o Filho, deve ser honrado e glorificado”.
3- Acho que, com o que escrevi, dá para perceber que as questoes envolvendo historia da igreja nao sao tao simples assim. É que receio que, como vc simplificou ainda mais, quem lesse poderia ter idéia errada do problema.
4- Nao sei se estou tao certo do que vc está falando, mas, se tem a ver com Qumran e os manuscitos do Mar Morto: os permaminhos dizem respeito basicamente a preceitos da seita dos essênios (ligada aos judeus e nao aos cristaos). Sao em sua maioria comentários de textos do antigo testamento, salmos, midrashes, exortaçoes e oraçoes procurando dar animo e educar a comunidade essênia de Qumran. Já li traduçoes de parte desses pergaminhos.
Já sobre a relaçao dessas fontes com escritos do novo testamento, nao tenho muitos dados, mas, pelo que me lembro, nao trouxeram muitas novidades. Acho que basicamente trouxeram novas fontes e acrescentaram e esclareceram algumas partes nas fontes anteriores.
5- há sensacionalismo demais em cima dessas coisas, por acaso há diversos cursos sobre apócrifos em faculdades de teologia catolica, as editoras catolicas publicam esses textos, e nao haveria razoes para esconde-los, porque o canon está fechado e nao faria a menor diferença se viesse algum texto novo a publico. Seria enorme irresponsabilidade qualquer tentativa de alterar o canon, pois só semearia mais divisao quando o esforço hoje é de aproximar catolicos romanos, catolicos ortodoxos e igrejas da reforma. O canon já foi fechado.
obs: Em Stigmata nao é a primeira vez que esse tema é tratado, se te interessar leia: “O quinto evangelho” de Mário Pomilio. O autor é um romancista italiano interessante.
7- Justino, mártir, foi considerado o primeiro filosofo cristão. Tinha uma escola de filosofia cristã em Roma, por volta de 140-150, razao pela qual nao surpreende ter acabado mártir. No mais o que vc colocou confere com o que sei, gnosticismo foi condenado como heresia porque, entre outras coisas como negaçao do valor do corpo, defendia que as Escrituras continham apenas uma “sabedoria vulgar”, sendo que a “verdadeira sabedoria” estava restrita apenas àqueles que ingressavam em suas escolas. Esse tipo de idéias tem encontrado ressonancia também hoje em dia em grupos nao-cristaos.
Por hora é isso.
[]'s31/07/2002 às 21:08 #75097Miguel (admin)MestreOlá walace
Valentinianos são os seguidores de um lider da antiga igreja de cristo que se chamava valentino, posso realmente ter trocados nomes com datas, pois escrevi o texto sem consultar fontes, alguns fragmentos que me lembrava de livros(que não foram ecritos nem por maçons, nem por esotérios, mas sim por pessoas como huston smith e elaine pagels, doutores em teologia e notorios na área em que atuam) que havia lido, contudo a idéia básica fora mantida.
Otexto do Sr. JDMT não é tão esotérico assim, apresenta diversos pontos convergentes com os mais recentes estudos de teologia cristã da atualidade, apesar de, como comentado na primeira mensagem, tenda ao parcialismo ou a mistificação exagerada.
Estou falando dos achados de Nag Hammadi em 1945. O quinto evangelho eu nunca lí, mas se omite a história dos achados de Nag hammadi, falando apenas do evangelho de tomé, então fiz bem de não lê-lo, pois encobre a parte histórica acabando por mistificar ou complica mais do que explicar. Veja posso estar errado ao julgar o autor, é que vc disse que não sabe ao certo do que eu estou falando, e se já leu o livro o quinto evagelho, o livro deve ser ruim do ponto de vista histórico e da pesquisa feita para a sua elaboração.
Além do evangelho de tome', foram encontrados o evangelho de felipe, o evangelho da verdade o evangelho dos egípicos, que se auto identifica como o livro secreto do grande espírito invisível, o livro de tiago(seguidor de jesus?), o apocalipse de paulo, a epistola de pedro a felipe e o apocalipse de pedro e outros, as cópias em copta foram feitas há cerca de 1500 anos(datação dos manuscritos, tanto química quanto histórica- caracteres utilizados que representam uma determinada época), provavelmente de manuscritos ainda mais antigos.
Irineu era bispo de Lyon(180dc), realmente fiz confusão com justino (o mártir) que se não me engano fora entregue as feras, vale lembrar que Justino, Tertuliano e Irineu pertenciam ao mesmo clã político que contestava a visão dos seguidores de Valentino, e tudo isto dentro da primitiva igreja, até então não reconhecida por roma.
Estou de saída, mas como o Sr. exige o melhor dos participantes, voltarei mais tarde com um adendo aos meus texto anteriores, explicando por a+b as fontes de pesquisa os achados de nag hammadi e as possíveis falhas com realação a nomes ou datas… ok…
um abraço.
31/07/2002 às 22:13 #75098Miguel (admin)MestreAlex,
“Estou falando dos achados de Nag Hammadi em 1945.”
Sobre esses achados especificos eu disse que nao sei muito…
“O quinto evangelho eu nunca lí, mas se omite a história dos achados de Nag hammadi, falando apenas do evangelho de tomé, então fiz bem de não lê-lo, pois encobre a parte histórica acabando por mistificar ou complica mais do que explicar.”
Calma mano, é um romance e nao um texto cientifico
eu citei ele no contexto do filme Stigmata. Lembra?
Qt a Valentino, depois vou dar uma olhada de novo…
Valeu!
[]'s31/07/2002 às 23:22 #75099Miguel (admin)MestreCarlos,
O texto citado é da época do iluminismo, está preso na ideia do “Deus tapa-buracos” citado em outras listas, e tras ainda alguns erros básicos de exegese biblica. Bom, Laplace nao era mesmo uma boa referencia de teologia
1- Numa coisa ele está certo, nao há necessidade de citar Deus em um tratado cientifico. Mas dificilmente alguem conseguirá explicar tudo cientificamente, alias, se nao impossivel, isso é tarefa bastante improvável. Imaginar uma base absolutamente segura para o conhecimento foi o delírio cartesiano.
2- Um evangelho nao é uma biografia de Jesus. É um texto catequético e nao um texto jornalistico, portanto, embora possa haver dados com contribuiçoes para historiadores nesses textos, nao é esse o objetivo do autor. Deste modo, criticar o texto citando detalhes de geografia, por exemplo, é ficar preso numa interpretaçao fundamentalista do texto, mas a exegese avançou muito e está longe disso hoje.
3- Cristianismo tem tanto a ver com Mitra qt tenis de mesa tem a ver com basquete. A unica coisa que têm em comum é uma semelhança de um campo retangular e uma bola esférica. Estudos de religiao comparada podem ser tema de estudos que busquem uma base antropologica cultural para a dimensao religiosa nas culturas, mas nao ajudam a compreender melhor o cristianismo como caminho de vida, e assim nao ajudam a estuda-lo como fenomeno religioso unico. Alias, esse caminho já foi abandonado pela maioria dos filosofos pq, ao buscar focalizar uma base universal, perde-se a base fenomenológica.
Deste modo, para entender o cristianismo, é bem melhor o conhecimento da cultura judaica, por exemplo; ou seja, conhecê-lo por aquilo que aparece em seus ritos, em sua vida, e nao por algo que se imagine a priori.
[]'s
01/08/2002 às 5:53 #75100Miguel (admin)Mestrecaiu na testa, isto é, só pq eu falei que o JDMT era extenso….
Como diria jack, “vamos por partes”.
“Assim, os imperadores Constantino e Valentiniano tem pouco a ver com Tertuliano e Irineu. Tertuliano é de 155-222. Irineu nasceu entre 130-135, morreu perto de 202. Constantino e Valentiniano sao de século depois.”
Não me refiro ao imperador Valentiniano, mas sim a Valentino membro da igreja Cristã primitiva. É verdade que Constantino não é contemporâneo de Tertuliano ou Irineu, contudo, eu me referi aos dois principais blocos de cisão da primitiva igreja de cristo, que tinham como ícones de um lado Valentino, e de outro O bispo de Lyon Irineu , Tertuliano e Justino o mátir.
Aproveitanto: Orígenes é de 185-253. Na data da vitória de Constantino na ponte Mílvia (312), era o pontificado de Melcíades (34° papa). E a proibiçao total dos cultos pagãos só aconteceu em 391, através de Teodósio.
Muito bem, “proibição total”, mas como mostrarei, esta proibição data da época de Irineu, pois naquele tempo os hereges estavam entre os padres os diáconos e até bispos da antiga igreja cristã. Como disse havia uma disputa política, uma espécie de guerra fria, onde prevaleceu a visão hierarquizada de Tertuliano e Irineu, o Poder do Bispo (Papa) sobre todos os demais membros da igreja, esta idéia agradou o estadista Constantino, isto é, um poder hierarquizado onde apenas um é o dono da “verdade suprema”. Pergunto-me, pq que motivo esta visão era mais atraente a Constantino? Esta resposta deixarei a cargo da livre convicção de cada um.
Quanto a heresia ariana não era disto que falava, tb não tenho referência para comentar esta fato, ou em que implicava efetivamente a heresia ariana, falarei sobre a heresia Valentiniana de Valentino, membro da antiga igreja cristã. Muitas são as heresias elencadas pela igreja de Roma, bem como muitas são as escolas gnósticas. Quanto as outras escolas heréticas ou gnósticas pouco ou quase nada têm de relevância frente a poderosa Escola Valentiniana, uma vez que os seguidores de Valentino concordavam em muito com a doutrina pregada pelos “partidos da situação”, até pq fizeram escola com estes partidos, não obstante, diferiam em princípios adquirido através da compreensão ou gnose.
Como pode ver pulei a sua introdução histórica sobre a heresia de Ário.
“4- Nao sei se estou tao certo do que vc está falando, mas, se tem a ver com Qumran e os manuscitos do Mar Morto: os permaminhos dizem respeito basicamente a preceitos da seita dos essênios (ligada aos judeus e nao aos cristaos). Sao em sua maioria comentários de textos do antigo testamento, salmos, midrashes, exortaçoes e oraçoes procurando dar animo e educar a comunidade essênia de Qumran. Já li traduçoes de parte desses pergaminhos.
Os pergaminhos de Qumran datam de 1947 e não 1945(Nag Hammadi), como os referidos em minha primeira mensagem. A proximidade das datas é provavelmente o objeto causador de nosso desencontro. Em Qumran foram encontrados além dos textos que vc descreve, tb originais da bíblia, os que se tinham até então eram traduções em grego. É considerado um grande achado, e propiciou o conhecimento da seita que conhecemos como essênios. Alguns estudiosos atribuem a esta seita a formação filosófica de João Batista, todavia, sabemos que estes manuscritos, bem como os de Nag Hammadi, passam ainda por minucioso processo de estudos no mundo todo, onde profissionais buscam aprofundar-se nos estudos dos manuscritos, preferindo, ao contrário de outros estudiosos, retardar uma teoria geral sobre o cristianismo. Diversos ensaios sobre uma teoria cristã com base nestes textos estão acessíves na Web, em forma de publicações científicas.
“5- há sensacionalismo demais em cima dessas coisas, por acaso há diversos cursos sobre apócrifos em faculdades de teologia catolica, as editoras catolicas publicam esses textos, e nao haveria razoes para esconde-los, porque o canon está fechado e nao faria a menor diferença se viesse algum texto novo a publico. Seria enorme irresponsabilidade qualquer tentativa de alterar o canon, pois só semearia mais divisao quando o esforço hoje é de aproximar catolicos romanos, catolicos ortodoxos e igrejas da reforma. O canon já foi fechado.
Quanto a minha referência de que a igreja católica tentou a qualquer custo evitar tornar público estes textos, ela é perfeitamente factível, uma vez que por conta de um “alguém” é que estes textos vieram a público, provavelmente este “alguém” foi um monge do mosteiro de São Pacômio, e que fica nas cercanias do local onde foram encontrados os textos. Foram escondido por volta do ano 400, ou seja, entre 1500 e 1600 anos. Estes dados estão de acordo com a datação destes textos. O sensacionalismo realmente existe, contudo, como pessoas ávidas por informações que possibilitem o rompimento do véu diante de nossos olhos ou buscadores das chaves que nos mostrem efetivamente o que se encontra no final da toca do coelho, não podemos menosprezar publicações científicas de pessoas renomadas no meio em que atuam, pessoas como Elaine Pagels e Huston Smith. Elaine Pagels além de consultora dos programas que falam sobre cristianismo dos responsívos canais de televisão A&E Mundo e Discovery Channel, é tb Doutora por havard e Oxford com a seguinte tese “Controvérsia entre cristianismo gnóstico e cristianismo ortodoxo” e catedrática do Departamento de Religião do Bernard College da Universidade de Columbia. Huston Smith lecionou no conceituado MIT(Instituto de Tecnologia de Massachusetts), e atualmente exerce suas funções na Universidade da California, em Berkeley. Portanto, não tenho a pretensão de sucumbir aos sensacionalistas de plantão espalhados na Web ou nas prateleiras da livrarias com idéias espetaculosas que visam exclusivamente vender mais um livro para tomar o dinheiro de alguém, pode ser até que consigam tomar o meu exiguo dinheirinho, mas jamais terão com isto controle sobre minhas idéias. Além disto tudo, os manuscritos de Nag Hammadi foram descobertos em 1945, e apenas em 1961 a Unesco por solicitação do arqueologo torgny Säve-Söderberg e outros estudiosos buscou catalogar através de fotografias os achados de Nag Hammadi. Segundo Elaine Pagels somente em 1968 é que tivera acesso a tais textos mimeografados, sendo que estes textos vinham acompanhados da seguinte advertência:
Esse material destina-se apenas ao estudo particular de pessoas especialmente designadas. Nem o texto, nem sua tradução podem ser reproduzidos ou publicados sob qualquer forma, na sua totalidade ou em parte.
Esta advertência se fazia necessária pq não havia até então um a tradução oficial dos textos. Somente em 1972 é que surgiu o primeiro volume da edição fotográfica solicitada pela Unesco, sendo que a primeira publicação completa em inglês fora publicada pela Harper & Row em 1977. Elaine Pagels participou da organização e pesquisa deste mateiral para sua publicação.
Quanto ao canon, ao que me parece não há pretensão de alterá-lo, contudo, gostaria de salientar uma vez mais que o espírito científico inevitavelmente não pode dar as costas aos 52 textos descobertos em Nag Hammadi, pois com eles temos a oportunidade de conhecermos melhor aquilo que chamamos de cristianismo, e as suas tradições, os evangelhos eram centenas como mostraremos, contudo, apenas alguns poucos textos foram escolhidos. Um ser humano preocupado com a verdade, esteja ela onde estiver, perguntaria sobre as pessoas que fizeram estas escolhas, quais os motivos que as levaram a fazê-las e pq há tantos escritos heréticos ou excluídos. Com manuscritos comos os do Mar Morto e Nag Hammadi temos a oportunidade de, pela primeira vez, ouvirmos o que os próprios hereges tinham a dizer. Afinal, é notório que a igreja sempre enconbriu todo e qualquer texto considerado herético, matou para evitar que estes textos chegassem ao público, Lutero fora perseguido pq traduziu a bíblia para o alemão, jean calas foi morto pq era um novo católico, assim eram conhecidos os protestantes na frança, e assim vai, poderia citar centenas de episódios onde a igreja católica atua politicamente nos interesses de sua instituição. Desta forma, não foi por causa da igreja que os textos se tornaram públicos, mas sim por providência do acaso que fez revelar os manuscritos que ora discutimos.Deixemos as partes de lado e vamos diretamente ao que interessa.
Em dezembro de 1945 um camponêss árabe fez a descoberta dos manuscritos de Nag Hammadi. Nosso interesse é no sentido de entender o pq de enterrar estes textos, e pq permaneceram desconhecidos durante quase 2000 anos? Estudiosos apontam para uma disputa crítica que se deu no cristianismo primitivo.
Tais textos foram denunciados como heréticos pelos cristãos ortodoxos em meados do século II, isto é, cristãos que foram condenados por outros cristãos como Hereges. Todos sabemos o que é um Herege, mas o que sabemos deles é aquilo que os seus opositores nos disseram ao escrever sobre os hereges. Como Estudante de Direito estou inclinado a ouvir todas as partes do processo, não me restringindo apenas a opinião de um dos lados da lide, pois interesso-me por justiça e não por atos meramente formais. Estes textos nos possibilitam preencher lacunas históricas e quem sabe reescrever a história com um pouco maios de verdade.
No início da era cristã prevalecia a tradição oral sendo que poucas eram as tradições compiladas por escrito. Desta forma não há um proto-evangelho, ou seja um único texto do qual se originam ou derivam os demais, portanto, o que conhecemos hoje deriva de muitos livros que em sua maioria são confusos e de pobre valor literário. O Mistificador Erick von Daniken(O Retorno dos Deuses) descreve como ocorreria este processo de aperfeiçoamento dos textos através de manipulações, censuras e deformações destinadas a interpretar ou benefeciar a figura de uma determinda seita. Os quatro evangelhos são concisos e diria até perenes ao passo que os apócrifos são mais livres, não sendo alvo da mesma sanha dos censores. A lingua original destes textos é o hebraico antigo, sendo que com o passar do tempo foram traduzidos para o grego, o latim o copta, o árabe, o armênio e o siriáco entre outras linguas. Como acontece com os evangelhos os originais praticamente desapareceram restando apenas as traduções. Segundo estudiosos a razão disto se dá pela intolerancia de líderes religiosos fanáticos dos primeiros séculos empenhados em não deixar traços do que classificavam como heresia, todavia muitos foram salvos graças as traduções. No início da era cristã os apócrifos eram aceitos pelos doutores da igreja, sendo que até então não eram nem heresia nem apócrifos. o Livro de Enoch, A Ascensão de Isaias e os livros III e IV dos Macabeus faziam parte da Bíblia, contudo após diversos concílios foram banidos, da mesmo forma o Livro de Eclesiastes que fez parte saiu e depois voltou. Na igreja primitiva havia diversas seitas variadas sendo os gnósticos um grupo poderoso nos primórdios do crisitianismo, entre eles destaca-se os gnósticismo Valentiniano.
Mas quem são estes e quem foi Valentino?
O principal personagem da antiga igreja cristão fora Valentino ou Valentim, um egípicio de nascimento que viveu em Roma de 135 a 165. Valentino era Doutor da igreja, tendo grande influência na igreja, quase se elegendo Papa(bispo). Para Tertuliano seria este o motivo da heresia de Valentino, isto é, ao saber que outro nome havia sido indicado para ser o Bispo(Papa) Valentino teria se enchido de inveja e ambição e, frustado, desligou-se da igreja para formar um grupo rival. Ocorre que poucos são os historiadores que acreditam neste história de Tertuliano, uma vez que se trata de mais uma repetição polêmica contra os hereges. Cerca de 25 anos após este incidente os seguidores de Valentino continuavam membros plenos da igreja, resistindo, com indignação, contra membros da igreja ortodoxa que desejavam expulsá-los. Não podemos deixar de notar que isto indicaria que a cisão fora uma iniciativa dos ortodoxos e não dos “hereges”. A insubordinação hierarquica dos seguidores de Valentino aos membros da igreja ortodoxa se dava em reuniões não autorizadas como nos conta Irineu. A controvérsia entre estas facções ocorre precisamente em uma época onde as lideranças da igreja optam por uma hierarquia unificada de cargos dispostas entre bispos, padres, diáconos e leigos. Os Valentinos contestavam esta autoridade clerical e encorajavam a insubordinação. Mas para entendermos melhor o que se passava nestas reuniões não autorizadas procuremos entender melhor a doutrina de Valentino e seus seguidores.
Segundo consta, Valentino não recebera apenas instruções da tradição cristã que todos os fieis têm em comum, ele teria recebido de Teúdas, um discípulo de Paulo a iniciação em uma doutrina secreta de Deus. O próprio Paulo teria ensinado esta sabedorai secreta, diz Valentino, apenas alguns pouco receberam de Paulo tal ensinamento, estes estariam maduros para recebê-lo, pois apenas poucos estariam aptos a compreendê-la.
Um documento denominado Tratado Tripartido escrito por um seguidor de Valentino contrasta que os lideres da igreja eram apenas iniciados em doutrina elementar, filhos do demiurgo, indicação que trata de um ser divino menor que serve como instrumento de poderes superiores. Nota-se que Valentino utiliza o termo demiurgo no mesmo sentido que Platão. Para valentino não é Deus, mas sim o demiurgo que domina como rei e senhor, agindo como comandante militar, estabelecendo leis e julgando aqueles que a violam, neste sentido o “Deus de Israel” era o demiurgo. Para os valentinos rejeitar a autoridade e as tolices do criador faz parte da iniciação do discípulo que deverá aprender a buscar o verdadeiro conhecimento nas profundesas de toda a exitência. Portanto, quem atinge este nível de percepção recebe um sacramento secreto chamado de redenção ou libertação. Antes da gnose(o termo é empregado no sentido de compreensão) o candidato adorava o demiurgo confundindo-o com verdadeiro Deus. Na busca por este conhecimento o discípulo enfrenta o demiurgo declarando a sua independência. Para Irineu tal atitude representa grave risco à autoridade clerical. Irineu diz que os hereges ao se reunirem tiram a sorte para designar quem vai assumir o papel do padre, sendo que outro ofereceria o sacramento como o bispo e outro faria a leitura das escrituras, de tal modo que nas reuniões seguintes a sorte seria lançada novamente, havendo portanto um rodízio contínuo de funções. As escolhas, uma vez que Deus era o senhor do universo, seriam conforme a providência divina e não alheatórias. Tal estrutura, certamente, criava um conceito de autoridade bastante diferente do modelo ortodoxo, pois os valentinos ao invês de incluirem os seus membros em ordens “superiores” e inferiores dentro de uma hierarquia como faziam os partidários de Irineu e Tertuliano. Eles (Valentinos) seguiam um princípio de mutua igualdade entre todos os iniciados, fossem homens ou mulheres. Não é preciso dizer que a indignação de Tertuliano ia às alturas, afinal o princípio de igual admissão e participação para as mulheres subvertia a disciplina. Tertuliano faz especial protesto contra a participação “entre os hereges de Mulheres” que partilham a posição de homens. “Elas ensinam, discutem, exorcizam, curam” dizia Tertuliano, desconfiando que elas até batizassem.
Esta disputa, como gostamos de enfatizar, se dava dentro da primitiva igreja de cristo não estando restrita a leigos padres ou diáconos, Irineu advertiu pessoalmente o proeminente Bispo de Roma Victor de que certos escritos gnósticos estavam circulando em sua congregação. O autor detes escritos era Florino, um padre que tinha o prestígio de ser um iniciado gnóstico.
Já entre os ortodoxos a doutrina segue as lições de Clemente Bispo de Roma entre 90 e 100 d.c. destacando-se a carta destinada a comunidade critã de Corinto em uma época de crise onde certos líderes da igreja de corinto haviam sido despojados de poder. Empregando uma linguagem política Clemente chama isso de rebelião, insistindo que os lideres despostos recuperem a sua autoridade, advertindo que eles devem ser temidos, respeitados e obdecidos, pois só o Deus de Israel governa todas as coisas, ele é o juiz que estabelece a lei, pune os rebeldes e recompensa os obedientes, sendo que Deus delega a sua autoridade de reinar para líderes e governantes na terra, são estes os bispos, os padres e os diáconos. Aquele que se recusa a dobrar-se diante destes lideres da igreja é culpado de insubordinação contra o próprio Deus, advertindo ainda que quem desobedecer as autoridades ordenadas por Deus recebe a pena de morte.
Bom todo o resto vcs sabem, uma vez que é notória a história de abusos e calamidades da igreja católica, esta mesma igreja com critérios no mínimo duvidosos determina quais e quantos evangelhos irão fazer parte do canon.
Muitas são as Implicações desta disputa entre o gnosticismo Valentiniano e a ortodoxia cristã nos primordios do cristianismo.
Quem quizer saber mais sobre este assunto Busque em:
Os Evangelhos Gnósticos – Elaine Pagels – ed. cultrix
As religiões do Mundo – Huston Smith – ed. cultrix.Basicamente era sobre isto que falava.
Nunca é demais falar sobre o “Grande Inquisitor” de Dostoievski. Afinal com quem está a igreja de cristo? com Cristo ou com aquele que o visitou no deserto.
um grande abraço
Walace estou calmo
01/08/2002 às 6:38 #75101Miguel (admin)MestreAo Sr. JDMT
Bem sei que os textos não são seus, caso fossem, não diria que são especulativos ou parciais. Diria tratar-se de uma inteligente trama de idéias de um dos participantes do site consciencia.org, uma associação brilhante de diversas idéias com que vc teria tido contato. É isto que diria.
O que quero dizer é que corremos riscos ao colar textos. Além da letra ser morta, ou seja, um cadáver literário que não transmite ao leitor a energia aplicada contra o teclado na elaboração do texto, pois fora escrito por outro, dá a entender que somos os donos deste cadáver, mas quem escreve é que está apto a responder pelo que escreve, onde acharemos o dono do cadáver para que este responda as críticas construtivas ou não?
De qualquer modo retiro o que disse sobre o seu texto ser extenso… tudo é muito relativo, e o Carlos parece que quis provar que o seu texto não é extenso… acho que ele conseguiu.
um abraço
01/08/2002 às 12:15 #75102Miguel (admin)MestreOi, Alex
Realmente, foi por isso que me dei o trabalho de de colar o endereço do site de quem escreveu.
Mas agora são tantos textos que estou entusiasmado e ao mesmo tempo desencorajado a lê-los.
Acho que juntando todos vai dá uma miscelania incrivel!saudações!
01/08/2002 às 19:14 #75103Miguel (admin)MestreAlex,
Ao que tudo indica, estavamos mesmo falando de coisas diferentes. É que como vc citou “aliança com Roma” e chegou a colocar a pergunta sobre Constantino, liguei o “caso” com o arianismo. Todavia, vc estava fazendo referencia à gnose… pois bem.
De fato, em minhas leituras acho que nunca me interessei muito por me aprofundar na leitura das fontes gnósticas. Isso pq, depois de ler alguns destes textos, achei-os muito fantasiosos e herméticos, o que, pelo visto, é questao de gosto, nao é?
Pois bem, como disse, cheguei a ler alguns apócrifos gnósticos, mas foi só hj, depois de ler a sua msg, que, por curiosidade, depois de anos, fui rever as fontes dos textos que li. Foi qd me dei conta de que sao traduçoes de textos gnosticos encontrados em Nag Hammadi.
Vc parece ter se interessado mais por esse assunto do que eu, e sao mesmo interessantes alguns dos dados que trouxe… Bem, pode ser que resulte alguma divergencia qt a umas e outras colocaçoes, mas isso nao tira o interesse do que vc trouxe. Parece quase natural alguma controversia, já que havia uma infinidade de seitas gnósticas diferentes, sendo algumas delas bastante estranhas, para nao dizer mais.
Acho que nem é preciso explicitar que concordo com Irineu e Tertuliano no sentido de afirmar que a gnose foi e é uma deturpaçao da mensagem cristã. Um argumento mais simples e imediato no sentido de justificar minha opiniao: se adotassemos os critérios gnósticos, chegaríamos a conclusao estapafurdia de que um Francisco de Assis (por exemplo) nao era um bom cristao, já que defendia a “douta ignorancia”, e o conhecimento é o maior peso para a gnose. Isso sem contar que Jesus se cercou de pessoas simples, pescadores, pastores de ovelhas, e nao filósofos e pensadores. Com isso nao quero apoiar a tese do nao-estudo como modelo de “douta ignorancia”, mas apenas reafirmar que há muitos meios, sendo o fim o que importa no cristianismo: a doutrina de Cristo é o amor.
Contudo, há diversas deturpaçoes da boa nova hoje, e eu nao pretendo repetir o erro de muitos em querer separar já o joio do trigo. Isso nao me impede, entretanto, que eu expresse a minha opiniao qt a ideia da gnose.
Continuando entao: pelo que expos, fica mais que claro que esse Valentino era um gnóstico, pois, citando, “Segundo consta, Valentino não recebera apenas instruções da tradição cristã que todos os fieis têm em comum, ele teria recebido de Teúdas, um discípulo de Paulo a iniciação em uma doutrina secreta de Deus. O próprio Paulo teria ensinado esta sabedorai secreta, diz Valentino, apenas alguns pouco receberam de Paulo tal ensinamento, estes estariam maduros para recebê-lo, pois apenas poucos estariam aptos a compreendê-la.”
Isso confere com o que li sobre gnose. Na doutrina gnóstica, quase invariavelmente aparece:
- o desejo de associa-la com ensinamentos secretos recebidos de pessoas de renome na comunidade cristã – no caso, Paulo
- o dualismo que vê lado a lado, com idêntica legitimaçao, um princípio bom e um princípio mau: Deus e a matéria
- a ideía de que o que salva nao é tanto a fé, mas o conhecimento (no sentido deles, claro)
Alguns destes traços podem ser notados já no paragrafo que citei acima, outros sao claramente encontrados no texto que vc compilou.
Segundo Fischer-Wollpert, teólogo e historiador alemao, a gnose é uma manifestaçao essencialmente pagã e o maior perigo com que a incipiente igreja pagão-cristã teve que se defrontar até hj. Justamente pq estava em seus primórdios e com o canon ainda em formaçao a igreja estava em sua fase mais vulnerável e, nesse sentido, vc estava certo em dizer que os textos sob suspeita de gnose eram afastados. Ora, era bastante facil perceber a discordancia das mensagens cristãs e gnóstica:
doutrina cristã doutrina gnóstica o que salva é a fé o que salva é o conhecimento (gnostico) a salvaçao é para todos a salvaçao é para uns poucos capazes de aprender o conhecimento (salvífico) gnóstico a pregaçao é para todos o ensino é para uns poucos Deus é o Criador de tudo Deus e a matéria preexistem e estao em luta salvaçao é pelo amor salvaçao é libertar-se da matéria E por aí vai… Evidentemente resumi por alto, procurando associar e centrar naquilo que as várias seitas gnósticas tinham mais em comum.
1
O perigo do movimento gnóstico estava justamente na pregaçao aos pagãos, já que entre os judeus esse tipo de mensagem era muito mal recebida. Entre os pagaos ela era mais sedutora pq já tinham exemplos de escolas de filosofia pagã, e pq ela “resolvia” o escandalo da cruz, da encarnaçao e da criaçao, que eram “novidades estrangeiras” estranhas aos greco-romanos. Assim, a msg gnóstica afirmava que a morte de Cristo na cruz e a ressurreiçao eram dificuldades inuteis, já que Cristo tinha cumprido sua missao ao ensinar sua doutrina mais elevada aos apostolos secretamente (e, claro, adivinha para quem ela tinha sido transmitida?) e ainda uma doutrina mais vulgar (inferior) para a grande massa (e essa outra, alegavam os gnósticos, era a que a igreja abraçou).
Hoje sabemos quem venceu na luta entre Igreja e gnose.
2
Qt a historia do “poder papal”, isso foi se firmando lentamente, e, claro, teve grande influencia o modelo do império romano e a crescente mistura/ligaçao entre poder religioso e poder temporal. Com algumas muito honrosas excessoes, tipo: no ocidente, o bispo Ambrosio, que impediu o imperador de participar da missa, por ter participado de uma campanha recheada de massacres de aldeias bárbaras, enquanto nao se retratasse e fizesse penitencia (naquela época, pública, como vestir-se de sacos e cobrir-se de cinzas), e, no oriente, o bispo Crisóstomo, que criticou o comportamento corrompido da imperatriz e do imperador publicamente em um sermão. Desnecessario dizer que foram ambos vitimas de conspiraçoes, represálias e exílios.
A historia do poder papal é mais complexa do que parece, antes haviam basicamente 4 patriarcados de maior peso (Roma, Alexandria, Antioquia e Constantinopla) e a voz dos bispos dessas dioceses eram consideradas como referencial para as dioceses vizinhas. Em caso de conflito ou diferenças de interpretaçao qt a questoes de fé, recorria-se a um desses bispados como instancia superior decisória. Posteriormente surgiram questoes envolvendo pareceres de diferentes patriarcados (como no exemplo da querela donatista) e lentamente Roma foi se firmando como um tipo de instancia superior responsavel pelo estabelecimento da unidade (e a figura de Pedro era frequentemente citada pelos que defendiam essa posiçao).
Depois, associar a pessoa do bispo de Roma com a ideia de um “super bispo” em hierarquia superior aos outros foi um tipo de “deturpaçao historica” ligada, ao que parece, com a figura do poder imperial, já que, com a queda do imperio romano, a igreja, sendo a unica instituiçao ainda com força suficiente para governar, assumia para si (com prós e contras) a tarefa de governar o mundo “civilizado”.
3
Em relaçao a outras questoes, houve muitas experiencias interessantes em lugares diversos da igreja (como o diaconato feminino na igreja da Síria, pelo séc III), mas, em nome de uma “unificaçao de costumes” (globalizaçao romana?) foram lentamente (e em alguns casos nao tao lentamente) sendo esquecidas.
Acho que é isso. No mais,
[]'s -
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