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23/07/2002 às 12:24 #70035Miguel (admin)Mestre
Oi, pessoal estou escrevendo dessa vez por um motivo triste para mim. Meu cunhado morreu, e nessa hora todo mundo se conforta em Deus! e eu indiferente a quase todos no funeral e interro não sei em quem me confortar. Quem tiver uma palavra de conforto (filosofica) escreva!
Eta, saudade que não passa!
23/07/2002 às 17:31 #77044carlosMembroÉ nesse momento que a religião e as crenças e tbm a vontade de acreditar em algo surgem. Viu como é fértil o campo onde a religião semeia suas ilusões….
Meu, minha palavra de conforto é que vc será tbm comido pelos vermes, sua mãe tbm, minha mãe, todos nós… por maior que seja a vontade de, em vida, criar uma ilusão de uma vida pós-mortem, por mais que esse bando de filósofos com raríssimas exceções filosofaram com deus ou outro bla bla bla, todos morreram. Portanto bola pra frente e viva sua vida o melhor possível, faça tudo pra alcançar a sua felicidade e a dos outros, da sua espécie ou de qualquer outra… seja feliz e viva agora pq amanhã pode ser sua vez.27/07/2002 às 21:36 #77045Miguel (admin)MestreÉ isso aí mesmo Carlos, suas palavras foram simples e objetivas. Nós morremos como seres vivos mas continuamos aí como átomos que se juntarão a outros átomos e formarão novos seres vivos ou não. O que importa é que vivamos o nosso momento sem atrapalhar o dos outros, se possível.
29/07/2002 às 15:27 #77046Miguel (admin)MestrePegando o gancho acima me respondam por favor essa pergunta, por que ohomem corre tanto atrás de respostas sobrenaturais para as coisas.
29/07/2002 às 18:22 #77047carlosMembroPor que vc não se mata? Creio que sua resposta será parecida com a minha sobre o que vc acabou de perguntar.
30/07/2002 às 15:30 #77048Miguel (admin)MestreNão me mato porque gosto de viver, e não vejo relação disso com a minha pergunta, desculpe minha ignorância mas dava pra ser mais claro, a não ser que o que vc estava querendo dizer é que o ser humano corre atrás do sobrenatural porque gosta da vida, mas ai há um problema eu não corro atrás do sobrenatural e no entanto gosto de viver.
30/07/2002 às 17:32 #77049carlosMembroUai, uma coisa não exclui a outra. Penso que assim é melhor, não correr atrás do fantasioso e gostar de viver, aqui, sem fantasias, ilusões etc. Sabendo que a vida é só aqui, que por mais belos os pensamentos, filosofias, poesias etc, tudo termina com sua morte. Nunca mais irá voltar!! Morreu! Já era. Só em átomos ou genes em seus filhos sobrarão partes de vc. Volto a frisar, o sobrenatural, como deus, fantasmas, vida após a morte são muletas para se continuar a viver, mas não por amar a vida e sim temer a morte. OK.
30/07/2002 às 23:32 #77050Miguel (admin)MestreEntendi, e me deixe fazer outra pergunta então, por que o homem teme a morte?E mesmo que se sobreviva a ela também é colocado por algumas filosofias que se deve temela, exemplo a comica imagem de um inferno onde cada um pagará por seus atos, mesmo sendo extremamente comica, pelo menos para mim, existe muitas pessoas que acreditam nisso, e que prefeririam o nada ao inferno, e mesmo assim correm atrás de explicações fantaziosas para as coisas.
31/07/2002 às 12:10 #77051carlosMembroO homem teme a morte como qualquer outro animal, a diferença é que o homem pensa na morte, sente a morte nas abstrações, em seu pensamentos quase toda hora. Imagine vc assistir um filme de suspense-terror e não se colocar na figura do ator, não sentir o perigo iminente, o que vc faria? Assistiria o filme como um animal não humano. O homem é um contador de histórias, desde remotos anos, sempre houve aquele que ao redor de uma fogueira contasse histórias em que sempre o perigo de morte era parte. Por que o homem teme a morte? Porque isso faz parte da vida, sobreviver, passar seus genes etc. Por mais filosofia que possa ser criada, a finalidade é a reprodução do mais apto. Nossa diferença dos outros animais é que pensamos mais na morte, enquanto eles só no momento do perigo. Não sei se vc entendeu o meu ponto de vista.
31/07/2002 às 15:11 #77052Miguel (admin)MestreSegundo essa sua idéia o homem teria uma grande desvantagem em relação aos outros animais por ser capaz de pensar na morte, ou seja , se não tivessemos essa capacidade nossa vida seria no mínimo mais fácil e o que chamamos de privilégio, que é o nossa capacidade de pensar nada mais é do que uma grande maldição que nos faz criar coisas as mais absurdas.
31/07/2002 às 17:15 #77053márcioMembroNao que seja um conforto, mas é nessa hora que brota uma … digamos … raiva … interna pelo fato de ainda nao sermos capazes de consertar essa maquina organica que habitamos. Essa raiva empurra a humanidade para a resolucao desse “problema”. Antigamente morriamos “normalmente” de pneumonia. Hoje é praticamente uma “burrice” morrer de pneumonia (espero que o cunhado em questao nao tenha morrido disso).
Entendo que estamos trabalhando quase que deseperadamente para resolver esse problema da morte, nem que tenhamos que mudar o DNA a ponto de construirmos monstros em lugar de pessoas, mas que vai ser bem mais dificil de morrer, vai.
Eu diria que é a “raiva” desses momentos que permite que nos movamos nessa direcao.31/07/2002 às 17:23 #77054carlosMembroIsso é interessante, vc chegou num ponto muito interessante. Vamos dizer que o homem é o maior sucesso da natureza, porém traz consigo o seu grande algoz, a sua bomba relógio, a sua doença, que é nossa capacidade de abstração. O que estamos vendo no mundo de hj? Salvamos os mais inaptos a toda hora, doentes mentais, cegos, surdos, cardíacos, míopes como eu etc etc etc… Graças ao nosso cérebro criativo e inventivo e por temer a morte e desejar a sobrevivência a todo custo. Porém junto a isso estamos enfraquecendo a própria espécie humana, estamos em desequilíbrio com a natureza, logo cessará os recursos de sobrevivência, água, comida, espaço… E o que isso gerará? Doenças, guerras, destruição e estaremos novamente em equilíbrio. Vide peste negra, idade média etc… Solução? Não sei.
01/08/2002 às 21:06 #77055márcioMembroOla Carlos, permita-me comentar:
1. Vamos dizer que o homem é o maior sucesso da natureza
Bom, eu nao diria assim, mas tudo bem.2. Salvamos os mais inaptos a toda hora
Isso nao seria um problema, seria ? (inaptidao é relativo)3. temer a morte
Eu diria que estamos mais para nao aceitar a morte como ela aparentemente é (o the end) do que para teme-la.4. Porém junto a isso estamos enfraquecendo a própria espécie humana,
Será ? Como confirmar isso ?5. logo cessará os recursos de sobrevivência,
É o que dizem, mas acho que a humanidade vem ouvindo essa historia ha muito tempo.6. gerará? Doenças, guerras, destruição
Esse é o nosso dia-a-dia ha muito tempo.7. e estaremos novamente em equilíbrio
Humm … o que viria a ser esse equilibrio ?8. Solução?
Entendo que voce estaria se referindo a uma solucao holistica (aquela que considera o todo).
Acho que atualmente nao pensamos dessa forma (holisticamente), portanto, nao encontraremos uma solucao com esse formato. Encontramos sub-solucoes (que por sua vez acabam causando novos problemas) e assim vamos. Paciencia.Abracos
01/08/2002 às 23:24 #77056Miguel (admin)MestreSe recuarmos muito no tempo acho que sempre o homem temeu a morte, por favor citem algum contra-exemplo se eu estiver errado, até que algum espertinho resolveu criar historinhas para afastar esse medo enganando outros, e algumas vezes a sí próprio, e esse negócio foi crecendo como uma grande bola de neve que se tornou incontrolável, e hoje existem milhões de teorias para amenizar o fim, mas o ponto que eu quero chegar é , será que essa bola de neve não era, e de certa forma é necessária para o desenvolvimento da humanidade?Será que estariamos aqui hoje se em algum momento aquele espertinho não começasse a criar histórias que confortassem os outros?
01/08/2002 às 23:38 #77057Miguel (admin)MestreOlá a todos…
No tópico sobre o suicídio fiz referência a um livro fabuloso (Life and Meaning: a Reader, de Oswald Hanfling) onde num pequeno e espectacular capítulo é tratada a questão da morte numa perspectiva filosófica, sublinhe-se!
Deixo só aqui uma pequena citação que acho fabulosa: No one of us feels sufficiently that he is only himself (p.87)
abs.
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