ESSÊNCIA E VERDADE. UMA INTERPRETAÇÃO HEIDEGGERIANA DA TÉCNICA MODERNA.
Por Marcos Paulo L. Vieira
O que se realiza no
presente texto é uma interpretação ontológica do fenômeno da técnica moderna a
partir do pensamento de Martin Heidegger. Tal esforço encontra seu impulso
primordial e sua sustentação basilar na análise de sua conferência intitulada A
questão da técnica. Através de uma cuidadosa análise dessa conferência,
procuramos inicialmente mostrar que a essência da técnica não poderia ser
apreendida tecnicamente, ou seja, por meio da análise das práticas e dos usos
técnicos em sua imensa diversidade. De fato, a essência da técnica só se deixa
pensar por meio de um saber que a compreenda em sua essência, isto é, um saber
filosófico.
O presente texto desdobra-se em
cinco movimentos. 1º delimitação e refutação dos
modos ordinários de compreensão da técnica moderna; 2º compreensão originária
da essência da técnica como um modo peculiar de desencobrimento; 3º determinação
da essência da ciência moderna desde seu caráter existencial; 4 ºelucidação
dos nexos ontológicos travados entre a essência mesma da técnica moderna e a
essência existencial da ciência moderna e, por fim, 5 º a elucidação da
necessidade de se manter a vigília do questionar filosófico face a essência da
técnica moderna enquanto um modo de desencobrimento suprêmo.
Eis os movimentos
constitutivos do texto devidamente elencados. Começaremos agora mostrando em
que situação hermenêutica eles precisam figurar. A expressão situação
hermenêutica quer ser entendida aqui no mesmo sentido expresso por Heidegger
nestas palavras em Ser e Tempo:
Uma
investigação ontológica é um modo possível de interpretação. Esta é a elaboração
e apropriação de uma compreensão. Toda interpretação possui sua posição prévia,
visão prévia e conceptualidade prévia. No momento em que, enquanto
interpretação, se torna tarefa explícita de uma pesquisa, então o conjunto
dessas “pressuposições”, que denominamos de situação hermenêutica,
necessita de um esclarecimento prévio que, numa experiência fundamental,
assegure para si o “ objeto” a ser explicitado. Uma interpretação ontológica
deve liberar o ente na constituição de seu próprio ser. Para isso, vê-se
obrigada, numa primeira caracterização fenomenal, a conduzir o ente tematizado
a uma posição prévia pela qual se deverão ajustar todos os demais passos da
análise. Estes, porém, devem ser orientados por uma possível visão prévia do
modo de ser dos entes considerados. Posição prévia, visão prévia, portanto, já
delineiam, simultaneamente, a conceptualidade prévia para a qual se devem
dirigir todas as estruturas ontológicas”.[1]
Pois bem, em que situação
hermenêutica os movimentos constitutivos de nosso texto precisam aparecer.
Que posição, visão e conceituação prévias seriam adequadas para que pudéssemos
iniciar uma interpretação ontológica da técnica moderna? Poderíamos aproximar
um pouco mais o foco do âmbito do perguntar e aí então teríamos: onde precisamos
existencialmente nos situar para que a técnica moderna se nos afigure como algo
questionável em sua essência? Onde exatamente precisamos nos encontrar
dispostos, com que tonalidade afetiva e qual seria a compreensão e o tratamento
conceitual adequados que fariam com que a técnica moderna se nos apresentasse,
hoje, como algo de questionável em sua essência? Que ela possa vir a ser
questionada, isso significa inicialmente: insinou-se faticamente uma estranheza
fundamental entre a nossa compreensão e a coisa que se tornou questionável.
Para que algo adquira o modo de ser de algo questionável é necessário,
portanto, que entre o nosso estar-aí existencialmente situado e a coisa que se
nos mostra como questionável tenha havido um certo abalo no que diz respeito a
estabilidade de uma relação compreensiva clara de uma determinada conjuntura.
Se pudermos seguir com esse modo de entender as coisas é preciso conceder que:
à medida que a técnica moderna se nos mostra como aquilo por cuja essência se
pode perguntar, compreendemos então que a conjuntura, na qual a nossa relação
com a técnica se configurava, sofreu um abalo. Mas como semelhante abalo teria
sido possível, se hoje não conseguiríamos nem ir nem vir em nossas grandes
cidades sem uma eficiente técnica de controle de tráfego ? Como, se o empenho
de nossas atividades profissionais está atrelado à potência e velocidade cada
vez mais formidáveis dos processadores dos nossos computadores pessoais? Como,
se a indústria de alimentos dispõem em nossos refrigeradores alimentos que de
segundo a segundo sobrepotenciam mais e mais a nossa capacidade vital? Como
teria sido possível que uma conjuntura tão adequada e favorável como essa, do
ponto de vista existenciário, pudesse ter sido, mesmo que por alguns segundos,
posta como questionável em sua essência? E é precisamente isso que se dá quando
perguntamos pela essência da técnica. A pergunta pressupõe tacitamente um abalo
radical entre o nosso ser-aí e a essência da técnica. Eis aí a posição prévia
mais adequada para começar um questionamento ontológico-existencial concreto da
essência da técnica. Tal questionamento deve partir também da visão prévia
adequada que nos permita ver livremente que a satisfatória, pacífica e familiar
conjuntura que se configura na nossa relação com os produtos da técnica encobre
uma radical indigência no que diz respeito ao saber de sua essência. Assumir
uma tal indigência significa ganhar o âmbito a partir do qual uma
conceptualidade prévia precisa ser articulada com vistas a uma interpretação
ontológica adequada do ser mesmo da técnica moderna. Assumir, portanto, o abalo
de nossa relação existencial com a técnica, a estranheza de sua conjuntura e a
indigência de uma clara compreensão da essência da técnica significa muito
perfeitamente conquistar a situação hermenêutica, a mais adequada, desde a qual
podemos então, efetivamente, dar início a uma investigação ontológica no que
diz respeito a essência da técnica moderna.
Em conseqüência disso,
precisamos compreender inicialmente que uma investigação, uma interpretação
ontológica da essência da técnica deve guardar a seguinte advertência
metodológica preliminar, qual seja: a essência da técnica não se deixa
apreender tecnicamente, isto é, por meio de meras análises das práticas e dos
usos técnicos ou mesmo de um relatório completo e total a respeito dos avanços
dos produtos técnicos em sua imensa multiplicidade. Uma interpretação
ontológica da essência da técnica, que se entende bem a si mesma, precisa, além
de conquistar uma adequada situação hermenêutica, definir-se como um
saber que compreende a essência do ser-técnico enquanto um tema constante de
demonstração explícita, isto é, ela precisa ser estritamente filosófica.
Em virtude dessa
advertência preliminar abandonamos, pois, uma concepção exclusivamente
antropológico-utilitária da técnica moderna e efetuamos, com isso, o primeiro
passo para um modo possível de ganhar também esse espaço a partir do qual a
técnica e sua “amigável” conjuntura se tornem inteiramente questionáveis em sua
essência. Desse modo, a tonalidade afeitva, o encontra-se disposto e a
compreensão fundamental, ou em outros termos a situação
hermenêutico-existencial que abrirá a técnica em sua questionabilidade
essencial é justamente a de uma indigência compreensiva radical face ao caráter
ontológico da técnica moderna. É precisamente daqui que precisamos partir. Em
contrapartida, a aparente riqueza, o ilusório sentimento de seguraça e a
suposta sobrepotenciação de poder que a técnica moderna insúfla e irradia por
todas as partes do globo, encobrem, em verdade, um estado de coisas muito mais
originário e anterior, qual seja: a absoluta indigência do nosso ser-aí
hodierno no que diz respeito ao saber da essência da técnica moderna. E é
justamente neste horizonte hermenêutico que pretendemos nos situar em nossa
interpretação da essência da técnica consoante aos impulsos indispensáveis da
obra de Martin Heidegger.
Fiéis,
pois, à nossa situação hermeneutica de uma certa suspensão dos conhecimentos
ordinários à respeito da técnica, recebemos de Heidegger uma indicação positiva
no interior do texto A Questão da Técnica. Heidegger afirma ali que é
uma peculiar forma de desencobrimento que rege a vigência da técnica moderna.
Esse peculiar desencobrimento se opera como um provocar explorador que provoca
a natureza, explorando-a para que esta venha a fornecer a sua energia. Tal
energia seria, então, beneficiada e armazenada. O termo desencobrimento precisa
ser entendido como um apelo envolvente que se dirige à nossa existência e no
qual, em resposta, nós nos inserimos de um modo radical e irremissível,
existindo. Ou seja: todos os nossos movimentos existenciários e existenciais
pertencem essencialmente a este desencobrimento que apela envolvendo. O
envolvimento deste envolver designa-se círculo de desecobrimento. Pois
bem, segundo a compreensão heideggeriana a técnica moderna é um modo específico
deste desencobrimento que apela envolvendo e no qual nos inserimos existindo.
Nós só existimos porque respondemos ao apelo envolvente do desencobrimento,
nunca ao contrário. Na época da técnica essa resposta é agressiva, exploradora
e provocativa.
Um
exemplo: suponhamos que pudéssemos estar neste momento em uma região da Terra,
em um lugar em que plantas e animais, homens como nós e rochas formam um todo e
instalam um mundo. Neste lugar “descobre-se”, por uma série de sondagens
geológicas, petróleo. Descobre-se que em um ponto específico daquele lugar há
uma exsudação e afloramento de petróleo. Mapea-se a área e perfura-se, então,
poços neste local. A prospecção científica apodera-se desta região e a converte
em um ponto a partir do qual os geólogos começarão a mapear as características
terrestres indicadoras de sítios favoráveis à perfuração em busca do precioso
líquido oleoso betuminoso de origem natural composto por diferentes substâncias
orgânicas que se encontra por si subsistente e simplesmente dado naquele ponto
do planeta. O homem respondeu ao apelo daquele todo envolvente na forma de uma
furiosa exploração provocadora. Os caminhos daquela região foram de maneira
eficaz convertidos em reserva petrolífera. As semente não brotam mais de acordo
com a dádiva do seu possível, porquanto não há mais cultivo, cuidado, espera.
Em contrapartida, uma laboriosa equipe de geofísicos já se encarregou de por em
obra a instalação de torres de perfuração. Prontamente, uma torre sustenta a
corrente de perfuração, formada por uma série de tubos acoplados. A corrente
gira unida ao banco giratório situado na base da torre. A broca de perfuração
situada no final da corrente é formada por três rodas cônicas com dentes de aço
endurecido. Em conseqüência , a rocha é levada à superfície por um sistema
contínuo de fluído circulante impulsionado por uma bomba. Quando esse poço é
perfurado, o gás que compõe uma solução com o petróleo é liberado e começa a se
expandir. Essa expansão, junto com a diluição da coluna de petróleo pelo gás,
menos denso, faz com que o petróleo aflore à superfície. Creio que agora
certamente possamos compreender em que medida o desencobrimento que rege a
vigência da técnica moderna é um apelo envolvente provocador e
explorador ao qual o homem responde provocando, explorando e dessa forma se
inserindo no ente na totalidade. A partir do exemplo pode-se muito claramente
entender que para o sentimento de nossa época, inserir-se no ente na totalidade
significa primordialmente: ouvir e ver sempre e necessariamente a constância e
a uniformidade daquilo que está disposto para uma exploração e situar a
compreensão exclusivamente na cobiça e na sanha do domínio integral do ente
disponível para as diversas formas de exploração. Em consonância ao que vimos,
todos os modos possíveis de resposta ao apelo do desencobrimento estão
integralmente comprometidos com um comportamento existencial de exploração de
algo que se encontra inteiramente disponível. O processo de reposta ao apelo
provocador é, com efeito, unidimensional. Dito melhor: exploração, extração,
transformação, estocagem, distribuição, consumo, reprocessamento e nova
exploração. O exemplo da extração de petróleo em uma dada região mostrou-nos
que o todo do ente é compreendido como reservatório energético preparado e
mantido pelos esforços iniciais de objetivação ôntica das ciências positivas (
nesse caso: a geologia e a sismologia). A Gestell enquanto composição se
constitui precisamente deste encontro. É justamente, portanto, no âmbito dessa
dinâmica que a ciência se subordina à Composição à medida que uma
referência originária ao ser mesmo, enquanto o desencoberto, é simplesmente
dispensada. Em conseqüência, começa a se perfilar a conversão do real, não mais
em objetidade cientificamente determinada, mas em disponibilidade constante
mantida pela ciência tecnicizada e custodiada pela Composição.
Pois,
na essência mesma da técnica como aquele poder que conduz o homem, num conjunto
de comportamentos, a explorar e desafiar o ente na totalidade e a compreender o
todo do ente enquanto o disponível não resta mais nenhuma referência essencial
ao ser mesmo e, nem sequer algo como uma elaboração autônoma de uma compreensão
do ser além do ser-disponível de uma constante disponibilidade
No âmbito da
disponibilidade, então, a produção do disponível, o uso do disponível, o abuso
do disponível, o consumo do disponível, a usura do disponível e a nova volúpia
da produção do sempre disponível perfazem o círculo organizado tecnicamente de
um permanente e violento saque de um mundo que deixou de ser mundo humano.
A técnica em seu empenho
histórico, em sua vigência, é um modo de responder ao apelo do desencoberto
como Composição , que em seu empenho total provoca o ente em sua
totalidade , para que este entregue as suas energias para uma extração e
acumulação posteriores e contínuas. A Composição se define como o
poder de um tal apelo que reúne o homem para uma semelhante provocação. Uma
provocação que, em verdade, se expressa em um conjunto de comportamentos que
reúnem em si os diversos modos de um “pôr à disposição” a natureza nos modos de
objetivação do ente na totalidade para um representar seguro deste.
Quando a humanidade, tomada pelo poder
da Composição, desvela a entidade como fundo de recursos, passa a
requerer também a manutenção constante desse fundo. O exemplo do petróleo
ilustra bem isso. A certeza, pois, de que o real, o ente em sua totalidade
estará “posto” como fundo de recursos sempre disponíveis deve ser assegurada de
uma maneira permanente com o auxílio dos procedimentos científicos, isto é,
técnicos. Para um tal fim, é necessário fechar qualquer outra possibilidade de
desvelamento que não seja aquele em que o real esteja desencoberto como
disponibilidade constante, fundo de recursos para diversas formas de utilização
e exploração eficazes.
Eis onde se situa o
extremo e o maior perigo: o desencoberto (o círculo de consumação existencial)
não ser mais compreendido enquanto tal pelo homem. Em consonância com isto
temos uma forma do desencoberto, transmutada em disponibilidade constante,
pretendendo impor-se como a hegemônica, trancando desse modo qualquer outra
possibilidade de desvelar que não seja, precedentemente, o apelo que desafia o
homem para uma provocação que se movimenta no sentido de uma exploração
organizada do ente na totalidade. Em conseqüência disso, dá-se como que um
“trancamento” da realidade existencial fática na “forma armada” da
disponibilidade constante, enquanto fundo de recursos energéticos em permanente
manutenção. Isso significa, muito claramente, um impedimento para o surgimento
de um desencobrimento mais originário e essencial. Significa também, para
Heidegger, um impedimento à verdade compreendida como abertura da consumação
existencial e “des-trancamento” de mundo em sua mostração fenomenal.
Enfrentar um tal perigo
tentando solucioná-lo, porém, não significa estruturar um movimento discursivo
e prático que intentaria uma espécie de “demonização” da técnica e dos seus
produtos. Significa, antes disso, tentar manter desperta e viva a necessidade
de uma vigília do questionar pela essência desta época histórica que já vem
sendo preparada bem antes da mera operacionalização de máquinas e utensílios
técnicos.
A Composição é a
ameaça suprema, ao passo que tenta subtrair do ente na totalidade o seu caráter
de desencoberto e ao homem o seu lugar de realização existencial própria. A
essência da técnica passa realmente a ser o maior perigo para a essência do Ser-aí humano à medida que ela pretende fazer submergir todas as possibilidades de
desencobrimento em uma única requisição, a saber, aquela que requisita o real e
o próprio homem como uma constante apresentação de fundos de reservas
energéticas sempre disponíveis.
A partir da nossa análise
da compreensão heideggeriana da essência da técnica entendemos que a única
possibilidade de salvação diante dessa perigosa conjuntura é a vigília do
questionar da essência, isto é, o pôr em curso o filosofar autêntico. Isto é: é
somente a partir da vigília do questionar filosófico da essência que o perigo
de a natureza (a natureza humana, sobretudo) se tornar um vasto fundo
disponível – um reservatório de energia gigante onde bebem a técnica e a
indústria cientificizada modernas -, pode ser abolido.
É, então, com a vigília
pensante que podemos reconhecer um caminho diverso de desvelamento que possa
abrir ao homem uma relação criadora mais originária, e não mais exploradora,
com o real. Pensando, nós entramos em uma relação compreensiva com a essência
da técnica como Composição e a reconhecemos como o poder que conduz a
uma resposta humana para um apelo que provoca o homem a desenvolver uma
particular maneira de lidar com o ente em sua totalidade. Este estado de vigilância
filosófica talvez não nos liberte imediatamente do perigo que habita no domínio
planetário da essência da técnica, mas certamente nos coloca em face desse
perigo de uma forma mais atenta, desperta e comprometidamente livres.
Comprometer nosso ser-livre
no âmbito de uma vigília questionadora, pensando acerca daquilo que constitui,
de uma maneira crescente, a nossa época: eis no que teria consistido o empenho
primordial e único desse texto. Um semelhante intento também pode se expressar
nos seguintes termos: procurar ter tornado visível a compreensão, segundo a
qual, uma resposta verdadeira a uma questão essencial é sempre um ressoar mais
audível e penetrante dessa mesma questão. Isto significa mantê-la viva em meio
à vigília do questionar da essência.
[1]
Martin HEIDEGGER. Ser e Tempo. parteII. § 45. p10.
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