JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL (Lisboa, 1818-1886) foi destinado por seus pais à vida eclesiástica e fêz estudos no Mosteiro de São Vicente de Fora; mas com tais intuitos não se coadunava a ambição que o impelia à conquista de renome no mundo das letras e da política.
Escreveu muito para o teatro, filiando-se na escola romântica e principiando pelos Dois renegados: foi um triunfo.
Do drama romântico passou a cultivar a comédia (Herança do Chanceler, etc); e por fim explorou os assuntos da história pátria, produzindo obras como o drama Egas Moniz e a comédia Primeiros Amores de Bocage, peças acadêmicas, mas, por isso mesmo, menos populares que as da sua primeira fase.
Mendes Leal levou ao jornalismo político, a sua ativíssima colaboração; e com grande elevação se revelou poeta. "A faculdade que melhor o caracteriza — disse Rebelo de Silva no 2.° tomo da Revista Peninsular — é a criação lírica".
Foi deputado, ministro de várias pastas e diplomata em Madrid e Paris.
Ave, César!
À morte de Carlos Alberto, rei do Piemonte
Ei-lo, o teu defensor, ó liberdade;
Ei-lo, no extremo leito! À humanidade
O tributo pagou!
Da nobre espada à lâmina abraçado,
Viveu soldado-rei, e, rei-soldado,
Sobre a espada expirou!
Rasgou-lhe ovante as margens do destino,
Foi-lhe rota, bordão de peregrino
Essa espada leal.
Hoje é cruz!
Do aço puro a cruz só resta.
Sentinela da campa, ao mundo atesta
Que o herói era mortal!
Os Édipos (691) de um drama incerto e vário
Talharam-te na púrpura o sudário,
Deixaram-te ermo e só!
Salve, ó rei! rei no sólio e no abandono;
Mais rei no exílio do que os reis no trono;
Rei até sobre o pó!
….
Salve, salve, ó majestade
Moribunda a sucumbir!
Como o espinho da saudade
Te havia fundo pungir!
Como o homem sofreria
Do monarca na agonia!
Longe do que era tão seu,
Da esposa e filhos briosos,
E dos campos seus formosos,
E do seu formoso céu!
"Pátria, adeus! Itália minha,
Ó terra que tanto amei!
Se não te fiz ser rainha,
Não quis mais também ser rei.
Adeus, margens do Tessino,
Sentença do meu destino!
Adeus, povo que escolhi;
Sê tu justo e livre e forte!
Possa dar-te a minha morte
O que em vida não venci!"
Assim diria: e, lançando
Os olhos em derredor,
E vendo aflito e chorando
Outro povo aquela dor,
Resoluto acrescentara:
"O soldado de Novara
Morre contente afinal,
Morre ao eco das batalhas,
Neste berço de muralhas
Que fêz livre Portugal!
(691) Os Édipos — emprego de antropôrtimos como nomes apelativos (sinédoque); pluralizam-se pelo processo comum: "Não teve Newtons nem Platões" (Latino Coelho); "os Gamas, os Albuquerques, os Pachecos" (idem); "Virgílios nem Homeros" (Camões); "Os Alencares, os Paulinos, os Ferreiras Vianas, os Andrades Figueiras" (Rui. Queda do Imp., I, p. 15). A língua diverge do processo francês de deixar invariável o nome: les Horace.
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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