Carta de Alexandre Herculano a Antônio Serpa Pimentel

Carta de Alexandre Herculano a Antônio Serpa Pimentel Meu amigo. — Escrevo-lhe do fundo do estreito vale de Lor- vão, defronte do mosteiro onde repousam as filhas de Sancho I; dêste mosteiro melancólico e mal assombrado, como as montanhas abruptas x) que o rodeiam por todos os lados: escrevo-lhe com o coração apertado de dó … Ler mais

Belém do Pará

A quem, como nós, aporta, descendo o rio, traz esta cidade à idéia a vista de Montevidéu, pela sua posição num promontório, pela disposição das ruas e templos, e a enseada do arsenal, que também recorda a Ensenada da capital cisplatina. E’ uma das mais belas e saudáveis do Brasil, e talvez a quar­ta em … Ler mais

GUILHERME MONIZ BARRETO

  GUILHERME MONIZ BARRETO  Oliveira Lima Uma carta de Domício da Gama, cujo espírito delicado compreendeu quanto me seria a um tempo doloroso e consolador ter pronta e minuciosa notícia do triste acontecimento, deu-me conta da curta doença e prematuro falecimento em Paris, aos 29 de dezembro último, de um dos meus melhores amigos, que … Ler mais

A SEMANA SANTA EM PARIS

A SEMANA SANTA EM PARIS Oliveira Lima O privilégio das grandes cidades — e penso que grandes cidades só o são, verdadeiramente, na plena acepção do termo, Londres e Paris — é terem distrações, prazeres, ocupações e entretimentos de todo gênero, de todo custo e para todos os gostos. Em Paris só é ocioso quem … Ler mais

TEÓFILO BRAGA

TEÓFILO BRAGA Oliveira Lima I Quase deveria subordinar este artigo à epígrafe — Coisas Nacionais 1 —, tão sensível tem sido e tão importante a influência do grande trabalhador português sobre a mentalidade brasileira. Pelo menos o foi, e poucas a excederam nos decênios de 1870 a 1890. Quanto a mim individualmente, creio que jamais … Ler mais

A sociedade do consumo e a vida do espírito.

A sociedade do consumo é o modo de produção e reprodução material e espiritual que expande e transforma o consumo de mercadorias no principal fator das relações e das práticas sociais. Tal como a Ilha de Ogigia, a sociedade de consumo propicia uma fauna e uma flora de objetos e prazeres inimagináveis, mas também produz o esquecimento e a alienação sobre nossas próprias vidas. Nesta Ogigia dos tempos modernos, as pessoas vivem vidas que não escolheram, se aferram a valores, crenças e modos de ser e pensar sem nunca refletirem sobre eles ou sobre suas escolhas. Os indivíduos não sabem o que querem e também não sabem o que sentem. Eles se comportam de forma irrefletida, apenas vivem para consumir, sem pensar no que consideram ser seu objetivo de vida ou o que acreditam ser os meios corretos de alcançá-lo. Eles ignoram o que realmente buscam, o que são, o que desejam, o que é relevante ou irrelevante para suas vidas. Viver na sociedade do consumo é viver num mundo atemporal e do esquecimento.

CORRESPONDÊNCIA DE VOLTAIRE – Cartas de Voltaire para vários destinatários.

CORRESPONDÊNCIA DE VOLTAIRE – Cartas de Voltaire para vários destinatários.

Sobre a comédia – CARTA XIX – Voltaire

Cartas Filosóficas de Voltaire CARTA XIX Sobre a comédia Se na maior parte das tragédias inglesas os heróis são emproados e as heroínas extravagantes, em compensação o estilo é mais natural na comédia. Mas esse natural nos parece, com frequência, antes o do deboche do que o da honestidade. Ali chama-se cada coisa pelo seu … Ler mais

Sobre as Academias – Carta Filosófica de Voltaire

<h2 class="titulo" Cartas Filosóficas de Voltaire CARTA XXIV Sobre as Academias O famoso doutor Swift14 formulou o desejo, nos últimos anos do reinado da rainha Ana 15, de fundar urna academia para o idioma, a exemplo da Academia Francesa. O projecto contava com o apoio do conde de Oxford 16, tesoureiro-mor, e do visconde Bolingbroke, … Ler mais

EXCERTO DO DISCURSO DE RECEPÇÃO DE VOLTAIRE NA ACADEMIA FRANCESA

EXCERTO DO DISCURSO DE RECEPÇÃO DE VOLTAIRE NA ACADEMIA FRANCESA

Pronunciado em 9 de Maio de 1746.

DEPOIS de haver louvado em duas páginas o seu predecessor, o presidente Bouhier, Voltaire continua nestes termos:

"Que me seja permitido, senhores, entrar aqui convosco em discussões literárias; minhas dúvidas se valerão de vossas decisões. É assim que poderei contribuir para o progresso das artes; e eu gostaria mais de pronunciar perante vós um discurso útil, do que um discurso eloquente.

Por que os Italianos e os Ingleses, que possuem boas traduções de Homero, Teócrito, Lucrécio, Virgílio, Horácio, não possuem nenhum poeta da antiguidade traduzido em prosa? E por que não possuímos ainda nenhum em verso?

Vou procurar distinguir a razão de tal coisa.

TERCEIRA FASE DO ROMANTISMO: O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO E SUA PLÊIADA

 

Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO IV

TERCEIRA FASE DO ROMANTISMO: O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO E SUA PLÊIADA

O romantismo brasileiro não ficou estacionado em sua segunda fase, o indianismo; passou adiante e foi espreitar o que se fazia no grande mundo, no estrangeiro, para implantar novos achados, novas conquistas em nosso país.

Entretanto, parece singular que o sistema literário, que mais parecia coadunar-se ao espí-rito nacional, tenha sido justamente aquele que menos seiva revelou e menos frutos produziu. E assim foi; o india-III’ mo só contou dous grandes cultores neste país, Gonçalves Dias na poesia e José de Alencar no romance.

Os outros nossos escritores caminharam por diverso lado, e, se por acaso cultivaram de passagem o gênero, foi isso como um limitado preito prestado a tão ilustres chefes.

Magalhães, por espírito de imitação, escreveu a Con-federação dos Tamoios; Norberto Silva escreveu, em igual espírito, suas Americanas; Machado de Assis, pelo mesmo motivo, as suas; mas isto foi a exceção.

Observações sobre as Vidas de PAULO EMÍLIO, TIMOLEON, PELÓPIDAS, MARCELO, ARISTIDES, CATÃO de Plutarco

mapa roma itália

Observações de Clavier, Vauvilliers e Brotier para as Vidas de Plutarco. OBSERVAÇÕES SOBRE A VIDA DE PAULO EMÍLIO CAP. L — Sob o reinado de Sesóstris, o pentacentor foi inventado no Egito; tal foi o navio com o qual Danaüs passou à Grécia; tal foi o famoso navio que levou os heróis gregos a Colquida, … Ler mais

MARCO CLÁUDIO MARCELO – Cônsul na Roma Antiga

cláudio marcelo

SUMÁRIO DA VIDA DE MARCELO

  • I. Maneiras agradáveis e pendores guerreiros de Marcelo.
  • II. Sua bravura. Seus primeiros empregos. Virtude de seu filho.
  • III. Guerra dos gauleses.
  • IV. Os cônsules Flamínio e Fúrio são chamados.
  • V. Atenção dos romanos às cerimônias religiosas.
  • VI. Marcelo, substituindo o cônsul Flamínio, vai atacar os gauleses.
  • VIII. Combate e mata o rei gaulês. X. O senado concede-lhe as honras do triunfo.
  • XI. Marcelo, o terceiro que apresenta a Júpiter excelentes despojos por haver morto o chefe dos inimigos.
  • XII. Taça de ouro enviada a Delfos. XIII. Aníbal entra na Itália. Marcelo vai à Sicília. Depois da batalha de Canes, Fábio e Marcelo tornam-se o apoio de Roma.
  • XV. Vantagens obtidas por Marcelo sobre Aníbal.
  • XVIII. Terceiro consulado de Marcelo. Firmeza do senado com relação aos soldados que fugiram da batalha de Canes.
  • XIX. Marcelo leva de assalto a cidade dos leontinos.
  • XX. Cerco diante de Siracusa.
  • XXI. Gênio de Arquimedes.
  • XXIII. Efeito de suas máquinas.
  • XXVIII. Diversas vantagens de Marcelo na Sicília. Escala uma das torres de Siracusa e apodera-se da cidade.
  • XXIX. Morte de Arquimedes. Dor que Marcelo demonstra.
  • XXX. Sua clemência, sua humanidade.
  • XXXI. Perdoa à cidade de Êngio.
  • XXXIII. Transporta à Roma os quadros, as pinturas, as estátuas de Siracusa.
  • XXXIV. Efeitos desses monumentos de arte sobre o espírito dos romanos.
  • XXXV. Marcelo recebe as honras da aclamação.
  • XXXVI. Diferentes sentimentos de Esparta e de Roma sobre o mérito das vitórias.
  • XXXVII. Quarto consulado de Marcelo. Acusação intentada contra êle pelos habitantes de Siracusa. Sua generosidade a respeito.
  • XXXIX. Vai atacar Aníbal.
  • XL. Vantagens.
  • XLII. Enfrenta um revés perto de Canúsio.
  • XLIII. Anima suas tropas.
  • XLIV. Derrota Aníbal.
  • XLV. Nova acusação contra Marcelo. Justifica-se.
  • XLVI. Seu quinto consulado.
  • XLVII. Põe-se de novo em marcha contra Aníbal.
  • XLIX. Entra em uma emboscada onde é morto.
  • L. Honras que lhe são rendidas.
  • LI. Monumentos públicos construídos e dedicados por Marcelo. Sua posteridade até Marcelo, filho de Otávia, irmã de Augusto. A memória do jovem Marcelo honrada por Otávia.

Desde o ano de Roma 496 até o ano 546, 208 anos A.C. Comparação de Marcelo com Pelópidas.

PLUTARCO – VIDAS PARALELAS – BIOGRAFIA DE MARCELO

Marcos Cláudio, aquele que foi cinco vezes cônsul em Roma, era filho de um outro Marcos, pelo que dizem, mas foi o primeiro de sua casa denominado Marcelo, o que vale dizer marcial e guerreiro, conforme escreve Possidônio, porque era destro nas armas, experimentado da guerra, forte e disposto pessoalmente, a mão sempre pronta, e amando por natureza o combate, mas não mostrava essa aspereza e esse ardor em combater senão na guerra, somente contra o inimigo pois, pensando bem, seus modos eram muito agradáveis e bastante temperados. Amava a disciplina e letras gregas a ponto de honrar e admirar somente aqueles que as conheciam, pois de resto os seus deveres o impediam de poder vagar e de se exercitar como desejava, porque pertencia àquele grupo de homens aos quais os deuses, como diz Homero, (1) fizeram:

A PEDERASTIA EM ATENAS NO PERÍODO CLÁSSICO: RELENDO AS OBRAS DE PLATÃO E ARISTÓFANES.


Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás como requisito para obtenção do grau de Mestre em História.



Área de Concentração: Culturas, Fronteiras e
Identidades Linha de Pesquisa: História, Memória e Imaginários Sociais.


RESUMO
A PEDERASTIA EM ATENAS NO PERÍODO CLÁSSICO: RELENDO AS OBRAS DE PLATÃO E ARISTÓFANES.



Bastante conhecida no mundo acadêmico, a pederastia em Atenas praticada durante o período clássico, ainda se trata de um objeto mal interpretado, não recebendo seu caráter pedagógico e de formação social dos futuros eupátridas a devida atenção. O objetivo geral desta pesquisa encontra-se na análise da pederastia praticada em Atenas durante o século V a.C e início do século IV a.C. Para tanto, utilizamos como fontes os diálogos Lísis, O Banquete e Fedro do filósofo Platão e a comédia As Nuvens de Aristófanes, a fim de compararmos o modo como a relação entre erastas e erômenos figurava no imaginário social ateniense neste período.



Utilizamos os conceitos de imaginário e identidades que têm sido amplamente discutidos pela historiografia a partir das últimas duas décadas do século XX, buscando apresentar parte desta discussão e aplicá-la no estudo das relações pederásticas no recorte de nossa pesquisa. Além de demonstrar a importância desta relação para a formação do futuro cidadão ateniense, salientamos as principais características da pederastia a partir da leitura das obras de Platão e Aristófanes.

Resumo sobre GIL VICENTE e Teatro Vicentino – Fase Quinhentista

CAPITULO 4

FASE QUINHENTISTA

(Século XVI)

POETAS PORTUGUESES

GIL VICENTE (Guimarães, 1460-1536) seguiu em Lisboa, onde então
se achava a Universidade, o curso de Jurisprudência, e ensinou Retórica
do Duque de Beja, D. Manuel, que sucedeu no trono por morte de D,
João II. Aclamado rei esse príncipe, Gil Vicente entrou a escrever peças
dramáticas, começando pelo Monólogo do Vaqueiro ou da Visitação (1502)
e fazendo representar no ano de sua morte a Floresta dos Enganos.

Dividem-se as suas composições em Obras de devoção, Comédias Tra-
giomédias, Farsas
e Obras várias. Entre as primeiras citam-se como as
melhores: O Auto da Barca do Inferno, o da Barca do Purgatório e o da
Barca da Glória. Julga-se a mais perfeita farsa Inês Pereira. Romagem de
Agravados
é a mais apreciada das tragicomédias. À comédia de Rubena or-
dinarimente se confere a primazia na sua espécie.

Gil Vicente foi poderoso e original engenho, e sobretudo se avan-
tajou no mordacíssimo chiste, que não raro degenerava em grosseiras
Indecências. Mais do que isto, os arcaísmos da linguagem a bem pouco
limitam o número de seus leitores atuais.

Não se deve confundir, segundo a autoridade de Teófilo Braga, a
Gil Vocente, poeta, com o ourives ou lavrante de igual nome. Este ponto
foi bem elucidado por C. Castelo-Branco.

Auto da Mofina Mendes – Teatro Vicentino

Resumo vida e obra de Artur Azevedo

ARTUR AZEVEDO, nasceu em 1855, na cidade de São Luís, capital
do Maranhão e faleceu no Rio de Janeiro em 1908. Escreveu em prosa
e verso com admirável facilidade, colaborando ativamente na imprensa
diária e fazendo sua especialidade na literatura dramática.

Entre as suas mais aplaudidas composições neste gênero (e muitas
foram elas) podem citar-se: — A Véspera de Reis, reprodução fiel de
costumes populares, Amor por Anexins, A Pele do Lobo, O Liberato,
A Mascote na Roça, A Almanjarra, O Dote, A Jóia, O Badejo,
comédias
das quais as duas últimas escritas em verso e com apuro literário, res-
ponderam à crítica que lhe exprobrara algum desleixo e desperdício de
talento em peças de somenos importância. São de sua lavra os dramas
Anjo de Vingança e O Escravocrata, este de colaboração com UrbaNo
Duarte. Das operetas e paródias algumas há muito bem traçadas e de-
senvolvidas: A Donzela Teodora, A Princeza dos Cajueiros e A Filha de
Madama Angu.
Cultivou a espécie das revistas, onde, ligados por um
gracioso entrecho, se criticavam os sucessos da atualidade. Uma dessas
peças, O Mandarim, feita de colaboração com Moreira Sampaio, havendo
introduzido no palco a imitação de personagens contemporâneas, suscitou
no jornalismo acesa polêmica.

Contos fora da Moda, Contos Possíveis, Contos Efêmeros, são os
títulos de livros em que se reuniram algumas das livres e chistosas his-
torietas de Artur Azevedo.

Conhecedor, a fundo, das coisas do nosso teatro, exerceu por muitos
anos, em várias folhas, a crítica teatral, com penetração e indulgência,
que faziam lembrar a maneira de Sarcey.

Foi alto funcionário na Secretaria do Ministério da Agricultura,
repartição a que também pertenceram o jornalista Gusmão Lobo, o polí-
grafo Luís da Veiga, o tradutor da Divina Comédia, Xavier P>iheiro, e
Machado de Assis, o festejado romancista e poeta que presidiu a Aca-
demia Brasileira de Letras.

O Badejo – Peça de Teatro selecionada de Artur Azevedo

Ato II, Cena V — Lucas, César Santos, h
Ramos, Benjamin Ferraz, D. Angélica.

FRANCISCO RODRIGUES LOBO

FRANCISCO RODRIGUES LOBO, natural de Leiria, nasceu em data incerta e morreu afogado no Tejo, entre 1624 e 1627. Nunca figurou na vida pública; mas nas letras granjeou renome como autor de composições bucólicas, que o fizeram cognominar o Teócriío Português; de um poema heróico, O Condestabre, que merecidamente caiu no olvido; e de uma obra dialogada sobre assuntos de moral e crítica literária, Corte na Aldeia e Noites de Inverno.

JACINTO FREIRE DE ANDRADE

JACINTO FREIRE DE ANDRADE (Beja, 1597-1657) abade de Santa Maria das Chãs, escreveu poesias de pouco mérito e a Vida de D. João de Castro, na qual se nota por vezes a animação da narrativa de par com a pureza da frase. O Sr. Teófilo Braga o dá como — "vicioso panegirista imposto pela superstição clássica"; mas não esqueçamos que o mesmo erudito não poupou a supermacia estilística de Fr. Luís de Sousa, acoimando de prestígio a tradicional admiração por esse vulto das letras. Felizmente logo o Sr. Teófilo Braga equipara o prestígio de Fr. Luís de Sousa, entre os que falam português, à — "monomania da admiração de Racine para os Franceses". (resumo da biografia de JACINTO FREIRE DE ANDRADE )

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA (Rio de Janeiro, 1705-1739) advogou em Lisboa, e, havendo escapado a uma primeira acusação de judaizante, tinha-se popularizado como autor de peças dramáticas, então chamadas óperas, para o teatro do Bairro-Alto, quando foi denunciado por uma escrava e, condenado, sofreu pena capital no Campo da Lã. Espírito’ galhofeiro e que essencialmente ambicionava comprazer ao público, nem sempre acatou a decência; mas não vale negar-lhe, como bem pondera o Sr. Pereira da Silva, o pico da originalidade e do sal cômico. Entre as suas óperas distinguenvse: Vida do Grande d. Quixote de La Mancha; O Labirinto de Creta; Esopaida; Guerras do Alecrim e da Manjerona; e o Anfitrião, no qual se tem querido ver alusões ferinas a D. João V.

 

Visconde de TAUNAY – biografia e obra Inocência

ALFREDO D’ESCRAGNOLLE TAUNAY (Visconde de Taunay), nascido no Rio de Janeiro, em 1843 e falecido em 1899, foi um operoso polígrafo que brilhantemente se distinguiu no jornalismo, na tribuna parlamentar, na história, no romance e no teatro.

FRANÇA JÚNIOR – Como se fazia um deputado

JOAQUIM JOSÉ DA FRANÇA JÚNIOR, natural da cidade do Rio de Janeiro. Nasceu a 19 de abril de 1838 e morreu em Minas a 27 de setembro de 1890.

Freqüentou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde recebeu grau em 1862. Caracteriza-se a sua atividade literária no teatro, de que nos deixou duas dúzias de comédias; na colaboração literária em vários jornais. (O País, Gazeta da Tarde, O Globo, de Joaquim Serra), e na série de folhetins humorísticos publicados na Gazeta de Notícias (Folhetins, 1926), cuja 4.a edição reúne o maior número desses espirituosos escritos em que facetamente e com viva observação põe em evidência os tipos e os

JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL – Poeta Português

JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL (Lisboa, 1818-1886) foi destinado por seus pais à vida eclesiástica e fêz estudos no Mosteiro de São Vicente de Fora; mas com tais intuitos não se coadunava a ambição que o impelia à conquista de renome no mundo das letras e da política.

Escreveu muito para o teatro, filiando-se na escola romântica e principiando pelos Dois renegados: foi um triunfo.

A Literatura espanhola no Século de Ouro

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

História Universal – Césare Cantu

CAPÍTULO XXXIX

Literatura espanhola

A nação espanhola, ocupada em se libertar do jugo estrangeiro e conquistar direitos populares, consolava-se em meio dessas lutas celebrando cm romances os heróis dos tempos passados; mas não podia entregar-se tranqüilamente às letras, nem associar a glória delas à das armas. A poesia já tinha no entanto feito ali brilhar vivos fulgores, antes que a energia adquirida em longos combates se aplicasse itoda inteira ao estudo, e que daí nascesse uma literatura que, formada de elementos diversos, se tornou no entan to uma quanto ao seu caráter, à sua tendência, e mais que em qualquer outra nação da Europa se mostrasse impressa do tipo e do sentimento nacional.

Literatura Francesa – século XVI

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Podemos alargar-nos acerca da literatura italiana, sem falarmos das estrangeiras, desconhecidas além dos Alpes. Mas ao passo que esta, que tinha dado flores tão precoces, via seu esplendor desvanecer-se, as nações que ela educara, colhiam os frutos que em seu seio haviam amadurecido. Se os franceses não puderam conquistar a Itália, de lá trouxeram o amor das artes e das letras, conhecimentos, livros, gosto. Luís XII fêz reunir pelo frade Gaguin a mais rica biblioteca daquele tempo, e roubou as dos dominadores de Milão e de Nápoles. João Lascaris e Jerônimo Aleandro foram chamados à sua corte. Esta animação porém era incerta e fugitiva. Luís I, cognominado o Pai das letras, rodeava-se de sábios; depois, de quando em quando, perseguia-os, e comprimia uma liberdade que lhe inspirava temor. O colégio de França, por êle fundado, reavivou o amor do grego e do hebraico, ainda que o ciúme dos grandes para com os homens de letras veio restringir a grandeza do projeto primitivo, e que o estudo das línguas orientais tornou suspeitos de heresia os que se ocupavam dele.

A MIRRA – Contos etiológicos

Essa versão reforça uma opinião de Gustavo Barroso sobre o ciclo de dom Juan. A lenda, como a conhecemos e tem sido aproveitada em romance, teatro, poema e pintura, é uma con cordância de dois elementos independentes: a) a conquista de mulheres; b) o convidado do morto, caveira, estatua, etc. Esta historieta pertence ao segundo elemento, assim como A Mirrat que Teófilo Braga colheu no Algarve, e A es tatua que come, do Sardoal. (Gustavo Barroso Através dos Folk-lores, S. Paulo, sem data (1927), um thema de folk-lore na litteratura universal, 177-186). O grande folclorista brasileiro comentou La, legenda de D. Juan, Paris, 1911, de Gendarme de Bévotte, um recenseador da bibliografia donjuanina, opinando pelo origem do Don Juan na Andaluzia, dernier champs de bataille de deux races et de deux religions. O prof. Stith Thompson assim considerou igualmente, fixando no motivo C 13 do Motif-Index, the offended skull (statue), relativo ao convidado do pedra, festim de pedra, burlador de Sevilha, etc., ainda separando a refeição com o morto para o elemento E238, Dinner with the decid. Não há mais país europeu ou americano que não possua uma variante.

A caveira, insultada, vinga-se também, falando, conseguindo a morte do agressor ou sua punição. No Brasil, 1’crcira de Costa, Folklore Pernambucano, 99, na Á Trica, entre os Nupe, the talking skull, Leo Frobenius, seleção de Douglas C. Fox, Africam, Génesis, 1(51, New York, 1937, em Angola, em Mbaka, tht ytnmg man and the skull, XLV do Folk-Tales of Angola, de Heli Chateiam, Boston and New York, 1894. Nas duas versões que o prof. Espinosa registou na Espanha, em Deimiel (Ciudad Real) e Granada, El incrédulo y la calavera e El estudiante y la calavera, 79 e 80 do Cuentos Populares Españoles, 1, o convidado é uma caveira, comparecendo porém um cavaleiro. De ambas o rapaz escapa, assombrado e arrependido.

Na estátua que come, Teófilo Braga obtém um elo português na tradição do convidado de pedra. Aristóteles fala na estátua de Mitis, em Argos, que tombou sobre o assassino de quem representava, esmagando-o, La Poetique, cap. IX, 23, trad. de Ch. Emile Ruelle, Paris. Em Lisboa, no ano de 1610, um clérigo obteve a proibição de s. Jorge acompanhar a procissão de Corpus Christi instalado num cavalo. Ante os protestos do povo, o bispo dom Miguel de Castro autorizou a inclusão do santo mas este não perdoou ao intrigante. Ê tradição que, no domingo imediato, quando o clérigo que levara o Prelado a decretar a proibição dizia missa no altar de S. Jorge, caiu ao Santo a lança e feriu-o na cabeça! Jaime Lopes Dias, Festas e Divertimentos da Cidade de Lisboa, p. 22-23, Lisboa, 1940. (Câmara Cascudo)

As Artes do Extremo-Oriente

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 15As Artes do Extremo-Oriente<

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

15

HISTÓRIA das artes europeias e até não europeias da bacia do Mediterrâneo pode fazer-se desprezando de maneira quase total as artes do Extremo-Oriente, cuja influência só se exerceu de maneira esporádica, quase sempre tardia e superficial. Mais suscitaram modas do que propriamente agiram em profundidade. Mas a recíproca não é verdadeira.

Crônica de Machado de Assis – 24/04/1892

A Semana – Crônicas de Machado de Assis para a Gazeta de Notícias

1892

24 de Abril

Na segunda-feira da semana que findou, accordei cedo, pouco depois das galli-nhas, e dei-me ao gosto de propor a mim mesmo um problema. Verdadeiramente era uma charada; mas o nome de problema dá dignidade, e excita para logo a attenção dos Leitores austeros. Sou como as actrizes, que já não fazem beneficio, mas festa artística. A cousa é a mesma, os bilhetes crescem de egual modo, seja em numero, seja em preço; o resto, comedia, drama, opereta, uma pol-ka entre dous actos, uma poesia, vários ramalhetes, lampeões fora, e os collegas em grande gala, off erecendo em scena o retrato á beneficiada.

História da Arte – O Século XX

Marechal deodoro da fonseca

O Século XX

PeRCORREMOS quase metade dum século em que Marte sobrelevou às Musas. Uma Europa dilacerada, uma guerra que durou quatro anos, outra que provocou mudanças talvez mais profundas e cujas consequências são impossíveis de prever, sobressaltos económicos que arruinaram classes sociais inteiras e particularmente aquelas que pareciam ser a armadura das sociedades, e bem assim o súbito aparecimento e desaparecimento de países e a instauração de novos regimes sociais que consideramos com assombro misto de esperança ou de receio. Não nos deixemos, porém, equivocar. Não é provavelmente por essas catástrofes temporais que o futuro nos há-de julgar. Um quadro, uma estátua pesarão mais. Além disso, a arte não reflecte, ao que parece, essas convulsões, como não reflectiu, no passado, as da História.

Até hoje, não se pode pretender, apesar dos esforços de nacionalismos cada vez mais virulentos, que o primado francês esteja abalado. Pelo contrário, durante os anos que se seguiram à guerra de 1914-1918, Paris tornou-se o ponto de convergência de artistas de todos os países, tomando assim para si o antigo papel de Roma. Pôde falar-se duma escola de Paris, que compreendia Russos, Escandinavos, Espanhóis, Italianos, Checos e muitos outros ainda.

No entanto, torna-se-nôs difícil, hoje em dia, dominar essa balbúrdia.

Que o dealbar do século haja sido assinalado por uma reacção radical contra o impressionismo e que nos encontremos ainda nesta fase de reacção, eis o que não oferece dúvidas. Ela teve já vários episódios.

A Alta Renascença do Século XVI – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

A Alta Renascença do Século XVI

NO Século XVI, a atenção de toda a Europa concentra-se definitivamente sobre a Itália. A fabulosa fecundidade que favorecera este país durante os últimos cem anos decorridos não aumenta nem diminui. Todas as novidades — conhecimento do corpo humano, inteligência do antigo, aquisição do efeito de profundidade nos quadros e da materialidade dos objectos neles representados (valores tácteis) — tinham sido descobertos havia muito tempo e continuavam apenas a exercer os seus benefícios. No entanto, com o consenso universal, produz-se, por volta do ano de 1500, sob a acção de alguns homens, os mais célebres dos quais se chamam Leonardo de Vinci, Rafael e Miguel Angelo, uma completa mudança. Estes homens não pertencem todavia à mesma geração: Leonardo de Vinci é pelo menos vinte anos mais velho do que os dois outros, pode considerar-se perfeitamente um oontem porâneo de Botticelli e contudo não é ao lado de Botticelli que geralmente o colocam. Para justificar o que tão bem se concebe, há que recorrer a palavras que têm um sentido muito preciso para os artistas e é no entanto quase indefinível. Em suma, as que parecem mais convir aqui são as de segurança e de grandeza. Na maneira por que os homens do século XV exploravam as suas conquistas, havia quase sempre uma espécie de embaraço, de rigidez e também de secura: até os mais fortes, como Signorelli, não estavam isentos de tais fraquezas. Ora os seus sucessores assimilaram a tal ponto a nova linguagem que usam dela com uma naturalidade total. A forma era muitas vezes subdividida, acanhada, tinha qualquer coisa de quebrado, de fatigado, de incompleto. Agora, tudo se amplia e se arredonda, tudo parece tornar-se fácil.

O ROMANCE DO TEATRO

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

O ROMANCE DO TEATRO

Henry Thomas

Mistérios dos bastidores

JAMAIS vos ocorreu, quando vos sentais num teatro, que o espetáculo a que ides assistir é o resultado de uma série extraordinariamente complexa de atividades? Atravessemos a ribalta e tentemos reconstituir alguns dos preparativos requeridos para a representação duma peça. A primeira coisa que vemos é a variedade de luzes coloridas que se derrama sobre nós de todos os lados. Para o espectador, o palco está colocado numa espécie de moldura, iluminada do fundo, dos lados, de cima, de baixo e de frente. Quer estejam na ribalta, nas extremidades, nos bastidores, nas bambolinas, os glóbulos são cobertos de gelatina côr de âmbar, rósea, azul ou verde, combinadas de modo a produzir o efeito desejado. Começamos a ver que a física foi chamada a prestar auxílio aqui, e que só se obteve resultado almejado depois de incontáveis experiências.

Lançando um olhar para o palco, vemos que representa uma sala, com paredes, janelas, portas, instalação elétrica, mobiliário, tapetes e tudo quanto é mister para dar uma ilusão de realidade. Artistas e peritos desenhistas foram utilizados para fazer com que tudo quanto ali está forme uma harmoniosa unidade de conjunto e de côr. Porque quando os atores se movem diante desse fundo, o efeito sobre o observador deve ser semelhante ao da pintura. De modo que a arte se associa à ciência, contribuindo para nosso prazer.