COSMOPOLITISMO E NACIONALISMO

Oliveira Lima COSMOPOLITISMO E NACIONALISMO Exmo. Sr. Presidente, Meus Amigos: O presidente do Centro Acadêmico disse-me, ao convidar-me para estar presente à posse da nova diretoria, que desejava que as minhas últimas palavras em Pernambuco, antes de partir, fossem de animação à mocidade da Faculdade de Direito do Recife. Eu quero, porém, que elas sejam … Ler mais

ELOGIO A VARNHAGEN

Oliveira Lima ELOGIO A VARNHAGEN Cabem-nos certamente alguns dos defeitos por que somos acoimados. Como raça e como povo — latinos pela cultura, portugueses pelo sangue, brasileiros pela nacionalidade — do que não podemos, entretanto, ser facilmente acusados é de ser minguada a nossa admiração pelo talento, pelo valor e pelo sucesso. Ela é antes … Ler mais

AGRADECIMENTO AO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO PERNAMBUCANO POR MOTIVO DA ELEIÇÃO PARA SÓCIO BENEMÉRITO

Oliveira Lima AGRADECIMENTO AO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO PERNAMBUCANO POR MOTIVO DA ELEIÇÃO PARA SÓCIO BENEMÉRITO Exmo. Sr. Presidente, Meus Caros Consócios e Amigos: Diz um velho rifão português — os portugueses sempre primaram pelos conceitos judiciosos e precavidos em que se combinam a argúcia semita e o senso prático romano — que ninguém é profeta na … Ler mais

Processo de independencia do brasil e Primeiro Reinado – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

 

CAPÍTULO XIV

A independência nacional

"Já podeis, da pátria filhos, Ver contente a Mãe gentil; Já raiou a Liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira, Longe vá temor servil! Ou ficar a Pátria livre, Ou morrer pelo Brasil!"

(Do Hino Nacional Brasileiro.)*.

Os acontecimentos dos últimos meses haviam abalado e transformado tão completamente a disposição constitucional interna dos reinos unidos de Portugal e Brasil, que, antes de prosseguirmos na nossa narração histórica, se torna absolutamente necessário recordarmos o estado atual das coisas políticas.

Um rápido golpe de vista bastará.

O antigo absolutismo pesava desde séculos sobre todo o desenvolvimento do Estado, pelo que tudo, até nos mais extremos ramos da administração, estava intimamente impregnado pela revolução, que irrompia repentinamente; e sobre os seus destroços devia surgir uma nova ordem constitucional de coisas, que tornasse possível ao povo tomar realmente parte nas mais diversas esferas da vida do Estado.

Semelhante missão não se resolve facilmente, nem depressa, pois para a sua resolução era ao mesmo tempo necessária uma regeneração do povo; de um lado, tanto como do outro do Atlântico, foi preciso que primeiro, durante anos, se travassem duros combates, antes que se firmassem seguros alicerces, e, para a geral satisfação, nada mais que as formas externas da nova Constituição; porém, sob essa estrutura, escondia-se ainda, especialmente nos círculos inferiores da vida do Estado, o antigo sistema inalterado.

"No Brasil continuava apenas o velho regime português".

A princípio, de fato, deu-se somente pouca atenção, no lado brasileiro, à parte liberal da nova organização do Estado; é que o antagonismo nacionalista, que lavrava entre ambos os povos irmãos, de aquém e de além-mar, a relegava ao segundo plano. Antes de tudo importava, pois, a posição política de ambas essas partes do reino, uma para com a outra.

* Os versos de Evaristo da Veiga colocados à guisa de moto neste capítulo e para os quais D. Pedro I escreveu a música, nunca tiveram o caráter de hino nacional brasileiro, pelo menos oficialmente. Ê possível, contudo, que, até o aparecimento do belo hino de Francisco Manuel da Silva, o que ocorreu para celebrar a abdicação do primeiro Imperador, em 1831, fosse, de fato, o hino de Evaristo-D. Pedro I freqüentemente tocado em cerimônias oficiais. Possível, escrevemos, porque nada há documentado a respeito. Atualmente essa composição é conhecida como Hino da Independendo. (O.N.M.).

 

Nietzsche: Metafísica e Linguagem Subjetiva

RESUMO: O artigo visa abordar a metafísica a partir de um encadeamento de seu processo histórico, apontando a necessidade de ressaltar o papel da subjetividade ao longo desse projeto metafísico. Tendo como inspiração e ponto de partida de nossa análise o Prólogo do Assim Falou Zaratustra procuramos acompanhar a crítica que Nietzsche empreende ao modelo metafísico de pensamento, mostrando a necessidade de percorrer o caminho da Metafísica no ocidente, tendo como base os textos de maturidade do filósofo, onde fica evidente a orientação dada por Heidegger para a condução do problema.

Palavras-chave: Metafísica, Nietzsche, Subjetividade.

ABSTRACT: This essay aims to approach metaphysics coming from an enchainment of its historical process, indicating the necessity of making noteworthy the role of subjetivity along this metaphyisical project. Taking as inspiration and starting point of our analysis the Prologue of Thus said Zaratustra we try to follow the critics that Nietzsche undertakes the metaphysics model of thought, showing the necessity of covering the metaphysics way in the West, where the orientation given by Heidegger to the conduction of the problem is evident.

Keywords: Metaphysics, Nietzsche, Subjectivity.

Ao Marquês de Gouveia – Carta de Padre Vieira – 1684

Leva muitas cartas de aprovação, e dizem que vai pôr pleito a S. M. e pedir-lhe perdas e danos pelo tirar antes do triénio, prometendo que se há-de vir inteirar do terceiro ano que lhe falta. Eu, posto que conheço bem o tempo em que está o mundo, nem temo nem espero tanto; só digo a V. Exa. que, ainda que cessou a causa, continuam os efeitos, não tendo menos que recear os inocentes que os culpados; porque estes, fora da cidade e ocultos nos arredores de suas casas, vão dormir a elas, e os inocentes, contra quem em Lisboa se acharam testemunhas falsas, ou compradas entre os neutrais ou voluntárias entre os inimigos, lhes podem acrescer facilmente, e serem pronunciados; e, como o sindicante traz poderes para condenar e não para dar livramento nem absolver, mofinos dos que lhe caírem nas redes.

Literatura Francesa – século XVI

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Podemos alargar-nos acerca da literatura italiana, sem falarmos das estrangeiras, desconhecidas além dos Alpes. Mas ao passo que esta, que tinha dado flores tão precoces, via seu esplendor desvanecer-se, as nações que ela educara, colhiam os frutos que em seu seio haviam amadurecido. Se os franceses não puderam conquistar a Itália, de lá trouxeram o amor das artes e das letras, conhecimentos, livros, gosto. Luís XII fêz reunir pelo frade Gaguin a mais rica biblioteca daquele tempo, e roubou as dos dominadores de Milão e de Nápoles. João Lascaris e Jerônimo Aleandro foram chamados à sua corte. Esta animação porém era incerta e fugitiva. Luís I, cognominado o Pai das letras, rodeava-se de sábios; depois, de quando em quando, perseguia-os, e comprimia uma liberdade que lhe inspirava temor. O colégio de França, por êle fundado, reavivou o amor do grego e do hebraico, ainda que o ciúme dos grandes para com os homens de letras veio restringir a grandeza do projeto primitivo, e que o estudo das línguas orientais tornou suspeitos de heresia os que se ocupavam dele.

A GRATIDÃO DO LEOPARDO – fábula de animais africanos

Popularíssimo conto entre pretos e africanistas. É o XVIII do Folk-Tales of Angola, de Heli Chatelain, Nianga dia Ngenga ni na Ngo, Boston and New York, publicação do The American Folk-Lore Society, 1894, colhido entre os negros caçadores do Mbaka. Tema universal,, ocorre em quási todos os folclores. A mais antiga versão encontra-se no Panchatantra, assim como no seu resumo, Fabulas de Pilpay, entre o Homem e a Serpente que êle salvara do fogo. A Vaca, a Árvore votaram com a Serpente. A Raposa livrou-o, com o mesmo artifício. Corre mundo desde o ano 570.

J. P. Steel e R. C. Temple, no Wide-Awake-Stories, Bombay e Londres, 1884, recolheram uma versão popular no Panjap. O Tigre, ajudado pelo Brâmane, quer devorá-lo. Árvore, Vaca e Caminho opinam pelo Tigre. O Chacal, pretendendo reconstituir a cena, prende o Tigre para sempre. Couto de Magalhães ouviu o mesmo episodio entre os indígenas brasileiros do idioma tupí, O Selvagem, p. 237, Rio de Janeiro, 1876, onde a Onça, posta em liberdade pela Raposa, quer devorá-la. O Homem manda a Onça voltar ao fosso, deixando-a presa. O prof. Espinosa colheu uma variante em Espanha, Un bien con un mal se paga, León; a Cobra quer morder aq Homem que a salvou do frio. O Asno e o Boi foram pela Cobra mas a zorra (Raposa) exigiu a encenação inicial e a Cobra regressou ao alforge do Homem que a matou, ás pauladas, Cuentos Populares ‘Españolen, III.0, 264.°. Na América Central, dona Maria de Noguera registou El Fallo de tio Conejo, sendo o Boi, ameaçado pelo Tigre, salvo pela astucia do conejo (Coelho) ; Cuentos Viejos, p. 145, S. José de Costa Rica, 1938. Na Argentina, é o sr. Rafael Cano, Del Tiempo de Ñaupa, Buenos Aires, p. 213, 1930, quem fixou o conto, tendo como personagens o Tigre, o Homem e o zorro. Na África Oriental Portuguesa, Moçambique, o padre Francisco Manuel de Castro registou uma variante, ouvida aos pretos Macuas e transcrita pelo jornalista brasileiro Amon de Melo, Africa, p. 240, Rio de Janeiro 1941. O Perú’ Bravo, solto de uma armadilha pelos meninos Narrapurrapu e Nantetete, filhos de Moxia, ia comê-los quando o Coelho duvidou que êle tivesse cabido dentro da armadilha. O Peru Bravo, desafiado, voltou à prisão e ainda lá deve estar. Leo Frobenius, no African Génesis, seleção de Douglas C. Fox, p. 163, New York, 1937, tem uma versão dos negros Nupes do Sudão. O caçador livrando um crocodilo de morrer fora do Niger está condenado a morte. Asubi (esteira colorida do Kutigi) e um pedaço de pano, votam a favor do Crocodilo. O Boaji (almíscar) obtém a representação da cena e deixa o crocodilo no seco, escapando o Homem.

Encontrei uma versão brasileira no Nordeste, registrando-a no meu Contos Tradicionais do Brasil. E’ o Mt. 155 de Aarne-Thompson The Ungrateful serpent Returned to Captivity ainda conhecido na Alemanha, Itália, Estônia, Finlândia, Lapônia, Dinamarca, Flandres, Sicília e entre os pretos da Hotentócia. (C. CASCUDO)