LENDA DO GIGANTE DE PEDRA
Conta-se que Deus olhava o Novo Mundo como isento das culpas do Paraíso.
Por isso, deu-lhe como guarda um Gigante que devia viver só, como Senhor das Terras.
Visitando seus domínios, o Gigante alcançou as depressões do Pará. Muitos séculos depois, ainda quando essa parte da terra era ligada à África, certas tribos chegaram à floresta amazônica, povoando as selvas.
Certa vez, estava o Gigante a contemplar o céu às margens do Amazonas, quando, deslizando nas águas, surge uma piroga, tendo dentro um lindo ser minúsculo: uma índia, rainha de uma tribo próxima.
Aprisionou o Gigante o que via e passou a adorar o minúsculo ídolo, a ponto de se tornar seu escravo.
Vigiava-lhe os movimentos, mas fazia-lhe os mais raros presentes: peles lindas e penas vistosas.
Um dia, não lhe resistiu aos encantos e ao maculá-la, matou-a.
Horrorizado, fugiu, mas a natureza o perseguiu com horrendos temporais de raios, trovões e trombas d’água. Os rios transbordam cobrindo a selva.
O Gigante, sentindo que também perdera o Paraíso, correu para o mar que já cobria tudo. Mas não alcançou. Deus petrificou-o.
Desde então, por crime de amor, dorme o sono dos séculos sobre a Serra do Mar, o Gigante de Pedra.
Marisa Lira: Migalhas Folclóricas. Gráfica Lammert Ltda. Rio de Janeiro, 1951, pp. 56-57.
Fonte: Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Seleção de Anísio Mello. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962
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