CLIMA COMPLICADO

fev 10th, 2010 | Por | Categoria: Crônicas        

Nei Duclós

Calorão, inundação, terremoto, tsunami: a sucessão de exageros do clima chega junto com teorias para explicar porque o planeta resolveu ser mais hostil do que de costume. Antes, os excessos estavam confinados a regiões bem específicas. Havia o deserto, mas não o sol venenoso em praias outrora aprazíveis; havia a floresta chuvosa e tropical, mas não a inundação persistente nas cidades; havia o ciclone, mas não a combinação de tornados súbitos no interior que desconhecia esse tipo de evento.

A explicação mais aceita, a do aquecimento global, foi consenso por alguns anos, mas não é mais. Os adeptos das manchas solares como fonte das complicações ganharam força, mas não hegemonia. Lembro que até os anos 1990 a previsão mais constante era a de uma nova era glacial. Como isso mudou para seu oposto ainda é um mistério, mas o fracasso reiterado das explicações deixa as vítimas escaldadas. Não se sabe mais a quem recorrer, se aos cientistas ou aos místicos.

Houve um tempo em que as mudanças do clima emitiam sinais para cicatrizes ou ossos partidos. Veteranos sabiam prever chuva a partir de alguns sinais imperceptíveis para o resto dos mortais. A leitura de nuvens também era uma especialidade. Hoje, quando um tapete violeta e chumbado cobre um lugar, não sabemos se teremos apenas mormaço ou o furacão Katrina. A verdade é que o clima resolveu radicalizar, o que faz emergir algumas teorias, chamadas até bem pouco tempo de conspiração.

Resgata-se a história do cientista que teria inventado o raio da morte, que usa a ionosfera como espelho e reflete ondas enviadas de uma estação privilegiada de alta energia. Essa concepção sinistra seria a fonte de vários males, pois o uso do clima como arma daria poder absoluto a quem o domina. Também existe o hábito, a cargo de aviões misteriosos, de poluir o ar com vários tipos de elementos pesados, por motivos desconhecidos. Dizem que é para combater os efeitos do aquecimento global, mas os eternos desconfiados levantam outras hipóteses.

Resta pouco a fazer para a cidadania que tenta sobreviver com suas concepções antigas diante de tanta novidade. A não ser se informar melhor sobre os fatos e não fechar completamente a percepção para teorias que causem desconforto num primeiro instante.

(Crônica publicada no dia 9 de fevereiro de 2010 no caderno Variedades, do Diário Catarinense).

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