UMA TRAGÉDIA CORPORATIVA

jun 22nd, 2011 | Por | Categoria: Negócios        

Nei Duclós

O discurso corporativo de “vanguarda” imposto ao Brasil a partir dos anos 90 foi a base para sucatear o perfil empresarial do país, hoje entregue aos monopólios, fruto da fusão de bancos e grande corporações, e à venda em massa de unidades produtivas para os estrangeiros. A série de crises implantadas pelo terror financeiro, que acabaram sucateando a moeda, substituída por uma unidade de tunga internacional, o real, transformou o mundo corporativo numa espuma cheia de bolhas que se desfazem no ar. O que é o comércio brasileiro hoje senão um balcão de negócios para a venda de porcarias chinesas? O que vale não é a empresa, os funcionários, ou a produção, mas apenas o lucro da especulação, já que tudo foi transformado em insumo da indústria financeira.

Nesta série de intervenções, falo um pouco sobre essa tragédia, que postei no twitter.

A indústria financeira, ditadura mundial, passou borracha em indústrias nacionais e transformou tudo num bolo fecal de dinheiro virtual

Não se trata de comunismo, já que o governo é dos banqueiros e empreiteiras. Nem de capitalismo,já que o poder é dos monopólios

Os tentáculos não são ideológicos, são da indústria financeira internacional,que superconcentra renda e acaba com a concorrência

Capitalismo é concorrencial, não monopolista. Comunismo é monopólio do Estado, não dos bancos. Portanto, o inimigo é outro

Teoria corporativa de vanguarda é a que nega a empresa em função de sua posição no mercado especulativo financeiro. Em vez de produção,juros

A indústria milionária de eventos corporativos com seus temas recorrentes e palestrantes notórios é o mofo de brotou da destruição

Lideranças empresariais,de olho em cargos políticos,são coniventes quando não autores do quadro geral de sucateamento.Mas culpam o “povinho”

Como podem os brasileiros ocuparem as vagas que o país oferece se não há mais ensino e as empresas optaram por políticas irresponsáveis?

O fato é que destruíram os vínculos profissionais pautados pela competência e abriram a guarda para a demagogia do comportamento

Terceirização, fim dos niveis hierarquicos, sucateamento de direitos trabalhistas influem na destruição da mão-de-obra brasileira

Discurso fajuto importado de “revoluções”corporativas do Oriente capitalista fragiliza a empresa brasileira até seu completo desaparecimento

O oportunismo sem limites e a falta de escrúpulos foram transformados em teoria empresarial. Batizaram de ética

“Somos uma família” diz o fazendeiro para seu gado de corte, digo, o empresário para seus colaboradores

São muito pró-ativos, ou seja, canalhas juramentados com papel passado e diploma de bandido na parede, exposto com orgulho

“Meu objetivo é te derrubar” ou “quero tomar o seu lugar” são frases que ouvi explicitamente de colegas. Ninguém me contou, é fato

Já me refugiei um lugares que ninguém queria. Quando consegui algo, choveram os oportunistas com a cara lambida de “tu por aqui?”

Funciona assim. Te jogam de escanteio, mas você consegue recolocar a bola no miolo da área. Aí sempre tem um árbitro que anula a jogada

Fiz grande amizades na vida corporativa. Mas foram raras. No geral é um massacre coletivo, um urro na selva

Quando falam em mercado de trabalho com as caras maquiadas na televisão sempre me parece um filme de terror ambientado numa cidade pacata

Happy hour é o momento ideal para conseguir informações que possam derrubar os colegas no dia seguinte

O derrubador profissional é o mais próximo da vítima. É quem a leva para casa no último dia de trabalho. Acena e voa com seu carro vermelho

Nas reuniões corporativas, todos são inocentes. Na prática, todos rosnam e rangem os dentes. É confundido com sorrisos

O discurso ético nas reuniões corporativas serve para encobrir as rasteiras nos colegas que se destacam

Virou lei esse troço de culpar a hierarquia. E é tudo mentira, apenas um álibi para o carreirismo, mas em nova roupagem

No ensino, temos alunos analfabetos “oprimidos”. No trabalho, incompetentes insurgentes. Na política, revolucionários milionários

Quando surge alguma dúvida, a equipe pergunta para as paredes, o catchorrinho e o entregador de pizza. Mas não para o chefe. É muita colher

Numa equipe tem o que concorda sempre, a que tenta te seduzir, o que te contraria em tudo e o que boceja toda vez que você fala. Há exceções

É um alívio não depender nem de chefes nem de equipes/gangs. Trabalhar com liberdade, interagindo com os pares. Só assim funciona

Um chefe soma experiência e tem autoridade no ambiente de trabalho.Não se trata de privilégio. Mas é disso que o acusam

Um bom chefe é testado até a insânia pela equipe para provar que é uma pessoa ética. Mas sempre encontram um furo e o derrubam

Sempre fiz parte de equipes, nunca ocupava cargos de chefia. Quando chegou minha vez, tive que lidar com ferozes liderados derrubadores

Sem níveis hierarquicos intermediários, as equipes deitam e rolam na rotina das guilhotinas. Tudo pelo social

Quando inventaram de destruir cargos de chefia liberaram a caça ao chefe. É fácil derrubar. É frágil o funcionário identificado com o patrão

A equipe derruba o chefe para colocar no lugar alguém da equipe, confiável. Trata-se de distribuição de renda com espírito de quadrilha

Equipes fritam seus chefes. Acontece a toda hora. O derrubismo militante impera, mas não se fala nisso, só de chefes maus e prepotentes

Dê consultoria só quando tiver informação privilegiada. É o que aprendemos ultimamente

Não invente de dar consultoria sobre o que você domina. Sempre tem alguém que sabe muito mais. Melhor sair da reta

As notícias não vão além da manchete. No título estão todas as informações que acabam sendo repetidas no texto. É de uma pobreza terminal

Vou fugir para o Rio, diziam os criminosos dos filmes de Hollywood de antigamente. A fala foi atualizada: a capital agora é Brasília

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