de Para Além de Bem e Mal, de Friedrich Nietzsche.
por Miguel Duclós
Trabalho originalmente apresentado
para a Cadeira de Filosofia Contemporânea I, FFLCH USP, 1º semestre
de 2001.
O §289 diz o seguinte:
"Ouve-se sempre nos escritos de um ermitão algo
também do eco do ermo, algo do tom sussurado e da arisca circunpescção
da solidão; em suas palavras mais fortes, mesmo em seu grito, soa ainda
uma nova e mais perigosa espécie de calar, de silenciar. Quem, entra
ano, sai ano, e de dia e de noite, sentou-se a sós com sua alma em confidencial
duelo e diálogo, quem em sua caverna – pode ser um labirinto, mas também
uma jazida de ouro – se tornou urso de cavernas ou cavador ou vigia de tesouro
e dragão: seus próprios conceitos acabam por conter uma cor própria
de lusco-fusco, um odor de profundeza como de mofo, algo de incomunicável
e renitente, que sopra frio em todo aquele que passa. O ermitão não
acredita que um filósofo – suposto que um filósofo sempre foi
primeiro um ermitão – tenha jamais expresso suas próprias e últimas
opiniões em livros: não se escrevem livros , precisamente, para
resguardar o que se guarda em si? – ele até duvidará se um filósofo
pode, em geral, ter opiniões "últimas e próprias",
se nele, por trás de cada caverna, não jaz, não tem de
jazer uma caverna ainda mais profunda, um modo mais vasto, mais alheio, mais
rico, além de uma superfície, um sem-fundo por trás de
cada fundo, por trás de cada "fundamento". Cada filosofia é
uma filosofia de fachada – eis um juízo ermitão: "Há
algo de arbitrário se aqui ele se deteve, olhou para trás,
olhou em torno de si, se aqui ele não cavou mais fundo e pôs
de lado a enxada – há também algo de desconfiado nisso."
Cada filosofia esconde também uma filosofia; cada
opinião é também um esconderijo, cada palavra também uma máscara."
Existe algo de
inexprimível naquilo que a solidão revelou. Os escritos de um filósofo não trazem
nunca sua visão mais íntima, mais fiel a si, nem a força plena daquilo que é
o amadurecimento de uma meditação solitária. O próprio sentido da meditação
é o de uma ruptura com a efemeridade da vivência cotidiana, da banalidade desesperada
com que se vive o presente. O filósofo pode explicar a realidade através de
uma estrutura conceitual. Mas aquele que participa das coisas, de certa forma,
é impedido de perceber estas coisas com a mesma clareza. Odores que nos parecem
familiares são estranhos aos que vem de fora. Pode-se calar um protesto, engolindo
em seco, e escolher uma conivência hipócrita. Mas sempre se corre o risco de
um olhar estrangeiro colocar tudo em nova perspectiva.
Nietzsche é um
crítico da cultura e adota essa postura com toda as suas conseqüências, teóricas
e pessoais. Ao mesmo tempo em que declama aforismos inspirados que demolem boa
parte da tradição filosófica ocidental, da ciência, da religião, e do modo como
se pensam as coisas, adverte que aquele não é o sentido último de sua
obra, nem sua revelação mais profunda. Aqui, tendo em vista o conjunto conceitual
de sua obra, que, apesar de seu conteúdo, é extremamente coerente, deve-se tomar
cuidado com a escolha dos termos. Pois, se quisermos seguir os conselhos do
autor e tomarmos como válidas as chaves de leitura que indica para poder interpretar
sua obra, corremos o risco de efetivarmos na análise do autor certas posturas
que são combatidas em sua obra.
Nietzsche procurou coisas ocultas nos autores que comentou.
À crueza de sistemas fechados, que fundam a si sobre suas próprias bases, opôs
uma avaliação "psicológica", conformou-os ao seu próprio pensamento,
e extraiu deles observações perspicazes, mas distantes das correntes consagradas
pela tradição. Essa nova visão que o autor traz revela-se seminal para a filosofia
do século posterior. Como o mar fecundado pelo sangue de urano, a filosofia
do século XX se vê devedora em muitos aspectos da filosofia de Nietzsche: ,a
forma de exposição, no pensamento teórico, na procura pelo golpe derradeiro
na metafísica, na proclamação do fracasso do projeto iluminista racional e das
pretensões religiosas.
Seus inimigos são
tão devedores de sua filosofia como seus discípulos. Pode-se torcer o nariz,
procurar enquadrá-lo, determiná-lo, mas nunca destituí-lo de sua importância
devastadora. A velha pretensão da verdade na filosofia encontra em Nietzsche
o seu mais ferrenho adversário. É através dele que vertente derrotada da filosofia
– a dos que negam ao homem a capacidade de conhecer a verdade – torna-se vencedora.
Certamente seus adversários encontram muitas brechas para tecer suas críticas.
Bertrand Russel, por exemplo, ataca Nietzsche ferrenhamente por causa de seus
aforismos "machistas" e por negar um suposto "amor universal".
Mas esta visão filtrante implica numa leitura superficial de outros aspectos
muito mais importante. Ademais, só é válida enquanto feita dentro de uma pespectiva:
a postura teórica e pessoal de Bertrand Russel, no caso.
Nietzsche vai também
buscar na Grécia a base de sua filosofia. A influência dos gregos e dos helenos
em Nietzsche é central em toda a sua obra, desde as novas formas de se pensar
o problema trágico e relacioná-lo com o presente que aponta em seu primeiro
livro, A origem da tragédia no espírito da música, até os seus últimos
escritos, que pretendiam superar os gregos, por exemplo O que devo aos gregos
no Crepúsculo dos Ídolos.
Mas Nietzsche,
desde que se configura como um autor original na filosofia, nega esta tradição
triunfante de que falávamos, que pode ser nomeada em diferentes momentos como
platonismo, aristotelismo, racionalismo e que tem em comum a firme fé na possibilidade
de uma ciência. À essa tradição o autor usa, em diferentes momentos e formas,
os seus contrários, como o transe dionisíaco, o relativismo, a exacerbação,
o excesso passional ou o império da Vontade. Poucas pessoas escapam, no decorrer
da obra, de sofrer as marteladas do autor. Embora esboça admiração por alguns,
como Goethe, Espinosa e até Platão, tenho a impressão de que o único "herói
filosófico" de Nietzsche, após sua ruptura com Schopenhauer, é o pré-socrático
Heráclito de Éfeso. A este autor não tenho o conhecimento de nenhuma crítica
negativa, mas sim um cultivo, uma continuidade, um refúgio para a grande e ingrata
tarefa que foi a de negar a filosofia como aduladora da verdade. Como disse
antes, podemos dividir a filosofia como dois gomos de uma laranja. Ao gomo de
que participa Nietzsche estão os outrora desprezados, como os céticos, os relativistas,
Schopenhauer etc.
É dentro desta
perspectiva, portanto, que devemos tomar contato com os textos do autor. Procurando
lendo com os olhos livres, sem se deixar impregnar com toda essa estrutura valorativa,
presente em nosso espírito, que é vestígio da investigação filosófica e está
implementada de forma menos pura no senso comum. Não se pode ler Nietzsche dentro
do "rebanho" sem com isso ficarmos feridos pelo implacável veneno
de sua crítica, e percebermos o quanto de nós é afetado por essa crítica por
sermos, mesmo involuntariamente ou inconscientemente, cristãos, procuradores
de uma verdade, aspirando a um absoluto e ressentidos por nada encontrarmos,
por vermos a natureza indiferente às pretensões antropocêntricas de um homem
que se quer merecedor de um privilégio divino. Tampouco adianta tentar voltar
contra o autor suas próprias setas, tentando determinar seu pensamento como
um sintoma de sua estrutura psicológica ou de frustrações de suas vida pessoal.
Pois como adverte Nietzsche no §22 de Para Além de Bem e Mal, ele já está precavido
contra tal sorte de críticas, e ao fazê-lo podemos apenas afirmar uma das formas
múltiplas que seu pensamento propõe.
Zaratustra, o ermitão,
passa dez anos consigo mesmo em uma montanha e depois desce ao vilarejo para
pregar seus ensinamentos aos "populachos". Seu espírito encontrava-se
já como uma taça cheia de vinho que começa a transbordar, uma supersafra de
mel, como ele mesmo afirma. Urge jogar à humanidade o fruto daquilo que a solidão
revelou e esperar que alguém possa entendê-lo. Nietzsche é um estrangeiro, o
velho filólogo que com um ar irônico e um tanto lacônico pede perdão por inverter
as teorias físicas que querem ler a natureza como um livro e por enquadrar no
(ao seu ver) passageiro espírito democrático de uma época a universalização
das leis naturais. Mas também procura um leitor, coisa que talvez não tenha
encontrado em vida. Queixoso uma vez disse: "Gostaria que me lessem como
lêem Aristóteles". Isto é, com a mesma atenção, o mesmo cuidado, o afinco
e a exegese que torna cada vírgula no texto de Aristóteles objeto de um estudo
ou fruto de uma controvérsia. Para sanar essa falta, se coloca na figura de
um anunciador. O Zaratustra é o menestrel de uma filosofia do porvir e do devir,
mas também do eterno retorno, e mesmo de uma nova humanidade.
"Cada filosofia
é uma filosofia de fachada", escreve o autor. "não se escrevem livros
precisamente para resguardar o que se guarda em si?". "Cada filosofia
esconde também uma filosofia; cada opinião é também um esconderijo, cada
palavra também uma máscara". Estas afirmações podem ser usadas para duas
coisas. Primeiramente para entender o esforço filosófico e filológico do autor
em seu método genealógico, que busca as condições, as causas e as máscaras que
levaram os filósofos a direcionarem seus escritos para o alto, para o além-mundo,
ou que levaram os fracos e os escravos a inverter o sentido da palavra bom
como mal e criar assim a moral. Mas serve também para entender que o
melhor do pensamento de Nietzsche não nos foi contado, e mesmo o que foi dá
margem à inúmeros erros de interpretação. Pois é preciso uma esmerada arte-de-interpretação
para entender Nietzsche, para fazer jus à sua obra ou à sua postura perante
os problemas da filosofia. Ou, na exatidão técnica do dizer de Vânia Dutra de
Azeredo:
"Ora, se de um lado, a cumplicidade requer o abandono da imparcialidade,
de outro, a própria imparcialidade já se apresenta como elemento a ser interpretado.
Com isso, o texto nietzscheano remete toda afirmação, produção, a uma interpretação".
(AZEREDO, 2000)
O
autor tinha consciência da magnitude da sua obra, Assim Falou Zaratustra
dizendo que muitos dos livros clássicos não chegavam aos pés de sequer um dos
discursos de Zaratustra e que ninguém poderia compreender o livro antes de ser
profundamente ferido e influenciado por cada uma de suas palavras. O compromisso
de Nietzsche era apenas consigo, e uma certa desesperança com seus conterrâneos
e contemporâneos se expressa nesta sua frase acerca da obra posterior a Zaratustra,
Para Além de Bem e Mal: "é incompreensível, pois remete a experiências
só minhas, e eu não encontro companhia nem entre os vivos, nem entre os mortos".
Esta frase demonstra a solidão de Nietzsche, fonte de sua originalidade, mas
também, levada ao extremo, de uma angústia. Talvez o autor não tenha podido
se furtar a esse dualismo: o de uma sereno-jovialidade que só o dispõe a acreditar
num deus que saiba dançar e de solidão devassadora, somada a várias decepções
pessoais, que a ele confere certas vezes um ar ranzinza e um descrédito geral
com a humanidade, onde não consegue achar pares.
Zaratustra é o
alter-ego de Nietzsche uma versão literária de suas inspirações e sentimentos
mais nobres, que encontram na corrente filosófica o ambiente mais adequado para
despejar aquilo que Nietzsche acumulava e preparava desde sua juventude. É um
acerto de contas com o mundo, quem se dispõe a entendê-lo e puder fazê-lo poderá
encontrar lá a explicação e os dizeres de uma filosofia do ermitão. Mas é um
acerto de contas generoso, nada rancoroso, que não cobra dívidas. Semelhante
ao homem superior, que, com apenas uma inflexão afasta de si tudo o que é nefasto,
todo o ressentimento encruado que nega a vida. A figura do ressentido é devastada
em muitos pontos do pensamento de Nietzsche. Além do já referido asceta que
inverte o sentido de bom ao criar a moral, no desprezo ao estulto, ao populacho,
àqueles que procuram além das estrelas uma causa e uma origem para este mundo,
numa desconfiança mesquinha para com a natureza. Azeredo seleciona um trecho
de Para a Genealogia da Moral em que Nietzsche determina bem a figura
do ressentido, inversor de valores e criador da moral dos escravos:
"O levante dos escravos na moral começa quando o ressentimento
se torna criador de valores: o ressentimento de seres tais, aos quais está vedada
a reação propriamente dita, o ato, e que somente por uma vingança imaginária
ficam quites. Enquanto toda moral nobre brota de um triunfante dizer-sim a si
própria, a moral dos escravos diz Não logo de início, a um ‘fora’, a um ‘outro’,
a um ‘não-mesmo’: e esse é seu ato criador. Essa inversão do olhar que põe valores
– pertence, justamente, ao ressentimento: a moral de escravos precisa sempre,
para surgir, de um mundo oposto e exterior, precisa, dito fisiologicamente,
de estímulos para em geral agir – sua ação é, desde o fundamento, por reação".
(Nietzsche, GM, I, §10 apud AZEREDO, 2000)
As interpretações
filosóficas e religiosas ressentidas freqüentamente defendem uma melancolia
ou guerra originadas por uma suposta escassez. Nietzsche chega mesmo a argumentar
contra Darwin, apontando que todo o sistema evolucionista parte da escassez
de recursos, sem prestar conta à magnífica abundância com que a natureza presenteou
o homem. Para se contrapor a esse consenso, Nietzcsche formulou sua própria
visão do mundo. A constituição cosmológica de Nietzsche envolve três núcleos
principais: a vontade de potência, sua relação com a vida, e o universo como
conjunto de forças. Os valores se equivalem, assim como as avaliações. É possível
provar tanto uma coisa quanto o seu contrário. Diante deste dilema, Nietzsche
encontra a saída encontrando um único valor em si mesmo: a vida, a existência,
pois em todo o querer e em todo o viver já há o existir, mesmo sua negação é
apenas uma dispersão da força dentro da própria vida. Com esta solução, o autor
pode propor a perspectiva contrária ao ressentimento: a perspectiva que afirma
a vida e que honra a terra. Existe algumas figuras femininas nos escritos de
Nietzsche que, ao meu ver, se associam: a natureza, a sabedoria e a vida. Em
O nascimento da tragédia Nietzsche já esboçava, tomando como ponto de
partida o famoso fragmento 123 de Heráclito, que a natureza ama esconder-se,
e só pode revelar-se perante a força ou virilidade do homem. Na terceira dissertação
de Para uma Genealogia da Moral, Nietzsche toma como epígrafe uma frase
de Zaratustra, exemplificando como se pode ler um aforismo. Essa frase diz o
seguinte: "Descuidados, zombeteiros, violentos – assim nos quer a sabedoria:
ela é uma mulher, ela ama somente um guerreiro." Outros trechos poderiam
ser selecionados, como o prólogo de Para Além de Bem e Mal. Essa figura feminina,
tão nobre e altiva, que precisa ser conquistada, se contrapõem a algumas outras
visões negativas acerca do universo feminino que Nietzsche expõe em alguns de
seus aforismos, especialmente em Para Além de Bem e Mal. É porém na segunda
parte do Zaratustra, no capítulo denominado "Da Superação de Si" que
se encontra uma pujante figuração acerca da figura feminina da vida, uma dessas
passagens que não deixam dúvidas de que o autor tem como fonte de sua filosofia
uma força pura conservada para si:
"(…) E este
segredo a própria vida me contou (…)"
A vida conta o
segredo da vontade de potência, do modo de todo o vivente, da obediência e da
vontade de ser senhor de todo o vivente. Essa vida que revela seu segredo ao
Zaratustra (um Nietzsche idealizado) é um pouco como a natureza que costuma
se velar do fragmento 123 de Heráclito. E correndo o risco de cair numa contradição
absuda, poderia-se afirmar que é um pouco também como a Deusa que conta a verdade
ao escolhido Parmênides, conforme este relata em seu poema "Da Natureza".
A força desse capítulo de Zaratustra e o papel da vida que se desvela parece
exprimir mais do que uma figura de linguagem ou um recurso literário. Embora
não seja uma revelação mística – uma vez que não há plano transcendente e a
existência já está na própria vida – ainda assim trata-se de uma revelação.
A vida é o único valor autônomo em Nietzsche e aqui ela fala por si, afirma
uma verdade ao guerreiro Zaratustra.
Embora o conceito
de vontade de potência só seja melhor desenvolvido nos fragmentos póstumos,
é algo que permeia, mesmo que em intuição ou premonição toda a obra de Nietzsche,
sendo absolutamente central. O conceito é introduzido no próprio Zaratustra
em três capítulos, "Dos mil e um alvos", "Da Redenção" e
este "Da superação de si". (cf. MARTON, 1988). Trechos como "onde
encontrei vida, encontrei ali vontade de potência; e até mesmo na vontade daquele
que serve encontrei vontade de ser senhor" já fazem intuir a ligação entre
vida e vontade de potência. Se olharmos mais de perto poderemos ver mesmo uma
identificação entre os dois:
"(…)
a idéia de que vida e vontade de potência se identificam. E acrescenta: somente
onde há vida, há também vontade: mas não vontade de vida, e sim – assim vos
ensino – vontade de potência!". Neste momento, a vontade de potência caracteriza-se
como vontade orgânica; é própria não unicamente do homem, mas de todo o ser
vivo. Escritos posteriores vão além e deixam entrever que ela se exerce em cada
órgão, tecido ou célula. (…)
Outro
fragmento póstumo apresenta um novo dado: "a vontade de potência só pode
manifestar-se face a RESISTÊNCIAS; procura, pois, o que lhe resiste, procura,
pois, o que lhe resiste: tendência original do protoplasma, quando estende seus
pseudópodes e tateia à sua volta". É por exercer-se que ela torna a luta
inevitável, e isso ocorre na medida em que encontra resistências. Assim a vontade
de potência, efetivando-se na célula, faz com que esbarre em outras que a ela
resistem, mas o obstáculo constitui um estímulo. Daí decorre a idéia de que
a luta se desencadeia de tal modo que não há pausa ou fim, possíveis."
(MARTON, 1988)
Além dessa aspecto
orgânico da vontade de potência, que encontra relação com a ciência do século
XIX, a qual Nietzsche não era alheio, nos salta aos olhos esse eterno efetivar-se
cego que constitui um jogo de forças. Esse efetivar-se nunca recai numa teleologia,
não visa nenhum fim a não ser o próprio efetivar-se e a busca de sua ampliação.
A vida vai ao encontro de mais potência, em direção do máximo de potência. A
sua realidade mais íntima e profunda é o querer. Dos conflitos que aí resultam
temos não meramente a vontade de dominar, pois o dominar está ainda ligado aos
valores que o homem tem de se desprender, mas a vontade de criar. O homem senhor-de-si
consegue vencer o dragão milenar dos valores que dizem "Tu Deves"
(cf. ZARATUSTRA).
Com isso fica evidente
que a filosofia de Nietzsche fala também para um porvir, se envolve de um caráter
esperançoso e otimista. O seu caráter aforismático e asistemático rendeu e rende
inúmeras interpretações e até mesmo algumas tentativas de apropriação; por diferentes
meios: artísticos, filosóficos, políticos, pessoais e existenciais. Mas permanece
inapropriada e aberta ainda aos olhos livres, como um coringa, sendo isso explicado
pelo nosso mote do parágrafo §289 de Para Além de Bem e Mal, pois um
"ermitão não acredita que um filósofo – suposto que um filósofo sempre
foi primeiro um ermitão – tenha jamais expresso suas próprias e últimas opiniões
em livros".
BIBLIOGRAFIA
· MARTON,
Scarlett Zerbetto, Nietzsche, Cosmologia e Genealogia – Tese de Doutoramento
apresentada ao Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, 1988.
·
MORA, José Ferrater. Diccionário de Filosofía. Editoria Ariel, Barcelona, 1994.
NIETZSCHE, Friedrich
· Obras
Incompletas – Trechos selecionados por Gérard
Lebrun e traduzidos por Rubens Torres Filho publicados no volume Nietzsche da
Coleção Os Pensadores. Nova Cultural, 1983.
·
O Nascimento da Tragédia –
Tradução de J. Guinsburg. CIA das Letras, 1999.
· Para
Além de Bem e Mal – Tradução de Paulo Cézar
de Souza, CIA das Letras, 1997.
·
Genealogia da Moral – Uma polêmica
– Tradução de Paulo Cézar de Souza, CIA das Letras, 1998.
De Más allá del bien y del mal –
Tradução de Sánchez Pascual. Alianza Editorial. Edição virtual de Horacio Potel
– Nietzsche en Castellano http://habitantes.elsitio.com/hpotel/
· Beyond Good And Evil – edição virtual da "Pirate Nietzsche Page"
– Central Washigton University – http://www.cwu.edu/~millerj/nietzsche/bge.html
· AZEREDO,
Vânia Dutra de – Nietzsche e a Dissolução da Moral. Coleção Sendas e
Veredas. Discurso Editorial. São Paulo, 2000.
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