Cota para Negros nas Universidades.

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    Olá a todos…

    Hoje (20/11/2002) é comemorado o dia da consciência negra no Brasil.

    Nestas eleições vários candidatos utilizaram como plataforma política a proposta de Cotas para Negros nas Universidades Públicas do Brasil.

    Tal proposta, com todo seu altruísta e idealismo, seria em verdade uma política efetiva e eficiente no combate ao preconceito e as diferenças sociais em nosso país?

    ou

    Constitui apenas mais uma medida populista que não resolve o problema do acesso da população pobre nas concorridas universidades públicas do Brasil?

    Isto é… existiria preconceito racial em um exame da admissão como o da Fuvest?

    E finalmente, no Brasil, como definir um negro?

    E os mulatos e os pardos(maioria), seriam considerados negros?

    O problema não seria outro?

    abs.

    #77426

    Eu cou contra a cota para negros.

    Por mais que os defensores dessa causa digam ser hipocrisia querer fechar os olhos para a discriminação presente e histórica no país, e por mais que digam o percentual de negros hoje na universidade é aquem do ideal, julgo que o argumento principal para as cotas é perigoso e equivocado.

    Os métodos de seleção para o ensino superior não podem ser relativos à raça. Isso, é, sim, um racismo às avessas. É uma forma de discriminar os negros e também a brancos. Tudo bem, a seleção hoje depende muito de critérios econômicos. A classe média paga o ensino fundamental e médio e quer uma compensação no terceiro grau. Os cursinhos, verdadeiras indústrias, faturam horrores. Mas, a questão aí é de melhora do ensino público. O ensino público tem de ser competitivo com o particular e tornar o aluno apto a frequentar a instituição. E isso não é sonhar muito. Era assim até antes do golpe de 64. Os que não conseguiam acompanhar o público pagavam o privado. E hoje, escolas públicas especiais como as ETEs e Federais tem alta taxa de aprovação. O percentual de oriundos de escola pública na USP não é tão desprezivel. Era de 35% a ultima vez que vi.

    Se o problema é econômico, pois, as cotas não resolvem. E os milhões de pobres brancos?

    Se a questão é corrigir a injustiça histórica de exploração e marginalização da raça negra, o problema se mantém. Isso não contribuirá em nada para uma sociedade igualitária, só perpeturará a herança do passado. E se o aluno entra porque é negro, e por acaso está despreparado? Conseguirá acompanhar o curriculo? Este terá de ser nivelado por baixo, ou terá de ser criado um currículo diferenciado para os alunos das cotas, aumentado ainda mais a discriminação? É evidente que o ensino superior não é para a totalidade da população, é preciso uma seleção por mérito. As vagas no terceiro grau aumentaram muito, justamente por conta das universidades-empresa paticulares, que não se preocupam com a excelência ou a pesquisa, mas tem o principal objetivo de (mal) preparar massas para abastecer o mercado de trabalho.

    E por último, o critério para se definir quem é negro ou não é vago, e tende dar margem à sem-vergonhice. No Brasil, a mistura impera. É a famosa meta-raça do Sérgio Buarque, mistura de todas as raças. Essa é uma riqueza do pais. Mesmo preconceituosos que se julgam brancos tem sangue negro. O censo revela apenas 8% de negros no país e uma imensa maioria de mulatos.

    Gostaria que os defensores dessa idéia esclarecessem os pontos que levantei.

    #77427

    Quando tentamos imitar uma coisa boa que os americanos criaram, a maior parte das pessoas “ cai de pau”. Refiro-me as Affirmative Actions”, que se traduziram em cotas para as chamadas minorias raciais e que aqui, no Brasil, estamos tentando implantar. A questão que o Onofre levanta , é correta apenas no sentido, que o problema maior é o social. Resolva-se o problema social e tudo mais estaria resolvido. Todavia, entendendo que como os problemas sociais estão longe de serem resolvidos( até porque existe um reacionarismo intenso nesta sociedade, ainda mais devido ao pavor de medidas socializantes, que muitos mostram , aqui, no fórum), o sistema de cotas se mostra, sim um importante instrumento na tentativa de se corrigirem injustiças históricas.Só para lembrar algumas das injustiças perpetradas: a escravidão negra foi abolida, mas não foi dado terra aos libertos,mas para quem??? Para imigrantes europeus brancos( na grande maioria alemães e italianos), que assim tiveram toda a condição para prosperarem.Quero lembrar que se pretende aplicar as cotas não só às universidades, mas a empresas ( no princípio só as públicas) , e outras instituições. Todos se preocupam, apenas com as dificuldades que um modelo de cotas teria para ser implantado,mostrando, na minha opinião o raciocínio típico de conservadores( não é possível distribuir renda, teremos problemas com as cotas, etc…só dificuldades). Quanto a questão de se definir o que é um negro…ora …é bem simples, bastará a própria pessoa dizer-se negra. Já sei…todos dirão que louros de olhos azuis , irão declarar-se negros….sempre as dificuldades , desprezando a honestidade , que também está presente nas pessoas. Isto fará parte da afirmação das pessoas de cor, uma vez que pouca gente no Brasil, tem a coragem de declara-se negro. Ou seja, a política de cotas, sem exageros( na minha opinião 30% de cotas para negros como queria o Gov. Garotinho, é um flagrante exagero…para os padrões brasileiros, não devem existir 30% de negros no estado do Rio), será um importante instrumento para ao menos serem minimizadas as injustiças cometidas contra os negros.

    #77428

    Demagogia! É a velha mania de querer importar soluçoes (e problemas) de fora: Ianques, come here

    O contexto americano é completamente diferente do brasileiro, especialmente no que diz respeito ao social e à diferenciaçao racial. E mesmo que essa “soluçao” fosse boa para eles, nao significa que seria boa para nós – nao sei como poderia ser, já que nao temos o mesmo problema.

    Concordo plenamente com o Onofre. Parece que, enfim, insatisfeitos pelo fato de o Brasil ser melhor do que os EUA numa coisa, querem importar o problema… quem sabe assim nos tornemos mais iguais.

    Isso ajudará que as pessoas se declarem negras? O que é ser negro? O que é ser branco? Qual o criterio de pureza, se é que isso existe? Qual o proveito disso? Nunca vi gente andando com camisas “100% branco”, mas já vi o contrário.
    Quem é racista afinal?

    Por que 30% é muito? Por que nao estabelecermos 100% e declararmos todos negros? Parece piada…

    #77429

    É exato. O contexto americano é completamente diverso do nosso. Para começo lá o ensino superior é quase todo pago, aqui o movimento é para universidades gratuitas.

    Os americanos só mostram seu grau de preconceito com essas decisões aparentemente politicamente corretas, mas que na verdade são sectarizantes. Os latinos nos EUA, por exemplo, tem muitas facilidades: encontram cursos e universidades que funcionam SÓ PARA ELES, e tem moradia subsidiada, criando verdadeiros GUETOS terceiro-mundistas. Não pensem que a elitezinha de Harvard é tão acessível assim. Aliás, como se sabe, nos EUA se você tem um pingo de sangue negro você é considerado negro. Essa cultura anglo-saxônica nada tem a ver com a realidade do Brasil. Aqui não cabe a palavra minoria, e sim maioria.

    A medida de cotas é populismo e demagogia, como apontou o Pilgrim. O problema está no social, como eu apontei, e a questão é melhorar o ensino público. Dizer que isso é inviável sim é niilismo.
    Sou a favor de atitudes como as dos cursinhos comunitários, que so cobram uma ajuda de custo, como tem tantos na USP, por exemplo. Mesmo uma iniciativa como a do Núcleo de Consciência Negra, que mantém um cursinho que só aceita negros é válida.

    Nancy Fraser trata bem desse problema. As demandas por reconhecimento, de ordem cultural,não podem entrar em conflito com as demandas por redistribuição, de ordem econômica. A primeira busca diferenciar – um grupo ou etnia, valorizando sua especificidade cultural, a segunda vista homogeneizar. O desafio é combinar os dois remédios para essas duas formas de injustiça.

    E mais uma dificuldade, que sempre as há: Como vai ser a seleção entre os negros? Critério Socio-Econômico ou Mérito Intelectual? A Medida corre o risco de criar conflito entre negros-que-passaram-na-cota e negros-que-não-entram-na-cota. Aumentando ainda mais a diferenciação.

    #77430

    O contexto americano é difernte em outro sentido também: Lá, as universidades realizam entrevistas pessoais para aceitar um candidato ou não. O entrevistador/banca pode ser influenciado pela cor do entrevistado. Aqui no brasil, a prova não tem cor, e o corretor não sabe se está corrigindo a prova de um branco, de um índio, de um negro, de um chinês ou de um poodle. Passa quem vai melhor.
    Agora, se quem vai melhor é quem tem mais dinheiro, por que quem tem mais dinheiro tem educação de qualidade, temos que corrigir isso com intervenção do Estado, melhorando o ensino público. O papel do Estado não é lucrar rios de dinehiro e, sim, o bem comum, ao contrário dos cursinhos (DOH). Nos Estado Unidos o problema a ser corrigido é outro: racismo pode imepdir que alguém passe numa entrevista, portanto a solução é outra.
    É claro que existe racismo no Brasil, e nos EUA, e na Alemanha. Acontece que, nessa questão específica, o problema é social. A sociedade manter uma amioria negra na camada dos excluidos socialmente é ainda um outro problema, que não vai nem ser tocado com a proposta das quotas.

    #77431

    Lamento, mas não posso concordar com vcs e vejo que os negros no Brasil, vão ter que se mobilizar de maneira mais intensa, porque, ficar esperando o que os “brancos” brasileiros acham….e olhe que estamos em um site , onde imaginei que as pessoas seriam mais tolerantes e progressistas.Mas a questão do contexto americano ser diferente do brasileiro. Sim , há diferenças , mas há, no essencial, semelhanças. Vamos as diferenças: Primeiro: podemos dizer que norte-americanos, são de fato, racistas e nós temos preconceito de cor. Explico melhor. Aqui, nós aceitamos judeus, japoneses e outros asiáticos, etc, mas não aceitamos os negros( mesmo que de forma dissimulada). Lá judeu, japonas, latinos e assemelhados costumam-se, inclusive, por exemplo, casarem-se só no que eles chamam de seu próprio grupo étnico. No topo das escala deles, está o WASP: White- Anglo- Saxon- Protestant, significando por exemplo, que alguém branco, de origem italiana, mas católico, já não estará no topo da lista, embora seja mais bem aceito que um negro. Aqui, repetindo, aceitamos tudo que é judeu, japona, argentinos arrogantes e pentelhos, mas nunca o negro. Mas e as semelhanças? Bom, quem disse que um negro no Brasil, não pode perder um emprego em uma entrevista, é muito ingênuo. Isso acontece freqüentemente. Sei de um médico que não aceitava atendente negras em seu consultório, claro que a justificativa era sempre que o cargo já havia sido ocupado, etc. Em passado não tão longínquo, colégios privados mais caros, aqui no Brasil, também tinham um histórico de recusarem negros. Mas ainda, nesta semelhança existe uma grande diferença entre EUA e Brasil. Aqui, existe o racismo, mas há uma aceitação da presença do negro. Ou seja, o cara faz piadinha com o “ negão” guardador de carros da esquina, mas jamais o convidará para sua casa. Nos velhos tempos dos EUA, um jovem procurava emprego em uma loja de proprietário branco e o branco pegava seu rifle embaixo do balcão, cuspia no negro e o expulsava. Aqui, o dono branco( mesmo que seja um ‘ pau de arara” de cabelo duro, mas aceito como branco para nossos padrões), faz uma gracinha, conta uma mentira e contrata um branquinho. Enfim… Quanto a questão, bem comum, que vcs adoram colocar…gente com camisas 100% negro…não seria um racismo ao contrário? Nada a ver, isto é apenas uma revolta natural de uma população que chegou como escrava. Nenhum branquelo,chegou a sofrer como um escravo. Enfim.. Eu, se fosse um negro, para nossos padrões me emgajaria , até de forma violenta, se necessário, para começar este sistema de cotas. Se implantado, este sistema, talvez aí, surja algo desconhecido entre nós. Aí talvez o ódio racial fique mais explícito no Brasil, o que ajudará a organização dos negros, pois a coisa explícita costuma unir na luta.

    #77432

    No inicio da minha primeira mensagem eu ja procurava me prevenir contra esse problema. Quem argumentar contra essa questao especifica ja e taxado de racista ou anti-progressista. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Argumentos foram mostrados para tentar explicar que essa medida nao e socializante, mas perneta, dubia, sectarizante. Nao se pode apoiar tudo que vem numa causa. E obvio que existe racismo, como o daniduc falou, mas nas universidades o percentual de negros e baixo nao por uma questao de racismo.

    O caso de miscigenac,ao no Brasil problematiza essa sua questao de luta racial. Aqui nao ha um grupo racial especifico, de forma a se organizar politicamente. A cultura brasileira e uma mistura multi facetada de todas essas heranc,as, e essa e uma riqueza do pais, que faz ele ser adorado.

    E esta historicamente errado dizer que os brancos nunca sofreram como escravos. Citando o mestre Antonio Candeia, da Poetela: Negro , nao se humilhe, nem humilhe a ninguem / Todas as rac,as / ja foram escravas tambem.

    Voce sempre se refere `a sua decepc,ao por nao encontrar pessoas “progressistas” neste site. Este e um espac,o publico de debates, onde qualquer internauta e bem vindo para expressar sua opiniao, e onde se pretende que as discussoes progridam apenas pelo valor e forc,a de argumentos. A ac,ao dos moderadores e requisitada apenas em casos extremos, em que um usuario se exprime de maneira grosseira, preconceituosa contrariando a reta razao. Nao foi isso que eu vi nesse thread, e sim um debate com argumentos. Entao vamos nos resguardar de acusac,oes ressentidas.

    Por ultimo, concordo com o daniduc em relac,ao ao vestibular. Ao contrario do que pregam, a FUVEST e democratica, pois e definida por criterios matematicos, nao faz distinc,ao de rac,a, cor credo, ,preferencia sexual etc. Se existe uma industria de cursinho e se a maioria que entra faz parte da classe que paga caro pela educac,ao e um problema a parte, que tem de ser resolvido fortalecendo as opc,oes nao pagas. Um outro metodo de selec,ao, como entrevista, daria margem a injustic,as.

    #77433

    Ainda não posso concordar, com mera retórica literária, como essa que todas as raças já foram escravas. O modo escravista de produção acabou no feudalismo, mas a escravidão NEGRA existiu, muito após o capitalismo e, mesmo após a revolução industrial, sendo o Brasil, talvez o país ocidental, onde a escravidão NEGRA,perdurou por mais tempo. Esta injustiça histórica, tem agora a condição de ser reparada, mas como sempre as pessoas são conservadoras. Veja que( ainda) não os chamei de reacionários, mas conservadores, o que é diferente. O perfil das pessoas , aqui, vem mostrando este conservadorismo. Quando se fala em “sistemas equalitários” como o socialismo as pesssoas ” caem de pau”. Quando se fala, sobre as cotas, aí então, estes mesmos talvez inconscientemente, lembram do social( que eles também não estão, no fundo, muito preocupados). Nossa cultura pode ser multifacetada e tal, mas a elite, é, praticamente, toda composta por brancos. Um exemplo que salta a vista: No governo FHC, existe , algum ministro negro ou mesmo mulato? Malan, Fraga, etc, etc, são branquíssimos. Jamais tive um chefe negro. Participo em inúmeras instâncias na minha vida profissional como engenheiro, em reuniões, foruns de especialistas,junta de consultores,etc, e nunca vejo negros. Ha uma flagrante ” invisibilidade ” do negro, em todas as instâncias de nível social mais elevado. Todavia, não quero me incompatibilizar com os presentes deste site, e vou(tentar) dar por encerrada a minha parte nesta discussão, até porque caberá aos que se consideram negros se mobilizarem , por esta luta de integração que ,já se antevê , será dura.

    #77434

    Tbm não sou favorável à criação de cotas para negros e sim cotas dependentes da renda familiar. Seja ela de negros, amarelos, vermelhos ou brancos. Basta ir a uma sala de direito no São Francisco, ou de medicina de alguma conceituada estadual, federal e verá que a maioria quase absoluta é de classe elevada, com renda alta. Bom, fuvest para mim discrimina sim! Haverá sempre exceções, mas a regra é simples: Tem grana para um bom colegial e cursinho, entra. Não tem? Sai. E depois vc vê anúncios para estágio dizendo: Aceitamos estagiários da USP,PUC, Mack. Ou mais, deve falar 2 idiomas, ter conhecimento em windows e seu baratíssimo office… Quem tem acesso a tudo isso? Eu tive e assim mesmo não sou convidado por qualquer empresa… Imagine quem não teve. Fuvest é máscara, é conservação do status quo. Quem tem pode ter um preparo melhor, acesso a excelentes professores etc, quem não pode… Vá para uma particular, ops…cade o dinheiro? Porém a discussão é sobre cotas para negros…Mais uma máscara?? Tipo, vamos deixar uns negrinhos entrarem…tudo estará resolvido. Nada mais elitista….

    #77435

    Sim..lamentavelmente, tu não es convidado por qualquer empresa, mas nem por isso entendes que as lutas sociais e contra o racismo( mesmo este nosso racismo dissimulado e apenas dirigido contra negros), assim como várias outras lutas devem caminhar juntas. Tu es o resultado daqueles que sempre foram, contra, politícas de pleno emprego( se a iniciativa privada não fornece emprego, que o estado o provenha, mas qual…as pessoas acham que o estado , sempre, administrará mal…não avaliam a possibilidade de um verdadeiro estado democrático), as politicas de compensação social( se não há emprego pela iniciativa privada, estado, etc, que exista um salário desemprego, decente, mantido com taxação pesada sobre os muitos ricos…mas isso é coisa de comunista e sempre desprezada). Por fim existirão sempre aqueles que são contra cotas. Uma lástima que não percebem que a questão de cotas, poderia ser muito expandida, não só para negros , mas para carentes, ou pessoas sem oportunidade em geral. Ou seja, estamos em uma sociedade , extremamente conservadora( ainda não disse reacionária, embora existam também presentes estes elementos), que qualquer inovação é sempre vista com estranheza. Qualquer ousadia, seja em propor taxações progressivas a renda, fortuna, herança para aplicação em políticas sociais e por extensão as de compensação por injustiças históricas são sequer consideradas. Aí , talvez a raiz de todos nossos problemas. Mas enfim…termino com a minha habitual , antipatia. Talvez um colega meu( um conservador quase reacionário), tenha razão, ao criticar o que ele chama de eu estar possuíddo por uma extrema sede de justiça e igualdade. Ele não entende, afinal sou abastado e branco para os padrões brasileiros, que se danem os pobres e pretos( diz ele).

    #77436

    A injustic,a historica da escravidao jamais podera ser resolvida, atenuada, como voce disse, nem tampouco atenuada. Nenhuma cota seria capaz disso. Nao e isso que se esta discutindo. Voce leva a discussao para inumeros pontos que nao sao concernentes ao topico em questao. Permeia com exemplos pessoais e generalizac,oes que tem pouca importancia. Desqualifica as outras opinioes como conservadoras, quando tudo o que voce defende e progressista e libertario.

    Bem, voce participou de algumas discussoes do forum. Esgrimou contra um anti-marxista. Se procurar nos arquivos por discussoes mais antigas, vera que uma postura marxista, ou derivada do marxismo e defendida inumeras vezes por varios membros. O forum e multifacetado, por ser publico, e nao deve ser taxado por essa ou aquela tendencia.

    Continuando, a medida de cotas, a meu ver, e uma medida conservadora maquiada de medida para inclusao social. E inconsistente teoricamente. Reservar uma cota para uma etnia, qualquer que seja, e um principio de selec,ao invalido. E se a E se “brancos” racistas resolvessem uma medida que garante, por lei, que pelo menos 70% das vagas devem ser para brancos? Para criar leis voce tem de pensar no principio universal. Nao interessa se na pratica o racismo existe. A constituic,ao garante que todos sao iguais. A maneira de resolver o problema deve ser outra.

    Sobre as outras coisas que voce falou, e puro senso comum. As coisas estao mudando. Apenas como dados, contra exemplos podem ser citados, foram criadas secretarias, com vozes no conselho nacional de educacao de negros, indios, mulheres etc. Um operario acaba de ser eleito, temos uma governadora negra no RJ etc. Mas enfim, isso nao esta no escopo da questao.

    #77437

    Fernando, antes de assumir o papel de antipoda libertario e progressista num “forum conservador” pense que voce pode estar estereotipando, ou fazendo patrulhamento ideologico, acusando sem fundamento. Convido-o a pensar junto a questao, numa abordagem critica, sem sobressaltos emocionais e respeitando a diversidade cultural do forum. Argumentos se combatem com argumentos. Eu estou disposto a mudar de opiniao, ate porque nao conhec,o o tema a fundo, se ver resolvidas as dificuldades que levantei.

    (Mensagem editada por onofre em Novembro 22, 2002)

    #77438

    Olá a todos…

    Tb sou contra as cotas para negros nas Universidades no Brasil.

    Recentemente escolhi para leitura um livro escrito por um professor de administração da Universidade de Michegan. Neste livro que fala sobre Administração, Tomada de Decisões e Liderança o autor ensina que existem 03 tipos de mentiras. São elas:

    1. As pequenas mentiras.
    2. As grandes mentiras.
    3. E as estatísticas.

    Não que as estatísticas não sirvam para nada, o que ocorre é o emprego errado dos estudos estatísticos e da leitura destes estudos.

    Como representam um índice matemático preciso, tendemos a depositar nas estatísticas a nossa plena confiança, ainda que a nossa experiência indique resultado diverso. Para se ter uma idéia, com base exclusivamente em estudos estatísticos o Governo do Estado de São Paulo dirigiu as Políticas de Segurança Pública e Educação nos últimos 08 anos, os resultados são o que conhecemos. Enquanto toda a população de São Paulo afirmava em alto e bom tom que a criminalidade na cidade crescia a cada dia, o Governador e o seu Secretário de Segurança diziam o contrário. Qual a fonte que eles utilizaram? As estatísticas. Para infelicidade do Governador no início do ano estourou um escândalo sobre maquiagem de Boletins de Ocorrência nas Delegacias do Estado, que eram feitos a mando do então Secretário Marcos Vinícius Petreluzzi(Promotor de Justiça). Eficientemente o escândalo foi abafado.

    Concordo plenamente com o Onofre, e sinceramente não conheço meios de refutar os seus argumentos iniciais, contudo, em alguns pontos caberia alguma discussão, visando, quem sabe, a tentativa de ampliar o debate. Não sei se as minhas associações estão corretas, mas como o Onofre estou disposto a mudar de opinião.

    Em sua primeira mensagem o Onofre utilizou dados numéricos que provavelmente não são os atuais, mas que sem dúvida devem expressar uma realidade muito próxima dos números atuais. Dizia que a participação de alunos oriundos da rede pública seria de 35% na USP, o que parece ser um índice bastante satisfatório. Gostaria de comentar alguma coisa sobre este índice.

    Como as estatísticas são perigosas cabe salientar que alunos oriundos da rede pública não necessariamente são alunos pobres.

    Realmente as ETES e as Federais formam na rede pública secundaria o melhor em excelência de ensino disponível, salvo algumas exceções de escolas públicas normais que se destacam, uma vez que as ETES e as Federais recebem apoio e recursos do Estado e da iniciativa privada que as escolas normais não conseguem. Além disto para ingressar nas ETES e principalmente na Federais é preciso passar por um criterioso “Vestibulinho”, o que nos faz acreditar que:

    1. Uma parcela significativa dos alunos que ingressam nas ETES e especialmente nas Federias são oriundos das escolas particulares. O problema começaria já no segundo grau onde as melhores vagas ficariam a disposição daqueles que são capazes de pagar os seus estudos e que acabam recebendo no 2º e 3º graus o prêmio de “economizar” ou obter compensações.
    2. Ainda que não sejam oriundos de escolas particulares, não representariam necessariamente a parcela pobre da população. Muitos pais são instruídos e interessados no desenvolvimento acadêmico dos filhos, contudo, não possuem condições de educar todos os filhos em escola particular, optando por cursos de inglês, esportes, etc. O défict da rede pública seria compensado com o acompanhamento dos pais auxiliando os filhos em seus estudos, em aulas de reforço com professores particulares ou cursinhos na época que antecede o “vestibulinho”.
    3. A escola pública de um modo geral carece, como sabemos, de profundas mudanças estruturais. Basta dizer que boa parte dos professores é totalmente despreparada, isto sem exageros. Sem participação ativa dos pais na educação dos filhos, a educação fornecida pela rede pública pouco serve para agregar valores e conhecimento à criança ou ao adolescente. Acontece que a condição na maioria da famílias brasileiras faz com que boa parte das crianças e adolescentes fiquem entregues a própria sorte, vítimas de um ciclo vicioso de pobreza, falta de instrução e cultura nas camadas mais baixas daquilo que podemos chamar de pobreza. É verdade que algumas ETES não exigem o “vestibulinho”, contudo, a qualidade do ensino oferecido tb deixa a desejar. Tudo isto sem levar em consideração a geração “aprovação automática”.

    Estabelecida diferença entre alunos oriundos da escola Pública e alunos pobres, e considerando que o número de alunos pobres que ingressam nas Universidades Públicas está abaixo do índice de 35%, diria que os números são bem menores, mas aqui estou especulando com a estatística, haveria ainda aceitarmos que as Universidades Públicas possuem diversas Escolas ou Faculdades que oferecem vagas na razão candidato/vaga. Este dado por si só nos indica que este percentual de 35% não pode ser aplicado indiscriminadamente para todas as Escolas, ou seja, não deve haver 35% de alunos oriundos da rede pública nas Escolas de Medicina, Odonto ou Direito, apenas para citar algumas. Notoriamente certas Escolas estão elitizadas, uma vez que fica difícil até de imaginar um aluno pobre na Escola de Medicina. Pode ser que no estacionamento da Faculdade de Medicina, entre automóveis nacionais novos ou importados encontremos um ou outro Chevette 85, mas um Chevette 85 poderia muito bem implicar em símbolo de riqueza para quem reside em uma favela em São Paulo ou em Cidade Tiradentes. Não deve haver nenhum morador da favela Heliópolis cursando Direito no Largo São Francisco.

    Outras Escolas são mais democráticas e recebem um número maior de pessoas oriundas da rede pública e de classes pobres. As Escolas de engenharia tendem a receber os alunos das ETES e das Federais(oriundos da rede pública), as escolas de Filosofia, Letras, Sociologia e Antropologia são relativamente fáceis de entrar, o difícil é sair.

    Outro argumento problemático, que ouço de amigos e colegas, é que uma vez que os pais gastaram dinheiro com escola particular com os filhos, caberia a eles compensar ou economizar no nível superior. Ora a opção de educar os filhos na escola particular se dá pela exigência daquilo que é melhor, ou seja, – Meu filho terá o melhor ensino que meu dinheiro puder comprar, para que ele tenha boa formação e cresça em um circulo requintado de pessoas. Ao optar pelo ensino público no nível superior os pais não estão pensando em economizar, até pq muitos continuam gastando o dinheiro do pai até se formarem, o que eles desejam é dar o melhor ao filho, e o melhor geralmente está nas Universidades Públicas.

    Como já dissemos, as Escolas públicas deixam muito a desejar em vários aspectos, e aqueles que estudam nas escolas públicas não o fazem por opção, mas sim por necessidade ou por falta de opção. Não justificaria o argumento de que aqueles que podem pagar as escolas particulares nos níveis básicos estudem nas Universidades Públicas para economizar aquilo que já gastaram por opção própria e no interesse próprio. A Universidade Pública não deveria se prestar a sustentar interesses pessoais de classes privilegiadas.

    A realidade que conhecemos é que as Universidades Públicas no Brasil servem aos ricos ou a população de classe média, estando excluídos, praticamente, a população pobre seja ela qual for, negros, brancos, nordestinos, pardos ou mulatos e que constituem a maioria da população brasileira. A população pobre além de não poder estudar em uma Universidade Pública e gratuita, paga através os inúmeros impostos, distribuídos nos diversos produtos de consumo, os estudos daqueles que poderiam pagar os seus estudos em Universidades Pagas. Seria Cômico se não fosse trágico esta grande contradição: Não se tem a “direito” de estudar, mas a obrigação de pagar para aqueles que poderiam pagar estudem sem pagar. Isto me faz lembrar o velho discurso do senhor Leonel Brizola e as Oligarquias no Brasil.

    A qualidade de ensino nas Universidades Públicas de fato é resultado do processo de seleção que é feito através do vestibular. A demanda por vagas aumenta em progressão geométrica ao passo que a oferta por vagas aumenta em progressão aritmética. Nesse passo os pobres ficariam mais distantes ainda das Universidades Públicas, como acreditamos, é o caso de certas Escolas como as de Medicina, Odonto, Direito e outras, uma vez que a concorrência já seria acirrada entre aqueles que possuem melhores condições, isto é, até mesmo para o rico que estudou no Dante está difícil fazer medicina na USP. E se não bastasse temos as vítimas da “aprovação automática”, produto da mais alta incompetência de Políticas Educacional do Estado de São Paulo, pois, como na Segurança, as estatísticas na Educação do Governo de São Paulo imperaram como reis absolutos. Ambas as secretarias foram obrigadas a retroagir em suas políticas, que a princípio eram altruístas e idealistas, mas que se mostraram um fracasso total causando prejuízos gravíssimos e irreparáveis.

    Não há, até onde sei, um senso sócio-econômico nas diversas Escolas da USP, que possa indicar aos políticos qual é o perfil dos alunos que participam destas Escolas. Tais estudos poderiam indicar a conveniência ou não de se privatizar algumas Escolas, dirigindo os recursos que eram gastos com Educação Superior elitizada para a Escola Pública Secundária. Esta sim acessível a todos e capaz de definir a vida adulta dos brasileiros, preparando-os para os desafios desse novo milênio. A verdade é que poucos chegarão à Universidade, além disso programas importantes e que são sucesso nos principais países do mundo aqui tendem a caminhar a passo de tartaruga, como é o caso do Ensino Público Superior à Distância, que com a implementação dos “Provões” do MEC tendem a ser a educação da era tecnológica que vivemos. Internet, professores participando via e-mail, fóruns e televisão facilitarão a conclusão dos cursos conforme a capacidade de cada um, a presença do aluno será obrigatória apenas nos exames rigorosos para avaliação do aproveitamento. É claro que não será possível estudar medicina à distância, mas a maioria dos cursos como Direito, Filosofia, Letras, Sociologia, Antropologia e outras são perfeitamente aplicáveis, e exemplos não faltam espalhados pelo mundo todo.

    Tenho a impressão que o acesso do pobre na Universidade Pública é atualmente bastante limitado, e está fatalmente fadado a se tornar algo inviável em razão das demandas tecnológicas, demográficas e de custo financeiro para o Estado, portanto, sou plenamente favorável a privatização da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e de todas as demais Escolas com perfil sememlhante, pois a privatização poderia criar bolsas para alunos pobres que possuem capacidade de ingresso nestas escolas, uma vez que, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, é mais fácil achar um Mico Leão Dourado do que um aluno sem condições de pagar o curso. A excelência do ensino em nada será prejudicada, pois quem tem condições continuará procurando o melhor, além disso temos os “provões” do MEC que servem como termômetro para as empresas e para a sociedade.

    Mas temos um defensor das cotas para negros.

    Fernando…

    Alguma coisa se falou a respeito do Brasil e dos estados Unidos, gostaria de acrescentar algumas bobeirinhas.

    Nos Estados Unidos
    Existem centenas de leis, mas cada Estado produz a sua lei sempre respeitando a Constituição, de modo que a funcionalidade é maior. O Leviatã norte-americano é cumprido contra pobres ou ricos. A constituição deles é simples, delegando aos Estados o papel de organizar a ordem local. As leis deles não são bonitas no papel, são eficientes na prática. O judiciário é austero contra lesão ou ameaça de direito, mexendo no boldo do cidadão ou empresa que não cumpre o Leviatã norte-americano. O sistema judiciário é baseado no informalismo e na justiça – Acreditamos no nosso Sistema – dizem os americanos. O judiciário deles está preparado para as demandas desse milênio que se inicia, pois o sistema foi desenvolvido para ser funcional. E finalmente, a política deles é fundada em um CETICISMO DE REALISMO CONTRUTIVO.

    No Brasil
    Existem dezenas de centenas de leis, a maioria não é cumprida. A Constituição é complexa e exaustiva. A maioria das leis são federais e não respeitam as diferenças regionais, há que diga que o Brasil é um país com vários países. A tendência é pela centralização e não a funcionalidade, cria-se dificuldades para vender facilidades, a burrocracia é um meio de se ganhar muito dinheiro. As nossas lei são bonitas no papel, na prática não funcionam (Estatuto da Criança e do Adolescente, Código de Defesa do Consumidor e outros). O nosso sistema judiciário está atolado até o pescoço, não consegue dar conta da demanda atual, poderia dizer que está falido e desacreditado junto a população. Da mesma forma que a demanda pela educação a demanda pelo judiciário cresce em projeção geométrica, enquanto que o próprio judiciário em progressão aritmética, para suprir somente as necessidades de hoje seria necessário mais que triplicar a máquina toda. O sistema legal é moroso e formalista o que atrasa ainda mais as decisões e o desqualifica para as demandas do novo milênio. A política brasileira é IDEALISTA E SENTIMENTALISTA.

    Como não há opressão contra o povo negro no Brasil, apenas gostaria de lembrar que o registro de crimes de racismo nas delegacias praticamente não acontece, a lei foi criada para não ser utilizada, aliás a lei foi criada com base nas estatísticas de certos grupos que se intitulam defensores da raça negra no Brasil. Não sou contra a criação da lei que trata de forma especial o preconceito de raças, prevenir é sempre um excelente caminho. Outro dado interessante é que na cadeias e prisões de São Paulo, não sou carcereiro, mas falo com conhecimento de fato, é sempre muito difícil encontrar um japonês, e negros(legítimo representante da raça)representam a minoria. A população carcerária, em sua maioria, é composta basicamente por brancos, pardos, mulatos e nordestinos. Aqui há preconceito e racismo, mas nada que se compare com os americanos. Os números estatísticos seriam parecidos se utilizássemos nordestinos ou pardos ao invês de negros, isto pq estes grupos representam uma maioria marginalizada pela pior distribuição de renda do mundo.

    Não foi uma postura progressista que motivou a criação de cotas para negros nas Universidades Americanas, mas sim a opressão do Protestante branco americano sobre uma minoria negra que fez surgir a necessidade do emprego social e político das cotas. Foi a cisão, resultado da opressão, entre brancos e negros, guiados por lideres como Lutter King e outros que motivaram a política de cotas. Os americanos sabem que geralmente são as liberdades políticas que quase sempre despertam a violência que as sociedades liberais tanto abominam, e os mais experiêntes legisladores americanos não são guiados pela simpatia, mas sim pela necessidade, tratam a política como uma conseqüência natural do pensamento e não do sentimento. Para Churchill a glória teria suas raízes em uma moralidade de conseqüências: de resultados propriamente ditos, não de boas intenções.

    De boas intenções o Brasil está cheio, o que nos falta é tratar do essencial, aprovaremos, com certeza, rapidamente a proposta de cotas para negros, mas não será tão rápida a aprovação da reforma tributária, da reforma política, da reforma previdenciária, da reforma administrativa e da reforma do judiciário. Sem estas medidas continuaremos excluindo os pobres sejam eles negros, brancos ou nordestinos do pleno acesso ao trabalho, à educação e à justiça.

    Como exemplo temos a política de afastamento de policial que se envolvia em ocorrências com disparo de arma de fogo. O resultado foi a Polícia militar cruzar os braços, pois o afastamento prejudicava o policial no bico que ela fazia para complementar a rende em casa. Esta medida era uma cópia da política utilizada no Canadá. Foi uma catástrofe, tanto que neste ano eleitoral o Governador caiu na real e abandonou o programa de vez. Nesta mesma linha idealista permitiram o crescimento neste últimos 08 anos do Partido conhecido como PCC que era um bando desorganizado e se tornou uma potência poderosa de criminosos organizados. O mérito disto tudo foi o Governo ter se filiado feito uma criança ingênua ao Humans Right, organização americana de defesa dos Direito Humanos, ou será Direito dos Manos? Mostrando que durante a faculdade esqueceram de fazer a lição de casa sobre Thomas Hobbes, Maquiavel, Sun-Tzu, Wisnton Churchill e outros, preferiram fazer coraçõezinhos com canetas de várias cores em seus caderninhos.

    Bom como eram medidas utópicas e idealistas o Governo foi obrigado a voltar atrás, soltando os seus cães de guerra nas ruas com operações como a chacina da castelinho onde 11 marginais foram atraídos e executados em mais um flagrante de incompetência de política de segurança pública fortalecendo ainda mais o PCC dentro e fora dos presídios. Na educação temos a “aprovação automática”, outra idéia bonitinha e moderninha.

    O quero mostrar é que medidas que não criam soluções para os problemas não devem ser aceitas apenas por serem bonitinhas, pois tendem a criar novos problemas e prejuízos irretratáveis. Na segurança tentamos parecer o Canadá, descobrimos que não somos o Canadá. Na educação desejava-se impressionar a Unesco o Banco Mundial e o mundo, pioramos o que era ruim.

    Agora as cotas….acho que já chega!…A política deve ser responsiva e de resultados e não de partidos ou ideologias, utopias ou libertações políticas. Aprender com a história consiste em perceber que o mundo não é “moderno” ou “pós-moderno”, o mundo é apenas uma continuação do antigo, não há separação do passado com o hoje.

    Abs.

    (Mensagem editada por alex em Novembro 23, 2002)

    (Mensagem editada por alex em Novembro 23, 2002)

    #77439

    Alex,

    Sua msg é longa e tem muito conteúdo. Concordo em grande parte com seus argumentos.
    Entretanto, gostaria de acrescentar algo para enriquecer a discussao:

    o que ocorre é o emprego errado dos estudos estatísticos e da leitura destes estudos

    De fato, o modo da racionalidade tecno-cientifica está tao absolutizado em nossa sociedade que acontecem de esquecerem algo básico: todo e qualquer dado é sempre uma forma de interpretação de uma realidade. Dito isso, seguirei seu exemplo ao afirmar que isso nao significa que defendo o abandono dos dados, mas a tomada de consciencia da quota de maleabilidade de qualquer dado.

    Em sua primeira mensagem o Onofre utilizou dados numéricos que provavelmente não são os atuais, mas que sem dúvida devem expressar uma realidade muito próxima dos números atuais. Dizia que a participação de alunos oriundos da rede pública seria de 35% na USP, o que parece ser um índice bastante satisfatório.

    Também já concordei com o Onofre numa msg anterior.

    3. A escola pública de um modo geral carece, como sabemos, de profundas mudanças estruturais.

    Creio que esse é o ponto. Essa idéia das cotas é um grande engodo que, mais uma vez, quer mascarar o problema real para acomodar as consciencias daqueles “defensores das minorias” que facilmente se indignam, mas dificilmente arregaçam as mangas. É o velho argumento paternalista agora com roupagem progressista.

    Dialética interessante, quanto mais progressista, mais se revela o ranço conservadorista. “Nao mudemos o sistema, vamos maquia-lo”

    Em vez de mudarem a linha de montagem, vao pregar um adesivo no vidro do carro no final da linha. É só examinar o teor das propostas para a área de ensino:
    1- acabar com o vestibular –> fácil!
    2- aumentar as vagas para ingresso nas universidades –> fácil!
    3- estabelecer cotas –> fácil!

    Por que ninguem se propoe a restruturar o ensino básico ou o secundário?
    Ah, também aqui funciona a mesma regra:
    1- acabar com as reprovaçoes –> fácil!
    2- estalecer a aprovaçao por disciplinas e nao por períodos –> fácil!
    3- diminuir a ementa das disciplinas e a média para aprovaçao –> fácil!
    Ou seja, soluçoes simples, baratas (o Estado paga menos por aluno), que visam, nao melhorar a qualidade do ensino, mas diminuir as reprovaçoes.
    Estatísticas: a escola reprova menos = a escola está melhor.

    Basta dizer que boa parte dos professores é totalmente despreparada, isto sem exageros.

    Melhorar a qualidade dos professores exigiria maior investimento.

    A Universidade Pública não deveria se prestar a sustentar interesses pessoais de classes privilegiadas.

    Isto é certo. Mas qual a soluçao? De novo as mais fáceis? Esses argumentos já foram utilizados para justificar propostas do tipo:

    1- fim da universidade pública: proposta infeliz de quem desconhece por completo o problema da pesquisa científica.

    2- facilitar o ingresso nas universidades: ora, a verdade é que universidade deveria ser mesmo para poucos! Mas infelizmente se tornou meta de decorador, a maioria faz só para se tornar “universitário”, querem só o diploma. O primeiro critério para se ingressar nela deveria ainda ser o mérito, pela esperança de retorno do investimento pelo estudo subsidiado (retorno que pode ser social ou para a propria área).

    A política brasileira é IDEALISTA E SENTIMENTALISTA.

    Boa descriçao.

    []'s

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