Ilha de Java
Na Ilha de Java não faltam os relatos heróicos, ou as histórias de metamorfoses miraculosas, que o povo repete de geração em geração, tanto mais fiel a esse culto do maravilhoso quanto ainda as crendices e superstições não foram totalmente desarraigadas pelo islamismo, que ali se instalou. A Lenda de Kalang, com seu conteúdo simbólico, é uma das mais expressivas entre as que formam o patrimônio do conto popular entre aquele povo. E não se notará nela um certo sabor edipiano?
A LENDA DE KALANG
FIGURAM nesta narrativa:
Prabu Mundingkawati, príncipe de Galuh.
Tyelenggumalung, javalina, na qual foi engendrada Devi Sepirasa.
Devi Sepirasa, filha da anterior, dama da corte e depois esposa do cão Blangwayungyang. Blangwayungyang.
Raden Suwungrasa, filho do cão e de Devi Sepirasa, caçador do bosque, assassino de seu pai e esposo de sua mãe, com o nome de Ki Gede Temu-ireng.
Um ermitão.
A árvore Gebang.
Trenggiling-mentik, personagem pequeno, de coração grande.
Quem tais nomes não esquece E bem quer se recrear Sabendo quanto acontece, Leia o que vamos narrar.
Há muitíssimos anos já, vivia no império de Galub um príncipe que se chamava Prabu Mundingkawati. Saiu um dia esse príncipe para uma caçada e dirigiu-se ao bosque, com o intuito de matar corças, cervos e outros animais silvestres. Ia acompanhado por um grande séquito de servos e cortesãos, que levavam um gongo e grande abundância de víveres.
Ocorreu, entretanto, que caçaram durante o dia inteiro, desde pela manhã até a chegada da noite, sem encontrar uma única peça, de forma que o príncipe teve que se resignar a voltar ao seu palácio sem exibir uma prosa que fosse.
Nessa altura, encontrou uma grande noz, abriu-a, comeu sua polpa e a casca vazia serviu-lhe de urinol. Depois, recomeçou, com seus companheiros todos, a viagem de regresso à cidade.
Naquele instante chegou ao lugar, onde o príncipe e seu cortejo tinham estado descansando e comendo, uma pobre javalina, chamada Tyelenggumalung, que estava fatigada, exausta, por ter passado o dia inteiro de um lado para outro, fugindo dos caçadores. Chegando àquele lugar comeu as sobras que os cortesãos haviam deixado e, como estava sedenta, bebeu avidamente o líquido que encontrou na casca de noz.
Ao fim de alguns dias sentiu sintomas de gravidez e, passados nove meses, deu à luz uma menina muito bela, da qual emanava um resplendor mais claro do que o da lua. As Dewas foram madrinhas dela e puseram-lhe o nome de Devi Sepirasa, e as ninfas celestes, as Windadaris, encarregaram-se de criá-la. Passaram-se assim sete anos e a mãe jamais soube que sua filha estava sendo criada pelas divindades. Ao chegar aos sete anos a menina pôde começar a cuidar de si própria.
Procurava comida nos bosques, e alimentava-se de frutas e raízes macias. Assim foi passando o tempo, até que a menina tornou-se uma formosa donzela. Então, abraçando um dia sua mãe, perguntou-lhe:
— Mãe, não é estranho que seja eu um ser humano, sendo tu uma javalina?
A mãe respondeu, entre lágrimas:
— Minha filha, isso depende dos obscuros desígnios das divindades.
E, a seguir, fez-lhe a narrativa de como havia ela nascido.
Ao saber aquilo a menina teve a impressão de que era filha de um príncipe, e pensou que seu destino estava em ir colocar-se a serviço de seu pai. Imediatamente, pois, despediu-se da mãe, e nada houve que a convencesse a desistir de seu propósito.
Pôs-se a caminho, chegou à cidade e caminhou diretamente para as portas do palácio do rei. Ali perguntaram-lhe o que desejava e por que assim se apresentava, e ela respondeu que desejava falar com o príncipe. Este ouviu-a e desde o começo da narrativa soube que a jovem era sua filha.
Reconheceu-a, recebeu-a em sua casa e colocou-a sob a tutela da princesa mãe, para que a instruísse nos usos e costumes da corte.
Quando os adivinhos do reino souberam o que tinha acontecido, resolveram pedir audiência ao príncipe, para tratar da questão.
— Príncipe, — disseram-lhe eles, — soubemos que recebeste como filha tua uma menina nascida misteriosamente no bosque, filha de uma javalina. Vossa Alteza deve pensar que de um momento para outro esse passo pode ter conseqüências lamentáveis para o reino. Por conseguinte, o melhor será que essa jovem seja confinada no bosque e abandonada ao seu destino, para evitar maiores calamidades.
O príncipe não pôde opor-se aos seus conselheiros, e ordenou, então, que fosse construída no bosque Simpar uma grande paliçada e dentro dela ficasse confinada a princesa, dando-lhe uma cabana para que nela vivesse, provisões, uma roca, um pequeno moinho e um tear.
O vizir, encarregado de levar a princesa ao seu refúgio, empreendeu a caminhada com ela, no dia designado para isso. Ao chegar ao local rodeado pela paliçada, a princesa desatou em amargo pranto, queixando-se:
— Oh! Vais abandonar-me neste lugar solitário, sem ninguém que me acompanhe! Suplico-te que não me deixes só!
Tanto a jovem rogou e chorou, que o vizir sentiu-se apiedado dela e resolveu dar-lhe, para que lhe fizesse companhia, seu cão, chamado Blangwayungyang. Tratava-se de um cão muito inteligente e dedicado, grande, de pêlo castanho e cauda muito farta. Havia nos olhos dele um estranho poder. Mal descobria uma peça de caça, ou a peça de caça chegava a vê-lo, eis que ela ficava deslumbrada e não podia mover-se do lugar onde estava. Àquele cão bastava olhar para os animais, e eles se entregavam.
A princesa ficou abandonada a si própria, todo o dia dentro de sua cabana, ocupada em tecer panos de linho, combinando-os em listas brancas e pretas. Estava um dia tecendo, quando a lançadeira escapou de suas mãos, saltou pela janela e perdeu-se na espessura do bosque. A princesa disse:
— Quem me trouxer a lançadeira, sendo homem, casará comigo, e sendo mulher será como minha irmã.
O cão, que estava junto da janela, montando guarda, ouviu as palavras dela, procurou a lançadeira entre a espessura do bosque, e, tomando-a entre os dentes, entrou na casa e entregou-a à jovem.
Aquilo assustou muitíssimo a princesa, mas não teve remédio senão fingir-se contente, dizendo ao cão:
— Obrigada por teres encontrado a lançadeira. Digo-te isso com todo o meu coração. Bem se vê que és mesmo meu predileto Blangwayungyang. Agradeço-te e, agora, podes ir outra vez para teu lugar.
O cão, entretanto, não saiu do aposento. Estendeu-se no chão e fèz como se dormitasse. Ao chegar a noite exigiu da princesa o cumprimento de sua promessa, mas ela não lhe deu importância, voltou-se para o outro lado, e adormeceu. Não percebeu que durante seu sono o cão a possuía, senão quando despertou terrivelmente indisposta. Ficou, então, tomada de imenso furor, e espancou com toda a força o cão, que saltou pela janela e tombou no solo, desacordado.
A princesa ficara muitíssimo irritada, mas logo compreendeu que o ocorrido devia ser coisa resolvida pelas Dewas, e então teve pena do animal. Desceu à procura dele, espargiu-lhe água no corpo, lavou-lhe as feridas, e acariciou-o até que êle, lentamente, recuperasse os sentidos.
Ao fim de algum tempo notou a princesa que estava grávida, e pouco depois nascia um menino de muito belo aspecto, ao qual ela deu o nome de Raden Suwungrasa.
Ao alcançar os oito anos, o menino ia ao bosque para caçar corças e cervos, e seu único companheiro era Blang-wayungyang, que tinha tão violento domínio sobre os animais. O menino levava à mãe o que caçava, e esta fazia comida. Passou-se assim muito tempo e então os animais do bosque, búfalos, elefantes, rinocerontes e outros, não quiseram consentir que aquelas caçadas continuassem. Convocaram uma assembléia e discutiram a questão:
— Suportaremos por mais tempo a vergonha de que continue o cão Blangwayungyang a nos caçar?
— Podeis compreender — argumentou o elefante — que isto não pode permanecer assim. Enquanto aquele cão velhaco existir, nenhum de nós pode estar tranqüilo. Quem se decide, pois, a matá-lo? Aquele que o matar, deverá receber, naturalmente, um prêmio pela sua façanha, e eu acho que merecerá ser coroado rei da selva e levado às costas de um elefante, que o passeará em triunfo por todos os limites da floresta.
Todos ficaram de acordo com aquela proposta, mas entre os animais grandes nenhum quis atrever-se a matar o cão, pois tinham medo de seus latidos e mordidas. Por último, alguém propôs como mais apto para realizar a empresa a centopeia Trenggiling-mentik.
Esta aceitou prazerosa a missão, mas exigiu que todos os presentes lhe garantissem fazê-la rainha, de fato, se ela chegasse a matar o cão. Todos prometeram, pensando que um animalzinho tão pequeno seria, afinal, uma rainha bem pouco temível.
A centopeia fêz seus preparativos, estudou detidamente um plano de combate, e foi até a casa da princesa, introdu-zindo-se nela através de um orifício num dos postes que a mantinham. O cão notou a presença de um espia e tratou de agarrá-lo, mas não conseguia dar com êle, o que muito o preocupou. Cada vez que sentia a presença de Trenggiling-mentik, latia, excitadíssimo, mas a centopeia ocultava-se em seu orifício, e ali o cão não a podia alcançar. Isso durou um dia e uma noite, e o cão montou guarda, incansavelmente, durante esse tempo, protegendo seu filho e sua esposa.
Ao amanhecer, Raden Suwungrasa se levantou e viu que o cão dava voltas em torno de um dos postes da casa, e ladrava e olfateava, e não havia maneira de afastá-lo dali. O rapaz, porém, nada viu e pensou que o cão tinha perdido o juízo.
Quis levá-lo consigo para a caça, e o animal negou-se firmemente a sair dali. Ante a insistência do jovem, disse-lhe:
— Não me afastes da casa, pois nela está um espião.
Raden Suwungrasa nada disse, mas atou uma corrente ao pescoço do cão e levou-o para fora, à força. Chegaram à selva e êle soltou o cão para que espantasse a caça, mas este permaneceu impassível e duas ou três vezes fêz uma tentativa para regressar à cabana da princesa. O rapaz zangou-se, tirou a faca e matou o cão. Depois, tirou-lhe o coração e levou-o à sua mãe, dizendo-lhe que era o coração de um cervo. A princesa temperou-o e cozinhou-o à sua moda, e depois começaram ambos a comê-lo. Quando a mãe já estava com um pedaço na boca, o filho lhe perguntou que tal lhe sabia, e ela respondeu que estava gostoso. Então, êle lhe confessou que se tratava do coração de Blangwayungyang, e que o matara por recusar-se a acompanhá-lo à caça.
A princesa ficou furiosa, cuspiu o pedaço que tinha na boca, e atirou à cabeça do filho o cântaro que estava no momento em suas mãos, enquanto lhe gritava, fora de si:
— O cão era teu pai! Teu próprio pai!
A carne que a princesa cuspiu converteu-se em um foco de piolhos. Ainda agora, no bosque Simpar há um ponto que ferve de piolhos, onde aquele acontecimento se passou. O cadáver do cão, abandonado na selva, converteu-se na árvore Gebang.
Quando Raden Suwungrasa soube que era filho do cão, compreendeu que estava desonrado e saiu precipitadamente. Fugiu da vizinhança de sua mãe, vagou pelos limites e finalmente seguiu para um deserto, onde foi fazer vida de mortificação e penitência, adiantando-se tanto nesse propósito que chegou a conversar com os espíritos, que eram para èle amigos e camaradas.
Os Panditas eram seus mestres.
Entretanto, Devi Sepirasa estava muito triste com a desaparição de seu filho. Blangvvayungyang tinha morrido, o rapaz se fora. A selva que a rodeava era demasiadamente solitária para ela. Também se foi, dirigindo-se para a casa de um Pandita que tinha fama de adivinho e vivia no eremitério de Ki-adyar ni Gunung Padang.
O ermitão perguntou-lhe que queria, e quando ela lhe respondeu desejar que ele encontrasse seu filho, respondeu que seria necessário esperar alguns dias. A princesa esperou. Pouco tempo depois chegou à ermida do Pandita um jovem que expressou ao ermitão seu desejo de que o recebesse como discípulo, e lhe disse que se chamava Raden Suwungrasa e procedia do bosque Simpar. A mãe reconheceu-o imediatamente. Queria ir abraçá-lo, mas o Pandita proibiu-lho.
Raden Suwungrasa havia notado que o eremita tinha uma mulher em sua ermida, e disse-lhe que gostaria dc tomá–la como esposa. O ermitão lhe respondeu que primeiro teria que consultar a vontade dela. Depois, falou com a princesa e esta respondeu que não podia aceitar tal coisa, sabendo que o pretendente era seu filho. O Pandita, então, lhe disse:
— A melhor maneira será condicionar o casamento a tais exigências, que o rapaz não consiga satisfazê-las.
Isso resolvido, a princesa pôs as seguintes condições.
— Se Raden Suwungrasa puder construir em uma noite um dique sobre o rio Senggarung, e uma barca, serei sua mulher e o encontro deverá realizar-se no meio do rio, na barca recém-construída, e antes do amanhecer.
O Pandita alegrou-sc, pois considerou que o pretendente não poderia realizar a condição exigida. Raden Suwungrasa, porém, sabendo a medida de suas forças, dei Ia rou que tudo se realizaria conforme a princesa o desejava. Pronunciou umas palavras mágicas, e todos os espíritos da ilha de Java apareceram para ajudá-lo a executar o exigido. Na altura da meia-noite estavam feitos o dique e a bai ca. Quando a princesa viu aquilo dirigiu-se ao ermitão, tô da angustiada:
— Venerável, — disse-lhe ela, — como é possível? Raden Suwungrasa conseguiu cumprir a condição que lhe ímpUS
A barca já está feita e o dique no ponto de fechar-se. Acre-ditai-me: Raden Suwungrasa é de fato meu filho e não deveis permitir que tal matrimônio se realize.
O ermitão teve pena da princesa e disse-lhe:
— Traze-me algumas cascas da árvore de Laban.
A princesa levou-lhas. Então, o ermitão mastigou as cascas, murmurou um esconjuro e cuspiu quatro vezes. Em conseqüência de seu poder mágico, apareceu o sol antes que o dique estivesse fechado e os espíritos que ajudavam o jovem tiveram de fugir.
Quando Raden Suwungrasa viu o que acontecera, fugiu também, dirigindo-se para Leste. Instalou-se no bosque de Temu-ireng, fez vida isolada e rezou com fervor.
Devi Sepirasa despediu-se também do Pandita para seguir os passos de seu filho. Ao cabo de muito perambular pela região, a princesa chegou também a Temu-neng, encontrou seu filho, mas não o reconheceu, como também êle não a reconheceu.
Então foram marido e mulher e tiveram três filhos: Raden Lembu-mangutur, Raden Lembu-pateng e Raden Lembu-limunan. Formavam um casal muito feliz e ninguém poderia imaginar outro mais perfeito.
Um dia catavam-se mutuamente os piolhos, muito entretidos naquela tarefa, quando a princesa notou uma cicatriz na parte da frente da cabeça de seu marido. Apoderou-se dela espantosa suspeita, e disse consigo:
— Não serei, por desgraça minha, a esposa de meu próprio filho?
Retirou os dedos de entre os caracóis do cabelo dele e ficou pensativa:
— Que acontece, querida? — perguntou-lhe Raden Suwungrasa. — Estavas tão contente e ficaste calada de repente. ..
— Não tomes a mal se te faço uma pergunta, querido — disse ela. — Queres dizer-me de onde procede essa cicatriz que tens na cabeça?
— Ah! — disse êle. — Foi minha mãe Devi Sepirasa quem ma fêz com um cântaro que me atirou à cabeça, porque eu a enganei com o coração de um cão, que disse ser o coração de um cervo. Fugi depressa e para aqui vim, mudando de nome, pois tinha medo que ela tornasse a me encontrar.
— E onde está agora tua mãe? — perguntou a princesa.
— Penso — disse êle — que algum tigre a terá devorado, pois ficou sozinha na floresta.
No mesmo instante prorrompeu ela em grandes gritos, dizendo:
— Que final cruel têm as minhas desventuras, pois que me vejo esposa de meu próprio filho!
Raden Suwungrasa, muito espantado, disse-lhe:
— Isso é verdade?
— Meu filho — disse a princesa — fui eu quem te bateu com o cântaro na cabeça: sou responsável por essa cicatriz, que agora reconheço. Compreendes que não devemos continuar juntos. Deixa que eu te abandone e me retire para a montanha, a fim de fazer penitência. Quero implorar para mim e para ti o perdão das Dewas. Mas, antes, ouve meus últimos desejos. Quando eu me tiver ido, cuida de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos, e faz que quando preparem um banquete ritual de arroz e carne não sirvam em seguida os manjares em pratos de bambu, e sim que levem uma terrina cheia ao dormitório, derramem sobre ela cinza fina da lareira, cobrindo-a depois com um pano branco. Quando passe algum tempo e se note na cinza a marca da pata de um cão, então lhes será lícito começarem o banquete. Se celebrardes uma refeição ritual quando se case algum de vossos filhos e degolais para isso um búfalo, uma vaca, uma ovelha, ou outro animal semelhante, tende o cuidado de adornar antes com flores a cabeça do animal e defumá-la. Quando cheguem os primogênitos varões ou mulheres da família, os primogênitos que organizaram a festa têm que celebrar com os recém-chegados a cerimônia do "Liru Sam-but"; o dono da casa estenderá a mão à primogênita feminina da família que vem como convidada, e a dona da casa fará o mesmo com o primogênito masculino convidado. De mãos dadas, devem dirigir-se ao lugar onde esteja a cabeça do animal sacrificado, e executarão sete vezes o "sembah" diante da cabeça. Depois poderão sentar-se, para comer e beber. Quando morra algum membro da família, fabricareis um boneco de madeira que se pareça o mais possível com o morto, e tereis de vesti-lo como o morto se vestia, em vida.
Colocareis o boneco no jazigo do morto e apresentareis manjares, como oferendas. Tais oferendas deverão permanecer ali durante quarenta dias, e só poderão ser retiradas quando começarem a cheirar mal. Depois dos quarenta dias, retirareis o boneco e queimá-lo-eis até que se reduza a cinza, que repartireis entre vós, para que vos sirva de proteção e defesa. Se o morto era rico,, a cremação do boneco será realizada com solenidade, com toques de trompa e convites aos amigos.
Depois de dar essas instruções, Devi Sepirasa retirou-se, como penitente, para a cascata de Siputri, no rio Pedes, e ali permaneceu solitária até o fim de seus dias.
Ki Gede Temu-ireng (este foi o nome que tomou definitivamente Raden Suwungrasa) fundou com seus filhos a colônia de Wana-Kalang, no território de Tyomal, e aquela colônia, com o tempo, veio a formar a Desa Kalang. A Desa foi dividida depois, e cada parte recebeu seu próprio nome: os Kalang-wetan e os Kalang-kulon. Eram Desas formadas por homens belos, que tinham no cóceix um sinal do tamanho de um dedo polegar, parecido com uma cauda.
Tinham, também, um costume imoral, pois pais e consanguíneos contraíam matrimônio entre si e viviam em promiscuidade com os animais.
Agora, voltemos ao início da história:
Quando Blangwayungyang morreu assassinado pelo seu próprio filho, Trenggiling-mentik, a centopeia, que se havia comprometido a eliminá-lo, foi proclamada rainha pelos animais da selva, e levada triunfalmente às costas do elefante, com inumerável cortejo de animais e feras de todos os gêneros. O cortejo chegou à árvore Gebang, que havia nascido do cadáver do cão morto, e então a árvore caiu por terra, sem que ninguém pudesse suspeitar a causa daquilo. Caiu sobre o elefante, que saltou, dolorido. A centopeia, que fora coroada rainha, escorregou das costas do elefante e foi pisada e reduzida a pó por êle mesmo. Todos os animais que puderam escapar da catástrofe fugiram assustados e juraram não voltar a procurar abrigo sob a sombra da árvore de Gebang.
Daí vem o costume de fazerem os homens, quando precisam passar a noite no bosque, um cinto de folhas da árvore de Gebang, que colocam à cintura, dormindo sossegados.
E aqui termina a história.
Fonte: Maravilhas do conto popular. Adaptação de Nair Lacerda. Cultrix, 1960.
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