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06/09/2005 às 3:48 #80192Miguel (admin)Mestre
E não vai contra o darwinismo…
…e “vaso ruim não quebra” não é a premissa da qual o meu raciocínio parte, é tão somente a alegoria retórica…
06/09/2005 às 3:51 #80193Miguel (admin)MestreE sobre o PHD, estou falando de mim…
…também é uma expressão figurada que quer dizer: não estou querendo impressionar com palavras rebuscadas ou formalismos acadêmicos…
06/09/2005 às 16:19 #80194Miguel (admin)MestreTudo bem, acho que entendi!
Mas no darwinismo “o mais forte sobrevive” já na sua teoria “os mais fracos sobrevivem” ou os “vasos ruins” sobrevivem, por isso eu disse que vai contra o darwinismo. Mas isso não é necessariamente uma crítica ruim.Acho que você tem idéias boas, só é preciso escrever mais, explicar mais. Eu sempre tenho a impressão de que você resume ou complica uma coisa simples. (isso é para ser uma crítica construtiva, mas se não lhe agradar, por favor ignore)
Valeu
06/09/2005 às 19:53 #80195Miguel (admin)MestreDesculpe, mas ainda acho que você não entendeu…
…Darwin não disse que “o mais forte sobrevive”; ele disse que “o mais adaptado sobrevive”.
Eu criei um fator de adaptação fictício baseando-me numa máxima popular. O vaso ruim poderia ser uma metáfora das empresas que vencem a concorrência contras as outras desonestamente…
06/09/2005 às 21:24 #80196Miguel (admin)MestreSim, eu me expliquei mal. Desculpe, vou tentar explicar melhor agora:
Quando eu disse “o mais forte sobrevive” eu quis dizer justamente “o que melhor se adapta sobrevive” ou “o que tem constituição genética mais adaptável sobrevive” ou ainda “o que tem melhor capacidade de sobreviver a variações climáticas, doenças, falta de alimento, etc, sobrevive” etcDaria até para misturar darwinismo com Mendel e um pouquinho de neo-darwinismo.
Sobre sua teoria:
Só o que há são vasos ruim, certo?
Os bons já quebraram, certo?
Os vasos ruins podem ser uma metáfora para as empresas desonestas, certo?Neste caso, apesar de ser uma generalização, eu concordo. Principalmente porque o capitalismo é por excelência um sistema que premia a desonestidade, explora o trabalhador e “rouba” a riqueza de muitos, tornando-os pobres, para ser acumulada por poucos, tornando estes muito ricos.
Nas empresas hoje (generalizando) o bom empregado é o capacho.Sendo assim, concordo em afirmar que as empresas que sobrevivem são as desonestas(os vasos ruins).
E para ser radical, eu diria que é impossível enriquecer de forma honesta nesse sistema. Pois o sistema já é desoneto em sua natureza, e mesmo que a pessoa não queira, ela estará sendo desonesta ao aceitar, e fazer parte do sistema.
Nesse ponto de vista, concordo com o que você disse: “Somos os vasos “ruins”, até agora… ”
(Essa é uma interpretação do sistema de um ponto de vista de esquerda, mas eu posso interpreta-lo de um ponto de vista de direita também. Minha opinião é variável de acordo com o contexto)
07/09/2005 às 5:32 #80197Miguel (admin)MestreOs vasos ruins não são necessariamente o que existe de mal…
…eles apenas não são tão úteis e bem acabados, são mais rústicos e, talvez por isso, mais resistentes.
Não se deve interpretar o que eu disse como uma generalização, pois estou abrindo mão de exemplos específicos para ficar mais fácil compreender o que acontece no todo. Logo, bom-senso na hora de ler é importante…
07/09/2005 às 5:47 #80198Miguel (admin)MestreOutra coisa: não vejo o capitalismo como um mal. Pelo contrário…
Talvez, o que seja injusto não seja o capitalismo em si, mas a forma na qual ele pode se configurar quando regride à uma condição de negligência generalizada pelo não cumprimento das leis que garantiriam o bem-estar geral.
08/09/2005 às 2:37 #80199Miguel (admin)MestreSim, mas eu não falei em termos de bom e mal, falei nos seus próprios termos “vaso bom e vaso ruim”.
Nesse caso, ruim não significa mal.Até mesmo quando eu digo justiça (conceito relativo) estou me referindo ao ideal de justiça social pregado nas teorias de esquerda.
Não significa também que seja bom ou mal. Não falo nesses termos.
Por exemplo: No capitalismo existe necessariamente a exploração do trabalhador. Isso é a própria natureza do capitalismo. Como julgar então se isso é bom ou mal se a própria natureza do sistema faz da exploração do trabalho uma moral a ser seguida (ou obedecida pelo explorado)?
É complicado fazer julgamentos éticos.
(obs: a questão de haver a exploração do trabalho é uma ótica marxista. Outras teorias podem discordar disso)
08/09/2005 às 16:15 #80200Miguel (admin)MestreNo capitalismo existe necessariamente a exploração do trabalhador.
Como se nos outros tipos de Estado o indivíduo não tivesse que trabalhar ou, pior ainda, se sacrificar…
08/09/2005 às 19:56 #80201Miguel (admin)MestreNão sei nem porque deveria comentar a sua critica. Eu disse bem claramente que aquilo era um EXEMPLO. Eu escolhi usar o capitalismo como exemplo, se você não se importar. Mas eu poderia ter usado como exemplo o feudalismo, a escravidão, etc. Só achei que o capitalismo é mais característico do nosso século (embora ainda haja escravidão). Em nenhum momento eu disse que nos outros regimes não havia exploração do trabalho. Como foi que você interpretou isso?
Modo de produção asiático é uma coisa, feudalismo, plantation, e capitalismo são outras coisas.
Existe a exploração do trabalho pelo pela escravidão. Mas a rigor, isso não pode nem ser chamado “exploração do trabalho”. Daria assim margem para achar que a exploração na escravidão começa e termina no trabalho. Mas isso é mentira, pois a escravidão vai muito além disso. O escravo quando termina o trabalho, não bate o ponto e vai para casa. O escravo não tem férias. A escravidão é a total submissão do indivíduo sem qualquer liberdade.
Já no feudalismo, o servo trabalha de forma “livre” de acordo com sua capacidade de trabalho. Ele não tem um cara chicoteando ele pelas costas como o escravo tinha e também não tem um supervisor cobrando que ele seja mais eficiente, como acontece com o operário. Ele não tem que bater metas de produção. Porém, a maior parte do que o servo produz é voltado para o senhor feudal (este vive no luxo e não trabalha) e a menor parte dessa produção é para a própria subsistência do servo e sua família.
O capitalismo é diferente. O operário precisa comprar coisas para subsistir. Mas o salário muitas vezes não dá. Isso por causa da mais valia (uma forma de exploração muito mais complexa e invisível aos olhos dos explorados)
Na escravidão e no feudalismo a exploração é nítida, já no capitalismo, a exploração é ocultada, porque a própria atividade vital capitalista torna o homem mecânico, irracional, competitivo. O homem vende por um contrato livre sua força de trabalho, assim aliena-se de sua produção, não reconhece os produtos como resultado do trabalho de outras pessoas e aliena-se das pessoas, pois não se vê como classe social, mas apenas como individuo isolado. É movido pela necessidade e desejo de consumir. Mas ele se vendeu por um preço muito menor do que vale cada produto que ele produziu. O produto torna-se divino (fetichismo) e o homem torna-se coisa.(reificação).Está muito mal explicado, mas quem quiser saber mais, leia sobre trabalho e mais valia. Recomendo um bom livro introdutório: Filosofando (é fácil de achar)
Mileto, seria melhor voltar ao tema central “o irracionalismo” e deixar a questão da exploração do trabalho para os fóruns afins (sobre Marx, por exemplo)
Neste fórum aqui, vai cair bem uma discussão sobre Freud, Yung, Skinner, Hume, niilismo, ideologia, filosofia oriental e todas aquelas idéias que eu já postei em outros fóruns onde eu questionava se os seres humanos pensam, se podemos chamar de raciocínio o nosso “pensamento”, se todo pensamento é dogmático, etc.
08/09/2005 às 21:49 #80202Miguel (admin)MestreVocê não está criticando o capitalismo, você está criticando o capitalismo desgovernado.
Se eu sou de classe pobre, vou comprar um dvd de R$100,00 no Paraguai e, não, um home theather e, depois, colocar a culpa no governo porque meu dinheiro acabou.
Essa é uma confusão legítima dos marxistas, mas como você disse, trata-se de uma questão fútil, cujo tratamento nesse fórum, igualmente, me enojaria…
09/09/2005 às 3:40 #80203Miguel (admin)MestreSe você fosse pobre, você não compraria um DVD nem por R$ 100,00 nem por 50,00. Se você fosse pobre, cada real seu seria gasto em alimentação e remédio, pois um pobre mal pode ter essas coisas básicas, que dirá um DVD (um artigo de luxo e fútil nesse contexto)
Tentando retornar ao tópico “irracionalismo”, acho interessante discutirmos as visões de Heidegger, Husserl e Frege sobre o que é o pensamento.
Frege, por exemplo, achava que os pensamentos não estão na cabeça, mas como também não estavam num mundo externo, deveriam se encontrar num terceiro lugar, o Terceiro Reino.
Heidegger tinha a mesma convicção de que os pensamentos não estão na cabeça, mas ele não acreditava no conceito de Terceiro Reino como Frege.09/09/2005 às 4:06 #80204Miguel (admin)MestreSe você fosse pobre, você não compraria um DVD nem por R$ 100,00 nem por 50,00. Se você fosse pobre, cada real seu seria gasto em alimentação e remédio, pois um pobre mal pode ter essas coisas básicas, que dirá um DVD (um artigo de luxo e fútil nesse contexto)
Isso não é pobre, é miserável e não é culpa do capitalismo e muito menos da burguesia, mas da própria ignorância humana.
Alguns países capitalistas estão se saindo muito bem (não estou me referindo aos EUA) e muito melhor do que muitos países marxistas e são provas de que o marxismo é, de fato, uma teoria caduca.
Quanto ao Frege, a hipótese do terceiro reino não passa pela Navalha de Ockam: Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem.
09/09/2005 às 5:55 #80205Miguel (admin)MestreMileto,
Data veniã.14% da população vive ABAIXO da linha da indigência. Ganham R$ 54,00.
33% da população vive ABAIXO da linha da pobreza. Ganham R$ 107,00.
(Obs: só esses dois grupos somados já dá 47% da população)
Os pobres são o maior grupo. A renda deles eu não me lembro agora, mas se os que estão abaixo ganham R$ 107,00, então a renda dos pobres deve ser aproximadamente de 1 a 2 salários mínimo. Você acha que uma pessoa pobre pode ter um DVD?
Curiosidade: Ontem foi divulgado um dado no Jornal da Band: Os 10% mais ricos do país concentram quase metade da riqueza do Brasil.
“Alguns países capitalistas estão se saindo muito bem”
Isso é obvio!!! Eles exploram as riquezas dos países da América Latina, África, e outros. Os países ricos tentam a todo custo submeter os demais ao neo-liberalismo. Como eles não se dariam bem?Não estou com muita paciência para escrever e explicar uma coisa tão complexa. Seria muito longo. Vou resumir e simplificar numa explicação grosseira, mas conto com a boa vontade dos leitores para entender:
Obs: uso expressões como “países ricos e países pobres” no lugar de “países desenvolvidos e subdesenvolvidos” pois acho que estes últimos são carregados de conotação negativa.A riqueza não pode ser criada, ela só é transferida. Você não pode fazer dinheiro ou colher dinheiro, você tem que obter de alguém. Ou seja, a riqueza não é criada, é transferida. O capitalismo é o sistema pelo qual o proletariado transfere riqueza para a burguesia.
Toda vez que você compra algo, você está transferindo riqueza para quem te vendeu (pois ele sempre terá um lucro na mercadoria).
E todo operário quando trabalha se submete a mais valia (o operário produz algo e ganha X pelo seu trabalho, mas aquele produto quando for para o mercado, será vendido por 3X, logo seu salário não será suficiente para comprar aquilo que ele produziu)
Além disso, há questões mais complexas como: capital financeiro, juros, etc… Hoje vivemos a era do capitalismo industrial-financeiro. A ordem mundial é o neo-liberalismo (mascarado na globalização).Como a propriedade é privada (indústrias, empresas, bancos, etc) e o Estado é pouco expressivo, os proprietários necessitam acumular riqueza e manter um grande capital de giro. A empresa não vive sem lucro. Por isso, a pobreza é necessária no capitalismo. Nunca haverá distribuição de renda justa (igual) no capitalismo, pois o industrial necessita acumular muito mais para poder empregar trabalhadores, comprar matéria prima, máquinas etc. O capitalismo necessita que hajam miseráveis e pobres em maior número, logo depois vem a chamada “classe media” e por último os ricos.
Mas aí você pode perguntar: “E a Noruega, lá existe uma distribuição de renda justa”. Sim, mas é como eu disse: os países ricos exploram as riquezas dos países pobres. Os países ricos sempre saem ganhando nas transações comerciais, por isso não há muitas pessoas pobres na Noruega (p/exemplo) ou a distribuição de renda pode ser melhor lá. A pobreza fica nos países explorados (como Brasil, Equador, Panamá, países africanos, etc).O que acontece hoje é semelhante ao que acontecia na época colonial: vendíamos matéria prima barata e comprávamos manufaturados caros.
Só que hoje é muito pior: Governos dão subsídios para atrair multinacionais (isenção de impostos e infraestrutura). Estas empresas geram pouco emprego, e além disso, se instalam em países onde a mão de obra é muito mais barata. Quando importamos uma tecnologia, pagamos caro (royalties). E para gerar toda a infraestrutura que as multinacionais exigem, o país contrai empréstimos (dívidas). O pagamento dos juros da dívida (e não da dívida em si) coloca o país na mão do FMI e dos países ricos (isto é, torna-se um ciclo vicioso)Bom, eu sei que não é tão simples assim, mas fiz um comentário grosseiro (como eu já disse). A intenção é que isso não passe em branco.
Sobre você achar o marxismo uma “teoria caduca”, prefiro nem comentar… (já discutimos isso em outros fóruns).
Tantum homo habet de scientia quantum operatur.
09/09/2005 às 15:45 #80206Miguel (admin)MestreVocê toma como argumento o pior exemplo do que existe no capitalismo e eu te revê-lo as piores atrocidades cometidas pelos marxistas e o estilo de vida simplório e totalitário que eles levam a la 1984, de Audous Huxley, e pronto, recomeçamos a guerra fria…
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