Geologia – AS MARAVILHAS DA TERRA

AS MARAVILHAS DA TERRA

Henry Thomas

Os anais das rochas

AFIM de compreendermos a longa e notável histó ria da Terra, devemos ler o Livro das Rochas. Aqui encontramos a fascinante história do desenvolvimento da terra, desde o tempo em que era uma massa sem vida até o bem povoado planeta de hoje. As rochas ígneas revelam volumosas histórias acerca das erupções vulcânicas prehistóricas e da torrente de grandes mares de lava, no interior da terra. As rochas aquosas relatam uma eloquente história do tempo em que os mares cobriam os cumes da montanhas. Dentro de si mesmas essas rochas conservam, em poderoso escrínio, os esqueletos dos monstros prehistóricos, que se arrastavam sobre a terra ou nadavam no mar. Sabemos que o mar outrora cobria as montanhas, porque encontramos inumeráveis conchas marinhas encravadas nas rochas de alguns dos mais elevados picos. As rochas metamórficas transformadas apresentam uma descrição antiquíssima da batalha dos elementos: o choque da chuva, da neve e do raio, no qual as montanhas desfaziam-se em areia e a areia por sua vez se solidificava em montanhas.

Tudo isso podemos ler no Livro das Rochas. E esse livro, bastante fascinador, está atualmente arranjado em páginas de pedra. Porque as rochas estão empilhadas em estratos ou camadas, representando, cada uma, uma idade geológica de muitos milhares e mesmo milhões de anos. Desse modo podemos ler, página por página, a emocionante história da formação da Terra.

Contudo, não se deve pensar que os anais das rochas falam uma língua clara. Muito se teve de fazer antes que a sua história pudesse ser decifrada; muito ainda está para ser feito na revelação de seus segredos.

Esqueletos de antigos animais e plantas

NOS milhões de anos de vida sobre este planeta, estranhos seres evolveram, viveram e morreram, para nunca mais reaparecer. Porque é um truísmo que, uma vez extinta, nenhuma espécie vivente jamais tornou a aparecer. Em consequência, na sua investigação dos curiosos mitérios do passado, os geologistas, ou mais propriamente, os paleontologistas (estudiosos da vida an tiga), voltaram-se para os fósseis, como a chave que abriria a porta de uma fantástica história.

Esses fósseis de que falamos são os esqueletos da vida há muito extinta, esqueletos preservados com todas as suas particularidades por duras e impassíveis paredes de rochas. Foram encontrados pelos gregos vários séculos antes do nascimento de Cristo e deles tiveram também conhecimento os romanos. Mas até o tempo de Leonardo da Vinci (1452-1-519) não lhe haviam reconhecido a importância, como registos do passado. Há uns cento e cincoenta anos é que o estudo de nossa história primitiva recebeu maior impulso, porque os fósseis são, em alto grau, o mais importante dado que temos para interpretar a idade da Terra e a vida de suas numerosas e diferentes espécies de habitantes.

Nos mais remotos dias da Terra, a Era Azóica (sem vida), se vida existiu, foi provavelmente tão tênue que não deixou impressão sobre as rochas. Somente uma estrutura poderosa, tal como um osso ou uma concha, se preserva através dos tempos. Dos mais antigos remanescentes de ossos e conchas, ficamos sabendo quais foram os primitivos animais marinhos, o caranguejo, o escorpião do mar, e especialmente o enxame de gigantescos insetos (alguns com asas abarcando doze polegadas ou mais), que habitava a terra. Certo inseto, sepultado num campo carbonífero da Bélgica, tinha uma envergadura de asas medindo vinte e nove centimetros.

Essas criaturas prehistóricas tiveram de ceder lugar diante do ataque furioso de nova casta de monstros. Na luxuriante e invasora vegetação daquele tempo vagueavam enormes répteis, imensa raça de seres de grandes ventres e pernas fracas, porque fazia apenas poucos milhões de anos que haviam saído das profundezas do abismo. Os répteis assemelhavam-se a imensas caricaturas dos horrendos crocodilos de nossos dias. O mais volumoso dentre eles era o dinossáurio, de tamanho gigantesco, mais gigantesco que qualquer ser vivo de hoje. Na África Oriental, as rochas ostentam o esqueleto fóssil de um deles, o Gigantossáurio, que mede mais de 30 metros de comprimento! Em seguida a esses mamutes, contam-nos as rochas que vieram os primeiros seres alados, os Pterodáctilos, rivalizando em grotescos até mesmo com os dragões fabulosos da mitologia.

E então ocorreu uma grande catástrofe. Todos os poderosos animais daquele período morreram e raiou na terra uma nova idade, a Era dos Mamíferos, quando os fósseis começam a falar-nos de árvores semelhantes às nossas, e o que é mais importante, dos começos do tipo de vida animal que temos hoje. Alguns desses animais, tais como os mastodontes e o tigre de dentes de sabre, acham-se atualmente extintos, mas seus descendentes nos são familiares.

Dessa forma a história dos esqueletos revela aos olhos do cientista épocas inteiras de extraordinário desenvolvimento e estranhos seres ancestrais. Conservados em pedra, através dos tempos, esses restos fossilizados chegaram até nós no mais fascinador dos museus: o Museu Natural do Grande Espaço Livre.

Interessantes teorias a respeito da Terra

OS antigos chamavam a esfera terrestre Ge (notai Ge-ologia, Ge-ometria, Ge-ografia e assim por diante). Mas para o homem primitivo, nosso grande planeta giratório não era uma esfera, e sim um disco achatado, como um mostrador de relógio, com a superfície marcada, aqui e ali, por desfigurações tais como montanhas e mares. Pitágoras foi um dos primeiros a afirmar que a terra era esférica, e Aristóteles apoiou-o. Mas a crença de que o mundo fosse redondo tinha muito pouca base, até que as viagens revolucionadoras de Drake e Magalhães provaram isso, sem mais dúvida.

Seja como fôr, os antigos prestaram pouca atenção ao estudo da formação da terra que habitavam, ou, pelo menos, a davam como um feito sobrenatural ou divino. Até 1796, não possuímos um estudo unificado do nascimento dos planetas. Então Laplace formulou sua bem conhecida teoria, que expomos brevente: Nas eras passadas havia uma enorme massa de gás incandescente, em forma de imensa e§fera, um tanto maior do que o atual sistema solar, e girando na direção em que os planetas hoje se deslocam. Essa grande massa ficava perdendo calor por irradiação, e assim fazendo, condensava-se e continuava a contrair-se todo o tempo. Ora, por uma fundamental lei do movimento, sua velocidade giratória deve ter gradualmente aumentado, até que um grande pedaço, ou anel, se destacou, continuando a girar doidamente no espaço. Pouco a pouco, esse grande anel encolheu-se e formou o primeiro planeta exterior. Depois, sucessivos anéis se destacaram para formar os outros planetas, inclusive a Terra.

Essa engenhosa teoria a respeito do nascimento dos planetas persistiu por cerca de cem anos, a despeito de sérias objeções, até que Chamberlin e Moulton apresentaram sua hipótese planetesimal, hoje famosa. Afirmavam que nosso sistema era outrora uma nebulosa espiral típica, (espécie de pudim celestial, de nuvens, fogo e estrelas). Essa nebulosa girava rapidamente em torno do centro (o Sol). Pouco a pouco um grupo de planetesi-mais (pequenos planetas) formou-se na rodopiante massa nebular, justamente como pequenas bolas de farinha se formam num pudim que é mexido no fogo. A esses planetesimais, nova matéria continuava a ser acrescida todo o tempo, da nebulosa que os cercava, até que as pequenas massas se transformassem em grandes planetas. O ponto de partida dessa grande formação planetária, supõe-se tenha sido a formidável maré provocada por uma estrela que passou perto. Essa é a teoria (com algumas pequenas modificações introduzidas por Jeans e Jeffreys) atualmente admitida.

E assim, a estranha origem da terra, encontra-se ainda na fase da teoria. Pouco é o que de definitivo pode ser dito a respeito deste assunto, até o dia venturoso em que algum cientista puder ter a rara fortuna de observar contemporaneamente no céu, o nascimento dum sistema igual. Então ficaremos sabendo.

Qual a idade da Terra?

A IDADE da Terra ultrapassa, de enorme extensão, todos os calendários que possuímos para medí-la. As mais velhas rochas que repontam da superfície eram indubitavelmente jovens quando a terra já era velha. Mas estas rochas, diferenciando-se, de acordo com as grandes revoluções das idades, são os únicos calendários que possuímos. Baseados na história que esses calendários nos contam, e nos fósseis que encerram, os geólogos dividiram a idade da Terra em cinco grandes épocas.

A mais antiga formação rochosa é atribuída à Idade Arqueozóica (idade do começo da vida), o tempo em que a vida apareceu primeiramente sobre a Terra.

A duração dessa era é estimada em cerca de quinhentos milhões de anos.

Em seguida vem a Idade Proterozóica (a idade da vida primitiva), o tempo em que a vida começou a evolver num ciclo ascendente, mas em que plantas e animais eram ainda demasiado tenros e gelatinosos para poder deixar reconhecíveis restos fósseis. Essa foi uma era de grandes erupções vulcânicas, e de enormes geleiras que cobriam a maior parte da terra. Essa era durou outros quinhentos milhões de anos.

Com a chegada da Idade Paleozóica (a idade da antiga vida) atingimos uma época em que a vida sobre a terra era abundante. A princípio, havia apenas ínfimas espécies, invertebrados (criaturas sem espinha dorsal); depois, como o passar do tempo, apareceram nossos primeiros peixes. E em seguida, as primeiras formas superiores de vida, os grandes répteis vertebrados (que possuem espinha dorsal). Durante essa era, a cadeia de montanhas dos Apalaches se formou e extensos depósitos de carvão acamaram-se na terra. Essa Idade Paleozóica foi, também como as precedentes idades, uma era de estupenda duração: quatrocentos milhões de anos, para sermos exatos.

Na Idade Mesozóica, que se seguiu, (idade média da vida), chegamos ao período de transição entre a vida antiga e moderna. Os primeiros dinossáurios dão suas largas passadas sobre a terra e os primeiros pássaros voam no ar. Para o fim dessa era, as Montanhas Rochosas e os Andes erguem seus poderosos ombros acima do mar. Os geólogos estimam a duração da Idade Mesozóica em cerca de um milhão de anos.

No começo da Idade Cenozoica (a idade da vida recente), os Apalaches adquirem sua forma atual, enquanto as Rochosas continuam a erguer-se acima das águas. Os primeiros mamíferos aparecem, os Grandes Lagos tomam forma e sobre as planícies vagueia uma horda de animais bastante aproximados de sua moderna forma: o bisonte, o elefante, o cavalo, o tigre de dentes de sabre. E justamente por esse tempo, faz o Homem sua aparição, o pithecantrofihus erectus (o homem-macaco que permanece erecto) é encontrado em depósitos, em Java. Depois aproxima-se o último grande Período Glacial em que metade do que é agora conhecido como os Estados-Unidos estava coberto pela Grande Geleira, que destruiu muitas das formas inadaptadas de vida e deixou o Homem essencialmente com os mesmos camaradas que êle tem hoje. O período glaciario ainda não passou completamente; mais de cinco milhões de milhas quadradas da terra estão ainda sepultados debaixo de um lençol de neve e gelo. A idade desta última era é estimada em cerca de sessenta milhões de anos.

Qual é então o total, desde o tempo das mais remotas rochas conhecidas até o presente? Sabemos que esse total não representará a idade toda da terra, mas pode fornecer uma estimativa aproximada. Estaremos bem certos se dissermos que a terra tem nada menos de um bilhão e quinhentos milhões de anos de idade! …….(1.500.000.000).

Obs: A hipótese é de 1945. A idade estimada hoje já mudou para aproximadamente 5 bilhões de anos.(N.C)

Explorando a estratofera

NOSSA atmosfera, o envoltório de gases que nos cer-ca a uma altura de muitas centenas de milhas, contém muitas camadas, bem semelhantes às camadas sucessivas duma cebola. Uma delas é a chamada estratosfera, que jaz por cima de nós a uma distância de um pouco de

mais de seis milhas, região de baixa, porém uniforme temperatura, usualmente de cerca de 55 graus abaixo de zero. Ultimamente a estratosfera tem assumido insólita importância, tanto para o meteorologista como para o aviador. Para o primeiro é importante por causa da luz que pode lançar sobre as nossas condições de calor. Para o aviador é uma região relativamente sossegada e universalmente clara, através da qual o aeroplano pode desenvolver extraordinária velocidade e proporcionar um conforto incomum no vôo. Porque a estratosfera jaz muito acima das mais altas nuvens, numa região livre de neblina, de vento e de chuva. Por causa do extremo frio e raridade da atmosfera naquela altura, a viagem nas mais elevadas regiões deve ser em camarotes hermeticamente fechados, com a suficiente provisão de oxigênio em depósitos para que dure toda a viagem. Depois, também, deve ser o aeroplano especialmente preparado para viajar através de atmosfera tão rarefeita. Hélices, de posição variável, resolvem a dificuldade, permitindo que as hastes cortem maior porção do ar rarefeito. O acréscimo de super-acumuladores ao aparelho, de modo que o combustível possa receber adequado suprimento de oxigênio,, resolve uma outra das dificuldades. E’ através da estratosfera, assim equipados, que os aviadores estão tentando transpor oceanos e continentes nos vôos mais velozes.

Usam-se não somente os aeroplanos na estratosfera, mas o balão de .ascensão tem realizado muitos vôos com êxito. Destaca-se, entre eles, o do cientista suíço, Professor João Piccard, em 1935, quando seu balão se ergueu à altura máxima de 21.718 metros acima do nivel do mar. Por meio de vôos dramáticos e científicos como esse, o ilimitado espaço da atmosfera superior está provendo o homem de novos campos de conquista e continuamente desafiando-o a novas experiências de força, engenho e perícia. E’ crível que finalmente se torne possível atingir uma velocidade de várias centenas ou talvez mesmo de vários milhares de milhas por horas, através da estratosfera.

Qual a causa dos terremotos?

UM terrível estremecimento agita o solo. Os edifí cios tremem como se sofressem de paralisia. Num surdo estrondo, que vai crescendo até um furioso estridor, grandes fendas se abrem na terra. Cessa o terremoto, mas só por um instante. De novo, vem de longe o hórrido rumor, como o pesado rolar de longínquos tambores. De novo, o terrífico impulso da vibração. O solo inteiro se torna tão instável, como o mar, onda após onda abrindo seu pavoroso caminho através da terra. Os prédios ruem com formidável estrondo; pedras, argamassas, paredes e tijolos desmoronam-se doidamente sobre a terra guinchante. Depois, o silêncio. O terremoto passou. Dos esconderijos e fendas, dos amontoados destroços, arrastam-se lastimáveis espantalhos de homens e mulheres, a encher o ar com gritos de angústia e desespero. E acima de todo o barulho, ergue-se o espantoso grito de "Fogo"!

Os antigos presencearam muitos desses tremores do mundo, mas para seus espíritos ignorantes, a causa se perdia em alguma força mística e sobrenatural, alguma travessura ou cruel vingança dos deuses. Enganado pela falta de conhecimento científico, o próprio Aristóteles, que era bastante sábio para atribuir as causas do fenômeno às forças naturais, fez conjeturas bem distantes da verdade.

Hoje, ajudados por instrumentos muito sensíveis, chamados sismógrafos, os geólogos descobriram as verdadeiras causas dessas convulsões da terra. Espalhadas através do globo existem grandes aberturas e fendas na crosta subterrânea. De vez em quando, parte de uma dessas compridas fendas move-se somente um pouquinho para um lado. Quando isso acontece de repente, grandes massas tornam a pôr-se em ordem com violenta força e esse choque se espalha para causar terremotos em pontos bem distantes.

Outra causa dos terremotos é o pregueamento da terra. Quando a terra começou a esfriar, a superfície esfriou mais depressa que o interior e assim o planeta inteiro contraiu-se e enrugou-se como a pele duma maçã assada. Ora, por causa dessas dobras, a terra sofre um constante e violento abalo. Quando ocorrem ajustamentos para facilitar essa convulsão, temos esses estrondos, deslocamentos e choques conhecidos como terremotos.

Os terremotos, como as erupções e as cheias, exercem ainda terrível e caprichoso domínio sobre a raça humana. O homem não aprendeu ainda a controlá-los ou a predizê-los. Esse é ainda um dos problemas insolvidos da geologia.

Fonte: Maravilhas do conhecimento humano, 1949. Tradução e Adaptação de Oscar Mendes.

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