HENRIQUE COELHO NETO. Nasceu em Caxias, no Maranhão, aos 21 dias de fevereiro de 1864 e extinguiu-se a 28 de novembro de 1934, aos setenta anos, no Rio de Janeiro. Menino ainda, deixou a cidade natal, residiu em Recife e em seguida em São Paulo e veio, por fim, para o Rio, onde terminou o curso de humanidades, deixando em meio, depois, os estudos que iniciara sucessivamente nas Faculdades jurídica e médica.
Jornalista ao lado de Patrocínio, de Alcindo Guanabara, de Quintino Bocaiuva, em cujos jornais serviu, colaborando, além disso, em dezenas de revistas e diários do Rio, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Maranhão e da República Argentina, Coelho Neto ao mesmo tempo prosseguia na publicação da larga série dos seus trabalhos de ficção, que constituem matéria ainda não suficientemente estudada. O que se não pode contestar, porém, é que êle é o mais copioso dos nossos romancistas.
Imaginação potente, observação meticulosa e viva, estilo inconfundível e terso, Coelho Neto deixou prodigiosa produção literária, em que se ostenta, com o frasear escorreito e donoso, a riqueza vibrátil e formosa da sua expressão verbal, só comparável à de Ruí, aqui, e à de Camilo, em Portugal. Excedem de uma centena os livros do fino estilista, representados por contos e romances, crônicas e discursos, fantasias e peças de teatro. Três ou quatro dos seus romances bastariam à sua glória de artista; e vários, entre os melhores, foram vertidos para diversos idiomas.
Desempenhou eventualmente cargos públicos no Estado do Rio; foi deputado pelo Maranhão e membro da Comissão de diplomacia e tratados, professor por concurso de História das Artes em Campinas e diretor e lente da Escola Dramática Municipal. Da Academia de Letras foi um dos fundadores, criando ali a cadeira de Álvares de Azevedo; fêz parte da Liga da Defesa Nacional, desempenhou, em 1928, comissão diplomática em Buenos Aires e em 1933 foi indicado pelas associações intelectuais do país candidato ao prêmio Nobel. Orador eloqüente, professor de civismo, cronista fino e faceto, romancista fecundo, e vigoroso novelista, Coelho Neto primou principalmente pelo sabor da linguagem, plena de imagens e expressões. Entusiasta da educação física, foi o verdadeiro patrono dos jogos atléticos entre nós.
São principais entre as suas obras (romances, contos, crônicas, comédias e conferências) as seguintes: Rapsódias (1891), A Capital Federal (1893), Baladilhas (1894), Miragem (1895), Fruto Proibido (1895), O Rei Fantasma (1895), Sertão (1896), Pelo Amor (1897), Inverno em Flor (1897), O Morto (1898), Romanceiro (1898), O Paraíso (1898), Seara de Rute (1898), Ártemis (1898), A Conquista (1899), Por Montes e
Vales (1899), Saldunes (1900), Tormenta (1901), Memória sobre a Arte (1901), Apólogos (1904), A Bico de Pena (1905), Compêndio de Literatura Brasileira (1905), Pastoral (1905), Turbilhão (1906), Teatro (três volumes — 1907 e 1911), Fabulário (1907), Jardim das Oliveiras (1908), Esfinge (1908), Quebranto (1908), Conferências Literárias (1909), Alma (1911), Banzo (1913), Melusina (1913), Rei Negro (1914), Contos Escolhidos (1914), O Dinheiro (1918), Falando (1919), Segundas Núpcias (1919), Frutos do Tempo (1920), Atlética (1920), O Mistério (1920), Breviário Cívico (1921) Conversas (1922), Véspera! (1922), O Desastre (1923), Frechas (1923), Orações (1923), Fogo de Vista (1924), Amor (1924), Mano ("o livro mais sentido de quantos tenho escrito" ■— 1924), O polvo (1924), Imortalidade (1926), Feira Livre (1926), Canteiro de Saudades (1927), Velhos e Novos (1928), Contos da Vida e da Morte (1928), (1929), O Evangelho nas Selvas (1929), etc. Em colaboração com Bilac, produziu quatro livros.
A Primeira Palavra
Como aprendi eu a falar?
As palavras vieram comigo informes, desarticuladas e, pouco a pouco, as fui compondo, sílaba a sílaba, e aplicando-as aos respectivos seres e objetos que designavam.
A primeira que balbuciei foi o apelativo de minha mãe, por ser ela a imagem que eu tinha sempre diante dos olhos. Mal os abria do sono, logo a encontrava a mirar-me, inclinada sobre o meu berço, como o céu se curva sobre a terra.
E essa palavra inicial foi a raiz de que nasceram todas as outras, como nascem as folhas na árvore, à medida que se lhe vão distendendo os ramos.
Hoje, para encontrar esse nome, eu teria de recavar a terra e buscá-lo no seio da morte.
Que será feito de minha mãe?
Recolhendo-me, às vezes, em mim mesmo, vejo-a dentro do coração, ouço-a, sinto-a.
Terá ela desistido do céu, para ficar comigo, animando-me nos meus desfalecimentos, consolando-me nas minhas tristezas, alvoroçando-se comigo nas minhas alegrias?
Há tantas coisas misteriosas que nos cercam e nos escapam à vista: a esperança, a fé, o amor, todos os sonhos, enfim. Quem os vê? E não estão conosco? Não são, a bem dizer, a essência mesma da vida?
Assim faz minha mãe dentro do meu coração: e é por isso que, ainda hoje, nas minhas dores, nas minhas agonias, chamo por ela como a chamava quando, pequenino, dormia ao seu colo, alumiado por seus olhos meigos, acalentado por seu canto.
Mamãe! Este foi o primeiro nome que pronunciei, o nome flor, que ainda me perfuma a voz e que será, na minha hora derradeira, a palavra sacramental da extrema-unção da minha boca.
E quando minha alma sair da vida dolorosa, não errará o caminho do céu, que mamãe conhece por o haver deixado para vir acompanhar-me e poder responder-me de dentro de mim, consoladoramente, quando a invoco nas minhas angústias, como a chamava em pequenino, fechando-a toda num vocábulo apertado, como toda a encerro, e viva, no meu coração: Mamãe! (157).
(157) Pequenina assim, é esta, entretanto, uma das páginas mais comoventes de Coelho Neto, na qual exalta e cultua o mais doce, sentimental e respeitável nome, em nossa vida: Mamãe. (158) Fortuna entre os clássicos, sempre foi o destino, a sorte, a sina; depois, a boa sina. O afortunado é o feliz; o infortúnio é a desgraça. Do francês veio fortuna no sentido de riqueza.
(Canteiro de Saudades, 1927, pp. 21-24).
Energia
O homem sem iniciativa, que tudo espera do acaso, é como o mendigo, que vive de esmolas.
A mais bela coragem é a confiança que devemos ter na capacidade do nosso esforço. O que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação.
O caminho está aberto a todos, e se uns vencem e alcançam o que almejam, não é porque sejam predestinados, senão porque forçaram os obstáculos com arrojo e tenacidade.
Não há arrimo mais firme do que a vontade. O que se fia em si mesmo é como o que viaja com roteiro e provido de farnel e não perde tempo em informar-se do caminho nem em buscar estalagem para comer.
Só há uma sina a que o homem não pode fugir: é o trabalho — ponte lançada sobre o abismo da miséria, no fundo do qual gemem todas as dores, rugem todos os vícios e escabujam em lama todas as vergonhas.
É um passo estreito, por vezes oscilante, mas quem se atira por êle com firmeza de ânimo e olhar alevantado, atravessa-o alcançando, no outro lado, a fortuna. (158).
Quem desanima ou se deixa vencer pelo terror, fica na pobreza ou rola do alto, e, uma vez caído, só com redobrado esforço conseguirá voltar acima, ferindo-se nas arestas dos alcantis, e, às vezes, trazendo manchas de lama, que é o fundo do precipício.
Aquele que confia em si anda sempre de olhos abertos; o que se entrega a outrem vai como cego: e tanto pode ser guiado para o bem como dirigido para o mal.
A fortuna é como o fruto que se não dá senão a quem o vai colher no ramo; esperá-lo debaixo da árvore até que se desprenda do galho é dispor-se a comê-lo podre.
O homem que diz: "Eu quero!" é como a ave, que se levanta na força das próprias asas, cruzando o espaço como entenda; aquele que diz: "Eu espero…" é como a flexa, que só se dirige na direção da pontaria, caindo, inerte, desde que cesse o impulso da corda que a disparou.
Só os fracos, os impotentes quedam na resignação; os enérgicos insurgem-se, lutam, dão combate à vida e vencem.
(Breviário Cívico, 1921, pp. 73-75).
Insone
A casa não dormia. Era a única na rua sossegada que se mantinha aberta e acesa durante a noite toda, e, ainda que silencioso, ensurdecido pelos cuidados, o movimento nela era contínuo. Falava-se aos cochichos, e, volta e meia, no quarto em que êle sofria, vigilo, soava a exclamação angustiosa:
— "Se eu dormisse uma hora!"
O sono, que enchia a casa, acabrunhando aos que o desvelavam — tantas noites despertas! — não lhe chegava, a êle.
Os enfermeiros revezavam-se-lhe à cabeceira, e, por toda a parte, em desordem, eram pacotes de algodão, ampolas, rolos de gaze, frascos.
De quando em quando alguém chegava-se à luz com o termômetro.
Em todo caso, havia esperança e, quando os pássaros começavam a cantar nas árvores e o céu desensombrava-se em rosicler e ouro, mais se animavam os corações.
"Se eu dormisse uma hora…!" arquejava, cansado, o pobrezinho.
O sol entrava a jorros. Era o dia e começava na rua o movimento.
Todos contavam vê-lo, de repente, sorrir, anunciando o alívio desejado, e êle, rolando aflitamente os olhos, agitando-se no leito, ansioso, insistia nas palavras tristes:
"Se eu dormisse uma hora.. .!"
E assim, passaram-se nove dias e nove noites, dias de tortura, noites em claro, longas, exaustivas, sem sono, gemidas, até que, ao fim da tarde décima, ao lento soar das sete horas, abriram-se-lhe muito os olhos, encheram-se-lhe de lágrimas, e, entre nós dois, ela e eu, êle começou a aquietar-se, deixou de gemer para dormir, e adormeceu enfim, não por uma hora, mas para não acordar mais, nunca mais!
(Mano, 2.a ed., 1928, pp. 23-24).
Miragem
Correram taciturnos os últimos meses de inverno e de saudade. Setembro entrou radioso, dissipando as derradeiras névoas, enxugando as derradeiras lágrimas. A casa do "Madruga" abriu-se de novo para receber a família que voltava do exílio, onde fora anojar. (159).
Tadeu partira à frente "para cuidar da vida", dissera; mas o motivo real fora a tristeza que lhe infundia o sítio do padrinho, uma tapera (160) merencórea, onde apenas havia o
(159) Anojar ou enojar (de nojo, no sentido de luto): "enojado da morte de um irmão" (R. LOBO, Êgloga V); "anojado pela morte do irmão" (L. de Sousa, Anais L. V, cap. IV). Nojo é aférese de enojo, da combinação lat. in-odio, que produziu o verbo *inodiare, em port. enojar, no fr. ennuyer, no ital. annoiare. Significa ter nojo, enjoo ou náusea, causar aborrecimento ou pesar, sofrer mágoa, enlutar-se (di seguido de vogal dá — ;’: cfr. hoáie > hoje; invidia > inveja), O étimo náusea é menos justificável. (160) Tapera, do tupi tab + era, aldeia extinta, povoação de outrora. (T. Sampaio).
rumor do monjolo e o sussurro das águas derivantes. Deserta e calada, com dois bois magros, esfalfados, que passavam os dias errando pelos pastos, com erva até as ancas e à noite, quando os caborés agourentos cantavam pelos escampos, mugiam profundamente com infinita e inenarrável melancolia.
Ao sétimo dia, voltando da missa, Tadeu apertou estre-mecidamente nos braços a mãe e a irmã e partiu do Pati, a pé, com um cajado de arrimo.
Pungiam-no saudades: deixar a mãe, deixar a irmã.. . mas ao mesmo tempo a idéia de trabalhar para elas dava-lhe um doce alívio, sentia-se bem com esse pensamento e, caminhando ao sol, pela arenosa estrada calcinante, pensava, compondo a vida futura, que haviam de viver os três, em torno da memória santa do pai, respeitando e honrando a herança do seu nome imaculado.
Seguindo de olhos baixos, o cajado ao ombro, antevia o quadro idílico que havia de ser feito à custa do seu esforço e da sua perseverança.
"A mãe repousada e querida, cuidando a casa, velando pelos legados do morto e pela castidade do lar; a irmã casada é feliz, amante e amada; e no viçoso jardim em flor, juntamente com os pássaros, brincando alegremente no mesmo raio de sol, os pequenos sobrinhos, que haviam de desanuviar o ambiente lúgubre, ressentido ainda, conservando dolentemente os ecos dos soluços e das palavras de dor desse dia triste em que lhe morrera o pai. E êle, forte e intrépido, agarrado à terra, porque a sua idéia era cultivar os dois alqueires de terreno que eram toda a herança dos seus: distribuiria prodigamente a fartura, fazendo com que os ramos estéreis produzissem, ouvindo o balar dorido das ovelhas fecundas."
Entretido, absorto, caminhando e sonhando, Tadeu tinha o sentimento, a visão interior de uma vida imaginária, feita com os dias ideais da evocação. Andava com o espírito em viagem, vencendo o tempo, construindo sobre o vago; via a frutificação do pomar, os galhos pendentes, de rojo, balançando frutos, outonos prósperos passando com uma exuberância de produção maravilhosa, o gado multiplicando-se nos campos, as terras férteis sempre em flor. Via-se no campo, à luz bendita do sol, cavando para semear e já as sementes brotando, a flor vindo e o fruto amadurecendo, a paz, a prosperidade; a vida correndo tranqüila e suave à proporção que os cabelos maternos, raros e embranquecidos, iam dando ao rosto sereno de Maria Augusta a expressão benévola da velhice santa.
A terra era a sua esperança, a terra abençoada e fértil, sempre compensadora; essa mesma lande (161) detestada e temida, que em outros tempos lhes arrancara lágrimas e cólera quando, ainda menino, o pai, demarcando um limite na horta, o obrigava a revolvê-la para que melhor aceitasse a semente. Essa mesma terra, misteriosa na sua germinação, alagada em janeiro, florida em maio, seca e abrasada em dezembro, mas constantemente fecunda, constantemente em gestação, à luz, sob o aguaceiro, ao luar, produzindo, se a semeavam, explodindo em fetos e espinhais quando não vinham depositar no seu seio o germe, pela força violenta da sua natureza essencialmente criadora, infinitamente produtiva.
Demais, que seria das pobres mulheres, se a terra não o socorresse? E seus olhos comovidos alongaram-se pela várzea enamoradamente, significativamente, como se lhe quisesse dizer que a aceitava para o noivado eterno.
Subitamente a visão desfez-se como uma névoa que o vento esgarça, e o pensamento, num impulso de verdade, voltou-se para o pai.
Vieram-lhe à memória as cenas recentes da morte — o cadáver inteiriçado sobre o leito, mais tarde no caixão, as mãos postas, as pálpebras cerradas, frio e pálido, um lenço atado ao queixo, entre círios, coberto de flores. Depois o saimento, à hora do crepúsculo; mas, recuando para os dias remotos da sua infância, viu-o vivo e forte e com o seu formidável corpo de colosso; e, como se, efetivamente, o alentejano houvesse ressurgido e lhe falasse amigamente ali, em plena campina, entre coles de uma verdura de esmeralda, ouviu clara e distintamente a sua voz sempre afável.
(161) Lande ou, melhor, landa, de fonte germ. = terra, terreno descampado, sem cultivo, tojal, charneca.
Estremeceu e voltou-se.
Silencioso e abafado, o campo estendia-se deserto; longe, numa baixada, bois soltos pastavam. Um velho negro vinha por um atalho tocando um burrico moroso.
O sol intenso abrasava e, dentre a folhagem espessa e copada de um mangueiral, subia, como uma fita, o fumo azul de um lar.
Tadeu, exausto, estacou, recolhendo-se à sombra de uma paineira, à margem da estrada. O negro passou saudando-o. Saudou-o também e muito tempo, enquanto seus olhos alcançaram, seguiu-o pelo extenso campo calado e morno.
O calor subia. O céu, muito azul, resplandecia e ofuscava e toda a vasta extensão das terras, adormecidas na calidez enervante do meio-dia luminoso, estava deserta e calada. As barrancas, de uma côr sangüínea, flamejavam e os milharais de ouro vívido, à luz fecunda do sol, tinham a aparência fúlgida de um incêndio que lavrasse raso, sem crepitação e sem fumo. Tadeu sentia um alquebramento invencível, cansaço e sede.. . e a cidade ainda tão longe, além dos morros!
Mas a ânsia cubiçosa de começar a vida, de distribuir as terras, de prepará-las para a semente, arroteando-as: uma parte para horta, outra parte para os cereais, as barrancas virgens para o mandiocal, as colinas para o café, o corte dos aceiros, a construção do bicame para as regas, todo o trabalho que havia de ser a salvação da família e a sua glória de homem chamava-o para o "Madruga" e com tal insistência que, desprezando a soalheira, sedento e suado, deixou a sombra fresca e murmura da paineira e lançou-se a caminho pela poeira fina da estrada adusta, a grandes passos, o chapéu tombado sobre os olhos, a cabeça baixa, olhando a sombra negra do seu corpo na claridade nítida da estrada.
Finalmente seus olhos descobriram, através da verdura, o muro branco de uma casa — era a primeira — anunciando o povoado; dali para baixo começava a cidade.
(Miragem, 1895, cap. IV, pp. 53-62).
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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