O que é a felicidade?

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  • #69959

    Na sequência do que referiu o Márcio e, uma vez que já vimos discutindo esta questão em vários outros tópicos, achei por bem criar um específico para trocarmos ideias sobre a felicidade.

    #75976

    Gostaria de lançar algumas possibilidades em relação à ideia de felicidade…

    felicidade=sublimação do fracasso

    felicidade=ausência de dor

    felicidade= experiência de plenitude resultante da satisfação do que o sujeito procurou alcançar

    felicidade=finalidade última e englobante da existência humana

    felicidade=quimera

    felicidade=recusa da finitude

    #75977

    Gostaria de lembrar também a definição de felicidade (eudaimonia) segundo os gregos. Aristóteles, notadamente, faz da felicidade, em seu Ética a Nicômano, “A atividade da alma em consonância com a virtude (areté)”. Nessa definição magistral, que coroa o pensamento do dois primeiros livros desse ética, já temos várias coisas implicadas, como a busca do bem supremo, que é essencial, a felicidade como atividade, como busca, e a noção do ser humano como um ser racional. Além disso, a própria etimologia de eudaimonia nos dá algumas pistas. Nos recordamos da noção do daimon grego, que era um gênio, um espírito, não necessariamente malévolo como o desenvolvimento da palavra para demônio na cultura judaico-cristão faz acreditar. Esse espírito era um intermediário entre o mundo divino e o mundo dos homens. É o daimon, sempre bom relembrar, que orientava a investigação socrática para o bem, conforme conta a Apologia. Pois bem eudaimon é o bom daimon (eu=bom em grego), e aquele que tinha nascido com um bom daimon (conforme o destino impresso pelas moiras) tinha melhor chance de encontrar a felicidade, ou, a ajuda divina é sempre necessária. Isso já dizia Platão: o homem, por si, não é capaz de encontrar o bem, Cabe ao homem a postura correta, a atividade de procurar o bem, a recusa do mal. Mas encontrar a felicidade depende da ajuda divina, pelo menos era essa a noção entre os gregos. Aliás, pode-se sempre lembrar também da forma que essa discussão toma na escola epicurista, onde o bem é identificado com o prazer, sendo que esse prazer não é meramente sensualista.

    #75978

    Isabel,

    vou meditar sobre os tôpicos citados sobre a felicidade , logo retorno.

    mais penso q têm uma predisposição egoica esses parâmetros.

    tc.

    #75979
    márcio
    Membro

    Estou praticamente sem poder acessar a internet essa semana (viajando) … mas Domingo terei retornado … se Deus quizer.

    #75980

    Felicidade aparece quando nossos desejos são realizados. Isso me lembra o não desejar budista. E até Schopenhauer, que dizia que a felicidade era raios de sol que passavam entre as nuvens de um dia sempre nublado (a vida).
    Mas a felicidade deveria ser a vida, o grande problema é a influência cristã que tivemos.

    #75981

    Eu penso que, em relação à felicidade, a única coisa que, de facto, podemos conhecer é a vastidão daquilo que ela exige. Como anseio, ela funciona como um projecto de inconformismo na medida em que nada do que é oferecido poderá, na realidade, bastar. Impossível mas imprescindível…ou melhor, irredutível.
    É algo que dificilmente poderemos definir mas que, curiosamente, não confundimos com nada do que a pretenda substuir! Não seríamos todos capazes de a reconhecer se ela finalmente nos acontecesse?? Ou, para quem sente que isso ja aconteceu(?) te-la-á, certamente, reconhecido…
    Quero ser feliz! Mas não há nenhum “direito” à felicidade! Ela não resulta de nenhuma convenção, ela não pode ser garantida por nenhuma instituição, ela não pode ser adquirida !
    Já dizia Kant que o importante (aquilo que nos diz respeito enquanto propósito actual) não é a felicidade, mas sermos dignos da felicidade. E isso não “é ter direito” a ela ou ser capaz de a conquistar, mas tentar “apagar” aquilo que em nós próprios, no nosso eu possa ser um obstáculo à felicidade, ou seja, tudo aquilo que, no fundo, seja incompatível com ela.
    Schopenhauer e os budistas (que o Mceus falou acima) supuseram que é o próprio eu que nos torna indignos de felicidade.
    Julgo que a felicidade pode ser vista como o télos último do desejo…quero ser feliz é afirmar, na realidade, quero ser…mas como diz F. Savater, “felicidade é aquilo que brilha onde eu não estou, ou ainda não estou ou já não estou”…

    #75982
    carlos
    Membro

    “O segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz.”
    Leon Tolstói

    #75983

    A felicidade …

    sublimação do fracasso .-

    se sublimarmos o fracasso ilusionando uma felicidade, nesse sentido, considerada tb como quimera, para o sujeito essa felicidade seria adiada eternamente, pois sua fonte seria o próprio fracasso.
    e ainda nesse sentido e ref. ausência da dor, a logoterapia, psicoterapia que trabalha na práctica confrontando de forma dialética a existência e o logos, interpreta a felicidade no sentido intrasubjetivo e que transcende o próprio indivíduo na medida em que ele é construido historicamente e a sua felicidade depende em grande parte da forma como articula seu mundo simbólico com os objetos e seu espaço … nesse sentido e seguindo a noção construtivista e pós-moderna de visão de homem, sob uma hermeneutica, link do Alex, algo a se decifrar … experimentando … nesse sentido a felicidade faz parte da vida e está implícita nela, não deveria ser inventada, e ultrapassa o desejo, até o próprio princípio do prazer, por ser algo que ilumina e arde ao mesmo tempo, nesse sentido segundo Wirdgans , mesmo que se apague , não se pode dizer que uma tocha não teve sentido no seu resplandor, enquanto iluminou ; em compensação ,o que não tem sentido nenhum é tomar uma tocha apagada e desatar a correr com ela, mesmo que a corrida nunca acabe. o que deve iluminar tem que suportar o seu arder , … tem que suportar o queimar-se. isto é , o arder , até o fim.

    ref. plenitude por objetivo alcançado/finalidade última .-

    seria limitar a dimensão multiverso e a complexidade da própria felicidade, seria igualá-la a uma conquista, nesse caso seria explícita ao tempo que acredito que a felicidade acontece num nível tácito e múltiplo.

    sobre recusa da finitude quero pensar mais ao respeito.

    e em relação a sermos dignos e a apagar aquilo que nos impossibilita … acredito q a questão não é apagar, e sim articular o todo de forma a não ser um fragmento de nós, seja o ego, os instintos, etc e tal que de alguma forma oriente o que venha a ser o a significar a felicidade, todos somos dignos, caso afirmássemos o contrário, estariamos fazendo julgamento sobre o que vem a ser e quem a merece …. o irregular trabalha com as ambivalências …. nesse sentido , podemos almejar a felicidade e conformarmos com a sua irregularidade e não considera-la com um projecto do incoformismo.

    #75984

    Karen:
    “…para o sujeito essa felicidade seria adiada eternamente”…não será, justamente, essa a essência daquilo a que podemos chamar “felicidade”? Aquilo que se adia porque nunca suficiente, porque nunca satisfatório? O fracasso como corolário de uma vida votada à procura do inacessível!…
    Quanto à logoterapia conheço relativamente bem, já li Viktor Frankl e sei que a tese central da logoterapia é a de que a vida nunca deixa de ter sentido, que o tem até ao último momento, até ao último alento, mas como pensar o sentido e a felicidade depois de Auschwitz?…
    “a felicidade(…) ultrapassa o desejo (…) por ser algo que ilumina e arde ao mesmo tempo(…) mesmo que se apague não se pode dizer que a tocha não teve sentido”…o sentido de ter iluminado o efémero, o transitório, o que já não é…sempre com esperança num caminho que se possa percorrer às escuras, sem tocha…
    “tem de suportar o queimar-se, isto é, arder até ao fim”, onde eu já não estou???
    Em relação ao facto de a felicidade poder ser entendida como finalidade última, penso que isso não a limita a uma conquista (Aquiles e a tartaruga…)porque ela não se “conquista”, ela persegue-se nas mais variadas dimensões da vida na figura de felicidades parcelares.
    Pensar a felicidade como projecto de inconformismo implica sublinhar o desejo humano de a atingir e a consciência plena da distância permanente que dela o separa…querer ser feliz, seria assim querer ser, transcender-se numa recusa obstinada da única evidência: a finitude.

    #75985

    olá.

    felicidade, alegria e tristeza

    … mas o que é a felicidade efetivamente(?)… é um estado de bem estar(?)… é um estado de não confusão(?)…a felicidade discutida aqui, parece-me, está sendo feita em dois níveis… acredito que foi isto o que a Karein sinteticamente buscou demonstrar…
    …o primeiro nível seria um embuste, a alegria manifestada na palavra felicidade…”para o sujeito essa felicidade seria adiada eternamente”…o conhecimento desta limitação obvia.. ou uma masturbação de “felicidade”(alegria) deve ser superado…sob pena das “rupturas de absurdo”… resultado das idéias como “heróico remédio” para todos os nossos problemas…isto gera apenas mais confusão ou perda do sentido da vida…pois vivo correndo em círculos…como o cão atrás do rabo…

    o segundo nível, penso, seria uma condição de não-confusão…é uma espécie de “retorno” ao Éden…como exemplo temos, novamente, os silvículas de tribos que ainda vivem de forma primitiva… podemos dizer que eles são felizes(?)…penso que sim…eles não estão isentos de momentos de triteza e alegria, contudo, estão isentos de estados de confusão aos quais nos deparamos constantemente…

    temos momentos de alegria e momentos de triteza… a felicidade é um estado do ser… que não se vê oprimido, confuso ou deprimido… é um estado de ser livre…constante/inteiriço…absoluto em sí…ou como diz a karein… um ser não fragmentado….

    abs.

    ps.(1)“Boris encontrava dificuldade para reduzir 12/16 a seu menor denominador comum e não conseguiu ir além de 6/8. A professora perguntou-lhe tranquilamente se aquele era o mínimo a que ele poderia reduzir a fração. Sugeriu-lhe que “pensasse”. Seguiu-se um arquejar e um frenético acenar de mãos das outras crianças, todas ansiosas por corrigi-lo. Boris muito infeliz, talvez mentalmente paralisado. A professora, calma, paciente, ignora os outros e concentra a vista e a voz em Boris. Volvidos um ou dois minutos, ela volta-se para a classe e pergunta: “Muito bem, será que algum de vocês pode dizer ao Boris que número é?” Uma floresta de mãos aparece, e a professora chama a Peggy. Peggy diz que tanto o numerador quanto o denominador podem ser divididos por quatro.”

    comentário

    “O fracasso de Boris possibilitou a Peggy ser bem-sucedida; o infortúnio dele é a ocasião do jubilo dela. Essa é uma condição padrão da escola elementar americana contemporânea. Para um índio zuni, hopi ou dakota, o procedimento de Peggy seria de uma crueldade sem nome, visto que conseguiu o próprio sucesso valendo-se do fracasso de alguém é uma forma de tortura estranha a essas culturas não competitivas.”

    autocontradições

    “Visto do ponto de vista de Boris, o pesadelo do quadro negro era, talvez, uma lição de controle pessoal, para que ele não saísse correndo e gritando da sala debaixo de enorme pressão pública. Experiências dessa natureza obrigam todos os homens educados em nossa cultura, reiteradamente, noite após noite, até no pináculo do sucesso, a sonhar, não com o sucesso, mas com o fracasso. Na escola, o pesadelo externo é interiorizado para o resto da vida. Boris não estava apenas aprendendo aritmética, estava aprendendo também o pesadelo essêncial. Para sermos bem-sucedidos em nossa cultura precisamos aprender a sonhar com o fracasso.
    Numa sociedade em que a competição pelos bens culturais básicos é o eixo da ação, não se pode ensinar as pessoas a se amarem umas às outras. Torna-se assim necessário para a escola ensinar às crianças o ódio, sem dar a impressão de estar fazendo isso, pois a nossa cultura não tolera a idéia de que os bebês devam odiar-se. Como é que a escola leva a efeito esta ambiguidade?”

    do antropólogo e sociólogo Jules Henry em “Culture Against Man”

    ps.(2)idéias/linguagem/lógica……

    abs.

    #75986

    Alex:
    Muito interesante o extracto que apresentou…em relação ao que disse, permita-me “discordar” do seguinte: refere-se a momentos de alegria e tristeza,à felicidade como sendo “um estado do ser”…parece-me ver aí alguma contradição: como conciliar um estado (algo de estático) com o fluxo e refluxo de alegria e tristeza? Refere também a felicidade como se relacionando com o facto de não se estar confuso, deprimido, oprimido…mas não será isso apenas possível na ausência de pensamento? Aí, acho que tocou num ponto muito curioso. Repare, nós somos optimistas, não por acreditarmos que vamos ser felizes, não, mas por acreditarmos que já o fomos e assim a felicidade assume a forma de memória mas, paradoxalmente, a de reverso amnésico também! Repare, nós recordamos um momento feliz como aquele em que nos esquecemos de tudo, não é? Desta forma, a nostalgia e/ou a expectativa da felicidade dão que pensar, mas a própria felicidade implica que não se pense e assim funciona como uma espécie de parêntesis sem mensagem no nosso próprio discurso interior. Então aí, como disse, a felicidade seria não se estar confuso, oprimido…
    Como diria Proust ” os pensamentos são sucedâneos das infelicidades”.
    Acrescentaria assim,à lista inicial, uma outra possibilidade para trabalhar a ideia de felicidade:

    felicidade=suspensão do pensamento

    #75987

    rapidinho pois estou muito cansada hj …

    Alex … quero retomar a questão … gostei muito do texto e da responsabilidade reflexiva contida nele … vou pensar sobre a linguagem e a lógica.

    a nossa cultura não tolera a idéia de que os bebês devam odiar-se … no entanto, as pessoas são tão “civilizadas ” que não hesitam em prejudicar outras pessoas por meio da humilhação, en nome de um falso moralismo e já q vc mencionou … internalizando nas crianças uma lógica de ser despontencializadora, tirando delas o que há de melhor, sua criatividade domesticando-as , pois essas crianças não estão preparadas para a agressividade sutil e legitimada da qual são objetos.

    Isabel

    a felicidade é o oposto da suspensão do pensamento, acho eu, não anestesia pois não implica em embriaguez, nem êxtase ( ao menos o eufôrico), deveria ser lúcida e transcender objetivos ou desejos particulares, pois implica em compartilhamento , mesmo q aparentemente ocorra a um nivel individual.

    o adiamento a que me referi dizia respeito ao fato de sublimar, o que não significa que se postergue devido à sua insuficiência, o que a torna insuficiente é a atitude do sujeito, perante o que espera que signifique dita felicidade naquele momento específico.

    um estado de ser não implica um estado imerne, um estado de ser é tão dinâmico quanto a brisa que nos acaricia o que acontece é que para alguns essa mesma brisa nada signifique , pois não a perceberem .

    campo de concentração / sentido da vida . –

    a pessoa se encontra num estado primitivo, num estado de regressão ao primitivismo, nesse sentido o imediato é o que prevalece, a sobrevivência, imagino , pode acontecer uma atitude de desistência, mais acredito q nesse caso o sentido seja configurado a partir de um plano espiritual e de uma atitude perante o destino e no plano psicológico mantendo sua identidade . mais acredito q o peso maior esteja no nível espiritual e na fé . Isso teoricamente é fácil, mais só vivendo e sofrendo até o extremo desapretendo a viver e viver sobrevivendo para pode avaliar o sentido exato.

    o perseguir tb pode ser uma variável da conquista, na medida em que , quem conquista persevera e dependendo do desfecho sucede um incomodo próprio da rejeição daquilo q se pretendia ou desejava …. quem conquista a felicidade ou persegue a felicidade … tal como alex disse, vai correr em círculos .

    #75988

    Karen
    Felicidade=suspensão do pensamento não tem a ver (não pretendi dar isso a entender) com o facto de ela funcionar como uma espécie de “anestesia”, mas sim com o que atrás já disse sobre o carácter amnésico da própria felicidade, isto é, a vivência da felicidade (esse tema improvável…) está associada ao esquecimento, ao esquecimento de tudo o resto. Só nessa medida me referi ao facto de ele implicar que não se pense.

    Karen, você diz que ele deveria “transcender os objectivos ou desejos particulares”, sim deveria…projecto, então. Eu não tenho uma visão holística da felicidade (pessimismo? talvez…) pois penso que é um tema improvável, como já referi, a propósito do qual só se pode falar na primeira pessoa.

    “…quem conquista a felicidade ou a persegue vai correr em círculos”, “perseguir também pode ser uma variável da conquista”, disse acima.
    Humm, não vejo as coisas assim, porque acho que a felicidade “não se conquista”. Persegue-se, sim, e perseguir insere-se já num contexto diferente: a felicidade inscreve-se, assim, no domínio do télos último do próprio desejo. Por isso ela funciona como um projecto, projecto de inconformismo já que nada do que nos seja oferecido pode bastar. A sensação de incompletude, de inacabamento, de anseio desmedido, constituem a marca da finitude humana. O bem, o prazer, a utilidade, etc, só significam enquanto referência à felicidade, no entanto, esta obstina-se em nunca se deixar esgotar por nenhum destes ideais!…

    “Na memória, de resto, a felicidade é qualquer coisa como um poço de beatitude em que nada acontece e nada falta: um espaço em branco, mas de um branco brilhante, daí que Tolstoi afirmasse que as famílias felizes não tinham história e Hegel, que os períodos de felicidade são como vazios na história dos povos”.(F.Savater)

    “Quem persegue a felicidade (…)vai correr em círculos”…Aquiles e a tartaruga…faz sentido, talvez o que se passa com a felicidade é que somos incompatíveis com ela…
    abs.

    #75989

    muita pressa estou….

    o clamor de nietzsche ensina que: “o que admitamos muito deve ser verdade!” e whitman como um eco no mississioi dizia: “Tudo o que satifaz a alma é verdade!”

    julgamos e somos nossas idéias… a idéia é um alimento que deve ser digerido para ser vivido…

    …perseguir… penso que em meus dias felizes algo me fez feliz…. esse mesmo algo em outro dia me faria feliz tb…vc pode ter tudo não lhe faltando nada para ser feliz… vc descobrirá que faltou apenas vc ser feliz…sistematizamos e regulamos nossas vidas dentro de esquemas… penso…o importante é compreender a vida e relacioná-la com os nossos símbolos… e vivê-la afirmativamente não-fragmentado(felizes)….

    abs.

    ps. idéias/símbolos/lógica.

    abs.

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