Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Qual é o sentido da vida? › O que é a felicidade?
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20/03/2002 às 23:03 #76080márcioMembro
Isabel, é exatamente isso. A sua interpretacao do modelo é excelente.
1)Atendendo às situações referidas, qual seria o feed-back da mente para o piloto automático??
Para cada um dos casos, entendo que o cerebro vai trabalhar agora com 5 pensamentos (antes eram 4). E que o piloto automatico vai captar e executar (ou interpretar) esses 5 pensamentos, sendo que 2 deles continuam “invisiveis” para a mente.
No primeiro caso, tambem me parece que temos uma situacao de infelicidade, porem no segundo caso, me parece uma situacao de conflito, uma vez que “a mentira é uma constante porem as relacoes podem ser verdadeiras.”
Nesse caso, imagino que seja necessario modificar o pensamento de que a mentira é uma constante, para algo como a mentira nem sempre é uma constante.2)Posso colocar a zero a minha percepção ajustando o feed-back da mente para o cérebro?
Acho que sim, por exemplo no primeiro caso, modificando o pensamento para “é possivel uma relacao humana, mesmo assentada na mentira”.
como manter um relacionamento mesmo que assentado na mentira ? como ? como ? eu sei que é possivel, mas como ? … aos poucos a ilusao do como aparece.3) Acho que sim. Eu tenho esperança que um dia a neurologia (ou outra ciencia) encontre os componentes organicos que correspondam a tais funcoes. Uma das dificuldades que eu imagino é que o meio de comunicacao (captura/feedback) seja de dificil percepcao instrumental, pois estamos falando de percepcao de pensamento e nao impulsos eletricos.
21/03/2002 às 0:15 #76081Miguel (admin)MestreMarcio:
Poderemos então considerar que a mente é cérebro porque parte do cérebro? Nessa perspectiva todo o processo se desenrolaria no próprio cérebro.Será que poderemos conceber que a ilusão é criada no e para o cérebro no sentido de garantir as tais condições de manutenção da vida?
Enredamo-nos cada vez mais em perguntas porque “materialmente” só temos o cérebro…não poderímos pensar no modelo que temos discutido, ao contrário, isto é, ser a mente uma ilusão criada pelo cérebro no sentido de garantir que somos mais do que um conjunto de impulsos eléctricos, de sinapses?
Bem…acho que já estou com delírios!…É melhor esquecer!!!abs…
21/03/2002 às 3:07 #76082Miguel (admin)MestreMárcio ,
realidade concreta / realidade psíquica .-
a felicidade ilusória talvez seria uma “articulação ” subjetivamente criada a partir da manipulação de objetos ou eventos de forma a perverter a realidade concreta na medida em que alucina esses objetos/eventos para serem fontes expressas de seu prazer; a infelicidade seria suportar a realidade concreta, o que causaria desconfortos ; essa realidade concreta difere da realidade psíquica não pelo fato de serem duais, não os são, mas se estiverem destoantes : a psíquica irá perverter a concreta para seu bel-prazer; de alguma forma ou outra por conta de ser intolerável , por isso deve ser passível de ser manipulada ….
a felicidade acaba sendo escrava desses objetos/eventos ocorrendo uma cisão entre ambas realidades no plano psíquico, enquanto q a felicidade plena digamos, sem considerá-la ilusão, não se afastaria da realidade e nem se usaria da ilusão ( fragmento de realidade pervertido) por ser intolerável.
abs.
21/03/2002 às 3:24 #76083Miguel (admin)MestreIsabel …
ser a mente uma ilusão criada pelo cérebro .-
qual seria a fonte dessa ilusão …. o que seria
ilusionar do ponto de vista fisiológico, seria talvez uma re-configuração química do sistema nervoso ; seria talvez alucinar sinapses ….abs.
21/03/2002 às 4:06 #76084Miguel (admin)MestreKaren
viver no limite extremo
jung ensina que nascemos originais e morremos cópias…o reino dos céus esta com as crianças…
Significaria sermos humanos e nós mesmos sem máscaras… seria viver sem medo de viver. Já um todo contínuo é algo além…seria razão com refinamento. A semente já foi lançada… é tudo uma questão de tempo.
abs.
21/03/2002 às 13:25 #76085Miguel (admin)MestreAlex,
razão com refinamento .-
chegar ao estado de semente seria “o passo” , toque de clarividência ; os posteriores …. são processos nos quais estruturas sofrem metamorfoses contínuas e/ou nem sempre contínuas abalando o todo , o refinamento nesse sentido , seria o mantenimento dinâmico desse todo ….
a originalidade do nascer seria , eu acho, tb relativa … de repente o nascer seria uma apropriação a mais …. ser humano acaba sendo uma apropriação …..
desmascarar-se .- o desvendar das apropriações e o meditar sobre a condição humana .
morremos cópias .-
antes de falecermos “vive-se” sob o estatuto de “copia” … muitas vezes sem saber seu original, pois ideológico .
espiritualmente . –
apropriação (teórica)- desapropriação (questionamentos) – re-apropriação ou apropiação (experiência subjetiva e única de fé ) .-
processo de refinamento da razão ; as máscaras são excessos e ainda por cima extremamente indelicadas.
abs.
21/03/2002 às 23:18 #76086Miguel (admin)MestreKaren:
Talvez seja…
Essa possibilidade com que avancei surgiu-me apenas a partir da consideração de que a mente seja a parte do cérebro que conseguimos “ver”, como o Márcio tem sustentado. Assim, ela seria cérebro porque parte dele, então o feed-back da mente para o cérebro não seria mais do que o feed-back do cérebro sobre si próprio.O que seria então a mente? Uma “entidade” cuja existência seria ilusionada pelo cérebro.Qual a fonte de tal ilusão, ou melhor, porquê tal ilusão?
Talvez pela nossa recusa em aceitar a finitude radical, talvez o desejo de nos transcendermos ou, simplesmente, como alguém já me disse, a recusa em aceitarmos que somos, se calhar, “bípedes pré-programados”.A ilusão como transcendência. Felicidade=crença na possibilidade de transcender. Uma questão de sobrevivência…a manutenção da vida.
P.S- Passei a tarde num orfanato…desde que vim de lá que me pergunto…que sei eu de felicidade???…
22/03/2002 às 3:42 #76087Miguel (admin)MestreIsabel,
me parece complicado associar o que transcende, dada a característica da experiência ( possibilidade abstrata para alguns, concreta para outros ) no sentido de vivenciada, à ilusão, a não ser q seja algum tipo de projeção ou algo semelhante, mas acredito q em tal caso daria para discernir …. ;
acredito que o ato de transcender em si seja inominável , além do que rotulamos como felicidade ;
questão de sobrevivência .-
acredito seria questão de potencializar a vida .
orfanato .-
acaba sendo uma forma de alienar mente/alma/coração … tb já estive em um dentre outros lugares …. e o que me impressiona é a questão da neglicencia no tocante à dignidade humana, mas nós como parte da sociedade e se possível como agentes podemos fazer algo , plantar uma sementinha no coração ou na mente dessas crianças de forma a que possam acreditar numa finalidade positiva perante a vida; o problema que implica em processo e demanda profissionais digamos saudáveis e comprometidos, mais isso não nos isenta da responsabilidade e de acreditar em possibilidades concretas de conscientização de que a vida não é meramente uma questão de sobrevivência e que a felicidade não é uma utopia .
mente / ilusão .- seria possível considerar , p.ex. nossas demandas biológicas como ilusão … acredito q não, se pensarmos se entre o estritamente biológico e o “mental ” estaria localizada uma instância – pulsão – ( instintos) , que exigisse a satisfaçao das mesmas , seria complicado categorizar essas necessidades como artifícios mentais.
abs.
22/03/2002 às 18:52 #76088Miguel (admin)MestreKaren:
Eu estava a associar a ideia de transcendência, da sua possibilidade, à ideia de felicidade.A necessidade de ultrapassarmos as nossas (im)possibilidades levar-nos-ia à crença ilusória de que somos capazes de=felicidade. Porquê ilusória? Talvez porque inatingível, inexistente devido à nossa condição, algo tão real como os nossos sonhos…
“Eis a nossa verdadeira condição. É o que nos torna incapazes de saber com certeza e de ignorar absolutamente. Vogamos num meio vasto, sempre incertos e flutuantes, atirados de um lado para o outro. Seja qual for o termo em que nos pensemos fixar e firmar, ele oscila e deixa-nos. E, se o seguirmos, escapa-nos e foge, numa fuga eterna. Nada se detém para nós. É o estado que nos é natural e, todavia, o mais contrário à nossa inclinação. Temos uma ânsia ardente de encontrar um fundamento fixo e uma base constante para sobre ela edificarmos uma torre que se erga até ao infinito, mas ruem todos os nossos alicerces e a terra abre-se até aos abismos. Não busquemos,pois, onde nos fixar e firmar. (…) Se o homem se estudasse primeiro, veria quanto é incapaz de ir mais além. Como poderia uma parte conhecer o todo?”
Pascal24/03/2002 às 4:23 #76089márcioMembroPoderemos então considerar que a mente é cérebro porque parte do cérebro?
Em ultima instancia, entendo que sim. Voce ve algum problema nisso ?Será que poderemos conceber que a ilusão é criada no e para o cérebro no sentido de garantir as tais condições de manutenção da vida?
Eu particularmente acho que nao. Acho que a mente nao é fundamental para manter a vida. Acho que ela acaba criando um desequilibrio, tanto para mais como para menos.Enredamo-nos cada vez mais em perguntas porque “materialmente” só temos o cérebro…
Eu diria que enveredamos porque temos a mente.não poderímos pensar no modelo que temos discutido, ao contrário, isto é, ser a mente uma ilusão criada pelo cérebro no sentido de garantir que somos mais do que um conjunto de impulsos eléctricos, de sinapses?
Independentemente da mente ser uma ilusao ou nao, entendo que voce coloca a mente como algo que nos faz ser mais que impulsos eletricos (ou materia organica viva). Mente = Alma ?É melhor esquecer!!!
Nao da para esquecer. Ja esta no cerebro. Mesmo que a mente nao veja, o piloto automatico esta vendo.24/03/2002 às 4:58 #76090márcioMembrokaren, se eu entendi corretamente, entao eu faria uma associacao direta entre sua “realidade psiquica” e minha “referencia (ponto zero)”. A felicidade seria um estado decorrente da percepcao da realidade concreta em relacao a realidade psiquica (ou destoancia conforme voce colocou). Ou ainda de outra forma:
felicidade ilusoria = realidade concreta – referencia psiquica.
O problema, a meu ver, com a felicidade plena, é que sempre vai existir a referencia (ou realidade psiquica), portanto, a felicidade tende sempre a ser ilusoria. Cada pessoa vai ter uma referencia diferente, portanto, para uma mesma realidade concreta, vamos ter diferentes niveis de felicidade ilusoria nessas pessoas. Ainda nao consigo ver a “equacao da felicidade” sem a referencia psiquica.
24/03/2002 às 5:17 #76091márcioMembroKaren, eu diria que procuramos fazer com que a vida não seja meramente uma questão de sobrevivência e que a felicidade não seja uma utopia.
Interessante a soma que vem da divergencia …
24/03/2002 às 14:48 #76092Miguel (admin)MestreNão, Márcio, não vejo problema em considerar que a mente é parte do cérebro, apenas acho que não tinha realmente pensado nisso a sério. O problema que eventualmente isso pode levantar é o da análise uma vez que sujeito e objecto coincidem…
Bem, a minha ideia de “inverter” o processo foi um pouco radical (rs), mas eu não “tinha em mente” a noção de alma quando avancei com essa possibilidade, até porque a noção de alma, para mim, aparece conotada com perspectivas dualistas, imbuida de alguns traços religiosos, etc…
Por outro lado, como já se disse, não sendo a mente fundamental para manter a vida, não faria sentido ela poder ser a alma. Tradicionalmente a ideia de alma-anima– prende-se com a vida…o ser animado é aquele cujo corpo se move, respira, tem sangue, etc. Há, curiosamente, um outro sentido-o de animus– que remete para princípio de pensamento, espírito…coragem. Se calhar, aqui, estaríamos um pouco mais “perto” da mente…
abs.28/03/2002 às 0:50 #76093Miguel (admin)MestreMárcio:
estou a meio de um livro que comprei hoje (!!!) que aborda todo este problema das relações entre mente e cérebro: “Os caminhos cruzados da consciência-conversas com o Dalai Lama sobre a ciência do cérebro e o budismo”.
É muito bom…aborda a perspectiva materialista, a posição da neurociência actual e o budismo!
Vale a pena ler!!!28/03/2002 às 22:10 #76094márcioMembroLegal. Vou procurar me informar e ver se o encontro por aqui. Realmente acho que é um assunto muito importante e que nao esta devidamente endereçado pela (neuro)ciencia atual.
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