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06/03/2002 às 0:47 #76005Miguel (admin)Mestre
“a felicidade como uma masturbação .. (alegria) …
desejo solitário???
alegria incompartilhada?
felicidade=ilusão na solidão?
solidão=estado de plenitude?Alguns devaneios por entre as palavras que nos levam a pensar…
“Reconhecer a realidade como uma forma da ilusão, e a ilusão como uma forma da realidade, é igualmente necessário e igualmente inútil”.
F. Pessoa06/03/2002 às 3:54 #76006márcioMembroOutra perspectiva: Felicidade (ou Infelicidade) é um gradiente emocional. É uma diferença de potencial. Para existir Felicidade (ou Infelicidade) é necessario uma comparacao (implicita) num intervalo de tempo.
Imagine um instante T=0 (nascimento) onde voce procura perceber a Realidade na qual se esta imerso e classifica esse ponto como ponto Zero.
Com o passar do tempo, o cerebro continua a perceber a Realidade e implicitamente calcula se as condicoes melhoraram ou pioraram e traduz isso em forma de felicidade ou infelicidade.
Nada impede que eu transforme um determinado momento em ponto Zero novamente.
Por exemplo, parece que a Isabel, em determinado momento, ajustou o ponto Zero muito alto, o que faz com que a partir daquela data, a percepcao da Realidade seja sempre traduzida por Infelicidade.
Mas é tudo uma questao de ilusao …
06/03/2002 às 4:51 #76007Miguel (admin)MestreSe Realidade = ter consciência
e ter consciência = infelicidade
logo
Realidade = infelicidade
e
Ilusão = felicidadeIsabel,
O silogismo está encadeado, mas não consigo aceitá-lo como verdadeiro. O que está acontecendo, se assim posso supor, é uma diferença de abordagem: Eu construo as idéias separando percepção e estímulos(no caso, os sentimentos); em suas colocações, ao meu ver(por favor, perdoe-me se eu estiver errado), formula idéias partindo do significado dos estímulos, diferenciando-os pelo significado. Poderia, desse modo, tratar do caso “consciência-infelicidade”, pois teria um contraposto(“ilusão-felicidade”)…e nasceu um silogismo. Como não tenho diferenças e tão pouco contrapostos, espero que entenda por que discordo sobre o silogismo, e claro, são dois pontos de vista diferentes.Grande Abraço.
“a felicidade como uma masturbação .. (alegria) …”
Anatomia do Monólogo
ser ou não ser?
er ou não er?
r ou não r?
ou não?
onã?
José Paulo Paes06/03/2002 às 13:58 #76008Miguel (admin)MestreDaniel…
Não era minha intenção fazer um silogismo, até porque formalmente ele não é válido…esse modo, nessa fiogura não é válido!! O objectivo foi só encadear ideias…mas vamos transformá-lo num silogismo válido do modo AAI e então ficaria:Toda a realidade implica ter consciência
Ter consciência implica infelicidade
Logo, alguma da infelicidade é realidade.E assim, aceitaria Daniel?
Ora bem, deixe ver se eu o entendo (as participações neste tópico estão a ficar bem complexas, não??)…você separa sentimentos e estímulos que provocam os sentimentos, é isso? Certo. A percepção não coincide com a coisa percepcionada…E referiu que eu formulo ideias (felicidade, infelicidade…) a partir do significado dos estímulos, é isso? Bem, eu não sei se é bem assim, quer dizer, tenho alguma dificuldade em ver as coisas desse modo…Ora bem, esses contrapostos de que falou prendem-se com a referência, isto é, como posso falar de felicidade sem ter como referência aquilo a que se opõe?…É nesse sentido que falo de referência, compreende-me Daniel?
Heidegger diz que se nos podemos tornar pobres em pensamentos é porque podemos pensar, tal como se nos podemos tornar surdos é porque podemos ouvir…eu diria então que se nos podemos tornar felizes é porque somos infelizes e vice-versa…os tais contrapostos.
De resto, eu também defendo (não sei se terá transparecido o contrário) que as percepções são diferentes dos estímulos até porque a percepção é diferença, percepção e dado percebido não coincidem.
Bom, acho que fui confusa, não?…
abs.06/03/2002 às 14:06 #76009Miguel (admin)MestreMarcio
“Por exemplo, parece que a Isabel, em determinado momento, ajustou o ponto Zero muito alto, o que faz com que a partir daquela data, a percepcao da Realidade seja sempre traduzida por Infelicidade.”dê-me uma ajuda…quer dizer com isso que em dado momento eu ajustei esse ponto zero num patamar de elevada exigência e daí a infelicidade, é isso?
“Com o passar do tempo, o cerebro continua a perceber a Realidade e implicitamente calcula se as condicoes melhoraram ou pioraram e traduz isso em forma de felicidade ou infelicidade.”
quer dizer que então poderíamos retornar várias vezes ao ponto zero e fazer registos de felicidade e infelicidade??Remetendo esses registos a espaços de tempo/estados de espírito determinados?
É que não sei se percebi realmente o que quis dizer :-)
abs.06/03/2002 às 15:06 #76010márcioMembroIsabel, certo, certo.
Permita-me justificar: “… de resto, se olharmos à nossa volta vemos demasiada frustração, negatividade, desespero, vazio… ”
Vamos admitir que frustacao, negatividade, desespero e vazio sejam as condicoes normais de funcionamento do ser humano contemporaneo.
Esse seria o ponto zero. Nem felicidade nem infelicidade nessa condicao.
Se com o passar do tempo houver uma pequena melhora nessas condicoes, teoricamente a pessoa ficaria mais feliz, caso contrario mais infeliz.Vamos imaginar que a situacao se deteriore ainda mais e a violencia brutal passe a fazer cada dia mais parte da nossa realidade. Voce pode ficar constantemente infeliz ou pode eventualmente “resetar” a percepcao e tornar esse o novo ponto zero.
Conformismo ? ….
A parte do implicitamente, tem a ver com a ideia de que a mente é a parte do cerebro que conseguimos “ver”. Existe (ou deve existir) uma outra parte, que nao vemos, mas que tambem interfere. Estou chamando de piloto automatico.
É apenas uma hipotese de trabalho.
06/03/2002 às 20:16 #76011Miguel (admin)MestreIsabel
eu posso estar distorcendo a percepção do desejo em Spinoza, mas o compreendo como vontade de alcançar um estado de contentamento , ” de iluminação ” , por muito paradoxal que possa parecer, ele alude a alguns intelectuais q conseguiram através de uma racionalidade , digamos especial, e desculpa por ser ambigua, mais não considero que seja uma proposição lógica absoluta, estabelecer uma ponte que daria acesso a algo que o transcende , pois essa vontade como disse anteriormente, não se assemelha a um desejo que implique em necessidade, colocaria que uma das causas dessa infelicidade e do incomodo da diversidade resida na ignorância dessa percepção maior. O que ocorre é q Spinoza coloca como mediador a razão , que possibilita um conhecimento claro do que venha a ser essa felicidade, não acredito que seja uma racionalização e que tenha por base um desejo como essência do homem, apenas recortei o pensamento de Spinoza na medida em que aborda o sujeito como parte e agentes do todo que é a Natureza que é por sua vez Deus, a questão dos desejos adequados e inadequados … e por ahi vai ….
tenho q ir agora … logo continuo .
tc.
06/03/2002 às 23:19 #76012Miguel (admin)MestreKaren, repare, eu fiz o enquadramento filosófico do desejo no registo espinosiano.Concordar pessoalmente ou não com essa noção, é outra coisa bem diferente. Eu não lhe expus a minha concepção de desejo, mas a de Espinosa porque a Karen o referiu.
“apenas recortei o pensamento de Spinoza na medida em que aborda o sujeito como parte e agentes do todo que é a Natureza que é por sua vez Deus, a questão dos desejos adequados e inadequados”, certo. Eu sei que foi esse o sentido só que não podemos abordar isso sem passar por certas noções centrais em Espinosa e uma delas é o desejo.Não podemos simplesmente pegar nessa abordagem do indivíduo como parte de un todo que é natureza, deus, esquecendo aquilo que está por detrás…
Podemos, sim, sair dessa noção de Espinosa que já foi suficientente explorada e abrir outros caminhos…06/03/2002 às 23:39 #76013Miguel (admin)MestreMarcio:
Estive a reler as suas mensagens…por aquilo que pude perceber, essa possibilidade de retornar ao ponto zero, ajustando a mente, é uma possibilidade real para si.Portanto, em qualquer situação em posso colocar “a zero” a minha percepção e essa atitude está a cargo da tal parte do cérebro que posso “ver”. Os factores externos que condicionam (também) a felicidade/infelicidade estão, para si, em menor grau e podem ser neutralizados ajustando a mente.Penso que é isso que referiu, não é?
Bem, eu ainda não pensei muito nesta sua forma curiosa de encarar o problema mas há uma aspecto que me suscita, à partida, algumas interrogações…
Nessa sua linha de pensamento eu interpreto o papel do “piloto automático” como sendo o de nos fazer retornar ao ponto zero quando nos tornamos incapacitados para “viver”, ou seja, parece-me que o papel da parte do cérebro que vemos é, afinal, bem mais secundário do que poderia parecer…é o “piloto automático” que nos salva da loucura. Portanto, à partida, tenho alguma dificuldade em aceitar que esteja ao nosso (consciente) alcance fazer esses ajustes…penso que tudo é mais problemático…
abs.07/03/2002 às 2:17 #76014Miguel (admin)MestreIsabel,
concordo com vc. em relação ao seu comentário, o considero correto.
tc.
07/03/2002 às 2:45 #76015Miguel (admin)Mestreref. ao q Márcio, comentou sobre o ponto zero .-
se colocarmos num eixo de coordenadas, na vertical qualidade de vida e na horizontal anos de vida viividos, sendo que o processo final é a morte, e o ponto zero o nascimento, independente do lugar onde nos encontremos de idade vivida, temos duas opçoes ou modos de encarar : ou estamos mais próximos da morte ou , por outro lado, estando vivendo intensamente cada instante, ou mesmo serenamente, a questão é estar vivendo de fato cada instante a qualidade tende a se sobrepor à tendência de morte mesmo q inevitável, se colocarmos o desejo ao invés da qualidade e a felicidade como processo tenderemos a desejar cada vez mais e cada vez mais, visto desejo como necessidade e nunca alcançaremos a felicidade, pois ela será anulada por esse desejo, para que a felicidade não seja uma meta ou pode maior inacessível teremos a felicidade implícita na qualidade de vida e como processo a morte-vida e vida-morte.
talvez a felicidade implique em se submeter de forma incondicional à vida, de forma plena e humana e como tal com tudo o que isso implica.
Da mesma forma que a dor se faz suportar por ter um sentido subjetivo, a felicidade se logra vivenciando de forma incodicional e livre , correndo todos os seus riscos … , p/ enfrentar a falta, a ausência, masturbações de alegrias tornam-se inexauriíveis, tais como todos os desejos, as ilusões podem vir a ser tão subjetivas quanto objetiva, na verdade pode suceder que a plenitude do desejo seja tão intolerável como a realidade quando se torna insustentável de se sustentar.07/03/2002 às 23:48 #76016Miguel (admin)MestreKaren:
“talvez a felicidade implique em se submeter de forma incondicional à vida, de forma plena e humana e como tal com tudo o que isso implica.”
Nesse registo a felicidade seria sujeição/resignação?!….Anuir, aceitar, consentir, silenciar?
“Da mesma forma que a dor se faz suportar por ter um sentido subjetivo, a felicidade se logra vivenciando de forma incondicional e livre”…
Como é possível viver de forma incondicional e livre se, como referiu a felicidade implica “se submeter”?…
Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado já não o tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada
F. PessoaNunca encontrar Deus, nunca saber, sequer, se Deus existe! Passar de mundo para mundo, de encarnação para encarnação, sempre na ilusão que acarinha, sempre no erro que afaga.
A verdade nunca, a paragem nunca! A união com deus nunca! Nunca inteiramente em paz mas sempre um pouco dela, sempre o desejo dela!F. Pessoa
09/03/2002 às 17:04 #76017márcioMembro(ufa, recuperei meu computador … mas ainda nao esta 100%)
por aquilo que pude perceber, essa possibilidade de retornar ao ponto zero, ajustando a mente, é uma possibilidade real para si.
Humm, eu diria que sim. Tambem entendo que TODAS as pessoas podem fazer isso. Por exemplo, no filme Naufrago com o Tom Hanks, apos agum tempo ele “reseta” algumas de suas referencias …Portanto, em qualquer situação eu posso colocar “a zero” a minha percepção e essa atitude está a cargo da tal parte do cérebro que posso “ver”.
Nao diria que seja em qualquer situacao. Nao é algo que seja tao facil assim.
Mente = parte do cerebro que eu consigo “ver”.Os factores externos que condicionam (também) a felicidade/infelicidade estão, para si, em menor grau e podem ser neutralizados ajustando a mente.Penso que é isso que referiu, não é?
Sim, em linhas gerais é assim que entendo.(parte1)
09/03/2002 às 17:46 #76018Miguel (admin)MestreJá estranhava a sua ausência no fórum Márcio
…fico à espera da parte 2 sobre o “piloto automático”…
abs.10/03/2002 às 2:43 #76019márcioMembro -
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