Miguel (admin)

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  • em resposta a: Senso Moral #71133

    Acho que dar ou não esmolas, seja quais foram os motivos que nos levaram a isso, não é a questão que deve ser colocada. Insisto que em dizer que o problema é outro: a concentração de renda que cria um verdadeiro abismo entre milhões de miseráveis e alguns muito ricos. É um problema social, determinado por um modelo econômico. Nossa consciência deve decidir qual o melhor caminho para modificar as condições econômicas que são responsáveis por tanta miséria. É político, social. Nossos políticos deveriam nos representar. Dizer que nós é que fazemos nossa sociedade e portanto o governo não tem nenhuma responsabilidade pelos problemas sociais brasileiros é uma manipulação da verdade.

    em resposta a: O homem bom por natureza #71376

    Na verdade, a revolta dos estudiosos de Rousseau contra este chavão é mais contra uma simplificação grosseira de sua argumentação riquíssima do que pelo fato de estar erradado.
    Lembremos que o primeiro livro que Rousseau escreveu, foi respondendo o mote de um concurso – que ganhou-, cujo tema tratava justamente disso: Se o progresso das ciências e das artes contribuíram para a decadência moral do homem. Neste Discurso e no seguinte (A origem da desigualdade), Rousseau empreende aquele que seria o ponto chave de sua obra: A defesa do sentimento, do instinto humano ao invés da razão. Rousseau mesmo não se dizia um filósofo, tinha aversão pela racionalidade extrema, brigou com os iluministas e só escreveu muito tarde. Em um dos discursos, Rousseau defende que o progresso tecnológico e científico que estava fervilhando no século XVII, e dos quais Voltaire de outros tinham parte ativa, só levara o homem à corrupção moral, esquecendo os valores simples da natureza. O estado de natureza é descrito no segundo discurso, e segundo Rousseau o homem natural vivia feliz, em simplicidade, solitário, capaz de sovreviver por si e de viver em paz com os seus semelhantes (resposta ao estado de natureza hobbesiano) . Porém, este homem natural não é a mesma coisa que um selvagem. Rousseau conhecia os povos índigenas, ditos selvagens, através de relatos de navegadores. Seu homem natural não existia como os índios, por exemplo, mas sim num passado teórico, hipotético. Rousseau formula esse passado através de dados empíricos, mas antecipando Darwin ele faz uma espécie de “evolução” histórica do homem. O índio estaria neste quadro antes do homem ocidental, mas depois do homem natural. APesar de Rousseau não ver mais como o homem possa voltar ao estado de natureza, ele acredita que a natireza humana é piedosa, assim, o homem moderno ainda pode achar a bondade em seu coração.
    Abs

    em resposta a: Espinosa ou Spinoza? #71312

    Caro Schwerig: Obrigado por sua atenciosa mensagem. Não li o livro do Nadler, mas já ví críticas que apontam sua autoridade, devido ao grande trabalho de pesquisa que empreendeu junto à documentos originais. Todavia, não vou dar a questão por encerrada porque, embora haja muitos aportuguesamentos estrangeirismos em nomes de filósofos (já vi livros até com Thiago Rousseau), creio que devemos tentar achar o nome que o próprio filósofo usava e assinava. No caso do primeiro nome, parece que há variações mesmo nos documentos pessoais de Espinosa, mas o sobrenome creio que deveria ser um só. Mas como você mesmo afirma, foram inúmeros os fatores que levaram a essa diversidade de grafia. Neste caso, seria preferível usar a grafia que a tradição confirmou : Spinoza. Como no caso de Platão, ou Plato, o nome sofre modificações conforme a localidade, mas deve pelo menos conservar a sonoridade original

    em resposta a: Senso Moral #71132

    Cara Renata: Acho que sua mensagem toca em dois pontos importantes: O primeiro é que o dinheiro não é a única maneira de ajudar uma pessoa carente. O segundo é que existe algo no interior do homem que leva à ganância, à desigualdade. Por outro lado, acho que este quadro é bastante heterôgeneo. O que se discute em relação à aos governantes são as opções que são oferecidas para as pessoas poderem exercer, mais do que bondade, sua responsabilidade social e cidadania. Neste ponto, além do governo não dar uma apoio para que efetive a boa vontade, temos ainda uma sociedade fechada, mas com muitas pessoas com o intuito sincero de ajudar, mas sem opções, daí o motivo de darem esmolas. Acredito o homem tem esta parte débil, mas também uma parte boa: afinal, existem vountários que trabalham duro de graça e no sacrifício para oferecer aos mendigos um pouco de conforto e alimentação. Mas este problema não pode ser arcado somente pela sociedade. Abraços

    em resposta a: Espinosa ou Spinoza? #71311

    Segundo Steven Nadler em seu livro: Spinoza: a life, uma obra publicada pela Cambridge UP em 1999, que, no que concerne a dados biográficos, pode, sem dúvida, ser considerada autoritativa, responde a esta questão, escrevendo:

    “Among the Sephardim who could be found working or worshiping along the canal was one Abraham Jesurum de Spinoza, alias Emanuel Rodriguez de Spinoza. He often went by the name of Abraham de Spinoza de Nantes, to distinguish himself from another member of the community, Abraham Israel de Spinosa de Villa Lobos (alias Gabriel Gomes Spinosa). The name «de Spinoza« (or «Despinosa,« or «d'Espinoza,« among other variants) derives from the Portugueses _espinhosa_ and means «from a thorny place«. The family may originally have been Spanish, escaping, like so many others, to Portugal in the fifteenth century. (Nadler: 27). Eu traduzo e ressalvo: a sua família _poderia ter sido espanhola_, escapando, como muitas outras, a Portugal no séc. XV.

    Quanto ao seu nome:
    “In most of the documents and records contemporary with Spinoza's years within the Jewish community, his name is given as «Bento«. The only exceptions are the membership roll of the Ets Chaim educational society, the book of offerings listing contributions to the congregation, and the _cherem_ document in which he is excommunicated, all of which refer to him «Baruch«, the Hebrew translation of Bento: blessed.” (Nadler: 42)

    A linguagem usada por Spinoza era português:
    “The language spoken in the Spinoza home was, of course, Portuguese. The men, at least, knew Spanish, the language of literature. And they prayed in Hebrew.” (Nadler47)
    Mais adiante:
    “In 1665, writing to Willem van Blijenburgh in Dutch, Spinoza closes by saying, 'I would have preferred to writen in the language in which I was brought up [de taal, waar mee ik op gebrocht ben]; I might perhaps express my thoughts better'; he then asks Blyenburgh to correct the mistakes in the Dutch himself. It is clear that the _taal_ he is referring to here is Portuguese, and not, as some scholars have assumed, Latin” (Nadler: 47)

    Levando em conta estas informações, pode-se dizer que a família de Spinoza continuava ligada às suas raízes portuguesas falando a língua em casa e dando o nome de «Bento« ao filho.
    A partícula «de» pode ser uma adaptação ao costume holandês de associar o nome à região de origem da família através da partícula «van«.

    Todas as variantes, desde que estejam documentadas, são corretas e seria violentar as fontes caso se procurasse uma forma que pudesse ser _a mais correta_. A forma ” Baruch Spinoza” consagrou-se pelo uso, pelo menos aqui na Europa, talvez por influência de seus primeiros biógrafos: Jean Maximiliam Lucas e Johan Colerus.

    em resposta a: Senso Moral #71131

    Essa é uma questão que, ao meu ver, deve ser sinceramente analisada por cada um de nós, quando diante desta situação. Muitas vezes nós queremos dar uma esmola pra um pobre, mais para dar ao nosso ego o gostinho de uma “boa ação” do que pra realmente pensar no outro, principalmente porque sabemos que uma esmola não vai resolver o problema da pessoa. Eu penso que todo esse movimento de caridade é válido apenas no momento que vc faz com o desejo profundo de que o melhor para aquela alma aconteça (note que vc não precisa dar dinheiro pra desejar isso) mas não vale nada quando o intuito é apenas se livrar de uma responsabilidade moral.
    O que quero dizer com isso é que nenhuma dessas situações de desigualdade vai mudar se a nossa consciência não mudar, se continuarmos nessa de não ter compromisso com a coerência de nossas ações e de não querer assumir responsabilidades pelas coisas que acontecem no mundo. É sempre muito fácil culpar a história, os governantes, a pobreza ou seja lá o que for, por tudo de ruim que nós vemos, o que é difícil é pensar que a sociedade como está foi construída por nós mesmos,
    e o que devemos procurar não são os culpados, mas o que dentro do homem o leva a atitudes tão débeis.

    em resposta a: Senso Moral #71130

    A concentração de renda neste nosso país é absurda, as causas são estruturais. O problema é decidir quais os caminhos que tornam possível uma distribuição mais justa.A decisão é ideológica, uma opção política. Mas a complexidade do Brasil não oferece soluções simples, nosso capitalismo é do tipo selvagem, existe extorsão, a idéia por trás é arrancar o máximo de lucro possível, imediatamente. Mata-se a galinha dos ovos de ouro, não pensa-se em reaplicar para crescer. è sempre oportunismo e sacanagem. Se auto devora. Por outro lado, é esta também a atitude de nossos governantes. Por tanto existe miséria, e mais miséria. Sem oportunidades numa democracia que não merece este nome. É só de faixada.

    em resposta a: Senso Moral #71129

    Penso que o exemplo da Janise parte daquela máxima chinesa “Se der um peixe a um homem, você o alimenta por hoje, se você ensiná-lo a pescar, você o alimenta pelo resto da vida”. Porém, creio que nem sempre a questão é tão simples
    quanto parece. Existe hoje nas grandes cidades o que se chama de mendigo profissional, mães de ruas, crianças que passam fizeram da esmola um “negócio”. Mas será que essa é uma alternativa que eles preferem? Será que se houvesse
    alternativa de emprego, oferta de educação gratuita, o caminho natural não seria sair da criminalidade e da mendicância, passando para uma cidadania saudável?
    Infelizmente, o governo e a própria sociedade na maior parte não dão alternativas para que isso aconteça, apesar de
    inúmeras iniciativas a esse respeito terem sido feitas. Um cidadão com dinheiro, que segundo sua consciência, perceba que é extremamente injusta a divisão de renda do Brasil, e resolva ajudar, ao meu ver não está tomando uma atitude
    hipócrita ao dar uma esmola: ele pode estar acabando com a fome da pessoa naquele dia, e esse é um gesto válido. Se
    quiser ajudar de uma forma mais duradoura, pode colaborar com alguma insituição, adotar uma criança carente. Porém, dar uma simples esmola não deve servir de subterfúgio hipócrita para forçar uma sensação de dever ético cumprido

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