Respostas no Fórum
-
AutorPosts
-
Miguel (admin)Mestre
Escrevi para a professora Marilena Chaui e ela respondeu que: “Nos texto da comunidade portuguesa de Amsterdã, o nome é grafado de muitas maneiras. A assinatura das obras é em latim. Mas, assim como não falamos de Descartes como Cartesius, nem de Bacon como Verulamius, não precisamos dizer Spinoza. Há duas possibilidades: : Espinoza e Espinosa” . Ela disse também que usa a grafia Espinosa porque o professor Livio Teixeira, do departamento de filosofia da USP se decidiu por essa grafia, e ela quis formar uma tradição. Quanto ao primeiro nome, é Bento, e você deve usar Baruch se quiser enfatizar sua origem judaica.
Acho que podemos dar este tópico como completo, por ora.
Miguel Duclós (Onofre Veiga)Miguel (admin)MestreUm pesquisador certa feita fez um trabalho, que é de pescar todas as citações Bíblicas de Agostinho, e compará-la com o a Bíblia que temos hoje. Parece que ele chegou à conclusão de que As duas versões são muito diferentes, e que nossa Bílica não chegou sem adulterações, afora os problemas de tradução/retradução.
Alguém conhece este pesquisador e a referência bibliográfica?
Miguel (admin)MestreSó gostaria de informar que Schwierig escreveu para o professor Nadler, perguntando como Espinosa assina seu nome, e obteve a seguinte resposta:
“He usually signed his letters “B. de Spinoza”. The family (at least his
father) is from Portugal, from a town called Vidigere. The name his father
went by in the community was d'Espinoza, which means “from thorny country”, and
”29/05/2000 às 17:59 em resposta a: A internet como uma nova forma de comunicação do ser humano… #71336Miguel (admin)MestreO que manda mesmo é a pessoa, esterja ela conectada ou não. Internet é reforço, é coadjuvante. O que vale é olho no olho, aperto de mão. Coisas cada vez mais raras: as pessoas se comunicam por e-mail mas saem na rua e rosnam.
O sonho é que a rede mundial ajude-nos no esforço permanente por civilizaçáo – no que ela tem de melhor, ou seja, a convivência pacífica e produtiva entre cidadãos com as mesmas oportunidades.Miguel (admin)MestreAndré: Achei nos prolegômenos o trecho mencionado. Está no final da introdução, página A,20,21. Pelo que eu entendi, a definição é correlativa a de Descartes, mas numa forma fácil de se chegar à confusão visto que o que Kant está afirmando é que a Crítica da razão Pura é escrita no método sintético, e o prolegômenos no método analítico. O método sintético usado na crítica, não é exatamente igual ao método geométrico. Kant escreveu a Crítica de uma forma que considera ininteligível para a maior parte das pessoas, e os prolegômenos apresentam a mesma argumentação escrita de forma simplificada. O que ocorre é que para Descartes o método sintético é facilmente aceito por todos, por ser evidente por si só, enquanto para Kant, o método sintético foi necessário na crítica, afim de que a ciência nova que ele estava propondo pudesse apresentar “todas as suas articulações como a estrutura de uma forma cognoscitiva muito peculiar, na sua ligação natural”. Ou seja: Era necessário à Crítica da razão pura que obedecesse ao método sintético, a fim de que todas as suas partes estejam interligadas, e suas articulações estejam tão bem feitas que possam formar um todo. Entretanto, Kant preferiu apresentar os Prolegômenos como uma alternativa aos “futuros professores” que quisessem entender a nova ciência que propunha. O método analítico não precisa garantir esta inteireza, “mas abrangia o todo com a vista, afim de examinar, peça por peça os pontos principais que importam nesta ciência, e de organizar melhor os pormenores do que podia acontecer na primeira redação da obra”.
Os pontos de aproximação com Descartes são: o método analítico é mais próprio para a exposição da metafísica, pois o método sintético é próprio para as definições formais da geometria (ou seja, um todo de postulados, enunciados,definições, etc), enquanto o método analítico não se presta à exposição, mas à descoberta. No método analítico, mais próximo de uma dissertação, o leitor parte junto com o autor de forma a incorporar suas idéias, visto que, junto com ele, parte do início em direção à descoberta.
Bom, desculpe se está um pouco confuso. O assunto é complicado, mas acho que é isso.
Miguel (admin)MestreInteressante André. Realmente, gostei de sua afirmação de que Nietzsche, por não ser sistemático permite diferentes leituras. Creio que em filosofia, isso faz a riqueza do autor. Um tópico interessante seria uma leitura é superior à outra?
Quanto ao livro, creio que não é vontade poder, mas sim a genealogia da moral em que os acusadores destacam alguns trechos de anti semitismo, ou quando ele fala dos arianos serem a besta loura que dominava a terra. Como você disse, não se pode ver os trechos fora do contexto, e algumas partes da obra de Nietzsche se contrapõem à princípios básicos do nazismo. (talvez fosse melhor discutir isso um tópico acima). Mas quanto ao totalitarismo, sabemos que a política não era uma das preocupações do pensamento nietzscheano. Embora Nietzsche se oponha ao absoluto, tampouco era favorável à democracia, pois provelegiava um pequeno grupo de indivíduos (os verdadeiros nobres), que contrariarmente aos ascetas religiosos, eram capazes de exercer a vontade de potência.
Miguel (admin)MestreOnofre, são apenas dois exemplos de manipulação, os mais claros. Por ter acesso ao texto de Vontade de Poder de forma desordenada, Elizabeth teria privilegiado afirmações de Nietzsche que poderiam ser interpretadas como de tendência racista ou nacionalista. Obviamente, pelo caráter não-sistemático da obra de Nietzsche, pode-se ver o que se quiser em centenas de momentos. Porém, tomando-se a obra como um todo,as acusações de alicerce do nazismo mostram-se absurdas, porque o que se revela é uma filosofia em luta contra qualquer forma de absoluto, verdade, etc. Sem estes conceitos, não há espaço para religiões ou sistemas totalitários. Se há um autor que encarna este espírito aludido a Nietzsche, este chama-se Hegel.
Miguel (admin)MestreEstive consultando minhas anotações de aula, e parece que todas estas variantes do sobrenome são corretas porque foram encontradas em diferentes documentos da comunidade judaica em Portugal. Quanto ao primeiro nome, o próprio Espinosa adotou três nomes, seu nome em Português (Bento), em hebraico (Baruch) e em latim Benedictus de Spinoza. Isto não é estranho, se lembrarmos que por exemplo Descartes (que escreveu o Discurso do método em francês e as regras em latim) assinava nos trabalhos em latim Cartesius. O nome em hebraico se deve à família, pois a comunidade, mesmo excomungada, mantinha seus laços sanguíneos e sua obediência à lei do Torah (ou à lei oral, no caso dos fariseus). Havia a diferença entre os saduceus, fariseus e cabalistas. Estive vendo que muitos membros da comunidade judaica em Portugal se empenharam nas campanhas das Índias Ocidentais, inclusive no Brasil. Vou iniciar um tópico sobre a ascendência de Espinosa para não confundir com o do nome.
28/05/2000 às 23:27 em resposta a: A internet como uma nova forma de comunicação do ser humano… #71335Miguel (admin)MestreCaro Anônimo: Concordo em gênero, número e grau com sua mensagem.
Porém observo que a Internet tem crescido em todas as áreas, e hoje navegar não se limita mais a ficar em frente ao micro. Em breve a internet estará na cozinha, na rua, nos empregos etc, tomando um posto indissociável na vida real. Este voyeurismo existe, mas acho que depende mais do indivíduo, dos descalabros da sociedade em geral do que da própria internet. O indivíduo pode se sentir sozinho mesmo morando numa metrópole, os ricos saem da segurança de seus apartamentos direto para seus carros com ar condicionado, para ir à outro lugar fechado. Os relacionamentos que começam pela Internet estão cada vez mais frequentes, e de todas as formas, até amorosas. Os bate papos promovem encontros com seus participantes que alcançam cada vez mais pessoas. Da mesma forma, a Internet pode facilitar a vida de encontrar pessoas com as mesmas afinidades, sejam elas culturais, políticas, religiosas. Em suma: penso que a internet supera a mera virtualidade para fazer parte das formas reais de se comunicar do indivíduo.
Quanto ao email, você tem toda razão. Isso acontece também no bate papo. Como não há a presença física do interlocutor, e provavelmente ele está longe e você dificilmente o verá, a pessoa se sente no direito de dizer o que não diria face a face, dando vazão a seus impulsos egocêntricosMiguel (admin)MestreCom certeza, Onofre, o homem tem essa parte boa. E justamente por isso é capaz de olhar para si mesmo e perceber que as coisas ruins podem ser melhoradas. Por essa crença pessoal na capacidade e desejo do homem de ser melhor do que é, eu sempre enfatizo que nenhuma solução pode vir do exterior, precisa surgir de dentro dos homens até atingir realmente todo o grupo, a sociedade, enfim. A questão que coloco é: de onde vem a concentração de renda? Quais os porquês da desigualdade e o que cada um pode fazer? Não creio em paliativos… também não tenho a resposta, mas creio q temos de ir sempre ao cerne da questão e nesse caso, o cerne da questão é que todos somos homens e construimos isso. O que no homem o leva a não se importar com outros homens?
Miguel (admin)MestreCaro André: Se é assim tão evidente que seja apócrifo, como se permite que a obra seja publicada com o nome do autor sem maiores explanações? É certo que muitos livros que conhecemos de autoria de filósofos já tiveram muitas vezes sua legitimidade contestada, a começar por Platão e Aristóteles, mas num caso tão recente quanto o de Nietzsche os seus estudiosos deveriam exigir às editoras que retirassem o nome do autor da capa.
Miguel (admin)MestreCaro André: Obrigado pela resposta. Mas você poderia me informar se estas são todas as manipulações relatadas ou se são só exemplos de manipulações? E como estas alterações na obra do autor contribuíram para o aumento da visão leiga que associa o nazismo com o pensamento de Nietzsche?
Miguel (admin)MestreAndré: Confesso que nunca havia estudado esta questão. Mas consultei o dicionário Descartes de John Cottinghan e ele faz uma explanação a respeito, que reproduzo abaixo. Quanto à visão kantiana sobre esta distinção, seria bom se você citasse a página ou capítulo do prolegómenos em que ela aparece , para que possamos comparar melhor. De pronto, posso dizer que é normal cada conceito assumir uma diferente forma em cada autor, ainda mais sento o conceito de “sintético” e de “analítico” chaves do pensamento kantiano.
Vou detalhar melhor esta distinção em Descartes que você mencionou, para depois de ver como ela é em Kant, pensarmos se ele a tinha a distinção cartesiana em mente quando a citou nos prolegômenos.
Cottinghan em seu verbete começa distinguindo o método de análise – usado em contextos específicos e diversos- do famoso método cartesiano. Este rótulo aparece por exemplo nas Sextas Repostas, AT VII 413:CMS II 278. Já nas “Regras para a direção do espírito”, Descartes menciona determinado tipo de análise dos geômetras, usado para a solução de todos os problemas, mas que não foi transposto para a posterioridade. Porém o método de análise em Descartes não é o mesmo dos geômetras. É nas Segundas Respostas que Descartes contrasta o método de síntese do de análise. No primeiro cada passo está contido no anterior: é o usado na geometria, a demonstração é feita segundo longa série de definições, postulados, axiomas e teoremas; ao passo que o método de análise, preferido por Descartes “mostra o verdadeiro caminho pelo qual se descobrem as coisas “. Assim, o método sintetico seria mais adequado à exposição, e o analítico, à descoberta. O analitico é usado nas meditações porque o próprio percurso cartesiano começa por derrubar o edificio das ciência para começar a construir um novo, a partir de sólidos alicerces. Segundo Descartes em “Conversação com Burman” (apud Cottinghan), o método analítico é mais adequado para as explicações metafísicas, para derrubar, por exemplo, todos os preconceitos que o indivíduo acumula desde a infância, ao passo que o método sintético é facilmente aceito e seguido por todos, justamente por seguir os postulados matemáticosMiguel (admin)MestreA obra póstuma Vontade de Poder foi manipulada, já que Nietzsche deixou os textos sem uma ordem definida. O Anti-Cristo teve muitas partes suprimidas, inclusive o subtítulo original: Maldição sob o Cristianismo.
Miguel (admin)MestreComo você colocou, o livro, diz-se, passou por muitas mãos. De um companheiro de manicômio de Nietzsche para um padre, no Canadá. Deste para um editor americano. Durante a impressão do livro, a editora sofreu um incêndio de origem desconhecida, mas uma versão foi ainda salva e publicada. Tudo isto, além do texto bem aquém do usual em Nietzsche, leva a crer q seja um apócrifo com A maiúsculo.
-
AutorPosts